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Língua irlandesa
idioma falado nas zonas rurais da Irlanda e outras áreas Da Wikipédia, a enciclopédia livre
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O irlandês (Gaeilge), também conhecido como gaélico irlandês ou simplesmente gaélico, é um idioma falado como língua nativa na Ilha da Irlanda, predominantemente nas zonas rurais ocidentais da ilha. O irlandês era a língua principal da llha Esmeralda antes de os ingleses a invadirem durante a Idade Média. É um dos membros da divisão gaélica das línguas célticas.
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História
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Perspectiva
A partir de 1922, com a independência da República da Irlanda (chamada originalmente "Estado Livre Irlandês"), o irlandês passou a ser, juntamente com o inglês, o idioma oficial deste país. Desde 13 de junho de 2005, o irlandês é um dos idiomas oficiais da União Europeia. Desde 1998, com o Acordo de Belfast, o irlandês é também reconhecido como língua minoritária na Irlanda do Norte. Durante a história da Irlanda foi proibido o ensino da língua nas escolas durante a colonização inglesa. Além disso, a grande fome em meados do século XIX matou uma imensa quantidade de falantes da língua e fez tantos outros emigrarem do país. O irlandês é atualmente a língua materna de pouco mais de 2% da população da República da Irlanda. As comunidades e regiões onde se fala primariamente o irlandês são chamadas Gaeltachtaí (no singular, Gaeltacht). A Gaeltacht com maior população é Conamara, no Condado de Galway (Contae na Gaillimhe) e nas Ilhas de Aran (oileáin Árann). As Gaeltachtaí, no entanto, apenas contam com 27,9% da população que fala o irlandês diariamente em contextos não educacionais, segundo dados do Censo de 2016, de forma que a maioria da população falante nativa do gaélico está espalhada em regiões onde é minoritária.[1]
Pelo fato de o governo irlandês tornar obrigatório o estudo do idioma nas escolas públicas, muitas pessoas falam-no como segunda língua. A maioria das pessoas tem, ao mínimo, uma noção básica do idioma. Conquanto seja o inglês o idioma predominante da República da Irlanda, ao longo da ilha (principalmente nos Gaeltachtaí) há vários jornais, revistas e emissoras de rádio em língua irlandesa. Outrossim, desde 1996 há um canal de televisão em língua irlandesa chamado Teilifís na Gaeilge (televisão em irlandês), o TG4.[2]
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Gramática
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Perspectiva
O irlandês é uma língua flexiva, de ordem Verbo-Sujeito-Objeto e alinhamento nominativo-acusativo.
Substantivos
Os substantivos declinam em três números (singular, dual e plural), dois gêneros e quatro casos (nominativo-acusativo, vocativo, genitivo e dativo).[3] Há cinco declinações, identificáveis pela terminação do nominativo e genitivo singulares:
Exemplo da primeira declinação:
Segunda declinação:
Terceira declinação, na qual o dativo é idêntico ao nominativo:
Quarta declinação, na qual todos os casos são essencialmente idênticos (mas o vocativo, como sempre será inevitavelmente precedido de a e lenido):
Quinta declinação, na qual nominativo e dativo são iguais:
Adjetivos
Adjetivos concordam em número, gênero e caso e seguem sempre o substantivo. Há dois graus morfológicos: positivo e comparativo; por exemplo:
- Tá an buachaill cairdiúil.: "O garoto é amigável."
- Tá an cailín níos cairdiúla ná an buachaill.: "A garota é mais amigável que o garoto."
O grau superlativo é indicado pela desinência comparativa em uma oração relativa, por exemplo: Is é Seán an páiste is cairdiúla den triúr. ("Seán é o garoto mais amigável dos três.")
Verbos
Verbos são conjugados em três tempos (passado, presente e futuro), dois aspectos (simples e habitual) e quatro modos (indicativo, subjuntivo, condicional e imperativo). Os verbos ainda têm formas relativas sintéticas no dialeto de Connacht, mas a voz passiva é sempre perifrástica. Os verbos ainda têm formas substantivas e adjetivas. A conjugação é extremamente regular, de forma que muitas gramáticas apenas reconhecem onze verbos irregulares.[3] A distinção entre formas verbais dependentes e independentes, característica das línguas goidélicas, foi preservada apenas residualmente no irlandês moderno. No irlandês antigo, gaélico escocês e manês, os verbos possuem em regra uma forma independente (geral) e uma dependente (utilizada após certas partículas); por exemplo: no escocês, “ele tomará” se diz ’’glacaidh’’, enquanto “ele não tomará” se diz cha ghlac.[4] No irlandês, diz-se ‘’glacfaidh sé’’ e ‘’ní ghlacfaidh sé’’ (a mudança de ‘’g’’ para ‘’gh’’ é uma mera mutação). Algumas formas específicas de verbos irregulares, contudo, ainda mantém formas dependentes e independentes no irlandês moderno, como por exemplo:[3]
Assim como no português, se diferencia o verbo de cópula para qualidades inerentes (is, “ser”) e transientes (bí, “estar”).[5]
Mutação inicial
Assim como o restante das línguas celtas vivas, o irlandês apresenta mutação consonantal, em duas classes:
- Lenição (séimhiú): Transforma oclusivas em fricativas. É indicada por um ponto (sí buailte) acima da consoante na escrita gaélica e pela adição de ‘’h’’ após a consoante na escrita latina.
- Eclipse (urú): Sonorização de oclusivas surdas (indicada pela adição da contraparte sonora antes da surda, e.g. peann “caneta” e ár bpeann “nossa caneta”), nasalização de oclusivas sonoras (indicada pela adição de ‘’n’’ ou ‘’m’’ antes da consoante, e.g. glúine “joelhos” e ár nglúine “nossos joelhos”) e adição de ‘’n’’ antes de vogais (indicada pela adição de ‘’n-’’, e.g. athair “pai” e ár n-Athair “Pai Nosso”).
Mutações muitas vezes são a única maneira de se distinguirem formas gramaticais. Por exemplo: a única forma não contextual de se distinguir entre o pronome possessivo de terceira pessoa masculino singular (“dele”), feminino singular (“dela”) e plural (“deles[as]”), visto que o pronome nas três formas é a, mas o primeiro traz lenição, o segundo não traz mutação, e, o terceiro, eclipse:
- a bhróg (“sapato dele”, lenição)
- a bróg (“sapato deles[as]”, sem mutação)
- a mbróg (“sapato dela”, eclipse)
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Variedades
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Perspectiva
A classificação dos principais dialetos irlandeses corresponde às quatro províncias, com exceção de Leinster, cujo dialeto tradicional desapareceu. Assim, os três principais dialetos irlandeses vivos são: Ulster, no norte; Munster, no sul; e Connacht, na região central e ocidental da ilha. Houve um dialeto distinto em Leinster até a morte de sua última falante, Annie O'Hanlon, em 1960. Até o início do século XX, havia um dialeto distinto em Newfoundland, no Canadá, baseado no de Munster, mas a comunidade irlandesa do Canadá foi demasiadamente assimilada.[6]
Além destes dialetos tradicionais, variedades características de centros urbanos foram registradas historicamente e, apesar de terem desaparecido, o número de casas falantes de irlandês em centros urbanos parece estar em crescimento graças à expansão da mídia de língua irlandesa. Isto deu origem a uma linguagem coloquial antes desconhecida que inclui, por exemplo, a perda das mutações consonantais e o uso extensivo de empréstimos do inglês.[7]
Desde a criação do Estado Livre Irlandês, devido à dificuldade de promover a língua irlandesa por causa da sua grande diversidade e ortografia conservadora, foi desenvolvida uma variedade padrão chamada An Caighdeán Oifigiúil ("o padrão oficial"), publicada em 1945, com vista a encontrar um núcleo comum entre os três principais dialetos e, quando isto se mostrasse impossível, utilizar a forma mais frequente, ou mesmo uma forma clássica neutra.[8][9]
Ulster
O dialeto de Ulster, falado em Donegal, Louth e Meath, é a mais distinta das variedades irlandesas, partilhando uma série de particularidades com o manês e o gaélico escocês, como o uso da partícula negativa ‘’cha(n)’’ ao invés do ‘’ní’’ de outros dialetos, e a desinência de primeira pessoa singular ‘’-am’’ ao invés de ‘’-im’’.[10]
Munster
O dialeto de Munster é falado principalmente em Kerry, Waterford e Cork e caracterizado por desinências verbais distintas do padrão, particularidades nas regras de mutação consonantal e acentuação da segunda sílaba de palavras em que esta tem vogal longa, ditongo ou é -(e)ach e a primeira tem vogal curta (e.g. corcán "panela" pronunciado [kəɾˠˈkɑːn̪ˠ]). Este dialeto chegou a ser falado em Newfoundland, no Canadá, até o início do século XX, mas desapareceu do uso comum, deixando algumas marcas limitadas no dialeto local de inglês.[6]
Connacht
O dialeto de Connacht é falado principalmente em Mayo, Galway e nas duas maiores ilhas de Aran: Inishmore e Inishmaan (Inisheer fala a variedade de Munster). É caracterizado pelo uso mais extensivo do sufixo -achan (e.g. lagachan em vez de lagú para "enfraquecimento") e, em comum com Ulster e as outras línguas gaélicas, pela pronúncia das formas velarizadas de /v/ como /w/ (e.g. sliabh, significando "montanha", é pronunciado como [ʃlʲiəw] ao invés de [ʃlʲiəw]).
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Exemplos
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Perspectiva
Frases comuns
João 1:1-8
Texto do Evangelho segundo João, capítulo I, versículo 1 ao 8:
- Bhí an Briathar ann i dtús báire agus bhí an Briathar in éineacht le Dia, agus ba Dhia an Briathar.
- Bhí sé ann i dtús báire in éineacht le Dia.
- Rinneadh an uile ní tríd agus gan é ní dhearnadh aon ní dá ndearnadh.
- Is ann a bhí an bheatha agus ba é solas na ndaoine an bheatha.
- Agus tá an solas ag taitneamh sa dorchadas, ach níor ghabh an dorchadas é.
- Bhí fear a tháinig ina theachtaire ó Dhia, agus Eoin a ba ainm dó.
- Tháinig sé ag déanamh fianaise chun fianaise a thabhairt i dtaobh an tsolais chun go gcreidfeadh cách tríd.
- Níorbh é féin an solas ach tháinig ag tabhairt fianaise i dtaobh an tsolais.
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Referências
- Central Statistics Office: The Irish Language, 2016 Census. Acesso em 15 de janeiro de 2018. (em inglês)
- «Major changes heralded in broadcasting as new laws enacted». Department of Communications, Energy and Natural Resources. 15 de julho de 2009. Arquivado do original em 20 de julho de 2009
- Christian Brothers (1906). Graiméar na Gaedhilge. Dublin: M. H. Gill & Son
- Calder, George (1923). ‘’A Gaelic Grammar.’’ Glasgow: MacLaren & Sons. p. 223.
- Irish Gaelic Translator: “Tá” and “Is” – the “to be” verbs Arquivado em 16 de janeiro de 2018, no Wayback Machine.. Acesso em 15 de janeiro de 2018.
- Language: Irish Gaelic, Newfoundland and Labrador Heritage. (em inglês)
- «Schism fears for Gaeilgeoirí». Gaelport.com. Consultado em 31 de outubro de 2015
- Ó Siadhail, Mícheál (1980). Learning Irish. [S.l.]: Dublin Institute for Advanced Studies. p. 221. ISBN 0-300-12177-6.
This standard is to an extent based on a 'common core' of all Irish dialects, or the most frequent forms, and partly on random choice
- Hamilton, John Noel (1974). ‘’A Phonetic Study of the Irish of Tory Island.’’ County Donegal. Institute of Irish Studies, The Queen's University of Belfast.
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