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O incesto na Bíblia se refere a relações sexuais entre relações de parentesco próximas que são proibidas pela Bíblia Hebraica. Essas proibições são encontradas principalmente em Gênesis 20:11–13, Levítico 18:8–18 e Levítico 20:11–21, mas também em Deuteronômio. As visões judaicas sobre o incesto são baseadas nas categorias bíblicas de relacionamentos proibidos e foram sujeitas a interpretações rabínicas no Talmude. Os caraítas rejeitam a autoridade das opiniões talmúdicas e interpretam as proibições bíblicas de maneira diferente. As várias denominações cristãs estabelecem suas próprias categorias de relações incestuosas proibidas, que mudam de tempos em tempos. As leis de muitos países a respeito de relacionamentos proibidos não seguem necessariamente as proibições bíblicas nem as de qualquer igreja em particular.
Alguns livros da Bíblia, particularmente as primeiras partes da Torá, contêm narrativas de indivíduos que tiveram relações sexuais com parentes próximos; embora isso possa ser interpretado como incesto, a endogamia é uma interpretação alternativa. A Bíblia não proíbe, por exemplo, o casamento de primos, mas proíbe relações sexuais com vários outros parentes próximos.
Nos tempos antigos, as nações tribais preferiam casamentos endogâmicos (com parentes);[1] o casamento com um primo ou prima era considerado ideal, e muitas vezes até se proibia que uma filha mais velha se casasse fora da família. O casamento com uma meia-irmã, por exemplo, considerado incesto pela maioria dos países atualmente, era algo comum entre os faraós egípcios; da mesma forma, o Livro do Gênesis retrata Sara casando-se com Abraão, seu meio-irmão, sem criticar a estreita relação genética entre eles (pois já eram casados antes do chamado de Deus a Abraão, portanto o casamento não foi feito pelas leis divinas, e sim as vigentes na época),[2] e o Livro de Samuel trata o casamento de um príncipe real com sua meia-irmã como incomum, não como condenável.
Em Levítico 18:7–18 e Levítico 20:11–21 encontramos listas de relações proibidas, sendo que a segunda lista especifica punições para tais uniões, embora seja muito mais curta que a primeira.Críticos bíblicos consideram que as listas eram originalmente documentos independentes e que foram juntadas em um ponto posterior.[3][4][5] O código deuteronômico fornece uma lista ainda mais simples – proíbe a relação de um homem com a filha de seus pais (incluindo sua irmã), a esposa de seu pai (incluindo sua mãe) e sua sogra.[6][7] Na Bíblia Hebraica, relações sexuais entre irmãos eram proibidas para judeus mas permitidas para gentios (não-judeus).[8]
As relações explicitamente proibidas em Levítico 18 são:
A tabela a seguir resume as relações proibidas (destacadas em vermelho):
Levítico 18 | Levítico 20 | Deuteronômio | |||
Esposa do avô (incluindo avó) | |||||
Esposa do pai | Mãe | ||||
Madrasta | |||||
Sogra | |||||
Tia | Irmã do pai | ||||
Esposa do tio | Esposa do irmão do pai | ||||
Esposa do irmão da mãe | |||||
Filha do pai | Meia-irmã (por parte da mãe) | ||||
Filha do pai | Irmã | ||||
Meia-irmã (por parte do pai) | |||||
Meia-irmã | |||||
Cunhada (se a esposa ainda estivesse viva) | |||||
Sobrinha | |||||
Filha da esposa | Filha | ||||
Enteada | |||||
Nora | |||||
Filha do(a) filho(a) da esposa (incluindo neta) | |||||
Observe que as proibições não mencionam explicitamente as relações sexuais entre um homem e sua própria filha. Embora a primeira relação mencionada após a proibição levítica de sexo com "parentes próximos" nomeie a de "teu pai",[9] deve ser levado em consideração que o texto original hebraico só se dirige a judeus do sexo masculino com relação a suas parentes do sexo feminino.[10] O Talmude justifica a ausência dizendo que a proibição era óbvia, especialmente dada a proscrição contra um relacionamento com uma neta,[11] embora alguns estudiosos bíblicos tenham proposto que a proibição estava originalmente na lista mas, devido a um erro do escriba, foi acidentalmente deixada de fora da cópia da qual dependem, em última instância, as versões modernas do texto. A segunda lista no código de Santidade difere visivelmente da primeira por não incluir os parentes mais próximos, o que supostamente também se explicaria pela obviedade.[1] Pode-se argumentar que a proibição explícita de se envolver em atividade sexual com uma mulher, bem como com sua filha[12] proíbe implicitamente a atividade sexual entre um homem e sua filha. No entanto, poderia também se sugerir o contrário (o texto original não é claro neste ponto), uma vez que menciona apenas que "elas" (isto é, a mulher e a filha) são parentes.[13] Calvino não considerou a relação pai-filha explicitamente proibida pela Bíblia, mas mesmo assim a considerou imoral.[14]
Com exceção do caso da filha, a primeira lista de incesto no Levítico produz aproximadamente as mesmas regras aplicadas na cultura árabe primitiva (pré-islâmica);[1] no Islã, essas regras pré-islâmicas tornaram-se estatutárias.
Ezequiel dá a entender que, em sua época, os casamentos entre um homem e sua madrasta, nora irmã, eram frequentes.[15] Esta situação parece ser o alvo da versão deuteronômica da proibição do incesto, que aborda apenas as mesmas três questões[1] (embora proibindo a sogra no lugar da nora). Os primeiros comentadores rabínicos, em vez disso, argumentam que a lista deuteronômica é curta assim porque as outras relações possíveis eram obviamente proibidas, e essas três eram as únicas ligações difíceis de detectar, devido ao fato de que, naquela época, a madrasta, as meias-irmãs e a sogra de um homem geralmente moravam na mesma casa que ele (antes de qualquer relação).[16]
Além disso, primos não são incluídos nas listas de relacionamentos proibidos.
As listas bíblicas não são simétricas – as regras implícitas para as mulheres não são as mesmas - elas se comparam da seguinte forma:
Levítico 18 | Levítico 20 | Deuteronômio | |||
Cônjuge do avô ou avó | |||||
Cônjuge do pai ou da mãe | Pai ou mãe | ||||
Padrasto ou madrasta | |||||
Sogro(a) | |||||
Tio/tia | Irmão do pai ou da mãe | ||||
Cônjuge do(a) tio/tia | Cônjuge da(o) irmã(o) do pai | ||||
Cônjuge da(o) irmã(o) do pai | |||||
Filho(a) dos pais | Meia(o)-irmã(o)o (do lado da mãe) | ||||
Filho(a) do pai | Irmã(o) | ||||
Meia(o)- irmã(o) (do lado do pai) | |||||
Meia(o)-irmã(o) | |||||
Cunhado(a) (se o(a) cônjuge ainda estava vivo(a)) | |||||
Sobrinho(a) | Filho(a) de irmã(o) | ||||
Sobrinho(a)-cunhado(a) | Filho(a) do irmão da esposa | ||||
Filho(a) da irmã do esposo | |||||
Filho(a) do(a) cônjuge | Filho(a) | ||||
Enteado(a) | |||||
Genro ou nora | |||||
Neto(a) do(a) cônjuge (incluindo neto(a)) | |||||
A Bíblia menciona uma série de relações sexuais entre parentes próximos, a maioria das quais se relaciona com o período pré-Sinai, antes da entrega da lei mosaica:
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