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Violão no Brasil
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O violão no Brasil descreve a história e o desenvolvimento do violão (conhecido internacionalmente como guitarra clássica ou violão de cordas de nylon) em território brasileiro, onde se tornou um dos instrumentos mais importantes e característicos da música do Brasil.[1] Sua trajetória se inicia no Brasil Colônia com instrumentos precursores ibéricos e evolui ao longo dos séculos, assumindo papéis centrais em diversos gêneros musicais, como o choro, o samba e a bossa nova.[2]
Este artigo não cita fontes confiáveis. (Junho de 2025) |
O instrumento se disseminou por diferentes estratos sociais e contextos musicais, transitando entre a música popular e a música erudita. É utilizado tanto como instrumento de acompanhamento rítmico e harmônico quanto como instrumento solista de grande virtuosismo.[3]
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História
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Origens e período colonial
O precursor do violão no Brasil foi a viola de mão, instrumento de cordas dedilhadas popular em Portugal e na Espanha durante o Renascimento. Trazida pelos jesuítas e colonos portugueses a partir do século XVI, a viola de mão foi utilizada em contextos religiosos e, posteriormente, em gêneros populares nascentes.[4]
Ao longo dos séculos, adaptações locais deram origem a diferentes instrumentos. Enquanto uma vertente resultou na viola caipira, com suas afinações variadas e cordas de aço, outra, ao adotar seis ordens de cordas simples e afinação em quartas (com uma terça maior central), consolidou-se como o violão. Este se tornou o principal instrumento harmônico nos centros urbanos, acompanhando gêneros como o lundu e a modinha.[3]
Afirmação no século XIX
Durante o século XIX, o violão se estabeleceu como um símbolo da cultura urbana do Rio de Janeiro, então capital do Império. Enquanto o piano era o instrumento da aristocracia, o violão era predominante nas ruas, nas serenatas e nos encontros de músicos populares, onde nasciam as bases do Choro.[1]
Devido à sua associação com a boemia e as camadas populares, o instrumento adquiriu um estigma social, sendo frequentemente tratado de forma pejorativa pela elite.
Esse preconceito começou a ser desfeito no final do século e início do século XX, com o surgimento de violonistas que refinaram sua técnica e repertório.
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O violão nos gêneros musicais
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Choro
No Choro, o violão de 6 cordas é responsável pela base harmônica e pelo centro rítmico, executando as "levadas" características. Violonistas como João Pernambuco e Quincas Laranjeiras foram fundamentais na definição da linguagem do instrumento no gênero, com composições como "Sons de Carrilhões" se tornando clássicos.[5]
Uma inovação crucial foi a introdução do violão de sete cordas, que adicionou uma linha de baixo melódica e contrapontística chamada "baixaria".[nota 1] A linguagem da baixaria foi consolidada e popularizada por Dino Sete Cordas (Horondino José da Silva), tornando-se um elemento definidor da sonoridade dos conjuntos de choro e samba.[6]
Samba
No samba, o violão atua como o elo entre a melodia e a percussão. A "batida" ou "levada" do violão no samba tradicional frequentemente sintetiza os padrões rítmicos de instrumentos como o surdo e o tamborim. O violão de sete cordas, por sua vez, realiza o contraponto (baixaria) que dialoga com a linha melódica do cantor.[7]
Bossa Nova
A Bossa Nova surgiu a partir de uma nova forma de tocar violão, desenvolvida por João Gilberto. Sua "batida" característica consistia em uma síntese rítmico-harmônica: com o polegar, ele tocava os baixos dos acordes de forma sincopada, enquanto os outros dedos pulsavam os acordes em um padrão rítmico derivado do samba. Isso criou um acompanhamento autossuficiente, fundindo harmonia e ritmo.[8] O som dos violões de cordas de nylon da fábrica Di Giorgio tornou-se uma marca sonora do movimento.[9]
Música sertaneja e regional
Em diversas tradições regionais, o violão também desempenha papel central.
- Sertanejo de Raiz: O violão forma uma dupla com a viola caipira. No pagode de viola, subgênero criado por Tião Carreiro, a viola executa um ritmo complexo e sincopado enquanto o violão fornece uma base rítmica e harmônica sólida, criando uma polirritmia característica.[10]
- Baião: Na música de Luiz Gonzaga, o violão foi integrado à instrumentação tradicional (sanfona, zabumba, triângulo), adaptando sua levada para dialogar com a rítmica percussiva do gênero.[11]
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Principais violonistas
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Perspectiva
A evolução do violão no Brasil está diretamente ligada à contribuição de músicos que expandiram suas possibilidades técnicas e estilísticas.
Luteria
A construção de violões no Brasil (luteria) possui vertentes industriais e artesanais.
- Produção Industrial: As fábricas Di Giorgio (fundada em 1908) e Giannini (fundada em 1900) foram essenciais para a popularização do instrumento no país.[9][12] A Di Giorgio ficou associada à Bossa Nova, enquanto a Giannini, além da produção em massa, criou instrumentos como a Craviola, em parceria com o violonista Paulinho Nogueira.
- Luteria Artesanal: A construção de violões de concerto segue a tradição da escola espanhola de Antonio de Torres. No Brasil, luthiers como Sérgio Abreu são reconhecidos pela alta qualidade de seus instrumentos.[13]
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Ensino e estudo
O ensino do violão no Brasil se dá tanto por tradição oral, em gêneros populares, quanto pelo ensino formal em conservatórios e universidades. No meio acadêmico, o violonista e professor Henrique Pinto (1941-2010) é uma figura de destaque, tendo sido responsável pela formação de gerações de violonistas eruditos e pela elaboração de métodos de estudo como Iniciação Violonística.[14]
Para a música popular, o trabalho do editor Almir Chediak foi um marco. Seus Songbooks, que transcreveram com precisão harmônica e melódica a obra de grandes compositores da MPB, tornaram-se uma referência para o estudo do violão brasileiro.[15]
A vitalidade do instrumento é mantida por meio de festivais e concursos, como o Festival Internacional de Violão da UFMS e o Prêmio BDMG Instrumental, que servem de plataforma para novos talentos.
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Ver também
Notas
- A sétima corda é comumente afinada uma quarta justa abaixo da sexta corda (Mi), resultando em um Si, ou, mais frequentemente no Choro e no Samba, uma quinta justa abaixo, resultando em um Lá grave. A afinação em Dó também é utilizada, dependendo do violonista e do tom da música.
Referências
- Fonte: Acervo Digital do Violão Brasileiro - Seção História.
- Fonte: Tese de Doutorado, USP, sobre o violonista Garoto e a evolução do instrumento.
- PAVÃO, A. O violão e a identidade nacional brasileira. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2010.
- Fonte: Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA) - "Violas de Minas".
- Fonte: Acervo Digital do Violão Brasileiro - Artigo sobre João Pernambuco.
- Fonte: Anais da ANPPOM, Artigo sobre a identidade sonora de Dino 7 Cordas.
- Fonte: Artigo acadêmico, UNIRIO, sobre o acompanhamento de violão no samba.
- Fonte: Jornal da USP, "Rádio USP mostra a batida de violão de João Gilberto".
- Fonte: Revista do Choro, "A história de Romeu Di Giorgio".
- Fonte: Tese de Mestrado, UFG, sobre o Pagode de Viola de Tião Carreiro.
- Fonte: Artigo acadêmico, SciELO, sobre a instrumentação do baião.
- Fonte: Site oficial da Giannini - Seção "Quem Somos".
- Fonte: Unespar, Artigo sobre a história da luteria violonística no Brasil.
- Fonte: Acervo do Violão Brasileiro - Biografia de Henrique Pinto.
- Fonte: Jornal de Brasília, "O legado de Almir Chediak".
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