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Tupamaros

grupo guerrilheiro marxista-leninista uruguaio Da Wikipédia, a enciclopédia livre

Tupamaros
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Movimento de Liberação Nacional - Tupamaros (MLN-T), ou simplesmente Tupamaros, foi uma organização política que atuou como grupo guerrilheiro durante a ditadura civil-militar uruguaia e que se institucionalizou com a volta da democracia, integrando a Frente Ampla.[1] O grupo buscava agrupar as correntes políticas da esquerda uruguaia.[1]

Factos rápidos Movimento de Liberação Nacional - Tupamaros, Datas das operações ...
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Origem

As condições de trabalho nas plantações da cana do açúcar eram más levando os cortadores de cana a trabalharem 16 horas por dia e sem salários fixos. A perceção disto como exploração levará à fundação do sindicato dos cortadores de cana e o recrutamento de um estudante de direito, Raul Sendic. Este seria o início da organização de manifestações.

A repressão sobre os trabalhadores e suas organizações incluía restringir manifestações, greves, com prisões e tortura para sindicalistas e ativistas políticos.[2] Eventualmente levaria ao início da luta armada sob o Movimento de Libertação Nacional.[3]

O MLN-Tupamaros "lutam por uma sociedade diferente, sem exploração, sem propriedade dos meios de produção, sem privilégios... por uma sociedade socialista".[4] O movimento partilhava objetivos políticos com outros movimentos políticos do Uruguai, mas divergia no método considerado adequado para os atingir. No entanto, havia pontes entre os diferentes movimentos.[2]

O nome deriva da expressão pejorativa dos espanhóis, quando da dominação da Coroa Espanhola, para os defensores da independência e tem origem no indígena peruano Túpac Amaru II, que liderou o levantamento anticolonial de 1780.[1]

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Atividades

Apesar de ter referência nas lideranças da revolução cubana, eles não seguiam a linha de guerrilha rural, mas atuavam nos espaços urbanos.[5] Sua atuação era chamada de “estilo Robin Hood”, pois consistiam em redistribuir a riqueza, tirando dos ricos e dando aos pobres, tal qual o personagem mítico britânico.[5] Para tanto, assaltaram casinos e organizações ilegais ou semi-legais usadas para lavagem de dinheiro e corrupção pelos membros da Ditadura.[5]

Em abril de 1970, uma comissão parlamentar denuncia a intensificação da tortura no Uruguai em prática há alguns meses. O semanário uruguaio Marcha publica o relatório da comissão especial de inquérito do Senado, detalhando práticas como agressões verbais e físicas, privação de água e alimentos, impedimento de utilizar instalações sanitárias, detenção em instalações com excrementos humanos, posição de pé prolongada (estátua), choques elétricos nos calcanhares e genitais, queimaduras de cigarros, tortura psicológica incluindo ameaças de violação a mulheres. Os torturados incluíam grávidas. Os testemunhos dos torturados foram confirmados por médicos, advogados de defesa e médicos legistas.[2]

Outras atividades menos consensuais resultantes do processo de polarização incluíam o rapto de funcionários responsáveis pela repressão. Um dos mais famosos seria o de Dan Anthony Mitrione, funcionário da Agência Internacional para o Desenvolvimento norte-americana. A coberto desse disfarce era na verdade um instrutor do FBI que ensinava técnicas de tortura à polícia Uruguaia, tendo antes estado no Brasil, em Belo Horizonte e Rio de Janeiro. O jornal Clarin intitulou-o "El Maestro de La Tortura".[6] Chegado ao Uruguai em junho de 1969,introduziu técnicas policiais mais sofisticadas, incluindo repressão de ajuntamentos da população e instrumentos de tortura como a picana elétrica. Mitrione seria sequestrado e condenado por um tribunal popular, seria executado após o governo recusar a sua troca por 150 prisioneiros políticos.[2][6]

Em contraste, outro funcionário da Agência Internacional para o Desenvolvimento norte-americana, Claude Fly seria libertado por nada se concluir contra ele. O agente Moran Charquer seria acusado de torturar e seria executado. Estas atividades seriam menos compreendidas pela imprensa e opinião pública.[2]

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Desfecho

Um esquadrão da morte criado por Dan Mitrione intitulado "Commando Caz Tupamaro" assassina vários militantes como Filipini e Nieto. Mais tarde, este esquadrão da morte estará alegadamente ligados com o grupo de ação armada fascista Juventude Uruguaia Presente (JUP).[2]

Vários dos seus membros principais foram presos, incluindo Raul Sendic e Pepe Mujica. Ficariam detidos como reféns caso o MLN voltasse às atividades. Vários dos seus militantes fugiram da prisão, por vezes mais do que uma vez.[2]

Com a democratização, os Tupamaros seriam libertados e integrariam os esforços de uma alternativa de esquerda.

Em 2004 a Frente Ampla ganha a eleição para presidente do Uruguai e, em 2009, um dos dirigentes dos Tupamaros, o agricultor conhecido como Pepe Mujica, foi eleito presidente do Uruguai para o mandato 2010 e 2015.[1]

Ver também

Referências

  1. Gavras, Douglas (15 de maio de 2025). «Quem foram os Tupamaros, grupo guerrilheiro do qual Mujica fez parte». Folha de S.Paulo. Consultado em 16 de maio de 2025
  2. Costa-Gavras e Solinas (1974) Estado de Sítio, Arcádia.
  3. «Memorial da Democracia». Memorial da Democracia. Consultado em 3 de agosto de 2025
  4. Costa-Gavras e Solinas (1974) Estado de Sítio, Arcádia. (página 198)
  5. Demasi, Carlos (1 de junho de 2016). «Los "tupamaros", la guerrilla "Robin Hood"». Atlante. Revue d'études romanes (em espanhol) (4): 9–28. ISSN 2426-394X. doi:10.4000/atlante.11272. Consultado em 16 de maio de 2025
  6. Clarín, Redacción (2 de setembro de 2001). «Dan Mitrione, un maestro de la tortura». Clarín (em espanhol). Consultado em 16 de agosto de 2025
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