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Tarfaya
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Tarfaya (em árabe: طرفاية), denominada Villa Bens durante o período do protetorado espanhol, foi capital da zona sul do protetorado Espanhol de Marrocos. É uma pequena cidade costeira do sul de Marrocos, capital da província homónima, que faz parte da região de El Aiune-Saguia el Hamra. Em 2024 tinha 11.030 habitantes.[1]
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Localização
Situa-se junto ao cabo Juby, 100 km a norte de El Aiún, 213 km a sudoeste de Tan-Tan, 340 km a sudoeste de Guelmim, 400 km a sudoeste de Sidi Ifni, 540 km a sudoeste de Agadir e 985 km a sudoeste de Casablanca (distâncias por estrada).
Entre 1958 e 1975 a cidade de Tarfaya foi uma cidade fronteiriça com o então Saara Espanhol.
História
Resumir
Perspectiva
Em 1879, a britânica Companhia da África do Noroeste, propriedade do escocês Donald Mackenzie, estabeleceu um entreposto comercial na região após morosas negociações com os senhores locais. O entreposto foi batizado Port Victoria e dele ainda existe uma construção conhecida como "Casa Mar", atualmente em ruínas. Mackenzie conseguiu o controle duma faixa da costa entre o Cabo Juby e a Ponta Stafford, mas acabaria por vender o entreposto comercial ao sultão de Hassan I de Marrocos, depois das tribos sarauís terem pedido ajuda ao sultão para expulsar os britânicos das suas terras.[2][3]
Protetorado Espanhol do Sul de Marrocos
Em 1912, Espanha negociou concessões na zona sul de Marrocos para aumentar o território que já tinham no Saara Ocidental com França, que então controlava efetivamente os assuntos de Marrocos,. Segundo o tratado hispano-francês de 27 de novembro de 1912, todas as terras a sul do rio Drá passaram a ser um protetorado espanhol. Nos termos desse tratado, Espanha comprometia-se a entregar esses territórios a Marrocos quando terminasse o protetorado, apesar da região não estar sob o controle sultão de Marrocos.[3] Oficialmente, a região de Tarfaya passou a designar-se como zona sul do protetorado de espanhol de Marrocos ou colónia de Cabo Juby, estando portanto separada administrativamente do chamado Saara Espanhol constituído pelas colónias de Rio do Ouro e Saguia el Hamra, cuja fronteira norte era o paralelo que passa a sul de Tarfaya.

Espanha só tomou posse efetiva do Cabo Juby a 29 de julho de 1916, quando o governador da colónia de Rio do Ouro, o capitão Francisco Bens, ocupou oficialmente a região. A localidade atualmente chamada Tarfaya passou então a designar-se Villa Bens e foi usada principalmente para escala de voos dedicados ao correio aéreo e aos voos para as Canárias. A partir de 1934, a companhia aérea alemã Lufthansa também usou Villa Bens como escala dos seus voos para a América do Sul.[2]
Em 1946, o território de Cabo Juby passou a fazer parte da chamada África Ocidental Espanhola, que juntou todas as colónias espanholas do noroeste de África (Saara, Cabo Juby e Ifni). Os espanhóis construíram um forte dois hangares militares.
Integração em Marrocos
Quando Marrocos obteve a independência em 1956, reclamou a retrocessão do Cabo Juby, nos termos do tratado de 1912, um pedido a que Espanha não deu resposta imediata. Seguiu-se um período de confrontos militares entre Espanha e tropas irregulares marroquinas que ficou conhecido como Guerra de Ifni, que terminou com a assinatura dos acordos de Angra de Cintra a 2 de abril de 1958, nos termos dos quais Espanha cedeu oficialmente o cabo Juby a Marrocos.
Em 1975, Tarfaya foi a principal base da Marcha Verde, o movimento de ocupação do então Saara Espanhol por parte de Marrocos, que contribuiu decisivamente para o abandono daquele território por parte de Espanha. Junto a Tarfaya estiveram então acampados cerca de 350 000 participantes na Marcha Verde.[4]

Naufrágio do Assalama
Em 2008 esteve iminente uma tragédia de grandes proporções quando o ferribote Assalama, operado pela companhia espanhola Naviera Armas, encalhou ao largo de Tarfaya com 113 passageiros, 30 tripulantes e 60 automóveis a bordo. O navio fazia a ligação entre Tarfaya e Puerto del Rosario, na ilha de Fuerteventura nas Canárias, desde 10 de dezembro de 2007, apesar dos frequentes incidentes técnicos devido às condições do porto de Tarfaya e aos problemas do navio. O Assalama já tinha tido três acidentes ao longo dos seus 42 anos de idade e tinha estado arrestado em Las Palmas entre junho e setembro de 2007 por não cumprir as normas de segurança, sendo posteriormente posto sob bandeira panamiana, alegadamente para poder voltar a ser autorizado a navegar.[5]
A 30 de abril de 2008, grandes vagas fizeram o navio adernar e começar a ser empurrado para terra. Os passageiros alegam que teria ocorrido uma tragédia se os pescadores de Tarfaya e a marinha marroquina não tivessem acorrido a salvá-los, pois o Assalama só dispunha de dois botes salva-vidas obsoletos e só um deles foi lançado ao mar com 30 passageiros. O acidente provocou o derramamento de 80 000 litros de fuelóleo que provocou graves prejuízos à indústria de pesca local. Dois anos depois do acidente, os passageiros ainda não tinham recebido qualquer indemnização pelas perdas de bagagens e veículos.[5][6]
Atualidade
Em 2009 a companhia petrolífera irlandesa San Leon Energy assinou um contrato de exploração de gás de xisto betuminoso na chamada "Bacia de Tarfaya",[7][8] cujas reservas se estimam em 22 000 milhões de barris.[9] A companhia australiana Longreach Oil and Gás e a espanhola Repsol também têm contratos de exploração de gás na zona de Zag-Tarfaya.[10]

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Escala da Aéropostale e Saint-Exupéry
O aeródromo de Cabo Juby, situado junto à atual Tarfaya, foi uma escala importante para os voos entre Toulouse e Saint-Louis do Senegal da lendária companhia aérea francesa Aéropostale, fundada em 1927. Nesse mesmo ano, o piloto e escritor francês Antoine de Saint-Exupéry foi nomeado chefe de escala em Cabo Juby, onde permaneceu 18 meses, durante os quais escreveu o romance Courrier sud ("Correio do Sul") e negociou com as tribos mouras insubmissas a libertação de pilotos que tinham sido detidos após acidentes ou aterragens forçadas.[11]
Em 2004 foi inaugurado em Tarfaya um museu dedicado à memória da Aéropostale, criado pela associação "Mémoire d'Aéropostale", uma fundação cujos principais patrocinadores são a municipalidade de Toulouse e a Airbus. Numa das praias de Tarfaya existe também um monumento em memória de Saint-Exupéry.[4]
Clima
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Demografia
Segundo o censo Marroquino de 2014, a cidade tinha 8 027 habitantes.[13]
Evolução demográfica
Durante o período Espanhol
Segundo as estimativas e o censo realizado pelas autoridades Espanholas, a população da cidade era a seguinte:
Após o período Espanhol
Segundo os censos realizados pelas autoridades Marroquinas, a população da cidade era a seguinte:
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Notas e referências
Ligações externas
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