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Tablinum

cômodo característico da “domus” romana Da Wikipédia, a enciclopédia livre

Tablinum
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“Tablinum” (ou “tabulinum”; plural: tablina) era um cômodo característico da “domus” romana, geralmente localizado entre o “atrium” e o “peristylum”. Sua função original estava associada às atividades administrativas e representativas do “pater familias”.[1]

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Tablinum com colunas corinthians no peristilo. Casa de Menandrer
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Esquema de uma casa romana com o tablinum no número 5.

Etimologia e origem

O termo deriva de “tabula” (“tábua”, no sentido de registro escrito), indicando sua ligação com a escrita e a documentação. O cômodo tem origem na habitação etrusca, de onde foi incorporado à arquitetura romana. Evidências dessa transição aparecem em tumbas da necrópole de Banditaccia (Cerveteri), cujas miniaturas esculpidas revelam elementos estruturais como janelas, portas e frontões.

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Localização e estrutura

O tablinum situava-se no eixo central da casa, geralmente ao fundo do átrio e oposto à entrada principal, entre as “alae”. Podia abrir-se para o peristilo nos fundos, por meio de janelas amplas ou de divisórias leves como cortinas, celosias ou painéis removíveis. Durante as estações mais quentes, era comum a retirada dessas barreiras para favorecer a ventilação e integração com o jardim. Segundo os autores Gallochio e Pensabene, a passagem entre o Tablinum e o Atrium era muito importante, o que denota a relevância do cômodo, tanto é que, mesmo em edifícios domésticos, essa passagem era decorada.

Quando se desejava evitar o uso do tablinum como passagem entre o átrio e o peristilo, podia-se construir um corredor lateral (“andron”) que fazia essa conexão. Sobre o andron, frequentemente, localizava-se o “cenaculum”, sala de refeições diárias da família.

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Função

O tablinum era, na prática, a “oficina” do “pater familias”. Servia como espaço de trabalho, recepção de clientes e condução dos negócios domésticos e familiares. Originalmente foi utilizado como dormitório principal, mas a partir do período helenístico passou a assumir uma função mais institucional como principal sala de recepção e espaço simbólico de autoridade.

Decoração e mobiliário

A decoração do tablinum era cuidadosamente planejada para causar impressão em visitantes e clientes. Incluía afrescos elaborados nas paredes, bustos de antepassados sobre pedestais, mobiliário refinado e objetos de memória familiar. Muitas vezes o espaço também abrigava o “lararium” — altar doméstico dedicado aos deuses Lares — além de estantes com documentos e objetos simbólicos.

Proporções segundo Vitrúvio

De acordo com Vitrúvio, o tablinum deveria ter o dobro do comprimento em relação à largura, e sua altura deveria corresponder à metade da soma entre comprimento e largura. Caso o cômodo fosse quadrado, a altura ideal seria uma vez e meia ao lado. (Vitrúvio. ''De Architectura''. Livro VI.)

Importância social e simbólica

Como espaço de mediação entre a esfera pública (clientes no átrio) e a privada (família no peristilo), o tablinum expressava a organização patriarcal e hierárquica da sociedade romana. Seu posicionamento central reforçava a figura do ''dominus'' como eixo articulador das relações sociais e familiares. Por este motivo era tradicionalmente decorado para expressar status e memória genealógica da família.

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Vista do átrio para o tablinum, com o peristilo ao fundo (desenho do século XIX)
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Herculaneum Casa del Tramezzo di Legno

O tablinum integrava o eixo visual da casa romana, permitindo uma linha direta de visão desde a entrada até o peristilo. Frequentemente, não havia portas sólidas, apenas cortinas ou antecâmaras, reforçando essa perspectiva axial.

O Tablinum e a Memória

Segundo Alexia Maquinay, o Tablinum era um lugar de memória na casa romana. O conteúdo do tablinum, que preserva a memória oficial da família, evoluiu ao longo dos séculos. Representações de membros ilustres assumiram a forma de Hermes ou estátuas honorárias erguidas para homenagear um indivíduo, provavelmente em vida. Esses bustos, preservados de geração em geração, cumpriam uma função comemorativa. Tornaram-se, como as imagens, monumentos de memória que refletiam o desejo de glorificar a família.

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Takhtabush

O conceito do tablinum influenciou a arquitetura do mundo árabe, especialmente na forma do “takhtabush”: uma loggia entre o pátio central sombreado e o jardim externo, dotada de mashrabiyyas para promover ventilação por convecção em climas áridos. Takhtabush é o termo árabe para tablinum. Assim como o antigo tablinum romano, ele se abre para um pátio bastante sombreado e, do outro lado, para um jardim nos fundos. Ao contrário do tablinum romano, o lado do jardim é fechado por uma treliça de mashrabiya. Os tablinums romanos podem ter tido cortinas de trama aberta.

Se houver vento, ele tende a soprar para baixo no pátio de barlavento e para cima, saindo do pátio de sotavento.  Uma corrente de ar pode, no entanto, ser impulsionada por convecção. Um dos pátios geralmente será mais quente do que o outro; qual é mais quente pode variar. O pátio é frequentemente claro, pavimentado e estreito, e pode ser sombreado por um toldo e resfriado por evaporação por uma fonte. O jardim é geralmente de cor mais escura, mas resfriado por evaporação pela evapotranspiração [carece de fontes]. O pátio maior geralmente será menos sombreado por suas próprias paredes e mais exposto a ventos quentes; também pode ser menos protegido por cômodos ao redor. Tanto pela pressão do vento quanto pelas forças de convecção, o ar mais quente no pátio mais quente sobe e escapa por cima do muro, puxando ar fresco do pátio mais frio através do takhtabush para o pátio mais quente. O pátio mais frio é reabastecido com ar lateral (puxado por portas, janelas salientes de mashrabiya resfriadas por evaporação e pequenas aberturas na parede), ou de cima [citação necessária], que esfria pelo contato com a alvenaria e resfriamento evaporativo. O takhtabush, portanto, tem uma forte brisa cruzada do pátio mais frio. A brisa é pelo menos parcialmente impulsionada pela convecção e também pode ser impulsionada pela pressão do vento e resfriamento evaporativo, então os jardins e pátios são usados ​​como coletores de vento.

Sistemas semelhantes podem ser usados ​​para criar um espaço público coberto, fresco e arejado, entre duas praças públicas.

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Referências

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CHISHOLM, Hugh. In: Encyclopaedia Britannica. Edição 11a. Cambridge: Cambridge University Press, 1911.

  1. «Chisholm, Hugh, (22 Feb. 1866–29 Sept. 1924), Editor of the Encyclopædia Britannica (10th, 11th and 12th editions)». Oxford University Press. Who Was Who. 1 de dezembro de 2007. Consultado em 7 de julho de 2025

FATHY, Hassan. Natural Energy and Vernacular Architecture. Chicago: University of Chicago Press, 1986.

FORD, Brian. Passive downdraught evaporative cooling: principles and practice. Architectural Research Quarterly, volume 5, número 3, setembro de 2001.

HÖCKER, Christoph. Metzler Lexikon antiker Architektur. Segunda edição. Stuttgart: J. B., Metzler, 2008.

MAQUINAY, Alexia. Le tablinum à Pompéi. Formes, fonctions, décors. Sem Local: Editions Mergoil, 2025.

MOHAMED, Mady A. A. Traditional Ways of Dealing with Climate in Egypt. CSAAR Press,

2010.

PENSABENE, P.; GALLOCCHIO, E. The orders of architecture, in The Atlas of ancient Rome. Biografy and portraits of the city, Princeton 2017, p. 134-139.

TABLINO. In: Enciclopedia Italiana. Istituto dell'Enciclopedia Italiana, 1937. Modifica su Wikidata.

TABLINUM. In: Wikipedia. Disponível em: https://es.wikipedia.org/wiki/Tablinum; https://fr.wikipedia.org/wiki/Tablinumhttps://en.wikipedia.org/wiki/Tablinum. Acesso em: 01/07/2025.  

TABLINUM. In: Encyclopædia Britannica. 1911. Disponivel em: https://en.wikisource.org/wiki/1911_Encyclop%C3%A6dia_Britannica/Tablinum

VITRÚVIO. De Architectura. Terceira Edição. Lisboa: IST Press, 2006, Livro VI.

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