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Assasinato Da Wikipédia, a enciclopédia livre
O caso Eliza Samudio refere-se ao desaparecimento e morte da modelo e atriz Eliza Silva Samudio, ocorridos em 2010. Durante as investigações, uma das testemunhas relatou aos investigadores do caso que a moça teria sido morta por estrangulamento. Em seguida, o cadáver teria sido esquartejado e enterrado sob uma camada de concreto.[3][4] O caso obteve repercussão nacional e internacional, pois o goleiro Bruno Fernandes foi um dos seus elaboradores.[5][6]
Caso Eliza Samudio | |
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Local do crime | Esmeraldas (cárcere privado da vítima), MG Vespasiano (suposta morte da vítima), MG Brasil |
Data | c. 10 de junho de 2010 |
Vítimas | Eliza Silva Samudio |
Réu(s) | Bruno Fernandes Luiz Henrique Romão (Macarrão) Marcos Aparecido dos Santos (Bola) Elenilson Vítor da Silva Wemerson Marques de Souza (Coxinha) Dayanne Rodrigues Fernanda Gomes de Castro |
Advogado de defesa | Raul Andrade |
Promotor | Henry Wagner Vasconcelos Castro[1] |
Juiz | Marixa Rodrigues[2] |
Local do julgamento | Tribunal do Júri de Contagem |
Situação | Todos os suspeitos foram julgados em Júri Popular. Luiz Henrique Romão (Macarrão) foi condenado a 15 anos de prisão por cárcere e homicídio de Eliza e ocultação de cadáver. Fernanda Gomes de Castro foi condenada a 5 anos de prisão pelo sequestro e cárcere privado de Eliza e Bruninho (filho de Eliza com Bruno). Bruno foi condenado a 22 anos e 3 meses de prisão em regime fechado. Dayanna foi absolvida das acusações. Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, foi condenado a 22 anos. |
O julgamento estava marcado para acontecer em 19 de novembro de 2012 às 9h, no Tribunal do Júri de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte,[2] porém, foi desmembrado e adiado para 4 de março de 2013.[7]
Eliza Silva Samudio nasceu em Foz do Iguaçu, no dia 22 de fevereiro de 1985[8], filha do arquiteto Luiz Carlos Samudio[9] e da agricultora Sônia Fátima Silva Moura.[10] Seus pais viveram juntos em Foz do Iguaçu por um ano. Frequentemente agredida pelo marido, e também por questões financeiras, Sônia Fátima deixou Eliza Samudio com o pai e não pôde ficar com a filha, que na época tinha seis meses. A partir daí, ela a via às vezes. Passado o tempo, Sônia foi viver no Mato Grosso do Sul, onde se casou novamente há dezesseis anos e teve um filho. Com seu marido, explorava uma pequena propriedade agrícola de produção de pimenta. Ao completar dez anos, Eliza foi morar com a mãe, em Campo Grande, onde permaneceu por um ano, voltando então para a casa do pai. Quando Eliza desapareceu, Sônia não via sua filha havia seis anos e se comunicava com ela apenas por telefone.[9][11]
Desde os 13 anos Eliza desejava sair de sua cidade natal para tornar-se modelo no eixo Rio-São Paulo, o que fez aos dezoito anos, mudando-se para a capital paulista.[9] Não conhecendo ninguém na cidade e passando por dificuldades financeiras, Eliza começou a trabalhar como garota de programa para se sustentar até conseguir se tornar modelo. O advogado Jader Marques confirmou em entrevista que Eliza, mesmo participando de desfiles e editoriais de moda, atuou em filmes pornográficos, de 2005 a 2009, além de participar de ensaios sensuais para a produtora erótica Brasileirinhas com o nome artístico de Fernanda Farias.[12]
Segundo testemunhas, Eliza e Bruno se conheciam desde 2008.[13] Bruno, entretanto, afirma que conheceu Eliza em maio de 2009, num churrasco na cidade do Rio de Janeiro. Segundo relatos de Bruno, ele conheceu Eliza numa festa e manteve relações sexuais com ela numa orgia na casa de um outro jogador do Flamengo.[14] Bruno disse que o preservativo rompeu no ato sexual. O goleiro afirmou que festas desse tipo são comuns entre os jogadores de futebol.[15]
Após essa festa ambos passaram a se encontrar frequentemente, e ela deixou a vida de programas para ficar com Bruno, a pedido deste, que, mesmo sendo casado, prometeu que se separaria de sua esposa para ficar com Eliza. Em agosto de 2009, Bruno terminou o relacionamento após Eliza anunciar que estava grávida dele, e de se recusar a fazer o aborto, que teria sido proposto por ele.[16]
Em 13 de outubro de 2009 a modelo prestou queixa à polícia dizendo que, na véspera, teria sido mantida em cárcere privado pelo goleiro e seus amigos "Russo" e "Macarrão", e obrigada a tomar substâncias abortivas. Também acusou-os de terem-na espancado, e ainda disse que teve uma arma apontada em sua cabeça, pelo próprio Bruno. O Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro e a polícia somente concluiriam os exames periciais em julho de 2010,[17] quando o desaparecimento da modelo já era tratado como homicídio.
Proibido pela delegada Maria Aparecida Mallet, da Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher (DEAM) de Jacarepaguá, de se aproximar da modelo por menos de 300 metros, o goleiro divulgou uma nota na qual negava a agressão:[18]
“ | Não é a primeira vez que ela inventa esse monte de mentiras para tentar me prejudicar. Da outra vez não provou nada e não vai provar novamente, porque inventou essa história toda. Chegou ao ponto de, ontem, enviar e-mail para algumas redações de jornais do Rio dizendo que faltei ao treino do Flamengo porque estava com ela. Mas eu compareci tanto aos treinos da manhã quanto da tarde, conforme todos os jornalistas presentes puderam confirmar. Por isso tudo decidi que só vou me manifestar através do meu advogado, que irá tomar todas as medidas cabíveis para impedir que ela continue tentando me prejudicar. Ela não se conforma porque já deixei claro que não quero nenhum tipo de relacionamento com ela. Não vou dar a essa moça os 15 minutos de fama que ela tanto deseja. |
” |
Em 2009, a juíza Ana Paula Delduque Migueis Laviola de Freitas, responsável por atender ao pedido de proteção solicitado, negou-o, argumentando que Eliza não tinha relacionamento íntimo com o goleiro, e que a moça estava a "tentar punir o agressor sob pena de banalizar a finalidade da Lei Maria da Penha".[19]
A juíza então encaminhou o caso para uma vara criminal. Em sua decisão, asseverou que a Lei Maria da Penha "tem como meta a proteção da família, seja ela proveniente de união estável ou do casamento, bem como objetiva a proteção da mulher na relação afetiva, e não na relação puramente de caráter eventual e sexual". A condição de Eliza, que grávida de cinco meses, não foi considerada.[19]
O bebê nasceu em 10 de fevereiro de 2010 na cidade de São Paulo, quando Eliza estava morando na casa de uma amiga desde a descoberta da gravidez. Bruno recusou-se a reconhecer a paternidade, pois não mantinha um compromisso sério com ela, além de não saber se ela tinha outros relacionamentos enquanto estava com ele e também devido ao seu passado como prostituta, acusando-a de querer dar o "golpe da barriga" por ele ter dinheiro.[9] Eliza ingressou, então, com uma ação de reconhecimento de paternidade, depois de chegar a morar com o filho na capital fluminense, em hotéis pagos por Bruno. Ela passou exigir pensão para o filho e o denunciou por agressão, o que trouxe complicações na carreira de Bruno, por ele ter sido indiciado. Enfurecido com a ex-amante, ele prometeu vingança.
Em comunicado divulgado em 2 de julho, a polícia revela os encaminhamentos só então dados ao exame toxicológico:[20]
“ | O Departamento Geral de Polícia Técnico-Científica da Polícia Civil do Rio de Janeiro (DGPTC) informa que foi encontrado um grupamento de substâncias consideradas abortivas na urina de Eliza Samudio. Os peritos que analisaram o material colhido decidiram, dada a complexidade do caso, mandar o material para o laboratório da UFRJ, com o qual a Polícia Civil mantém convênio a fim de confirmar 100% a análise feita pelos mesmos, excluindo qualquer possibilidade de tal grupamento pertencer a outros compostos. Segundo os peritos, a tal mistura também pode ser encontrada inclusive no consumo simultâneo de bebidas alcoólicas com fumo. Segundo o DGPTC, o resultado final ficará pronto na próxima segunda-feira, dia 5 de julho. | ” |
De acordo com as investigações policiais, Eliza estava, antes de desaparecer, no sítio do jogador em Esmeraldas, interior de Minas Gerais, a pedido dele, já que ela passou a gravidez em São Paulo na casa de amigas e chegou a morar em hotéis no Rio, pagos por Bruno. Ela teria ido para o sítio em 4 de junho de 2010, o que surpreendera os advogados da ação, uma vez que ele parecia disposto a negociar um acordo. O desaparecimento da modelo ocorreu durante essa viagem.[9] Ela ainda tinha esperança de ter uma reconciliação com o goleiro. Bruno diz que ela foi embora do sítio porque quis, e que abandonou a criança com um colega em comum do ex-casal. O menino foi achado numa favela de Ribeirão das Neves e Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, esposa do goleiro, é suspeita de tê-lo deixado lá.[21]
Em 26 de junho de 2010, a Polícia Civil de Minas Gerais declarou Bruno suspeito pelo desaparecimento de Eliza. Em 6 de julho de 2010, um jovem de 17 anos, primo do goleiro, foi encontrado na residência de Bruno na Barra da Tijuca e afirmou ter dado uma coronhada em Eliza, que desacordada, teria sido levada para Minas Gerais, e lá esquartejada por traficantes a mando do goleiro e dada a cachorros rottweiler, que teriam dilacerado seu corpo; os ossos da modelo teriam sido concretados.[22] Essa versão não foi confirmada pela Polícia. Em 8 de julho de 2010, o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como "Neném", "Paulista" ou "Bola", e acusado de também matar Eliza Samudio, foi preso pela Polícia Militar de Minas Gerais.[23] A data da morte está em processo de investigação; o mais provável é 10 de julho de 2010.[24]
Após o desaparecimento, a mãe de Eliza pediu a guarda da criança, o que foi concedido pela Justiça. O pai de Eliza pleiteou na Justiça a guarda do neto e o reconhecimento da paternidade por Bruno. A guarda foi revogada ao avô materno pois descobriu-se que o mesmo estuprou uma menina de dez anos no Paraná, alguns anos atrás, e também descobriu-se que ele permitia que homens abusassem de sua filha na infância da menina, em troca de dinheiro.[25]
A Justiça de Minas Gerais expediu o mandado de internação do adolescente que prestou depoimento no dia 6 de julho de 2010 e a prisão preventiva de Bruno e de mais sete pessoas no dia 7. A Justiça do Rio de Janeiro também havia expedido a prisão preventiva de Bruno e Luiz Henrique Romão, conhecido como Macarrão, pelo sequestro e cárcere privado de Eliza, ocorrido em outubro de 2009.[26] Bruno e Macarrão se entregaram à polícia no Rio de Janeiro e foram levados para Polinter do Andaraí, sendo transferidos ao Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu. A 38ª Vara Criminal do Rio atendeu ao pedido da Polícia mineira e determinou a transferência de ambos para Minas Gerais.[27]
O julgamento de Bruno Fernandes, Luiz Henrique Romão, Marcos Aparecido dos Santos, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, Fernanda Gomes de Castro, Elenilson Vitor da Silva e Wemerson Marques de Souza, acusados de crimes diversos, foi iniciado em Contagem, Minas Gerais, em 19 de novembro de 2012, mais de dois anos após o desaparecimento de Eliza.
Marixa Fabiane Lopes Rodrigues foi a juíza. O caso foi a júri popular, composto de seis mulheres e um homem, sete de um total de 25 chamados inicialmente. A promotoria e os advogados de cada réu puderam recusar três jurados.[28] O promotor do caso foi Henry Wagner Vasconcelos de Castro. Entre os advogados de defesa estavam, no primeiro dia de julgamento: Rui Caldas Pimenta (Bruno) e Franscisco Simim (Dayanne e Bruno); Fernando Magalhães, Zanone Oliveira Jr. e Ércio Quaresma (Marcos dos Santos); Leonardo Diniz (Luiz Romão); Carla Cilene (Fernanda); Frederico Franco (Elenilson); e Paulo Sávio Cunha Gimarães (Wemerson).[29]
Antes do início de julgamento, a juíza do caso estabeleceu que nenhum lugar da plateia seria oferecido a populares da região de Contagem; e que ela será destinada a parentes dos envolvidos no caso, jornalistas e estudantes de direito. O julgamento também não foi transmitido ao vivo.[30]
Logo no primeiro dia, houve discordância entre advogados de defesa de Marcos e a juíza. Eles questionaram alguns prazos de defesa estabelecidos pela mesma e abandonaram o julgamento. O réu recusou a indicação de um defensor público e acabou-se por desmembrar o julgamento deste. Ércio Quaresma, um dos advogados de Marcos dos Santos afirmou que não trabalharia em um julgamento onde "a defesa é cerceada".[31]
No segundo dia, o goleiro Bruno pediu a destituição de seus advogados de defesa, Rui Pimenta e Francisco Simim. A juíza Marixa Fabiane Rodrigues negou o pedido, afirmando que viu como "uma manobra para adiar o julgamento", visto que o goleiro já havia pedido a destituição de Francisco Simim anteriormente. Após o fato, o julgamento prosseguiu com as testemunhas de acusação.[32]
No terceiro dia, a juíza Marixa Fabiana decidiu adiar o julgamento de Bruno para março de 2013. Segunda ela, o adiamento foi pedido pela defesa do goleiro. O júri continuou para os outros dois réus no processo: Luiz Henrique Romão (Macarrão) e Fernanda Gomes de Castro (ex-namorada do goleiro).[7] Ao fim, Macarrão foi condenado a 15 anos de prisão por sua participação no sequestro e assassinato de Eliza Samudio.[33]
A 1ª Vara de Família da Barra da Tijuca, também decidiu que o clube do Flamengo deverá pagar pensão ao filho, e deverá depositar, todo dia 5 de cada mês, 17,5% do valor recebido pelo atleta, além de eventuais verbas trabalhistas que o atleta tenha direito. O clube, por sua vez, disse que não seria possível, porque o contrato de Bruno foi suspenso e ele não recebia mais salário. O Flamengo recorreu da decisão.[34][35]
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