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Adauto Bezerra
político brasileiro Da Wikipédia, a enciclopédia livre
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José Adauto Bezerra de Menezes (Juazeiro do Norte, 3 de julho de 1926 — Fortaleza, 3 de abril de 2021) foi um militar e político brasileiro. Elegeu-se deputado estadual pelo Ceará em outubro de 1958, exercendo o cargo por sucessivos mandatos e presidindo a Assembleia Legislativa do Estado do Ceará em duas ocasiões. Encerraria sua carreira como deputado ao ser indicado candidato ao governo do Ceará pelo então presidente Ernesto Geisel, com o apoio de influentes políticos cearenses, como Virgílio Távora.
Seu governo à frente do Ceará foi marcado por políticas de desenvolvimento em diversas áreas, representando uma ala mais desenvolvimentista do regime militar. Entre as iniciativas destacaram-se investimentos em infraestrutura, saneamento básico, educação e saúde; além da expansão do sistema energético do estado, com a extensão das linhas de transmissão para o interior, incluindo zonas rurais mais afastadas.
Renunciou ao governo do Ceará em 1978 para concorrer ao Senado, assumindo o cargo seu vice, Waldemar Alcântara. Sua pretensão de disputar uma vaga ao Senado enfrentou forte resistência de setores da ARENA, liderados por Virgílio Távora, que já havia sido indicado para governar o Ceará no período de 1979 a 1983. Por causa desse desgaste político, desistiu da disputa ao Senado e lançou-se candidato a deputado federal pelo Ceará, sendo eleito como o mais votado da história do estado em 1978. Retornou ao governo do Ceará em 1982 como vice-governador, na chapa encabeçada por Gonzaga Mota, assumindo o cargo em janeiro de 1983. Em 1986, lançou-se candidato ao governo do Ceará, contando com o apoio de antigos adversários políticos, os coronéis Virgílio Távora e César Cals, em uma aliança conhecida como “Aliança dos Três Coronéis” que logo se desfez, contribuindo para sua derrota frente ao candidato Tasso Jereissati.
Esteve à frente da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) entre maio de 1990 e 1991, nomeado pelo então presidente Fernando Collor de Mello, deixando a vida política após deixar o cargo. Adauto Bezerra morreu em 3 de abril de 2021, vítima de COVID-19 em Fortaleza.
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Início de vida e educação
Adauto nasceu em Juazeiro do Norte, em 3 de julho de 1926, filho de José Bezerra de Menezes e Maria Amélia Bezerra.[2] Seu bisavô, o brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro (1740–1830), destacou-se como um dos principais líderes políticos e militares no Cariri, sendo considerado um dos fundadores do “Sítio Joazeiro”. Além de Adauto, outros membros da família Bezerra tiveram expressiva atuação política: seu irmão gêmeo, Humberto Bezerra, foi deputado federal; Alacoque Bezerra exerceu mandato de senadora; Orlando Bezerra foi deputado federal; e Leandro Bezerra atuou como vereador. Seu pai, José Bezerra, também exerceu mandato de vereador em Juazeiro do Norte na década de 1930.
Adauto Bezerra ingressou na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, em 1943, sendo declarado aspirante a oficial da arma de artilharia em 1949. Nos anos seguintes, foi promovido a segundo-tenente (1950), primeiro-tenente (junho de 1952) e capitão (dezembro de 1954). Posteriormente, cursou a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO).[3]
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Vida política
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Perspectiva
Deputado estadual (1958–1975)
Sua entrada na vida política ocorreu em outubro de 1958, quando foi eleito deputado estadual à Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (ALECE) pela União Democrática Nacional (UDN).[4][5] Assumiu o cargo em fevereiro de 1959 e foi reeleito em 1962, agora pela legenda "União pelo Ceará", uma coligação entre a UDN e o Partido Social Democrático (PSD).[6]

Com o Golpe Militar de 1964, Adauto foi promovido a major em novembro daquele ano. Após a extinção dos partidos políticos pelo Ato Institucional N° 2, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (ARENA), partido ligado ao governo militar onde foi reeleito deputado estadual em novembro de 1966.[7] Durante esses mandatos, presidiu a ALECE por duas ocasiões e também chefiou comissões importantes, como a de Orçamento e Finanças. Em 1968, foi transferido para a reserva com a patente de coronel e foi reeleito deputado estadual em 1970, encerrando o mandato em 1975.
Governador do Ceará (1975–1978)
Indicado pelo então presidente Ernesto Geisel como candidato ao governo do Ceará em 1974, Adauto Bezerra foi eleito pela Assembleia Legislativa em outubro daquele ano, contando com o apoio da ARENA liderada por Virgílio Távora, influente político do estado. Na disputa, superou o coronel Luciano Salgado, apoiado pelo então governador César Cals.[8] Adauto Bezerra foi empossado no cargo em 1975. À frente do governo do estado, Adauto Bezerra liderou a campanha da ARENA no Ceará durante as eleições municipais de novembro de 1976, prometendo ao presidente Ernesto Geisel a vitória em 90% dos 141 municípios cearenses. A campanha obteve 55% dos votos em Fortaleza e 84% no interior do estado.

Seu período à frente do governo do Ceará foi marcado por grandes obras, como o Interceptor Oceânico, voltado ao saneamento básico e à interligação dos esgotos e cursos d’água dos riachos Pajeú e Jacarecanga. Também promoveu a expansão dos serviços de distribuição de energia elétrica, adequando-os ao crescimento das áreas urbanas e ampliando a infraestrutura energética para o interior do estado.
Em 1978, Adauto Bezerra renunciou ao governo do Ceará, assumindo seu vice, Waldemar Alcântara, como governador pelo restante do mandato. A renúncia ocorreu em função de sua intenção de candidatar-se ao Senado Federal naquele ano. Ao despedir-se do cargo, Adauto destacou importantes realizações de seu governo, como a implementação do sistema básico de saneamento de Fortaleza e os aumentos salariais concedidos.
Deputado federal pelo Ceará (1979–1983)
Com sua renúncia e o anúncio de sua candidatura ao Senado, passou a enfrentar forte oposição de setores da ARENA, liderados pelo coronel Virgílio Távora, que já havia sido indicado para governar o Ceará no período 1979–1983. O desgaste político gerado por essa insatisfação incluiu até ameaças de boicote à candidatura, com apoio ao candidato oposicionista Chagas Rodrigues, do Movimento Democrático Brasileiro (MDB).
Diante dessa resistência, Adauto desistiu de concorrer ao Senado e decidiu disputar uma vaga como deputado federal pelo Ceará, obtendo 117.282 mil votos, tornando-se o deputado federal mais votado da história do estado em 1978.[9]
Seu mandato teve início em fevereiro de 1979, apenas um mês antes de o general João Batista Figueiredo assumir a presidência da República. Durante seu período no cargo, manifestou-se a favor da anistia para os brasileiros que haviam sido exilados, concedida em agosto de 1979.[10] Nos debates que antecederam o fim do bipartidarismo no país, alinhou seu discurso com parlamentares da ARENA, que defendiam a criação de dois partidos para substituir a agremiação do governo militar. Entretanto, por diretriz do governo federal, decidiu-se que existiria apenas um único partido de situação, estruturado no que viria a ser o Partido Democrático Social (PDS), ao qual Adauto se filiou.
Em 1983, Adauto Bezerra deixou seu cargo de deputado federal para assumir o cargo de vice-governador do Ceará, eleito em 1982 na chapa do governador Luís Gonzaga Mota.[11]
Vice-governador do Ceará (1983–1985)
Favorável às eleições diretas para governadores e para presidente, Adauto Bezerra foi eleito vice-governador na chapa de Luís Gonzaga Mota em novembro de 1982. Logo após tomar posse em março de 1983, acusou o ex-governador Virgílio Távora, que havia recentemente deixado o governo, de ter comprometido o equilíbrio do orçamento estadual, gastando mais do que arrecadara, chegando a dizer que o mesmo havia "levado o estado a falência".
Em abril de 1985, Gonzaga Mota deixou o PDS após desavenças referentes à escolha do candidato do partido para as eleições municipais de Fortaleza naquele ano. Com isso, Adauto também deixou o cargo de vice-governador e candidatou-se ao governo do Ceará no ano seguinte, desta vez pelo Partido da Frente Liberal (PFL), coligado com o PDS e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).
Aliança dos três coronéis
Os três coronéis, César Cals, Adauto Bezerra e Virgílio Távora.
A "Aliança dos Três Coronéis" foi o nome dado à coalizão formada pelos coronéis Adauto Bezerra, César Cals e Virgílio Távora, com o objetivo de apoiar a candidatura de Adauto Bezerra ao governo do Ceará em 1986. A alcunha também fazia referência ao fato de os três terem carreiras militares e de representarem a manutenção de poder semelhante a do coronelismo.
Devido a desavenças históricas entre os integrantes, remontando à década de 1960, a aliança rapidamente se desfez, resultando na derrota de Adauto Bezerra para Tasso Jereissati, que contava com o apoio de Gonzaga Mota e de Mauro Benevides, então presidente do PMDB do Ceará.
Em entrevista a Revista FIEC em 2016 comentou sobre a derrota para Tasso em 1986:[12]
"Ele (Tasso) gastou muito, tinha uma equipe de jornalistas muito boa, trabalhou bem. Fez uma imagem boa. Não me arrependo. Ao contrário. Fico feliz. Saí da política e fui trabalhar para mim."— Adauto Bezerra
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Presidência da SUDENE (1990–1991)
Designado pelo presidente Fernando Collor de Mello, Adauto Bezerra assumiu a presidência da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), provocando insatisfação entre empresários e políticos pernambucanos, incluindo o senador Marco Maciel, que desejavam que um representante de Pernambuco ocupasse o cargo.
Adauto deixou a presidência da SUDENE após um curto período e afastou-se da política, tornando-se sócio-proprietário do Bicbanco ao lado de seu irmão gêmeo, Humberto Bezerra.
Vida pessoal
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Perspectiva
Após sua breve passagem pela SUDENE, Adauto Bezerra passou a atuar de forma discreta no cenário político estadual. Apesar da discrição, participou de eventos de apoio a candidatos em campanhas, como a de Capitão Wagner (à época no Partido Republicano da Ordem Social – PROS) para a prefeitura de Fortaleza em 2020, e integrava o Conselho de Governadores do Ceará, criado pela Lei Nº 17.240, de 20 de julho de 2020.[13] Em 29 de março de 2021, Adauto testou positivo para COVID-19 e foi internado no Hospital Monte Klinikum, em Fortaleza,[14] vindo a falecer aos 94 anos na madrugada do dia 3 de abril de 2021.[15]
O falecimento do ex-governador foi lamentado por diversas autoridades, incluindo Arnon Bezerra, sobrinho de Adauto e ex-prefeito de Juazeiro do Norte, que destacou a dedicação de seu tio ao desenvolvimento do estado; Camilo Santana, então governador, que decretou luto oficial de três dias no Ceará; Tasso Jereissati, ex-governador, que afirmou que seu legado certamente será lembrado na história política cearense; Capitão Wagner, deputado federal à época, apoiado por Adauto em 2020; Heitor Férrer, deputado estadual; Cid Gomes, senador; Evandro Leitão, então presidente da Assembleia Legislativa; e Roberto Cláudio, ex-prefeito de Fortaleza.[16]
Ele foi sepultado na manhã do dia 3 no Cemitério Parque da Paz, em uma cerimônia restrita a familiares.[17]
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Legado
Homenagens
Várias escolas ao redor do Estado do Ceará foram nomeadas em homenagem ao ex-governador, tais como:
- Escola de Ensino Médio Adauto Bezerra, no bairro de Fátima, em Fortaleza
- Escola Municipal de Tempo Integral Coronel Adauto Bezerra, em Canindé
- Escola de Ensino Médio em Areias, Iguatu
- Escola de Ensino Médio Governador Adauto Bezerra, em Santa Tereza, Juazeiro do Norte
- Escola de Ensino Básico Coronel Adauto Bezerra, em Mourão, Itapipoca
- Escola de Ensino Médio Governador Adauto Bezerra, em Barbalha
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Notas e referências
- A rigor este cargo estava vazio desde que seu titular assumiu o governo após a renúncia de Virgílio Távora para disputar as eleições de 1982.
- Pereira, Filipe; filipe-pereira (3 de abril de 2021). «O último dos coronéis cearenses: relembre a trajetória do ex-governador Adauto Bezerra». O POVO (em Portuguese). Consultado em 21 de agosto de 2025
- «O legado do último dos coronéis: Conheça a trajetória política de Adauto Bezerra - Política». Diário do Nordeste. 3 de abril de 2021. Consultado em 21 de agosto de 2025
- «Eleições 1958 - Resultado Oficial» (PDF). apps.tre-ce.jus.br. Consultado em 21 de agosto de 2025. Cópia arquivada (PDF) em 30 de abril de 2024
- «Morre Adauto Bezerra, ex-governador do Ceará, por Covid-19». G1. 3 de abril de 2021. Consultado em 21 de agosto de 2025
- «TSE - Eleições de 1962». app.powerbi.com. Consultado em 21 de agosto de 2025
- «Resultados das eleições oficiais». Justiça Eleitoral. Consultado em 21 de agosto de 2025. Cópia arquivada em 16 de maio de 2025
- Pereira, Filipe; filipe-pereira (3 de abril de 2021). «O último dos coronéis cearenses: relembre a trajetória do ex-governador Adauto Bezerra». O POVO (em Portuguese). Consultado em 21 de agosto de 2025
- «Eleições 1978 - TSE». app.powerbi.com. Consultado em 21 de agosto de 2025
- «Há 40 anos, Lei da Anistia preparou caminho para fim da ditadura». Senado Federal. Consultado em 21 de agosto de 2025
- «Eleição que marcou início da Redemocratização completa 40 anos». Portal do Servidor - ALECE. Consultado em 21 de agosto de 2025
- link, Gerar; Facebook; X; Pinterest; aplicativos, Outros (29 de março de 2021). «Adauto Bezerra testa positivo para Covid-19». Consultado em 21 de agosto de 2025
- «Morre Adauto Bezerra, ex-governador do Ceará, por Covid-19». G1. 3 de abril de 2021. Consultado em 21 de agosto de 2025
- «Personalidades da política lamentam morte de Adauto Bezerra, ex-governador do Ceará, por Covid-19». G1. 3 de abril de 2021. Consultado em 21 de agosto de 2025
- Silva, Edison (3 de abril de 2021). «Corpo do ex-governador cearense Adauto Bezerra é sepultado em Fortaleza». Blog Edison Silva. Consultado em 21 de agosto de 2025
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