História
O território da antiga freguesia da Ameixoeira situa-se num ponto elevado com vista sobre o geral da cidade de Lisboa e arredores, gozando de um belo panorama e largos horizontes, vendo-se Odivelas, Paço do Lumiar, Póvoa de Santo Adrião, serras da Amoreira, de Caneças, Montachique e até a Serra de Sintra. Podemos ver também, nitidamente as freguesias de Sacavém, Portela de Sacavém e Moscavide, o Parque das Nações e, consequentemente, o Rio Tejo, atravessado pela sua Ponte Vasco da Gama e, de outro ângulo se vê a Ponte 25 de Abril e o Cristo Rei. Também se pode ver bem desta freguesia, o Aeroporto de Lisboa, do seu lado oeste.
A antiga freguesia teve várias denominações: até ao século XVII era conhecida por "Mixoeira", denominando-se também "Ameijoeira" e "Funchal".
"Mixoeira" terá surgido a partir do nome de um mouro Mixio ou Mixo, já o nome "Ameijoeira" da grande quantidade de amêijoas fósseis que apareciam. A designação de "Funchal" é atribuída ao facto duma velha tradição dizer ter sido encontrada a imagem do orago da freguesia num funchal, donde proveio o título de Nossa Senhora do Funchal, título conservado até 1541, ano em que se trocou pelo actual.
Vestígios pré-históricos
Desde os tempos pré-históricos que se verificou a ocupação humana do território que é a freguesia da Ameixoeira. Existem diversos vestígios arqueológicos encontrados na freguesia, que vão do Paleolítico ao Calcolítico. Supõe-se mesmo que o Forte da Ameixoeira esteja edificado sobre um povoado Calcolítico e existem referências e achados de cistas funerárias, interpretadas como túmulos celtas na altura da sua descoberta.
Período romano
A presença romana está documentada através de um altar ou cipo, encontrada em 1720 na Várzea de Santa Suzana e que apresentava uma inscrição provavelmente do século III.
Período muçulmano
Do período muçulmano ficaram alguns vestígios - As "covas", tulhas ou silos subterrâneos - e diversas reminiscências lendárias, como a do mouro Mixo ou Amixo ter fundado a povoação e a da batalha travada entre mouros e cristãos e de como estes encontraram a imagem de Nossa Senhora escondida num funchal.
Períodos seguintes
Quando em 1147, se verificou a conquista de Lisboa, já existiria o povoado da Ameixoeira, mas com o nome latino de "Muchinis".
No século XIII existem documentos referentes a propriedades agrícolas da igreja de Santa Marinha situadas no lugar de "Moyxoeira".
O século XIV é pródigo em documentação sobre doações, transacções e possessões das terras da freguesia. Em 1326 há também notícia nesse período de um companheiro de armas de D. João I, chamado "Fernão Gonçalves da Moxoeira".
No século XV, a Ameixoeira tinha uma relativa importância e havia no lugar uma albergaria para pobres e peregrinos.
No início do século XVI, a Ameixoeira procurava constituir freguesia própria separando-se do Lumiar, de que era anexa desde 1266 mas o processo de desanexação só ficou concluído em 16 de Outubro de 1541, com a criação da freguesia, sob a invocação de Nossa Senhora da Encarnação. De referir que o registo paroquial mais antigo do concelho de Lisboa é precisamente da igreja de Ameixoeira e data de 1540, altura em que a freguesia ainda não estava completamente desvinculada do Lumiar.
Em 1660, foi construída a Fonte da Torrinha, com a sua mãe-d’água. De 1664 a 1681, efectuaram-se grandes obras na igreja, sendo-lhe acrescentada a capela-mor e pintados os painéis do tecto por Bento Coelho da Silveira. Estando como juiz da Confraria de Nossa Senhora da Encarnação da Ameixoeira, em 1688, o desembargador Gonçalo Mendes de Brito ele paga ao azulejador pela colocação de azulejos na nave e é à sua custa que foi feito o retábulo-mor.[3]
O terramoto de 1755 provocou grandes estragos materiais, tanto na igreja como nas casas e quintas da freguesia.
Durante o século XIX a Ameixoeira terá sido o local preferido pelos lisboetas de oitocentos para sangrentos duelos de honra e assistiu a construção do Forte da Ameixoeira.
Durante o século XX a freguesia conheceu a sua fase menos nobre, colocada em abandono durante décadas as suas infra-estruturas históricas foram-se degradando, na freguesia, tendo sido criados bairros sociais para realojar a povoação dos antigos bairros de lata que existiam nas regiões vizinhas da Ameixoeira. As regiões eram elas: Charneca, Cruz Vermelha, Vale do Forno, Odivelas, Quinta do Louro, Galinheiras. A partir deste Plano Especial de Realojamento que centrado nas Galinheiras, realojou várias populações de Lisboa e não só nesta freguesia. Foram também construídos novos empreendimentos também na zona das Galinheiras de custos controlados subsidiados pelo Município para os Jovens, e novas urbanizações como a Alta de Lisboa que descaracterizam uma freguesia que sempre teve forte ruralidade e serenidade. A zona actualmente foi mesmo considerada como problemática e como área critica, devido aos bairros sociais construídos na região das Galinheiras e foi também alvo do projecto europeu LUDA (Large Urban Distressed Áreas) destinado a grandes áreas urbanas carentes e desfavorecidas, com o fim de detectar problemas e sugerir soluções.