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Zona Franca de Manaus
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A Zona Franca de Manaus (ZFM) ou Polo Industrial de Manaus (PIM)[1] é um parque industrial brasileiro localizado na cidade de Manaus, capital do estado do Amazonas. Sua concepção foi dada com o decreto-lei número 3.173 de 6 de junho de 1957,[2] que criou uma zona franca para armazenamento ou depósito de mercadorias em águas tributárias do rio Amazonas. Após dez anos, foi revogado pelo decreto-lei 288 de 28 de fevereiro de 1967,[3] substituindo a lei anterior. Assim foi instituída a Zona Franca de Manaus, com o propósito de criar no interior da Amazônia um centro industrial, comercial e agropecuário dotado de condições econômicas que permitam seu desenvolvimento, em face dos fatores locais e da grande distância, a que se encontram, os centros consumidores de seus produtos.[4]
O Polo Industrial de Manaus é administrado pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) e abriga na atualidade cerca de 600 indústrias, especialmente concentradas nos setores de televisão, informática e motocicletas. Nos últimos anos, o polo recebeu um novo impulso com os incentivos fiscais para a implantação da tecnologia de televisão digital no Brasil.[4]
A ZFM compreende três polos econômicos: comercial, industrial e agropecuário. O primeiro teve maior ascensão até o final da década de 80, quando o Brasil adotava o regime de economia fechada. A indústria é considerada a base de sustentação da ZFM. O Polo Industrial de Manaus possui aproximadamente 600 indústrias de alta tecnologia gerando mais de meio milhão de empregos[5][6], diretos e indiretos, principalmente nos segmentos de eletroeletrônicos, duas rodas e químico. Entre os produtos fabricados destacam-se: aparelhos celulares de áudio e vídeo, televisores, motocicletas, concentrados para refrigerantes, entre outros. O polo agropecuário abriga projetos voltados à atividades de produção de alimentos, agroindústria, piscicultura, turismo, beleza, beneficiamento de madeira, entre outras.[4]
Os indicadores de faturamento e produção do parque incentivado de Manaus são crescentes a cada ano, tendo faturado em 2012 valores superiores a US$ 37 bilhões. A produção do PIM é direcionada majoritariamente para o mercado brasileiro, mas há uma pequena parcela (cerca de 5% anualmente) que é exportada para mercados da América Latina, Europa e Estados Unidos.[1]
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Benefícios fiscais
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Perspectiva
Abertura da I Feira de Sustentabilidade do Polo Industrial de Manaus (FesPIM) em 2019. O então Presidente da República Jair Bolsonaro posa para fotografia com os governadores dos estados do Acre, Amazonas e Roraima, e o superintendente da SUFRAMA, Alfredo Menezes.[7]
As indústrias instaladas na Zona Franca de Manaus recebem os seguintes benefícios fiscais:
- Isenção do imposto de importação, que permite que empresas atuem como montadoras usando tecnologia internacional;
- Isenção do imposto de exportação;
- Isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);
- Desconto parcial, fornecido pelo Governo do Estado do Amazonas, no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS);
- Isenção por dez anos, fornecido pelo município, de IPTU, da taxa de licença para funcionamento e da taxa de serviços de limpeza e conservação pública.
Contudo, mesmo com os incentivos fiscais, o polo é uma importante e crescente fonte de arrecadação pública: em 2006, o Estado do Amazonas arrecadou, das empresas do polo, R$ 3,6 bilhões (com aumento de 71,52% em relação a 2002) e o Governo Federal arrecadou R$ 6,8 bilhões (alta de 102,86% em relação a 2002).[8][9]
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Administração e impactos na economia
A Zona Franca de Manaus é gerida e fiscalizada pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA). Para que novas empresas possam se instalar no polo é necessário apresentar projeto ao órgão.
O modelo econômico teve impacto positivo da indústria de todo o estado do Amazonas, onde a participação da indústria da transformação, de 24%, é o dobro da média nacional, de 12%.[10] O presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (CIEAM), Wilson Périco, um dos maiores defensores da ZFM, destaca que o Polo Industrial de Manaus dá retorno considerável à União:
“ | É um modelo superavitário, o Amazonas é um dos oito estados que devolve à União a arrecadação de tributos federais valores acima do repasse compulsório. Em 2017, o Amazonas recebeu recebeu R$ 3,7 bilhões e arrecadou R$ 13,9 bilhões, ou seja, nós devolvemos mais de 10 bilhões de reais limpos.[11] | ” |
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Sustentabilidade

Segundo a SUFRAMA, a Zona Franca de Manaus é essencial para preservação da Floresta Amazônica. A argumentação de que a ZFM promove a harmonia entre a conservação ambiental na Amazônia e ações de desenvolvimento pode ser comprovada cientificamente por estudos.[13][14]
No período de 2000 a 2006, quando a base de dados sobre o desmatamento na região passou a ter continuidade e consistência, o estudo mostrou que a pressão sobre a floresta amazônica diminuiu entre 70% a 77% nesse intervalo, em razão da existência do parque industrial de Manaus.[15] Segundo a Secretaria de Estado de Planejamento e Desenvolvimento Econômico do Amazonas (SEPLAN), o Amazonas tem 97% de sua cobertura vegetal preservada.[14][16]
Críticas
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Eficiência
Os críticos do modelo econômico questionam a sua eficácia em termos da eficiência dos benefícios fiscais e da criação de emprego, bem como os custos logísticos do transporte dos produtos finais e a incapacidade do polo para inovar. Muitos críticos apontam que este modelo tornou-se num polo de subsídios, no qual toda a economia do Estado do Amazonas se envolveu em investimentos viciantes e de baixa qualidade.[17][18]
Custo
Como resultado, tem uma redução média de R$ 25 bilhões por ano indicados para um tipo de modelo econômico suscetível às oscilações do mercado e em uma região volátil aos desgastes da economia brasileira,[19] além de ser insustentável no longo prazo, devido à crescente dependência de isenções públicas tributárias para garantir poder de concorrência às empresas privadas instaladas,[20][21] argumentam ainda que a política de subsídios fiscais concedida ao modelo se tornou mais onerosa nos últimos anos e aumentou sem qualquer prova de sua eficácia real, gerando aumento da pressão sobre outras unidades federativas, em especial sobre os pequenos produtores destas.[22][23][24]
Também apontam para a incapacidade da nação brasileira de investir em setores essenciais da economia, como a logística; muitos defensores do modelo defendem que a possibilidade de uma súbita retirada gerará um desinvestimento sistêmico, a ponto do Estado ser incapaz de reverter os problemas sociais causados e este último interferir nas questões ambientais; defendem, como tese, que o Amazonas, ainda que preservado, está localizado na Amazônia Central, parte sensível e importante na regulação do clima e das chuvas na América do Sul.[25]
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Ver também
Referências
- «Polo Industrial de Manaus». Suframa. 10 de abril de 2017. Consultado em 13 de junho de 2021
- «LEI No 3.173, DE 6 DE JUNHO DE 1957». Planalto. 6 de junho de 1957. Consultado em 13 de junho de 2021
- «DECRETO-LEI Nº 288, DE 28 DE FEVEREIRO DE 1967». Planalto. 28 de fevereiro de 1967. Consultado em 10 de setembro de 2018
- «Histórico». Suframa. 28 de agosto de 2015. Consultado em 13 de junho de 2021
- «Bolsonaro participa de abertura da Feira de Sustentabilidade do Polo Industrial de Manaus nesta quarta». G1. 27 de novembro de 2019. Consultado em 27 de novembro de 2019
- «Entenda o que é a Zona Franca de Manaus». O Globo. 24 de abril de 2019. Consultado em 4 de outubro de 2019
- «Como Funciona a Zona Franca de Manaus». UOL. Consultado em 6 de Outubro de 2011. Arquivado do original em 27 de fevereiro de 2011
- «Zona Franca de Manaus tem potencial para se tornar o Vale do Silício brasileiro». Correio Braziliense. 23 de abril de 2019. Consultado em 12 de janeiro de 2020
- «Industria do Amazonas dá lucro de R$ 10 bilhões de reais à união». Band News Difusora. 3 de julho de 2019. Consultado em 4 de novembro de 2019
- «Amazonas é o Estado mais preservado da Bacia Amazônica brasileira, garante pesquisador do Inpa em evento que debateu o desmatamento florestal na Amazônia». Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). 18 de maio de 2015. Consultado em 1 de janeiro de 2020
- «Zona Franca de Manaus é essencial para preservação da floresta amazônica». SUFRAMA. 24 de setembro de 2019. Consultado em 4 de novembro de 2019
- «"O Brasil precisa abraçar essa causa"». Estúdio Folha. Folha de S.Paulo. 28 de abril de 2017. Consultado em 12 de janeiro de 2020
- «Pesquisa científica comprova contribuição do PIM para a redução do desmatamento na Amazônia». SUFRAMA. 15 de setembro de 2008. Consultado em 4 de novembro de 2019
- Rocha, Luiz Augusto (17 de dezembro de 2024). «A Zona Franca de Manaus faz bem ao Brasil». Terra. Consultado em 18 de dezembro de 2024
- «Aberração tributária - Economia». Estadão. Consultado em 12 de janeiro de 2020
- «Qual o futuro da Zona Franca de Manaus?». Sputnik News. Consultado em 14 de setembro de 2019
- «É hora de avaliar a real eficácia dos subsídios à Zona Franca de Manaus (Editorial)». Jornal O Globo. 30 de abril de 2019. Consultado em 14 de setembro de 2019
- «Zona Franca de Manaus critica possível benefício fiscal para videogames». Tecnoblog. 12 de agosto de 2019. Consultado em 5 de novembro de 2019
- SOUSA PINTO, Ana Estela de (26 de junho de 2019). «Zona Franca não dá vantagem ao Amazonas, indica estudo». Folha de S.Paulo. Consultado em 14 de setembro de 2019
- MÁXIMO, Wellton (14 de junho de 2019). «União perderá R$ 2,3 bi por ano com decisão do STF sobre Zona Franca». Agência Brasil. Consultado em 5 de novembro de 2019
- «Bebidas brasileiras defendem pacote com fim de incentivos à Zona Franca». AFREBRAS.org. 4 de novembro de 2019. Consultado em 5 de novembro de 2019
- «Zona Franca de Manaus - Impactos, efetividade e oportunidades» (PDF). Fundação Getúlio Vargas (FGV). Consultado em 27 de novembro de 2019
- MACIEL, Evandro (5 de setembro de 2019). «Primeiro, não prejudicar». Estadão. Consultado em 14 de setembro de 2019
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Ligações externas
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