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Solimão, o Magnífico
Califa do Islã e Sultão do Império Otomano Da Wikipédia, a enciclopédia livre
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Solimão I (turco otomano: سلطان سليمان اول; turco: Süleyman ou Kanunî Sultan Süleyman; eialete de Trebizonda, 6 de novembro de 1494 – Szigetvár, 6 de setembro de 1566), conhecido como Solimão, o Magnífico no mundo ocidental e Solimão, o Legislador no mundo oriental, foi o Califa do Islã e Sultão do Império Otomano de 1520 até sua morte.
Solimão tornou-se um monarca proeminente da Europa do século XVI, reinando durante o apogeu do poder militar, político e econômico do Império Otomano. Liderou pessoalmente os exércitos otomanos na conquista dos redutos católicos de Belgrado e Rodes, além da maior parte da Hungria, até terminar suas conquistas em 1529 no Cerco de Viena. Anexou boa parte do Oriente Médio em conflitos contra os safávidas e grandes áreas do norte de África. Sob seu reinado a Marinha Otomana dominava do Mar Mediterrâneo até o Mar Vermelho, passando pelo Golfo Pérsico.[1]:61
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Biografia
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Nasceu provavelmente em 6 de novembro de 1494, em Trabzon na costa leste do Mar Negro.[2] Foi sultão do Império de Otomano e califa do islamismo de 1520 a 1566, tendo sucedido ao seu pai, o sultão Selim I, e reinado durante quarenta e seis anos. Para os turcos, ficou ainda conhecido por Kanuni (Legislador ou, literalmente, Dador de Leis), devido às suas reformas à justiça e administração otomanas; para os países ocidentais, foi o Magnífico, por causa do esplendor da sua corte e das suas muitas vitórias militares na Europa. Os cronistas portugueses chamaram-no de o Grão-Turco.[3]
Durante seu reinado, o Império Otomano alcançou o seu apogeu, com o exército do sultão a chegar às portas de Viena, e Constantinopla transformada em polo artístico e cultural. Adepto do humanismo renascentista, Solimão era considerado pelos seus súditos um sultão justo e íntegro (tanto que era comum chamá-lo de Salomão II, comparando-o ao antigo rei hebreu). Amante de poesia e filosofia, e exímio general, o Império Otomano pôde, sob seu governo, ter os seus domínios na Europa dobrados, tornando-se um dos maiores e mais influentes impérios no continente.
Criou leis inovadoras, algumas escandalizando muitos europeus e árabes conservadores, como a de promover o funcionário público por mérito, não por berço, embora tudo de acordo com o Alcorão. Além disso, foi durante seu governo que ocorreu a Batalha de Rodes. No final de seu governo, já distante de seu idealismo de quando jovem, rendeu-se aos desejos de sua esposa Roxelana, tendo inclusive assassinado seu braço direito, Ibrahim Paxá, e o próprio filho primogênito, Mustafá. O filho dele com Roxelana, Selim II, assumiu o trono, iniciando o declínio do Império Otomano.
O Império Otomano alcançara seu zênite, tornando-se uma potência mundial durante o reinado de Solimão. Embora o império continuasse a se expandir um século depois da sua morte, esse período foi seguido por um longo declínio.
Com sete anos de idade, fora enviado para estudar ciência, história, literatura, teologia e táticas militares nas escolas do palácio de Constantinopla. A sua primeira experiência no governo ocorreu aos 15 anos de idade como governador de várias províncias, entre elas Bolu na Anatólia Setentrional, e Kafra, a pátria de sua mãe, na Crimeia.
Em 1517 o Império Otomano de Selim I conquistou a região da antiga Judeia, tendo sido benevolente com os judeus e recebido milhares de refugiados judaicos que desde 1492 eram perseguidos em Espanha por Fernando II de Aragão. O sultão inclusive ordenou a reconstrução das muralhas de Jerusalém, obra que pode ser apreciada até os dias de hoje.
Depois da morte de seu pai, Solimão começou uma série de conquistas militares. Em sucessivas campanhas, Solimão fez várias conquistas na Europa. Belgrado, defendida por uma guarnição de 700 homens e sem ajuda da Hungria, caiu em agosto de 1521.[4] A ilha de Rodes foi conquistada em 1522, ocasião em que, após o cerco vitorioso, permitiu que os Cavaleiros Hospitalários se dirigissem para a ilha de Malta).
No dia 29 de agosto de 1526 Solimão derrotou Luís II da Hungria na Batalha de Mohács, ocupando a maior parte da Hungria antes de cedê-la para o governo de João Zápolya, o príncipe de Transilvânia.
Carlos V, monarca do Sacro Império Romano, com o apoio de seu irmão, o Arquiduque Fernando reconquistou a Hungria, e por mais duas vezes resistiu aos ataques de Solimão apesar de o sultão ter conquistado Viena em 1529 e 1532.
Em 1533 um tratado foi assinado com Fernando, dividindo a Hungria entre os Habsburgo e os Zápolya. Com a morte de João Zápolya, Fernando deixa os territórios húngaros, incitando Solimão a anexar a Hungria, o que resultou em várias lutas e tratados de paz.

Empreendeu três grandes campanhas contra a Pérsia, ganhando o controle do Iraque e a submissão dos safávidas, além de uma aliança com os moguls e sultões do extremo oriente e sudoeste asiático, porém a fronteira oriental tornaria a ser novamente um problema logo após a morte de Solimão, afinal fora sob a sua direção que as forças navais turcas tornaram-se formidáveis.
Nas duas décadas seguintes, os enormes territórios do oeste de África, Argélia e todo o norte de Oriente Médio até a Pérsia foram anexados, e regiões longínquas viraram vassalos de Constantinopla. Esta expansão rápida associou-se com a dominância naval durante um período curto no Mar Mediterrâneo, Golfo Pérsico, Mar Vermelho e Mar da Arábia. Com a perda deste último, durante a estagnação do Império, o mesmo ficou sem saída para as colônias no Oriente e no Oceano Índico.
Em 1562 conquistou a Transilvânia e em 1565 empreendeu sem sucesso o cerco de Malta que durou de 18 de maio a 11 de setembro.
Apesar da imagem de conquistador, era conhecido como um soberano justo e incorrupto dentro do império, tendo sido um grande patrono de artistas e filósofos. É tido também como um dos maiores poetas islâmicos e um destacado ourives. Foi um grande legislador, bem-conceituado frente a seu povo como soberano e expoente da justiça.[5]
Solimão rompeu com a convenção, elevando dois escravos a posições de poder: um, o paxá Ibrahim (İbrahim Paşa) foi nomeado grão-vizir e assim governou por 13 anos; o outro, um ucraniano capturado.
A filha de um sacerdote ortodoxo russo, Aleksandra Lisowska (também conhecido por Roxelana ou Khourrem / Hürrem) foi inclusa em seu harém, tornando-se sua esposa favorita, para surpresa de seus súditos e da comunidade internacional. Com Roxelana, Solimão teve uma filha, Mirima (Mihrumâh), e os filhos Maomé (que morreu jovem), Selim, Bajazeto e Cihangir (que era fisicamente inválido).
Em lutas de poder, ao que parece instigadas por Roxelana, Solimão mandou assassinar Ibrahim (preceptor do seu filho primogênito Mustafá) e substituí-lo pelo Paxá Rustem. Depois, aparentemente acreditando que a sua popularidade com o exército ameaçava a sua própria posição, mandou estrangular Mustafá também, deixando o caminho livre para um dos filhos de Roxelana.
Lutas fratricidas também trariam a morte de Selim e Bajazeto. Em 1559 os irmãos envolveram-se numa série de batalhas de sucessão, levando o próprio Solimão a encomendar a morte de Bajazeto, no dia 25 de setembro de 1561. Assim foi Selim quem sucedeu a Solimão após a sua morte.

Foi sepultado num mausoléu com sua esposa Aleksandra Lisowska (Khourrem) na mesquita que leva o nome dele. Na ocasião de sua morte, as principais cidades muçulmanas da época (Meca, Medina, Jerusalém, Cairo, Damasco e Bagdá), além de muitas províncias balcânicas até a Áustria atual e a maior parte do norte de África, pertenciam ao Império Otomano. E quanto ao Califado, que decaíra e estagnara no século XIII, passou por um breve renascimento cultural e tecnológico, inimaginável para a época. Em 1560, 6 anos antes da morte de Solimão, o Califado Otomano — ou seja, o Império Otomano somado aos países islâmicos que aceitavam o Califado e a proteção otomana — cobria quase a metade da superfície da Terra, indo de Dakar até Manila, do Zimbábue Antigo até Kazan. Seu governo foi o apogeu da civilização muçulmana; seu fim, a estagnação. Cinco anos após sua morte, o califado perderia o controle do Mediterrâneo e do Extremo Oriente. Seu governo marcou o ápice, e o inesperado fim do mesmo provocou a completa desestabilização do califado otomano.
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Reformas legais e políticas
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Embora o Sultão Solimão fosse conhecido como "o Magnífico" no Ocidente, ele sempre foi Kanuni Suleiman (قانونی, "Solimão o Legislador") para seus súditos otomanos. A lei predominante do império era a Xaria, ou Lei Sagrada, que, como lei divina do Islã, estava fora do alcance do sultão para ser alterada. No entanto, uma área de direito distinto conhecida como Kanuns (قانون, "legislação canônica") dependia apenas da vontade de Solimão, abrangendo áreas como o direito penal, a posse da terra e a tributação. Ele coletou todas as sentenças emitidas pelos nove sultões otomanos que o precederam. Depois de eliminar duplicações e escolher entre declarações contraditórias, ele emitiu um único código legal, tendo ao mesmo tempo cuidado para não violar as leis básicas do Islã. Foi dentro desta estrutura que Solimão — apoiado por seu Grande Mufti, Ebussuud — procurou reformar a legislação para se adaptar a um império em rápida mudança. Quando as leis Kanun atingiram sua forma final, o código de leis ficou conhecido como kanun-i Osmani (قانون عثمانی), ou "leis otomanas". O código legal de Solimão duraria mais de trezentos anos.[6][7][8][9]
O sultão também desempenhou um papel na proteção dos súditos judeus de seu império durante os séculos seguintes. No final de 1553 ou 54, por sugestão de seu médico e dentista favorito, o judeu espanhol Moses Hamon, o sultão emitiu um firmã (فرمان) denunciando formalmente os libelos de sangue contra os judeus. Além disso, Solimão promulgou nova legislação criminal e policial, prescrevendo um conjunto de multas para crimes específicos, bem como reduzindo os casos que exigem morte ou mutilação. Na área da tributação, foram cobrados impostos sobre vários bens e produtos, incluindo animais, minas, lucros comerciais e direitos de importação e exportação.[6][7][8][9]
Medreses superiores forneciam educação com status universitário, cujos graduados se tornavam imãs (امام) ou professores. Os centros educacionais eram frequentemente um dos muitos edifícios que cercavam os pátios das mesquitas, além de bibliotecas, banhos, refeitórios sociais, residências e hospitais para o benefício do público, dentre outros.[6][7][8][9]
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Sucessão
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As duas consortes conhecidas de Solimão (Hürrem e Mahidevran) lhe deram seis filhos, quatro dos quais sobreviveram após a década de 1550. Eles eram Xazade Mustafá, Selim II, Xazade Bajazeto e Xazade Cihangir. Destes, o mais velho não era filho de Hürrem, mas sim de Mahidevran. Hürrem é normalmente considerada, pelo menos parcialmente, responsável pelas intrigas na nomeação de um sucessor, embora não haja provas que apoiem isto. Embora fosse esposa de Solimão, ela não exerceu nenhum papel público oficial. Isto não impediu, no entanto, que Hürrem exercesse uma influência política poderosa. Como o Império carecia, até o reinado de Ahmed I, de qualquer meio formal de nomear um sucessor, as sucessões geralmente envolviam a morte de príncipes concorrentes, a fim de evitar agitação civil e rebeliões.[8][10]
Em 1552, quando a campanha contra a Pérsia começou com Rüstem nomeado comandante-chefe da expedição, começaram as intrigas contra Mustafá. Rüstem enviou um dos homens de maior confiança de Solimão para relatar que, como Solimão não estava à frente do exército, os soldados pensaram que fosse chegada a hora de colocar um príncipe mais jovem no trono; ao mesmo tempo, espalhou rumores de que Mustafá se mostrara receptivo à ideia. Irritado com o que ele passou a acreditar serem os planos de Mustafá para reivindicar o trono, no verão seguinte, ao retornar de sua campanha na Pérsia, Solimão convocou-o para sua tenda no vale de Ereğli. Quando Mustafá entrou na tenda de seu pai para se encontrar com ele, os eunucos de Solimão atacaram Mustafá e, depois de uma longa luta, os mudos o mataram usando uma corda de arco.[8][10]
Diz-se que Cihangir morreu de tristeza alguns meses após a notícia do assassinato de seu meio-irmão. Os dois irmãos sobreviventes, Selim e Bayezid, receberam o comando em diferentes partes do império. Dentro de alguns anos, porém, eclodiu uma guerra civil entre os irmãos, cada um apoiado por suas forças leais. Com a ajuda do exército de seu pai, Selim derrotou Bayezid em Konya em 1559, levando este último a buscar refúgio com os safávidas junto com seus quatro filhos. Após trocas diplomáticas, o sultão exigiu do xá safávida que Bayezid fosse extraditado ou executado. Em troca de grandes quantidades de ouro, o xá permitiu que um carrasco turco estrangulasse Bayezid e seus quatro filhos em 1561, abrindo caminho para a sucessão de Selim ao trono cinco anos depois.[8][10]
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Referências
- Mansel, Philip (1998). Constantinople: City of the World's Desire, 1453–1924. [S.l.: s.n.]
- Clot, p.25.
- Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, entrada Solimão I.
- Imber, 49.
- Kinross, 205.
- Imber, Colin (2002). The Ottoman Empire, 1300–1650 : The Structure of Power. New York: Palgrave Macmillan. ISBN 978-0-333-61386-3
- Greenblatt, Miriam (2003). Süleyman the Magnificent and the Ottoman Empire. New York: Benchmark Books. ISBN 978-0-7614-1489-6
- Mansel, Philip (1998). Constantinople: City of the World's Desire, 1453–1924
- McCarthy, Justin (1997). The Ottoman Turks: An Introductory History to 1923. London: Routledge. ISBN 978-0-582-25655-2
- Ünal, Tahsin (1961). The Execution of Prince Mustafa in Eregli. Anıt. pp. 9–22.
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Bibliografia
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