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Museu em Caxias do Sul, Brasil Da Wikipédia, a enciclopédia livre
O Museu Municipal de Caxias do Sul é um museu histórico, artístico e etnográfico brasileiro, localizado na rua Visconde de Pelotas, nº 586, em Caxias do Sul, estado do Rio Grande do Sul.
Museu Municipal de Caxias do Sul | |
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Tipo | museu |
Geografia | |
Coordenadas | |
Localização | Rio Grande do Sul, Caxias do Sul - Brasil |
Patrimônio | bem tombado pelo DIPPAHC |
O Museu Municipal, além de mostrar permanentemente seu acervo próprio, oferece visitas monitoradas, uma sala de exposições temporárias, exposições itinerantes, além de diversos projetos de educação patrimonial.
O Museu Municipal de Caxias do Sul foi criado pelo Decreto Municipal nº 2, de 3 de outubro de 1947, pelo intendente Demétrio Niederauer,[1] junto com a Biblioteca Pública Municipal. As duas instituições foram inauguradas 13 de novembro e abertas à visitação em 20 de dezembro do mesmo ano, tendo como diretor o próprio intendente.[2] Durante muitos anos o Museu e a Biblioteca funcionaram num casarão em frente à praça Dante Alighieri, mas o espaço disponível para exposições era muito limitado.[3]
A coleção cresceu sem um critério definido e acumulou uma quantidade de peças sem importância.[4] Em 1965 foi lançada uma campanha para fundir o museu do Centro de Tradições Gaúchas Rincão da Lealdade com o Museu Municipal e torná-lo um museu apenas histórico, descartando suas coleções de história natural e tudo que não tivesse interesse histórico.[5] A proposta gerou polêmica e foi rebatida por Demétrio Niederaurer, que considerava importante a seção de história natural como instrumento didático.[6]
A sede foi demolida em 1967, e o acervo do museu passou para a guarda do Rincão da Lealdade, quando boa parte das peças foi extraviada. O Museu permaneceu esquecido até que em 1974, durante os preparativos para as comemorações do centenário da imigração italiana, programadas para 1975, subitamente a atenção da comunidade se voltou para ele. Para a sua reabertura foi necessário encontrar uma nova sede, sendo escolhido o antigo casarão da família Morandi Otolini. Este prédio, construído em 1884 e ampliado com um pavimento adicional em 1893, foi posto a leilão em 1894 e adquirido pela Intendência Municipal pelo valor de 3,62 contos de réis, servindo inicialmente como prisão, colégio e delegacia de polícia. Em 1919 a sede da Intendência foi lá instalada, onde permaneceu até 1974.[4] Nesta altura o prédio encontrava-se completamente superpovoado, pois nele funcionavam quase todas as secretarias municipais. Decidiu-se, então, que a Prefeitura seria transferida para o grande pavilhão onde até então se realizavam as exposições da Festa da Uva.[7]
Em 1974 o Museu Municipal iniciou o processo de transferência. Sob a coordenação da museóloga Maria Frigeri Horn, o Museu organizou o espaço expositivo em uma sala de exposição permanente, uma sala do século XIX, uma sala do século XX, uma sala de móveis, uma sala de arte sacra e uma para exposições temporárias, além dos espaços administrativos e outros para eventos variados.[9] Uma campanha pública foi lançada na imprensa para recolher doações a fim de reconstituir o acervo disperso.[10] No início de 1975 já era prevista a criação do Arquivo Histórico Municipal, que deveria funcionar nas mesmas instalações do Museu.[9]
Na reabertura em 2 de março de 1975 o acervo tinha cerca de 500 peças. Como primeira diretora foi indicada Maria Horn.[1] Em junho o Museu inaugurou uma nova seção, a Pinacoteca Aldo Locatelli, inicialmente destinada a receber obras de artistas caxienses,[11] e pouco depois foram criadas uma seção de filmes, fotografias e gravações e uma sala para audiovisuais. A instituição renovada foi bem recebida pela comunidade, logo tinha significativa visitação (2.408 visitantes em setembro), organizava variados eventos, supervisionava as atividades do Museu Casa de Pedra e muitas novas doações continuavam ocorrendo.[12][13] Em 5 de agosto de 1976 o Arquivo Histórico foi criado oficialmente, sendo instalado numa casinha de madeira nos fundos do Museu, onde as condições eram extremamente precárias. O Arquivou passou a atuar como um departamento do Museu e na prática as duas instituições funcionavam como uma só, tendo um mesmo diretor.[14][15][16]
Em 1982 o Museu já contava com cerca de 2,5 mil peças, cerca de 700 em exposição permanente, 300 alocadas na Casa de Pedra, e o restante em depósito, havendo um projeto em andamento para aquisição de mais 900 peças de maquinário e ferramentas agrícolas.[8] No mesmo ano foi iniciado um projeto de reorganização completa do já obsoleto sistema de catalogação e tombamento do material.[17] Em 1984, em convênio com a Funarte, obteve verbas para uma reforma das instalações e ampliação do acervo.[18][19] Porém, a reforma foi superficial,[20] e a partir desta época o interesse do poder público diminuiu sensivelmente, os investimentos cessaram, a catalogação e tombamento de novas doações foi paralisada, muitas peças se extraviaram e outras tantas foram emprestadas e jamais retornaram, e com o passar dos anos o prédio começou a evidenciar problemas graves, prejudicando grande parte da coleção que já estava superlotando o pequeno e precário depósito. Levaria mais de uma década para que uma retomada nos trabalhos acontecesse.[21][20]
Em 1996 o Arquivo Histórico finalmente foi transferido para uma sede própria,[14] em 1997 o Museu passou a administrar a capela na réplica da Caxias Antiga no parque da Festa da Uva, e colaborou no projeto de revitalização do conjunto das construções,[22] em 1998 a Casa de Pedra foi restaurada,[23] e no mesmo ano, frente a inúmeros problemas estruturais na sede principal, foi executada uma reforma em profundidade, com substituição da rede elétrica, modernização da cozinha, substituição das instalações hidráulicas e sanitárias, revisão de toda parte de madeira e dos telhados, troca de vidros, cortinas, carpetes e pintura geral. A construção de um novo anexo nos fundos possibilitou criar uma reserva técnica maior e reunir num só espaço todo o acervo disperso em diversos locais e que estava se deteriorando devido às más condições de armazenagem, abriu espaço para a reorganização das salas de exposição, e também para a criação de serviços essenciais como oficina, sala de vídeo, biblioteca, laboratório de restauro e salas de apoio.[20][24][21] O prédio, que é um dos mais antigos da cidade,[25] foi tombado pela Prefeitura em 28 de novembro de 2001.[7]
As atividades e programas do Museu tiveram um impacto positivo no aumento da conscientização da população sobre temas históricos e patrimoniais,[26] embora essa consciência ainda não esteja bem consolidada nem seja ampla, sendo um campo em que ainda há muito por fazer.[25] Muitos projetos sofrem com uma crônica falta de fundos e com a falta de continuidade nas sucessivas trocas de administração.[26]
Seu rico acervo tem grande importância para a história da região colonial italiana em geral e para a história de Caxias em particular.[21][20][27] Conta com mais de 12 mil peças, que ilustram a ocupação indígena anterior do território, a imigração, a tomada de posse e cultivo inicial da terra, e os desdobramentos e mudanças nas principais atividades e profissões ocorridas na área de Caxias do Sul ao longo do processo de urbanização.[7][27]
O acervo conta com artefatos indígenas; apetrechos de viagem; maquinário e ferramental artesanal usado nas atividades agrícolas; objetos de ferro, vidro, louça e cobre usados nas cozinhas e oficinas; móveis, sapatos e roupas; instrumentos técnicos, musicais e acessórios de uso pessoal; peças de arte sacra e, finalmente, objetos derivados das atividades de prestação de serviços, do comércio, do lazer, da cultura e brinquedos.[7][27]
Dentre as peças individuais mais interessantes estão uma rústica máquina para joeirar feijão; um armário de parede inteira, com inúmeros frascos de remédios e objetos farmacêuticos, que pertenceu a uma antiga farmácia hoje demolida; uma máquina registradora; uma grande pintura representando São Marcos, um grupo representando Nossa Senhora da Neve com o Menino e um grupo de São Miguel derrotando o demônio, de autoria de Pietro Stangherlin; uma estátua de Santa Teresa de Michelangelo Zambelli; a estátua de roca de Santa Maria da Misericórdia de Tarquinio Zambelli, e uma Pietà anônima de traços arcaicos.
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