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futebolista brasileiro Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Dener Augusto de Sousa (São Paulo, 2 de abril de 1971 — Rio de Janeiro, 19 de abril de 1994) foi um futebolista brasileiro que atuou como meio-campista.[2]
Dener com a Portuguesa c. 1990 | ||
Informações pessoais | ||
---|---|---|
Nome completo | Dener Augusto de Sousa | |
Data de nascimento | 2 de abril de 1971 | |
Local de nascimento | São Paulo, São Paulo, Brasil | |
Nacionalidade | brasileiro | |
Data da morte | 19 de abril de 1994 (23 anos) | |
Local da morte | Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil | |
Altura | 1,71 m | |
Pé | destro | |
Informações profissionais | ||
Posição | meio-campista | |
Clubes de juventude | ||
1988–1991 | Portuguesa | |
Clubes profissionais1 | ||
Anos | Clubes | Jogos e gol(o)s |
1989–1993 1993 1994 |
Portuguesa → Grêmio (emp.) → Vasco da Gama (emp.) |
[1] 27 (4) 17 (5) | 101 (38)
Seleção nacional | ||
1991–1992 1991 |
Brasil Sub-23 Brasil |
2 (0) | 9 (1)
|
Jogador extremamente rápido e habilidoso, era considerado um dos mais promissores de sua geração, mas morreu precocemente, 17 dias após completar 23 anos, num acidente de carro.[3][4] É considerado também o último grande craque da história da Portuguesa.[5]
“ | Ele teve problemas na infância. Aquela coisa de criança pobre, criada na periferia, acontecem algumas coisas. Ele tinha andado por uns lados meio tortos, começou a fazer umas artes erradas, mas graças a Deus apareceu o esporte, aquele amistoso com a Portuguesa, que o tirou da Vila Maria, e ele subiu. Entre erros e acertos, conseguiu chegar longe.[6] | ” |
— Tico, amigo de Dener, sobre a personalidade do ex-jogador |
Dener cresceu na Vila Ede, Zona Norte paulistana, como um torcedor fanático do São Paulo. Órfão de pai desde os oito anos, Dener e os irmãos tiveram de começar a trabalhar para ajudar no sustento da família. Ele estudava pela manhã, trabalhava à noite e jogava futebol de salão por cachê na Vila Mariana, pelo Colégio Bilac, com o qual foi campeão em torneios Intercolegiais, como a Copa Dan'up–Jovem Pan.[6]
Em 1987, Dener foi detido junto com outras cinco pessoas e levado para a 9.ª Delegacia de Polícia, no Carandiru, Zona Norte da capital paulista. Nos arquivos do processo no judiciário de São Paulo, consta o seguinte relato no boletim: "o menor foi orientado e advertido e convidado para uma vez por mês aparecer na Divisão de Apoio ao Menor na Comunidade Posto Norte. Frente ao exposto, considerando que o menor é primário, não denota vivência infracional, pareceu-nos sincero no discorrer de seu relato de que não participou do ato de furtos e danos, demonstra ser oriundo de família de boa índole, onde os membros são ativos. Não permaneceu em nenhuma unidade da FEBEM."[6]
"Rubinho", diretor do Colégio Bilac onde Dener estudava, assinou um termo de responsabilidade, e Dener foi liberado dois dias depois da delegacia, encaminhado para o programa de liberdade assistida da FEBEM.[6]
“ | Pela etnia, história de vida, ligação com o samba e o drible, ele representava o povo brasileiro.[7] | ” |
— Luciano Ubirajara Nassar, autor do livro "Dener - o Deus do Drible" |
Em 1982, aos onze anos, Dener entrou pela primeira vez no Estádio do Canindé para defender a equipe mirim da Portuguesa de Desportos. Quatro anos mais tarde, teve de abandonar o sonho de fazer carreira no futebol para ajudar a mãe com as despesas de casa.
Em 1988, voltou a treinar nas categorias de base da Portuguesa de Desportos, após uma passagem frustrada de dois meses pelo São Paulo. O treinador José Wilson, na época treinador da equipe sênior, rapidamente promoveu o jogador à categoria profissional. Durante três anos, Dener treinava entre os profissionais e ainda jogava pelo juniores, e foi assim que levou a Portuguesa ao primeiro título do clube na Copa São Paulo de Futebol Júnior em 1991, sendo no fim eleito o melhor jogador do campeonato.[8] No ano anterior, a equipe já havia se sagrado campeã do Campeonato Paulista Sub-20,[9] com praticamente o mesmo elenco.
Seu primeiro jogo como profissional ocorreu em 14 de outubro de 1989, na derrota por 2–1 para o Grêmio, em Porto Alegre.[10] Ao fim da partida, o ex-lateral do Grêmio Alfinete foi até o jovem Dener e pediu para trocar de camisa: "Poxa, estou estreando hoje, sou do juvenil ainda, não tenho dinheiro, se te der a camisa vou ter que pagar quinhentos paus em outra", revelou Alfinete.[11]
Em 1991, fez o gol que é considerado o mais bonito da história do Estádio do Canindé. Em uma partida válida pelo Campeonato Paulista entre Portuguesa e Inter de Limeira, Dener arrancou de antes do meio de campo, driblou três rivais e incontáveis buracos no gramado, que fazem a bola perder completamente a direção, e tocou na saída do goleiro.[12]
Foi na final da Copa São Paulo de Futebol Júnior, quando o Grêmio foi derrotado por 4–0 pela Portuguesa, que Dener chamou a atenção do clube gaúcho. Zelio Hocsman, ex-assessor do presidente Fábio Koff, conta que ninguém no Olímpico esquecia aquele "pretinho" que, conforme palavras do próprio Zelio, "destruiu" o Grêmio na final da Copinha.[10]
Em 1993, Dener foi emprestado por três meses ao clube gaúcho, onde foi campeão gaúcho de 1993,[10] seu primeiro título como profissional.
No fim do empréstimo ao clube gaúcho, o jogador retornou à Portuguesa para disputar o Campeonato Brasileiro de 1993, ajudando a equipe a terminar na nona colocação daquele certame.
Nesse seu retorno à Portuguesa, destaca-se um jogo contra o Santos, quando Dener marcou um golaço: ele colocou entre as pernas do zagueiro Índio, ganhou na velocidade de outro adversário, fintou o goleiro Edinho e empurrou para as redes.[12]
Ao todo, nas duas passagens pelo clube, disputou 141 jogos e marcou 24 gols com a camisa da Lusa.[1]
No ano seguinte, 1994, o jogador foi novamente emprestado, dessa vez para o Vasco da Gama, onde teve belas atuações e sagrou-se campeão da Taça Guanabara.
Durante uma excursão do Cruz-Maltino pela Argentina, "comeu a bola" em amistoso contra o Newell's Old Boys e recebeu elogios até de Maradona, que fez questão de cumprimentá-lo ao fim da partida.[12]
Com as boas atuações, passou a ser saudado pela torcida do Vasco com o nada modesto grito de "É, cafuné, é cafuné, o Dener é a mistura do Garrincha com o Pelé!".[13]
Em 17 de abril de 1994, fez sua última partida: empate por 1–1 com o Fluminense, válido pelo quadrangular final do Campeonato Carioca.[10] Dener foi expulso naquela partida e foi para São Paulo, de carro, na sua folga.[14]
O jogador morreria dois dias depois desta partida, antes de comemorar o tricampeonato carioca do Vasco.
A cláusula 9 do contrato firmado entre Portuguesa e Vasco obrigava a cessionária "a fazer um seguro de vida e acidentes pessoas ao atleta, o qual deverá dar cobertura até o efetivo término do empréstimo no valor de US$ 3 milhões".[5] O Vasco, porém, não havia feito o seguro obrigatório, descumprindo este acordo, o que deu origem a uma briga que duraria anos até a Lusa e a família do atleta finalmente receberam o dinheiro.[5]
Com apenas vinte anos, e ainda como jogador da Portuguesa, o jogador teve a sua primeira oportunidade com a camisa da Seleção Brasileira: em 27 de março de 1991, contra a Argentina, em Buenos Aires, fez a sua estreia, ao entrar no lugar do meia Luís Henrique. Mesmo com poucos minutos em campo, o baixinho da Portuguesa iniciou a jogada que culminaria no terceiro gol brasileiro.
Fez parte do plantel da Seleção Brasileira que não se classificou para os Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992.[15]
Na época em que estava no Rio de Janeiro, sofreu um grave acidente que lhe tirou a vida. Dener voltava de São Paulo, onde havia se reunido com dirigentes da Portuguesa e do Stuttgart, da Alemanha (em que jogava, na época, Dunga), para uma futura transferência,[16] e passado o fim de semana com a família. Por volta de 5h15 da madrugada de 19 de abril, o seu carro (um Mitsubishi Eclipse com a placa DNR 0010), dirigido pelo amigo Otto Gomes Miranda, perdeu a direção e chocou-se com uma árvore na Lagoa Rodrigo de Freitas, quase em frente ao Clube Naval Piraquê, numa curva leve, na altura do número 2 225 na Avenida Borges de Medeiros.[10] Meses após o acidente, um laudo policial confirmou que Otto havia dormido ao volante, causando o acidente.
Dener, que viajava dormindo no banco do carona, foi asfixiado pelo cinto de segurança e ainda bateu com a cabeça no teto do carro, segundo a perícia, que concluiu que o carro estava na quinta marcha, em alta velocidade. A causa mortis de Dener foi uma asfixia por lesão da laringe e uma contusão no pescoço.[10]
Este acidente terminou tragicamente uma carreira promissora. Investigações posteriores descobriram que Dener deixou o banco inclinado demais, anulando a eficiência do cinto.
Dener deixou a esposa viúva e três filhos. Após a morte de Dener, a família tinha direito a parte do dinheiro do seguro do jogador. A família reclamou na justiça os seus direitos e, após dez anos de julgamento, o tribunal decidiu em definitivo que o Vasco da Gama, último clube a que o passe de Dener foi emprestado, deveria pagar à família e à Portuguesa de Desportos a quantia referente ao seguro. A Portuguesa recebeu a sua parte, porém a família do atleta precisou legitimar a esposa de Dener, já que, apesar de estar com o jogador desde os dezoito anos e ser a mãe dos seus filhos, não era oficialmente casada com ele.[19] Após treze anos, o clube e a viúva de Dener chegaram a um acordo para o pagamento da dívida.[20]
# | Data | Partida | Campeonato | Gols | Ref. |
---|---|---|---|---|---|
1 | 17 de junho de 1990 | Portuguesa 2–1 Ituano | Amistoso | 1 | [21] |
2 | 17 de fevereiro de 1991 | Portuguesa 2–0 Palmeiras | Brasileiro | 1 | |
3 | 10 de novembro de 1991 | Portuguesa 3–1 Santo André | Paulista | 1 | |
4 | 13 de novembro de 1991 | Portuguesa 1–0 Inter de Limeira | Paulista | 1 | |
5 | 22 de março de 1992 | Portuguesa 1–2 Guarani | Brasileiro | 1 | |
6 | 7 de junho de 1992 | Portuguesa 2–1 Lazio | Amistoso | 1 | |
7 | 10 de junho de 1992 | Portuguesa 1–1 São Bento | Amistoso | 1 | |
8 | 2 de agosto de 1992 | Portuguesa 1–0 Palmeiras | Paulista | 1 | |
9 | 7 de outubro de 1992 | Portuguesa 1–0 Juventus-SP | Paulista | 1 | |
10 e 11 | 11 de outubro de 1992 | Portuguesa 2–2 São Paulo | Paulista | 2 | |
12 | 25 de outubro de 1992 | Portuguesa 2–0 Santo André | Paulista | 1 | |
13 | 10 de fevereiro de 1993 | Portuguesa 1–1 Marília | Paulista | 1 | |
14 e 15 | 17 de fevereiro de 1993 | Portuguesa 4–0 Guarani | Paulista | 2 | |
16 | 14 de março de 1993 | Portuguesa 2–2 Mogi Mirim | Paulista | 1 | |
17 | 3 de abril de 1993 | Portuguesa 2–4 Guarani | Paulista | 1 | |
18 | 18 de abril de 1993 | Portuguesa 4–0 União São João | Paulista | 1 | |
19 | 25 de abril de 1993 | Portuguesa 1–3 Rio Branco | Paulista | 1 | |
20 | 1 de maio de 1993 | Portuguesa 4–2 Santos | Paulista | 1 | |
Retorno ao clube após curto empréstimo ao Grêmio | |||||
21 e 22 | 6 de outubro de 1993 | Portuguesa 2–1 Criciúma | Brasileiro | 2 | |
23 | 9 de outubro de 1993 | Portuguesa 2–1 União São João | Brasileiro | 1 | |
24 | 13 de outubro de 1993 | Portuguesa 1–4 América-MG | Brasileiro | 1 | |
25 | 7 de novembro de 1993 | Portuguesa 2–5 Remo | Brasileiro | 1 |
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