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Calendário gregoriano
calendário mais utilizado no mundo Da Wikipédia, a enciclopédia livre
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O calendário gregoriano é um calendário de origem europeia, utilizado oficialmente pela maioria dos países. Foi promulgado pelo Papa Gregório XIII [1] (1502–1585) a 24 de fevereiro do ano 1582 pela bula Inter gravíssimas em substituição do calendário juliano implantado pelo líder romano Júlio César (100–44 a.C.) em 46 a.C..[2] Recebe este nome por ser o seu promotor papa Gregório XIII, que promulgou o seu uso através da bula inter gravissimas. A partir de 1582, substituiu gradualmente em diferentes países o calendário juliano, utilizado desde que Júlio César o tinha estabelecido no ano 46 a.C.. O calendário juliano era, no fundo, o calendário egípcio, o primeiro calendário solar conhecido que estabelecia a duração do ano em 365,25 dias.[3][a]

Houve duas razões para o estabelecimento do calendário gregoriano. A primeira foi que o calendário juliano presumia incorretamente que o ano solar médio era de exatamente 365,25 dias, uma sobrestimação de pouco menos de um dia por século. A reforma gregoriana encurtou o ano (calendário) médio em 0,0075 dias para impedir que o calendário se desviasse em relação aos equinócios. O segundo deveu-se ao facto de, nos anos que se seguiram ao Primeiro Concílio de Niceia em 325 d.C.,[b] O excesso de anos bissextos introduzidos pelo algoritmo juliano provocou uma tal mudança que o equinócio vernal estava a ocorrer antes da sua data nominal de 21 de Março. Esta data é importante para as igrejas cristãs porque é referenciada no cálculo da Páscoa. Para restaurar a associação, a reforma adiantou a data em dez dias:[c] À quinta-feira 4 de outubro de 1582 seguiu-se a sexta-feira 15 de outubro do mesmo ano. Além disso, a reforma também alterou o ciclo lunar utilizado pela Igreja para calcular a data da Páscoa, uma vez que as luas novas astronómicas estavam a ocorrer quatro dias antes das datas calculadas. Embora a reforma tenha introduzido pequenas alterações, o calendário manteve-se fundamentalmente baseado na mesma teoria geocêntrica do seu antecessor.[4]
A reforma foi inicialmente adoptada nos países Católicos da Europa e nas suas possessões ultramarinas. Ao longo dos três séculos seguintes, os países Protestantes e Cristãos Ortodoxos adotaram-no gradualmente, embora lhe tenham chamado "Calendário Melhorado" para evitar referências ao Catolicismo, sendo a Grécia o último país europeu a adotá-lo (apenas para uso civil) em 1923.[5]. Durante o século XX, muitos países não ocidentais também adotaram o calendário, pelo menos para o uso civil.
O calendário espaça anos bissextos de modo a obter um ano médio de 365,2425, aproximando-se do ano solar de 365,2422 dias. A regra para os anos bissextos é:
| “ | Todos os anos divisíveis por 4 são bissextos, excepto os divisíveis por 100, mas estes séculos são bissextos se forem divisíveis por 400. Por exemplo, os anos 1700, 1800 e 1900 não são bissextos, mas os anos 1600 e 2000 são.[6] | ” |
Baseia-se na revolução da Terra em torno do Sol de 365,2422 dias, com uma duração de 24 horas, 60 minutos e 60 segundos em anos métricos. O calendário gregoriano fornece uma média temporal para o ano de 365,2425 dias; para garantir um número inteiro de dias por ano, acrescentamos regularmente (97 anos bissextos a cada 400 anos) um dia bissexto, o dia 29 de fevereiro.
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Descrição
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Perspectiva
O calendário gregoriano, tal como o calendário juliano, é um calendário solar com 12 meses de 28 a 31 dias cada. O ano em ambos os calendários consiste em 365 dias, com um dia bissexto adicionado ao mês de fevereiro nos anos bissextos. Os meses e as suas durações no calendário gregoriano são os mesmos do calendário juliano. A única diferença é que o calendário gregoriano omite um dia bissexto em três anos centenários a cada 400 anos e mantém inalterado o dia bissexto.
Os anos bissextos ocorrem normalmente de quatro em quatro anos: historicamente, o dia bissexto era inserido dobrando o dia 24 de fevereiro; aliás, havia dois dias com 24 de Fevereiro. No entanto, durante muitos anos, foi costume colocar o dia extra no final de fevereiro, acrescentando o dia 29 de fevereiro como dia bissexto. Antes da revisão de 1969 do seu Calendário Romano Geral, a Igreja Católica adiava as festas de Fevereiro após o dia 23 num dia nos anos bissextos; as missas celebradas de acordo com o calendário anterior ainda reflectem este atraso.[7]
Os anos gregorianos são identificados por números de ano consecutivos.[8] Uma data do calendário é totalmente especificada pelo ano (numerado de acordo com uma era do calendário, neste caso “”Anno Domini”” ou Era Comum), o mês (identificado pelo seu nome ou número) e o dia do mês (numerado sequencialmente a partir de 1). Embora o ano civil em curso vá de 1 de janeiro a 31 de dezembro, em épocas anteriores os números dos anos baseavam-se num ponto de partida diferente dentro do calendário (ver secção «início do ano» abaixo).
Os ciclos do calendário repetem-se completamente a cada 400 anos, o que equivale a 146.097 dias.[d] [e] Destes 400 anos, 303 são anos normais de 365 dias e 97 são anos bissextos de 366 dias. Um ano civil médio é 365+97/400 dias = 365,2425 dias, ou 365 dias, 5 horas, 49 minutos e 12 segundos.[f]
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História
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Perspectiva

O Papa Gregório XIII reuniu um grupo de especialistas para corrigir o calendário juliano. O objetivo da mudança era fazer regressar o equinócio da primavera para o dia 21 de março e desfazer o erro de 10 dias existente na época. A Comissão preparou um documento, o Compendium, em 1577, enviado no ano seguinte aos Príncipes e matemáticos para darem o seu parecer.
Após cinco anos de estudos, foi promulgada a bula papal Inter Gravissimas.[10]
Neste grupo de estudiosos participaram Christopher Clavius[11] (1538-1612) jesuíta alemão, sábio e matemático, Ignazio Danti[12] (1536-1586) dominicano, matemático, astrónomo e cartógrafo italiano e Luigi Giglio [13] (1510-1576) médico, filósofo, astrónomo e cronologista italiano.
A bula pontifícia também determinava regras para impressão dos calendários, com o objetivo de que eles fossem mantidos íntegros e livres de falhas ou erros. Era proibido a todas as gráficas com ou sem intermediários publicar ou imprimir, sem a autorização expressa da Santa Igreja Romana, o calendário ou o martirológio[14] em conjunto ou separadamente, ou ainda de tirar proveito de qualquer forma a partir dele, sob pena de perda de contratos e de uma multa de 100 ducados de ouro a ser paga à Sé Apostólica. A não observância ainda punia o infrator a pena de excomunhão latae sententiae e a outras tristezas.[15]
Oficialmente o primeiro dia deste novo calendário foi 15 de Outubro de 1582.
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As mudanças

- Em Portugal, a aplicação da Bula da Reforma gregoriana e o calendário gregoriano entrou em vigor na data determinada pela Santa Sé em virtude de uma lei de Filipe I de Portugal, assinada em Lisboa, a 20 de setembro do mesmo ano, e escrita em português de acordo com as garantias aprovadas nas Cortes de Tomar de 1581, quando foi proclamado rei de Portugal.[16]
- Foram omitidos dez dias do calendário juliano, deixando de existir os dias de 5 a 14 de outubro de 1582. A bula ditava que o dia imediato à quinta-feira, 4 de outubro, fosse sexta-feira, 15 de outubro.[17]
- Os anos seculares só são considerados bissextos se forem divisíveis por 400. Desta forma a diferença (atraso) de três dias em cada quatrocentos anos observada no calendário juliano desaparecem.[10]
- Corrigiu-se a medição do ano solar, o ano gregoriano dura em média 365 dias, 5 horas, 49 minutos e 12 segundos, ou seja, 27 segundos a mais do que o ano trópico.[10]
Críticas
O calendário gregoriano apresenta alguns defeitos, tanto sob o ponto de vista astronômico, como no seu aspecto prático. Por exemplo, o número de dias de cada mês é irregular (28 a 31 dias); além disso a semana, adotada quase universalmente como unidade laboral de tempo, não se encontra integrada nos meses e muitas vezes fica repartida por dois meses diferentes, prejudicando a distribuição racional do trabalho e dos salários.[10]
Outro problema é a mobilidade da data da Páscoa, que oscila entre 22 de março e 25 de abril, perturbando a duração dos trimestres escolares e de numerosas outras atividades econômicas e sociais.[10]
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Aceitação
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A mudança para o calendário gregoriano deu-se ao longo de mais de três séculos. Primeiramente foi adotado por Portugal, Espanha, Itália e Polônia; e de modo sucessivo, pela maioria dos países católicos europeus. Os países onde predominava o luteranismo e o anglicanismo tardariam a adotá-lo, caso da Alemanha (Baviera, Prússia e demais províncias) (1700) e Grã-Bretanha (Inglaterra e País de Gales) (1752). A adoção deste calendário pela Suécia foi tão problemática que até gerou o dia 30 de fevereiro. A China aprovou-o em 1912, a Bulgária em 1916, a Rússia em 1918, a Roménia em 1919, a Grécia em 1923 e a Turquia em 1926.[18]

Alguns povos conservam outros calendários para uso religioso inclusive com cronologia diferente da adotada pela Igreja Católica Romana. Conforme proposta feita por Dionísius Exiguus[19] (470 - 544) monge romeno o marco inicial da cronologia cristã tem como data o ano do nascimento de Cristo.[20]
Segundo o calendário gregoriano, hoje é 21 de dezembro de 2025. Para esta mesma data outros calendários apontam anos diferentes, como: Ab urbe condita 2778; Calendário Babilônico 6775; Calendário bahá'í 181–182; Calendário budista 2569; Calendário hebreu 5785–5786; Calendário hindu Vikram Samvat 2081–2082; Calendário hindu Shaka Samvat 1947–1948; Calendário hindu Kali Yuga 5126–5127; Calendário Holoceno 12025; Calendário iraniano 1403–1404; Calendário Islâmico 1446–1447 entre outros.
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Dias, semanas e meses
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Perspectiva
Dia: é a unidade fundamental de tempo adotada pelo calendário gregoriano. Um dia é equivalente a 86 400 segundos de Tempo Atômico Internacional (TAI).[22]
Semana: é um período de 7 dias.[23]
O primeiro dia da semana é o Domingo, a segunda-feira é o segundo dia da semana e o primeiro dia útil.
- Janeiro: Jano, deus romano das portas, passagens, inícios e fins.
- Fevereiro: Fébruo, deus etrusco da morte; Februarius (mensis), "Mês da purificação" em latim, parece ser uma palavra de origem sabina e o último mês do calendário romano anterior a 45 a.C.. Relacionado com a palavra "febre".
- Março: Marte, deus romano da guerra.
- Abril: É o quarto mês do calendário gregoriano e tem 30 dias. O seu nome deriva do latim April, que significa abrir, numa referência à germinação das culturas. Outra hipótese sugere que Abril seja derivado de Apro, o nome etrusco de Vénus, deusa do amor e da paixão. Além de ser o único mês que termina com "L" em vez de "O".
- Maio: Maia Maiestas, deusa romana.
- Junho: Juno, deusa romana, esposa do deus Júpiter.
- Julho: Júlio César, general romano. O mês era anteriormente chamado Quíncio, o quinto mês do calendário de Rómulo.
- Agosto: Augusto, primeiro imperador romano. O mês era anteriormente chamado Sêxtil, o sexto mês do calendário de Rómulo.
- Setembro: septem, "sete" em latim; o sétimo mês do calendário de Rómulo.
- Outubro: octo, "oito" em latim; o oitavo mês do calendário de Rómulo.
- Novembro: novem, "nove" em latim; o nono mês do calendário de Rómulo.
- Dezembro: decem, "dez" em latim; o décimo mês do calendário de Rómulo.
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ISO 8601
A norma ISO 8601 emitida pela Organização Internacional para Padronização (International Organization for Standardization, ISO) é utilizada para representar data e hora. Especificamente esta norma define: “Elementos de dados e formatos de intercâmbio para representação e manipulação de datas e horas”.[25]
Ver também
Notas
- Muitos países que utilizam outros calendários para fins religiosos utilizam o calendário gregoriano como calendário cívico. O Irão é uma excepção notável, pois utiliza o calendário solar islâmico.
- Em vez de 45 a.C., quando o Império Romano adoptou o calendário juliano.
- Quando a Grã-Bretanha e as suas possessões adoptaram o com efeitos a partir de 1752, a diferença aumentou para 11 dias; quando a Rússia e a Grécia o fizeram (para os seus calendários civis) no século XX, o salto foi de 13 dias. Para outros países e territórios, ver Lista de datas de adoção do calendário gregoriano por país.
- O ciclo descrito aplica-se ao calendário solar ou civil. Se as regras eclesiásticas lunares também forem tidas em conta, o ciclo "computus" lunissolar da Páscoa só se repete após 5.700.000 anos de 2.081.882.250 dias em 70.499.183 meses lunares, com base num mês lunar médio presumido de 29 dias, 12 horas e 44 minutos. 2+49928114/70499183 segundos. (Seidelmann (1992), p. 582) [Para funcionar correctamente como um "computus" da Páscoa, este ciclo lunissolar deve ter o mesmo ano médio que o ciclo solar gregoriano, e de facto é exactamente esse o caso]
- O mesmo resultado é obtido adicionando as partes fraccionárias envolvidas na regra: 365 + 1/4 − 1/100 + 1/400 = 365 + 0,25 − 0,01 + 0,0025 = 365,2425
Referências
- Agostino Borromeo. «Gregorio XIII» (em italiano). Enciclopedia dei Papi (2000). Consultado em 13 de fevereiro de 2012
- Richards, E. G. (2013). Urban, Sean E.; Seidelmann, P. Kenneth (eds.). Explanatory Supplement to the Astronomical Almanac (3rd ed.). Mill Valley, Calif: University Science Books. ISBN 978-1-891389-85-6, p. 595
- Dershowitz & Reingold (2008), p. 45. "O calendário em uso hoje na maior parte do mundo é o calendário gregoriano ou novo estilo, concebido por uma comissão reunida pelo Papa Gregório XIII no século XVI.".
- Applebaum, Wilbur (2000). «Clavius, Christoph (1538-1612)». Encyclopedia of the Scientific Revolution: From Copernicus to Newton. [S.l.]: Garland Publishing. ISBN 0-8153-1503-1
- Introduction to Calendars Arquivado em 2019-06-13 no Wayback Machine. (15 de maio de 2013). United States Naval Observatory.
- Richards (1998), p. 101.
- Walker (1945), p. 218.
- Manuel Nunes Marque. «Calendário Gregoriano» (PDF). Museu de Topografia Prof. laureani Ibrahim Chaffe, Departamento de Geodésia – UFRGS. Consultado em 10 de fevereiro de 2012
- The Catholic Encyclopedia. «Christopher Clavius» (em inglês). Consultado em 11 de fevereiro de 2012
- «Catholic Encyclopedia (1913)/Aloisius Lilius». Wikisource. Consultado em 25 de fevereiro de 2016
- «Catholic Encyclopedia (1913)/Aloisius Lilius». Wikisource. Consultado em 11 de fevereiro de 2012
- Èulogos. «Conferenza Stampa Di Presentazione Del Nuovo Martirologio Romano» (em italiano). I Edizione IntraText CT. Consultado em 13 de fevereiro de 2012
- Papa Gregório XIII (1582). «Inter Gravissimas» (em latim). Consultado em 11 de fevereiro de 2012
- Filipe I, rei de Portugal. «Lei de adopção do calendário gregoriano». 20 de setembro de 1582. Consultado em 17 de maio de 2025
- «Calendário Gregoriano». Calendário do Ano. Consultado em 26 de dezembro de 2016
- Edição especial do Correio da Manhã - "Os Papas - De São Pedro a João Paulo II" - Fascículo X, "Gregório XIII, o Papa que acertou o calendário", página 219, ano 2005.
- The Catholic Encyclopedia. «Dionysius Exiguus» (em inglês). Consultado em 11 de fevereiro de 2012
- Ricardo Moretz Sohn (fevereiro de 2000). «Tempo, o que serás tu?». Consultado em 13 de fevereiro de 2013
- Marina Motomura. «Por que os dias da semana têm "feira" no nome?». Mundo Estranho, Abril Cultural. Consultado em 11 de fevereiro de 2012
- BIPM. «International Atomic Time (TAI)» (em inglês). Annual Report on Time Activities. Consultado em 13 de fevereiro de 2012
- Antonio Luiz M. C. Costa. «A origem dos sete dias». Terra Magazine. Consultado em 13 de fevereiro de 2012
- Mundo Estranho. «Qual é a origem dos nomes dos meses?». Abril Cultural. Consultado em 11 de fevereiro de 2012
- International Organization for Standardization. «Numeric representation of dates and time» (em inglês). Consultado em 11 de setembro de 2012
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Bibliografia
Ligações externas
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