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arquitecto português (1920-1982) Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Jorge Ribeiro Ferreira Chaves (Ponta do Sol, Ribeira Grande, Ilha de Santo Antão, Cabo Verde, 22 de Fevereiro de 1920 - Lisboa, 22 de Agosto de 1981) foi um arquitecto português.
Jorge Ferreira Chaves | |
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Nome completo | Jorge Ribeiro Ferreira Chaves |
Nascimento | 22 de fevereiro de 1920 Vila da Ponta do Sol |
Morte | 22 de agosto de 1981 (61 anos) Lisboa |
Nacionalidade | portuguesa |
Progenitores | Mãe: Elvira da Conceição Ribeiro Ferreira Chaves Pai: Raul Pires Ferreira Chaves |
Cônjuge | Maria Creelminda Teresa de Sá Fialho de Oliveira |
Ocupação | Arquitecto |
Prémios | Prémio José Luís Monteiro, 1946 |
Magnum opus | Pastelaria Mexicana; Edifício na R. Ilha do Príncipe; Hotéis Garbe e Baleeira; Câmara de Comércio de Bissau; CGD de S. Pedro do Sul. |
Movimento estético | Arquitetura Moderna, organicismo, expressionismo, Regionalismo crítico. |
Assinatura | |
Jorge Ferreira Chaves |
É um dos arquitectos surgidos na segunda metade da década de 1940 responsáveis pela fixação do Movimento Moderno em Portugal.[1]
Activo profissionalmente entre 1941 e 1981, é considerado um dos mais perfeccionistas arquitectos portugueses.[2]
Realiza, em atelier próprio, desde 1946, várias dezenas de projectos, para Portugal continental, Madeira, Guiné e Angola,[3][4] dos quais se destacam a Pastelaria Mexicana, a loja Palissi Galvani, os Laboratórios Cannobio, um edifício de habitação na Rua Ilha do Príncipe e o Hotel Florida, em Lisboa, o Hotel Garbe, o Hotel da Baleeira[5] e o Hotel Globo, no Algarve, a Câmara de Comércio de Bissau e a Caixa Geral de Depósitos de S. Pedro do Sul.
Foi também colaborador de alguns dos principais ateliers de arquitectura de Lisboa da primeira metade do século XX:[3] os ateliers de Joaquim Ferreira, de Miguel Jacobetty Rosa e de Porfírio Pardal Monteiro.
Filho do engenheiro civil e inventor Raul Pires Ferreira Chaves e irmão de Maria Helena da Costa Dias. Sobrinho da pintora Maria Alexandrina Pires Ferreira Chaves, de Olímpio Ferreira Chaves e de João Carlos Pires Ferreira Chaves.
Viveu em Lisboa definitivamente desde 1931.
Frequentou o Liceu Pedro Nunes durante a primeira metade da década de 1930.
Ingressa no Curso Especial de Arquitetura na Escola de Belas-Artes de Lisboa em 1935.[6]
Em 1941 interrompe o curso para cumprir um longo serviço militar [6] durante a Segunda Guerra Mundial. Esteve mobilizado, como expedicionário, em São Miguel, nos Açores, de onde só regressa no fim de 1944.
Na Escola de Belas-Artes de Lisboa, onde entretanto reingressa, frequenta também o Curso Especial de Escultura em 1946-1947.[6]
Concluiu a parte escolar do curso de Arquitectura em 1948, tendo obtido em 1946 o Prémio José Luís Monteiro, acumulado de vários anos em que não havia sido atribuído.[6] Este prémio, com uma componente monetária, era entregue a estudantes do curso de Arquitectura que se destacassem pela excecionalidade do seu percurso académico.[7]
Obtém a classificação de 19 valores em 20 no Concurso para a Obtenção do Diploma de Arquiteto (C.O.D.A.) em 1953.[6]
O exercício da profissão inicia-se no período de 1943-1956, período que Nuno Portas designa como a fase da «resistência» na arquitectura e arte portuguesa.[8]
De 1944 a 1946, ainda nos anos do fim do curso, é colaborador do arquiteto Joaquim Ferreira. Durante este período também colabora com o arquitecto Filipe Nobre de Figueiredo e com Alberto Soeiro no atelier de Lisboa de Carlos Ramos .
Em 1946, em sociedade com o colega do final do curso, Luís Coelho Borges, abre o seu primeiro atelier em espaço próprio.
É membro do colectivo Iniciativas Culturais Arte e Técnica (ICAT) e da Sociedade Nacional de Belas-Artes. Participa, expondo projectos de arquitectura, em quatro edições das Exposições Gerais de Artes Plásticas (EGAP).
Em 1948 participa no I Congresso Nacional de Arquitetura.
Um dos seus projectos do período «pós-congresso de 48», o edifício dos Laboratórios Cannobio, projectado em 1948 e construído em 1949, é uma das primeiras obras a surgir no centro de Lisboa exibindo uma linguagem arquitectónica claramente alinhada com o Movimento Moderno. O seu projecto para o gaveto da Rua Braamcamp n.º 7 com a Rua Mouzinho da Silveira também o teria sido, se não fosse indeferido por motivos de ordem «estética», pela Câmara Municipal de Lisboa.
Em paralelo com a actividade no seu atelier, é colaborador do arquitecto Miguel Jacobetty Rosa entre 1948 e 1952, e tirocina sob a direcção do arquiteto Hernâni Gandra durante o ano de 1951.[6]
Em 1952 é convidado para o atelier do arquitecto Porfírio Pardal Monteiro com quem trabalha na concepção dos edifícios Palácio da Rotunda [9] e Sorel [10] em Lisboa, mas principalmente do Hotel Ritz, «obra notável pela sabedoria estética e pela qualidade da execução material».[11] Assegura ainda, a continuidade do projecto do Hotel Ritz, dando assistência à obra e chefiando o projeto de execução[12] no atelier de obra até à data da sua inauguração em 1959.[2][11]
Apesar de ter sido o projecto do Hotel Ritz a sua actividade central entre 1952 e 1959, mantém sempre atelier próprio, ao qual se dedica em exclusivo após 1959.
A sua produção arquitectónica mais significativa tem lugar durante um período caracterizado como de “abertura relativa do regime à arquitectura moderna”.[13] «Desenvolveu durante a década de 1960 um traço específico, reconhecível em obras como a Pastelaria Mexicana em Lisboa ou os Hotéis Garbe e Baleeira no Algarve e, também, nos edifícios de habitação de Olivais Sul e das ruas da Penha de França e da Ilha do Príncipe»,[3] sendo este último considerado como «talvez a melhor intervenção urbana para habitação em Lisboa, na década».[3][11]
A Câmara de Comércio de Bissau, sede da Associação Comercial, Industrial e Agrícola da Guiné, é considerada «a mais qualificada realização arquitectónica em Bissau» do período colonial.[14]
No fim da década de 1950 produz a «notável obra da Caixa Geral de Depósitos em São Pedro do Sul, claramente influenciada pelo Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal».[11]
A Pastelaria Mexicana é um «notabilíssimo exemplo que levou aos limites, para a época e em Portugal, as tendências expressionistas criadas no interior do Movimento Moderno desde o princípio do século XX (…)»; «desenvolve um sentido fenomenológico do conceber a arquitectura que atinge um ponto alto, até excepcional, na História da Arquitectura em Portugal.».[1] «Perfis de linha quebrada e ângulos não rectos, elementos-chave de um organicismo de linhagem internacional redescoberto naquela década de 1960», são «integrados de modo brilhante no exemplo de “obra total” que foi a Mexicana.».[3] Encontra-se "em vias de classificação", como Imóvel de Interesse Público desde 1996, após uma obra que alterou significativamente parte do seu espaço. Conserva, porém, uma parte dos elementos que motivaram a proposta de classificação em 1994.
«A invenção de uma linguagem contemporânea em sintonia com a arquitectura algarvia preexistente foi um repto que os primeiros arquitectos a actuar nessa província encontraram intacto e desafiador. No Hotel Garbe, Jorge Chaves produziu uns volumes simples quebrados, uma leitura de alçado modularizado, com fortes contrastes luz-sombra, uma composição de alçado sobre a rua de grande liberdade e fantasia na distribuição e definição dos vãos, uma reinvenção dos “muxarabis” acolhendo uns diminutos jardins de inverno, uma construção desenvolta e de sentido moderno de vigota e abobadilha; mas foi sobretudo por meio de uma admirável textura de reboco que ele criou um objecto memorável na redescoberta província.»[15]
Algumas das suas principais obras, como a Pastelaria Mexicana, a loja Palissi Galvani e o Hotel Florida, em Lisboa, o Hotel Garbe, o Hotel da Baleeira e o Hotel Globo, no Algarve, ou a Câmara de Comércio de Bissau na Guiné-Bissau, contêm obras plásticas conceptualmente integradas, algumas de sua autoria. Convida a intervir nas suas obras os artistas Jorge Vieira, José Escada, Martins Correia, Paulo Guilherme d'Eça Leal, Sena da Silva, Hein Semke, Querubim Lapa, Mário Costa, António Alfredo e João Câmara Leme (ver, infra, projetos e obras).
Acompanharam-no durante a sua carreira, como associados em alguns dos projetos, os arquitetos Luís Coelho Borges, Álvaro Valladas Petersen, Anselmo Fernández, Eduardo Goulartt Medeiros, Artur Pires Martins, Cândido Palma de Melo e ainda Fernando Sá Reis, Jorge de Herédia, Mário Xavier Antunes, Frederico Sant’ana e Vítor Sousa Figueiredo, tirocinantes, tendo os dois últimos mantido a colaboração no atelier durante um período alargado (ver, infra, projectos e obras).
Atua ainda à escala do urbanismo e tem também um papel relevante no desenvolvimento do Design em Portugal. Para equipamento das suas obras, Jorge Ferreira Chaves projecta quase sempre mobiliário original. Em alternativa escolhe, principalmente, objectos de designers portugueses, produzidos na indústria nacional; são exemplos a experiência (a única registada) de instalação dos "Blocos Pronto" (bungalows pré-fabricados) de Eduardo Anahory na ampliação do Hotel da Meia Praia e a escolha de cadeiras de José Espinho para a Pastelaria Mexicana.
Entre 1978 e 1981 projeta intervenções em edifícios públicos, enquanto arquitecto da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais do Ministério das Obras Públicas.
Abreviaturas de nomes dos arquitectos mencionados: (LCB): Luís Coelho Borges; (AVP): Álvaro Valladas Petersen; (AFR): Anselmo Fernandez Rodriguez; (FS): Frederico Sant’ana; (EGM): Eduardo Goulartt Medeiros; (APM e CPM): Artur Pires Martins e Cândido Palma de Melo; (VSF): Vítor Sousa Figueiredo; (FSR): Fernando Sá Reis; (JH): Jorge de Herédia; (MXA): Mário Xavier Antunes; (CS): Carlos Sardinha; (MPFC): Marco Paulo Ferreira Chaves.
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