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bairro do Porto Alegre Da Wikipédia, a enciclopédia livre
O Centro Histórico é um bairro da cidade brasileira de Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul. Foi criado pela lei 2022 de 7 de dezembro de 1959 com o nome de Centro e alterado pela lei 4685 de 21 de dezembro de 1979. Em 22 de janeiro de 2008 sua denominação atual foi fixada pela lei nº 10.364.[1] Seus bairros vizinhos são: Cidade Baixa, Farroupilha, Bom Fim, Independência, Floresta e Praia de Belas.
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Bairro do Brasil | ||
Localização | ||
Coordenadas | ||
Distrito | Centro | |
Município | Porto Alegre | |
Características geográficas | ||
Área total | 228 hectares | |
População total | 36 862 hab (2 000) 16 076 homens 20 786 mulheres hab. | |
Densidade | 162 hab/ha hab./km² | |
Outras informações | ||
Taxa de crescimento | (-) 1,70% (de 1991 a 2000) | |
Domicílios | 17 254 | |
Rendimento médio mensal | 12,61 salários mínimos |
O Centro Histórico é a mais antiga área urbanizada de Porto Alegre, e desde sua origem tem sido o seu principal foco vital, sendo a sede da governança municipal e estadual e local de concentração de comércio, bancos, museus e centros culturais. É uma região carregada de história, com um grande número de edificações inventariadas ou tombadas em nível municipal, estadual ou nacional, que ilustram todas as fases evolutivas da arquitetura de Porto Alegre, com muitos exemplares de importância superlativa. Densamente edificado, na segunda metade do século XX começou a experimentar uma degradação progressiva, com a proliferação de comércio ambulante ilegal, deterioração de edifícios históricos, êxodo populacional, problemas de segurança e higiene e congestionamento de tráfego. Desde então tem sido alvo de uma série de projetos de fomento e revitalização, que trouxeram resultados positivos, mas muitos problemas ainda permanecem irresolvidos e cercados de controvérsia.
Ponto inicial e final: encontro da Avenida Loureiro da Silva com a Avenida Presidente João Goulart, na Esplanada Luiz Celso Gomes Hyarup; desse ponto segue pela Avenida Presidente João Goulart até o ponto de coordenadas E: 276.757; N: 1.675.957, deste ponto segue por uma linha reta e imaginária até a orla do Lago Guaíba, ponto de coordenadas E: 276.635; N: 1.675.947, seguindo pela orla do Lago Guaíba na direção norte, contornando a Ponta do Gasômetro, e a nordeste, pelo Cais Mauá até o ponto de coordenadas E: 278.878; N: 1.677.572, localizado no limite do Cais Mauá com o Cais Marcílio Dias; desse ponto segue por uma linha reta e imaginária até o encontro da Avenida da Legalidade e da Democracia (antiga Avenida Presidente Castelo Branco) com o Largo Vespasiano Júlio Veppo, ponto de coordenadas E: 278.979; N: 1.677.541, por esse até o Complexo Viário Conceição - túnel, elevadas, acessos e Rua da Conceição, por esse até a Rua Sarmento Leite, por essa até a Rua Engenheiro Luiz Englert, por essa até a Avenida Loureiro da Silva, por essa até a Avenida Presidente João Goulart, ponto inicial.
As origens do Centro Histórico se confundem com a própria história de formação de Porto Alegre, e durante muito tempo sua área atual correspondeu aos limites de toda a cidade.[2] Seu povoamento iniciou quando em torno de 1732 fixaram-se algumas famílias à beira do lago Guaíba, na ponta da península que define o Centro e junto à desembocadura do arroio Dilúvio, onde havia um atracadouro que foi chamado de Porto do Viamão, ou Porto do Dornelles, uma corruptela de "Ornellas", em referência ao sesmeiro Jerônimo de Ornelas, que havia recebido terras na área do Morro Santana. Na península, onde hoje é a Rua da Praia, os colonos ergueram uma diminuta capela consagrada a São Francisco das Chagas, elevada a curato em 1747, e em torno desta capela começou a se organizar efetivamente a primeira urbanização da futura Porto Alegre.[3]
Em 1750 o governador de Santa Catarina, Manoel Escudeiro de Souza, recebeu ordens de enviar ao Porto do Viamão parte dos casais que estavam para chegar dos Açores para colonizar o sul do país. Em 1751 foram selecionadas 60 famílias, perfazendo um total de cerca de 300 pessoas, que chegaram ao local em janeiro de 1752, sendo encaminhadas a terras já demarcadas no Morro Santana. Mas o local era pobre em fontes de água e foi abandonado, tendo a população se fixado junto do porto, que por esta razão passou a ser conhecido como Porto dos Casais. Em 1752 chegou nova leva de açorianos, que se juntaram a cerca de 60 milicianos do destacamento do Coronel Cristóvão Pereira de Abreu. Junto com a tropa veio o primeiro religioso, um capelão militar Carmelita, Frei Faustino Antônio de Santo Alberto. Ainda em 1752 a área da península foi desapropriada e disponibilizada legalmente para os colonos já assentados, mas a partilha e entrega efetiva dos lotes rurais individuais só aconteceria em 1772. O primeiro logradouro construído foi o cemitério, na beira do Guaíba e nas proximidades da Praça da Harmonia que, em seguida, foi transferido para o Morro da Praia, atual Praça da Matriz.[3]
Continuou recebendo outros colonos, mas ainda era apenas um pobre povoado composto principalmente de casas de barro cobertas de palha, que foi elevado a freguesia em 26 de março de 1772, data oficial de fundação da atual capital gaúcha, sob o nome de Freguesia de São Francisco do Porto dos Casais. Na ocasião foi delimitada uma área de 141 ha para a consolidação do centro urbano, ocupando toda a península. Seu destino mudaria radicalmente quando, no ano seguinte, foi transformada em capital da capitania pelo governador Marcelino de Figueiredo, substituindo Viamão. Ao mesmo tempo seu orago passou de São Francisco das Chagas para a Nossa Senhora Madre de Deus, denominando-se então Freguesia da Nossa Senhora Madre de Deus de Porto Alegre.[3]
A partir daí a pequena urbe começou a ser reorganizada para cumprir seu novo papel. Em 1774 foram construídos o Arsenal de Guerra, a primeira Igreja Matriz e o Palácio do Governador, e quatro anos depois foram levantadas fortificações no perímetro oposto ao lago. Nas duas décadas seguintes já havia diversas olarias em atividade, indicando uma crescente atividade edilícia, estaleiros já construíam navios sob encomenda para o Rio de Janeiro, o comércio em geral se estruturava, e os vereadores se preocupavam com o embelezamento e limpeza das ruas e logradouros. Também começavam a tomar forma alguma das praças mais antigas de Porto Alegre, como a Praça XV, a Praça da Matriz e a Praça da Alfândega.[3]
Durante a Revolução Farroupilha o Centro foi cercado de fortificações, mas a despeito do aumento populacional a malha urbana só voltaria a crescer em 1845, com o fim da Revolução e a derrubada das linhas de defesa. A importância do porto da cidade para a circulação de gentes e bens pela Província toda crescia de acordo, o que iria iniciar um processo de ampliação da cidade à custa do lago, com a construção de sucessivas benfeitorias e aterros no litoral. No Centro se realizavam melhorias em diversos equipamentos públicos, construindo-se fontes para abastecimento de água, modernizando-se a iluminação pública, estendendo-se ruas, criando novos cemitérios, uma nova cadeia, asilos e uma nova Câmara, uma grande casa de ópera (o Theatro São Pedro), ampliando o Mercado Público e estruturando o atendimento médico com a consolidação da Santa Casa de Misericórdia e da Beneficência Portuguesa. Na década de 1880 começava a se fazer notar a tendência da conurbação do Centro com os arrabaldes mais próximos.[3]
Pouco depois, numa nova ordem política orientada pelo Positivismo e amparada por um surto de crescimento industrial e populacional, foi dada ênfase à modernização da cidade, que passou a ser vista como o cartão de visitas do Rio Grande do Sul. De acordo com esta visão, o Centro recebeu muitas melhorias em infraestrutura, ao mesmo tempo que se desencadeava um intenso programa de obras para construção de prédios públicos imponentes.[4][5]
Esta aceleração, durando até meados da década de 1930, foi conhecida como a fase áurea da arquitetura portoalegrense, renovando a paisagem urbana segundo a estética do ecletismo, a qual, por influência da prestigiada comunidade alemã, foi rapidamente imitada pelas elites para a construção de seus novos palacetes. Foi quando se ergueram alguns dos mais significativos e luxuosos prédios públicos da capital, alguns carregados de simbolismos éticos, sociais e políticos, que se revelavam mais conspicuamente na decoração alegórica das fachadas. São exemplos bem ilustrativos dessa tendência o Palácio Piratini, o Paço Municipal, a Biblioteca Pública, o Banco da Província, os Correios e Telégrafos e a Delegacia Fiscal, boa parte deles construídos pela parceria entre o arquiteto Theodor Wiederspahn, o engenheiro Rudolf Ahrons e o decorador João Vicente Friedrichs, todos de origem alemã.[3][6] Essa evolução urbanística acompanhava o surgimento de uma nova cultura burguesa, estimulada pelo afluxo de novos migrantes e imigrantes, agora incluindo judeus, espanhóis, ingleses, franceses, platinos e outros; pela introdução de novas tecnologias na área dos transportes e engenharia, e pela consolidação de uma elite capitalista, o que tornou a sociabilidade e os espaços urbanos mais complexos, exclusivos e diversificados.[7]
Otávio Rocha empenhou-se ainda mais para a reforma da cidade, desejando transformá-la em uma "nova Paris". O projeto urbano já passava a ser consideravelmente determinado pelo rápido aumento no número de veículos circulantes. Desta forma, seu programa enfatizava o aspecto de circulação, sendo prevista a construção de avenidas largas, bulevares e rótulas e, para isso, especialmente na área central, foram derrubados dezenas de antigos casarões e cortiços decadentes, que simbolizavam pobreza e atraso, ao mesmo tempo em que se incrementava diversos outros equipamentos e serviços públicos.[8][9] Também foi iniciada uma campanha de "saneamento moral" do centro, com o combate à prostituição, à mendicância, ao jogo e ao alcoolismo.[10]
Os ideais positivistas também influenciaram o plano cultural. Como consequência disso, foram fundados muitos estabelecimentos que mostravam o interesse do governo pelas diversas áreas da vida social e intelectual do Estado republicano, como o o Arquivo Público do Estado,[11] o Instituto Livre de Belas Artes,[12] e o Museu Júlio de Castilhos,[13] ao mesmo tempo em que começava a dar frutos a atividade das primeiras faculdades, instaladas no ocaso do século XIX: Farmácia e Química em 1895, Engenharia em 1896, Medicina em 1898 e Direito em 1900,[3] criando com isso uma nova categoria social: a dos estudantes acadêmicos, com hábitos e até mesmo uma gíria peculiares.[14]
A década de 1950 foi a do auge do Centro de Porto Alegre; já era densamente edificado e tinha a Rua da Praia como a principal passarela da elite, transformada de ponto dos atacadistas em zona do comércio elegante, atraindo também a instalação de inúmeros cafés, confeitarias, cinemas e restaurantes. Se tornou além disso o local preferido para a reunião popular em eventos cívicos e manifestações políticas, algumas vezes testemunhando cenas de violência coletiva.[15] Na verdade, nesta época somente se consagrou em definitivo o papel que a Rua da Praia já vinha desempenhando na cultura urbana desde muito antes, o de coluna vertebral e principal artéria de circulação de bens e ideias da cidade, centro aglutinador e irradiador de tendências e cultura, e emblema de identidade para os porto-alegrenses. Passara até ela mesma a se tornar um tema ou cenário recorrente na produção cultural e literária da cidade.[16]
Thompson Flores, assumindo a prefeitura em 1969, fez um governo caracterizado por grandes obras, em especial na área dos transportes, favorecido pelo surto econômico do Milagre Brasileiro. Construiu grandes viadutos, mas a abordagem tecnicista dos projetos como regra desconsiderou a vontade popular na priorização dos investimentos e aspectos elementares de paisagismo urbano, e nesse afã progressista desapareceram inúmeros edifícios antigos, alguns de grande significado histórico e arquitetônico. A fisionomia do Centro empobreceu, pois a qualidade geral das novas edificações decaiu e, salvo rara exceção, não pôde ocupar o lugar icônico de tantas edificações históricas valiosas que haviam sido destruídas.[17][18]
A decadência do Centro Histórico iniciou quando se deu permissão, nos anos 60, para que ali atuassem camelôs cegos. Entretanto, logo não somente os cegos se instalaram, mas uma multidão de outros comerciantes informais. A situação se tornou caótica quando o prefeito Alceu Collares expediu, nos anos 80, alvarás reconhecendo a atividade, acrescentando-se ao número autorizado uma enorme quantidade de ativos ilegais. À medida que os camelôs tomavam conta de todas as ruas centrais, o comércio tradicional se retraía, e muitas lojas tradicionais, como a Bromberg, Marinha Magazine e Guaspari encerraram suas atividades. Vários outros estabelecimentos que deram glamour ao Centro em anos anteriores também fecharam suas portas, incluindo vários cinemas, confeitarias, cafés e restaurantes.[19][20]
Ainda nos anos 80 vários outros fatores entraram em jogo para desvitalizar o Centro: o declínio do seu antigo distrito industrial; a formulação de um novo padrão de zoneamento urbano, perdendo muito de sua função residencial; as escassas condições de corresponder à crescente demanda habitacional; a especulação imobiliária; o aumento da criminalidade; a descentralização de investimentos e a construção de diversos grandes centros comerciais nos bairros, e o deslocamento de diversos órgãos administrativos estaduais e municipais para outros locais. Ao mesmo tempo a área central começou a se despovoar de residentes e do comércio de luxo, tornando inexorável sua degradação.[20][21] Segundo Brawers et alii,
Paralelamente, enquanto as instâncias administrativas procuravam reorganizar o tecido urbano em bases mais objetivas, com a criação em 1981 da Equipe do Patrimônio Histórico e Cultural iniciou-se um processo de estudo e resgate dos bens culturais de propriedade do Município de especial interesse histórico, social e arquitetônico, sistematizando os tombamentos, que haviam iniciado poucos anos antes, em 1979. Também se reconheceu finalmente a existência do "Centro Histórico" como um núcleo urbano de interesse social e cultural específico, propondo-se medidas de conservação e desenvolvimento sustentável.[23][24] Essa iniciativa teve um marco importante na recuperação da Usina do Gasômetro, transformada em centro cultural em 1991, desencadeando uma mudança na maneira como a população via o Centro Histórico.[25] Entretanto, os problemas não foram resolvidos de pronto. Escrevendo em 2006, o jornalista Luiz Carlos Vaz ainda lamentava o estado de abandono em que a região caíra:
Em 2009, na tentativa de pacificar a questão dos camelôs, a prefeitura inaugurou um grande camelódromo com espaços alugados aos comerciantes. O projeto, porém, de 19 mil m², chamado Centro Popular de Compras, se revelou polêmico, recebendo críticas e elogios.[26] Por outro lado, o desafogo de comerciantes do coração do Centro Histórico propiciou a reorganização da tradicional Praça XV, incluindo o restauro e ampliação do seu famoso Chalé.[27][28] Outros programas foram implementados pela Prefeitura a fim de revitalizar o Centro Histórico. O Programa de Arrendamento Residencial (PAR), integrante do Programa de Reabilitação de Áreas Urbanas Centrais conduzido pelo Ministério das Cidades, e em parceria com o Departamento Municipal de Habitação e a Caixa Econômica Federal, busca diminuir o déficit habitacional através da compra de imóveis prontos, ociosos ou em construção, incentivando a ocupação residencial do Centro. Outro é o Programa Monumenta, coordenado pelo Ministério da Cultura em parceria com o Conselho do Patrimônio Histórico e Cultural, que identificou grande número de edificações e espaços de interesse histórico e cultural no bairro e tem feito grandes investimentos para sua recuperação.[20] Também está sendo desenvolvido o Projeto Viva o Centro, um plano de governança solidária da área central da cidade buscando tornar o Centro um bairro de oportunidades para todos, organizando-se em três diretrizes básicas: qualificação do espaço urbano, valorização da imagem pública do Centro e fortalecimento de sua dinâmica funcional.[29][30]
Já o projeto Viva o Centro a Pé, promovido pela Coordenação da Memória Cultural do município, há mais de dez anos oferece roteiros turísticos guiados por professores e especialistas em história e patrimônio, visitando prédios e logradouros históricos.[31] Para Cardoso & Carvalho, "o fascínio do Centro Histórico se constitui num espaço de encantamento, propiciando uma ponte entre o passado e o presente, despertando a população para a valorização de sua memória coletiva, onde ações simbólicas nos conduzem para a magia de épocas não vividas, trazidas até nós através do elo entre a memória ancestral e o cotidiano atual", e os projetos de conservação e divulgação desenvolvidos por instâncias municipais, estaduais e federais têm como objetivo "tornar acessível aos diferentes tipos de visitantes a história, a cultura, o patrimônio material e imaterial, despertar o interesse em conhecer, explorar e refletir sobre o significado do local, por meio da evidenciação de detalhes, pistas e relações".[32]
Essas iniciativas trouxeram resultados positivos. Segundo dados da Prefeitura, a tendência recente da população é aumentar: entre 2000 e 2010 passou-se de 36.862 para 39.154 moradores, habitando 17.254 domicílios.[1] Uma pesquisa de opinião indicou em 2006 que embora a população ainda tivesse certas ressalvas a respeito da segurança, higiene e outras questões, o tema do Centro Histórico despertava grande engajamento nos entrevistados em respostas entusiasmadas e cheias de variados comentários espontâneos, principalmente sobre a rica história do local.[33][34] Em fevereiro de 2011 o jornal Zero Hora publicou uma matéria sobre a volta do Centro como um local atraente para residir e empreender. Conforme a notícia, isso se deve, sobretudo, aos grandes investimentos em restaurações de prédios e ao maior controle do comércio informal. Para os novos moradores, muitos deles designers, arquitetos, publicitários e artistas interessados em apartamentos que lembram o glamour dos anos 40 e 50, o Centro voltou a ficar elegante como no passado.[35] Em 2021 a Câmara Municipal aprovou o projeto de criação do Polo Histórico, Cultural, Turístico, Gastronômico e de Lazer do Centro Histórico, objetivando "o resgate econômico por meio da concessão de incentivos de caráter fiscal aos estabelecimentos comerciais localizados no bairro", prevendo a valorização do patrimônio arquitetônico, do turismo, do convívio social, entretenimento e lazer.[36]
Não obstante os avanços, permanece aceso o debate sobre a real vocação do Centro Histórico e sobre quais os melhores meios de mantê-lo funcional, íntegro, inclusivo e atraente. Entre os problemas ainda não resolvidos estão o congestionamento do tráfego e a descaracterização histórica, e há críticas sobre os critérios de revitalização e ocupação de certas áreas, falta de segurança e higiene. Para o professor Paulo Roberto Rodrigues Soares, "entre as diversas discussões sobre o futuro de Porto Alegre, uma das questões mais importantes é a do Centro Histórico, especialmente da sua recuperação como espaço público de convivência e interação social de toda a cidade e região metropolitana. O debate é complexo e tem espaço para o mais variado tipo de propostas e opiniões, inclusive algumas que, mesmo reproduzindo argumentos já desgastados e do senso comum, ainda ganham eco nos meios de comunicação".[37] Em 2022 a Prefeitura foi autuada pelo IPHAN por "conduta e atividade lesiva ao patrimônio cultural edificado", por ter asfaltado parte da Rua da Praia revestida de antigos paralelepípedos.[38] O Cais Mauá há anos está no centro de uma grande controvérsia sobre seu projeto de revitalização. A área é tombada mas foi concedida a um grupo privado para desenvolvimento, mas o contrato foi terminado pelo governo depois de dez anos sem avanços.[39] O diálogo entre o poder público e a sociedade também não têm sido produtivo e o projeto tem sido muito criticado por um grande grupo de especialistas, estudantes e professores da UFRGS, o Instituto dos Arquitetos do Brasil seção RS, o Observatório das Metrópoles, parlamentares da Assembleia Legislativa e da Câmara de Vereadores e outros ativistas do patrimônio, que defendem uma proposta de revitalização com foco na preservação da sua função pública e cultural, contra a especulação imobiliária e comercial, a elitização, gentrificação e fragmentação urbana.[40][41][42]
A Praça da Matriz, cujo nome oficial é Praça Marechal Deodoro, foi um dos primeiros logradouros públicos a serem estabelecidos em Porto Alegre e logo se tornou o principal centro político, religioso e cultural da cidade, mas sua configuração original foi muito transformada. Antigamente possuiu os mais antigos monumentos públicos da cidade, o Chafariz do Imperador, de 1866, com estátuas em mármore alegóricas dos grandes rios que formam o lago Guaíba, hoje instaladas na Hidráulica Moinhos de Vento, e o monumento ao Conde de Porto Alegre, de 1885, hoje na praça homônima. Destaca-se na praça o imponente Monumento a Júlio de Castilhos, de Décio Villares, com várias esculturas em bronze.[43] A praça e seu entorno são patrimônio nacional. Em seu entorno existem importantes edifícios, destacando-se:
A Praça da Alfândega, datada de fins do século XVIII, surgiu no local onde era o antigo porto fluvial da cidade. A praça é uma das mais tradicionais da cidade, e possui diversos monumentos e esculturas em seus recantos. Tombada em nível nacional e estadual junto com o seu entorno e incluída no Programa Monumenta, foi reformada para readquirir as características que possuía no início do século XX.[58][59][60] Em seu entorno se agrupam diversos prédios históricos importantes, destacando-se:
O Paço Municipal localiza-se na Praça Montevidéu n.° 10, outro logradouro histórico. É chamado também de Paço dos Açorianos ou Prefeitura Velha, foi um dos primeiros edifícios locais a apresentar uma decoração de fachada com influência positivista. Foi tombado pelo município. Tem à sua frente a Fonte Talavera de La Reina, oferta da colônia espanhola em comemoração do centenário da Revolução Farroupilha.[67]
Partindo da Santa Casa se estende a Rua dos Andradas, popularmente conhecida como Rua da Praia, via de circulação ainda carregada de folclore e pontilhada de uma série de edificações históricas até chegar à beira do lago Guaíba, onde se encontra a Usina do Gasômetro. Parte de seu calçamento é tombado pela prefeitura.[71]
A Praça Conde de Porto Alegre, uma das mais antigas da cidade, registrada desde 1829, localiza-se onde foi o portão da antiga vila colonial. Localizada entre as ruas Duque de Caxias e Riachuelo, possui um importante memorial ao Conde de Porto Alegre, o primeiro monumento da cidade, que originalmente foi instalado na Praça da Matriz, à frente do palácio do governo. É uma estátua de mármore do herói militar, esculpida em 1885 por Adriano Pittanti auxiliado por Carlo Fossati.[86] No entorno da praça estão edificações de interesse histórico:
Além desse grande grupo de edificações, que estão entre as mais importantes, as ruas mais antigas do Centro Histórico preservam evidências de seus traçados originais e a memória dos tempos de outrora em numerosos edifícios e residências de menor destaque, muitas vezes em trechos homogêneos significativos, que contribuem para emprestar uma aura peculiar ao bairro. Em outros trechos, há rica ilustração das principais fases evolutivas da arquitetura porto-alegrense. A prefeitura listou mais de mil imóveis do Centro Histórico em seu Inventário do Patrimônio Cultural, o que lhes oferece proteção e valorização.[102][103]
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