Núpcias Alquímicas de Christian Rozenkreuz
De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
Núpcias Alquímicas de Christian Rosenkreuz (título original: Die Chymische Hochzeit Christiani Rosencreutz. Anno 1459) é o terceiro dos manifestos que deram publicidade à Ordem Rosacruz no início do século XVII.
Foram assinalados vários problemas nesta página ou se(c)ção:
|
Manifestos Rosacruzes:
- 1614 - Fama Fraternitatis
- 1615 - Confessio Fraternitatis
- 1616 - Núpcias Alquímicas de Christian Rozenkreuz
Trata-se de um manifesto rosacruciano publicado em 1616 na cidade alemã de Estrasburgo (anexada à França em 1681). Sua autoria é originalmente desconhecida, tendo sido publicado por Lazarus Zetzner sem menção ao nome do autor. Mais tarde, em sua autobiografia, Johannes Valentinus Andreae (1586–1654) reivindicou tê-lo escrito em 1604. Sua versão em inglês foi publicada em 1690 pela editora Foxcroft, datando a tradução francesa somente de 1928. As traduções para a língua portuguesa começaram com Jan van Rijckenborgh, apresentando sua análise dos aspectos simbólicos presentes na obra. Outra tradução mais moderna para o português surgiu em 2016, por Tereno Telúrio Tertuliano (provavelmente pseudônimo), obtida diretamente do texto original em alemão.[1]
A ação se situa em 1459, “em uma noite antes do dia da Páscoa”, durante os preparativos e meditações do autor/protagonista, Christian Rosenkreuz (CRC), que inusitadamente recebe, por um anjo, o convite para comparecer à festa de núpcias do Rei e da Rainha. O texto é alegórico, poético e satírico, seguindo a tradição dos grandes textos alquímicos, narrando em primeira pessoa as experiências de CRC nos sete dias que se seguem ao convite, culminando com sua instalação como Cavaleiro da Pedra Dourada. Curiosamente, foi na Páscoa de 1459 que a Constituição dos Francomaçons de Estraburgo foi primeiramente assinada, em Regensburg, com uma segunda assinatura pouco depois em Estrasburgo. Essa data se aproxima também da data de impressão da Bíblia de Gutemberg, que começou a ser impressa em Mainz, Alemanha, em 1455, e da primeira Bíblia em alemão, a Bíblia de Mentel, concluída em Estrasburgo em 1466. A obra foi majoritariamente escrita em alemão, contendo ainda trechos em latim e termos latinizados. Nas marginálias ainda se encontram vez ou outra termos em grego e símbolos alquímicos.
A folha de rosto original indica seu conteúdo codificado e esotérico pela inscrição:
"Arcanos publicados de valor; e em favor dos profanos perdidos. Logo: não atira Pérolas a porcos, ou deita rosas a um Burro."
(Arcana publicata vileſcunt; & gratiam prophanata amittunt. Ergo: ne Margaritas obijce porcis, ſeu Aſino ſubſterne roſas.)
De uma grande qualidade literária, esta obra se presta a numerosas interpretações. Ali se revelam aspectos alquímicos, teológicos, astrológicos, alegóricos, psicológicos, espirituais, numerológicos, herméticos e cabalísticos que revelam interesse pela matemática, mecânica, magia e pansofia, de sorte que este manifesto tem sido fonte de inspiração para poetas e alquimistas (os quais têm por objetivo o "Casamento Sagrado") através da força de seu ritual de iniciação envolvendo procissões, enigmas, purificações, morte, ressurreição e ascensão, bem como por causa de seu simbolismo, encontrado desde o início do texto, com no convite para assistir às Bodas Reais. Este convite contém a Mônada Hieroglífica (ou Monas Hieroglyphica), associada a John Dee.
Existem diversas semelhanças nesta alegoria alquímica com passagens bíblicas, como as que fazem referência ao convite para a festa no castelo:
"O reino dos céus é semelhante a um certo rei que celebrou as bodas de seu filho." (Mateus 22:2)