História demográfica dos povos indígenas das Américas
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Milhões de pessoas indígenas viviam na América quando a viagem de Cristóvão Colombo de 1492 iniciou o período histórico de contato europeu em larga escala com América. O contato dos europeus com o chamado "Novo Mundo" levou à colonização europeia da América com milhões de emigrantes (livres e forçados) do "Velho Mundo". Enquanto que a população com origem no velho mundo aumentou progressivamente na América após a viagem de Colombo, a população do povos indígenas teve um colapso. O grau e as causas deste declínio populacional são há muito tempo objeto de controvérsia e de debate. A passagem dos 500 anos da viagem de Colombo, em 1492, voltou a dar atenção aos clamores dos povos indígenas de que foram vítimas de etnocídio (i.e. destruição da sua cultura).
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As estimativas de quantas pessoas viviam na América quando Colombo chegou variam muitíssimo; as estimativas de especialistas do século XV variam entre 10 milhões e 112,5 milhões de pessoas. Dada a natureza fragmentada dos dados, números precisos da população pré-colombiana são impossíveis de obter e as estimativas são muitas vezes produzidas por extrapolação de dados comparativamente pequenos. Em 1976, o geógrafo William Denevan usou essas variações de estimativas para chegar a uma "contagem consensual" de cerca de 54 milhões de pessoas, apesar de algumas estimativas recentes serem mais baixas que essa.[nota 1] Com base numa estimativa de aproximadamente 50 milhões de pessoas em 1492 (incluindo 25 milhões no Império Asteca e 12 milhões no Império Inca), as estimativas mais baixas dão um total de mortos de 80% até ao fim do século XVI (8 milhões de pessoas em 1650[2]).
A América Latina só voltaria a atingir este nível na viragem do século XIX, com 17 milhões em 1800;[2] 30 milhões em 1850;[2] 61 milhões em 1900;[2] 105 milhões em 1930;[2] 218 milhões em 1960;[2] 361 milhões em 1980[2] e 563 milhões em 2005.[2] Nos últimos 30 anos do século XVI, a população mexicana decresceu fortemente até atingir o nível de 1 milhão em 1600.[2] A população maia é hoje estimada em 6 milhões de pessoas, o que é o mesmo nível de no fim do século XV.[2] É sabido que no Brasil atual a população indígena declinou de um máximo pré-colombiano estimado de 4 milhões para cerca de 300.000 (1997). O historiador David Henigue argumentou intensamente que muitas estimativas da população são o resultado da aplicação de fórmulas arbitrárias seletivamente aplicadas a números de fontes históricas não confiáveis, uma deficiência que ele vê como não reconhecida por vários contribuintes para este campo científico. Este acredita que não há provas sólidas suficientes para produzir números de população que tenham algum significado real, e caracteriza a tendência moderna de estimativas elevadas como "sobrenumeração pseudo-científica". Henigue não advoga uma estiamtiva populacional baixa; em vez disso argumenta que o fato da informação ser rara e não confiável faz com que as estimativas vastas sejam suspeitas e que "sobrecontadores" (como lhes chama) têm sido particularmente flagrantes no seu mau uso de fontes.[3] A pesar de as críticas de Henigue serem dirigidas contra algumas instâncias específicas, outros estudos geralmente reconhecem as dificuldades inerentes a produzir estatísticas confiáveis dada a quase completa falta de quaisquer dados do período em questão.
O debate sobre a população tem muitas vezes bases ideológicas. As estimativas são muitas vezes o refelexo de noções europeias e da sua suposta superioridade cultural e racial, como o historiador Francis Jennings argumentou: "A sabedoria académica considerou durante muito tempo que os índios eram tão inferiores em obras e capacidade mental que não poderiam ter criado e mantido grandes populações". No outro extremo do especto alguns argumentaram que as estimativas contemporâneas da população indígena pré-colombiana estão baseadas em preconceitos contra aspectos da civilização ocidental e/ou do cristianismo: Robert Royal escreve que "as estimativas de população pré-colombiana se tornaram altamente politizadas e que académicos que são particularmente críticos da Europa muitas vezes favorecem dados muito mais altos".."[4]
Uma vez que surgiram e caíram civilizações na América antes de Colombo chegar, a população indígena em 1492 não estava necessáriamente a um nível elevado, e podia já estar em declínio. As populações indígenas da América na maioria das áreas alcançaram o ponto mínimo no início do século XX e, num certo número de casos, voltaram a subir.[5]
Antropólogos e geneticistas populacionais concordam que a grande maioria dos indígenas americanos tem origem a partir das migrações da última Era Glacial vindas da Ásia pela ponte terrestre de Bering, apesar de a possibilidade de migração em embarcações por rotas costeiras ou bancos de gelo ser vista cada vez mais como um complemento viável a este modelo.