Resistência Alemã
oposição de indivíduos e grupos organizados ao avanço e a consolidação do regime nazista / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
Resistência alemã (Widerstand) foi a oposição de indivíduos e grupos organizados ao avanço e a consolidação do regime nazista entre 1933 e 1945. O seu objetivo era remover o regime e eventualmente assassinar Adolf Hitler, numa tentativa que se produziu em 20 de julho de 1944.[1]
Porém, não deve entender-se o termo "Resistência alemã" como um movimento de resistência unificado na Alemanha similar aos mais coordenados Estado Secreto Polaco, a Resistência francesa e Resistência italiana. No caso alemão, o que existiam eram pequenos grupos, geralmente isolados, incapazes de mobilizar qualquer oposição política e cuja única estratégia real era persuadir líderes da Wehrmacht de lançar um golpe de Estado.
O movimento de resistência na Alemanha nazista consistia em diversas frentes de diferentes adscrições políticas e ideológicas sem ligações estáveis entre si. Em primeiro lugar, existiram frentes vinculadas com o Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD) e com o Partido Comunista da Alemanha (KPD); mas essas frentes devem mais propriamente descrever-se como movimentos de oposição antes do que movimentos de resistência, na medida em que o seu principal objetivo era manter os seus respectivos partidos na clandestinidade com a esperança de avançar na futura mudança política. Nesses grupos existiam exceções, como Julius Leber, vinculado com o SPD, que foi uma figura ativa da resistência.
Também houve resistência por parte do sindicato anarquista União Livre de Trabalhadores da Alemanha (FAUD), que distribuía propaganda antinazi e assistia a população a fugir do país.[2] Outro frente foi a Orquestra vermelha (Die Rote Kapelle), uma organização de espionagem dirigida por Leopold Trepper e conformada por comunistas alemães que trabalharam para a União Soviética e que durante sete anos conseguiu enviar arredor de 1.500 despachos para a União Soviética que permitiram acabar com perto de 200.000 soldados alemães[3] e que conseguiram informar a Moscovo dos planos alemães para invadir a cidade de Kursk.
Também diversas personalidades da igreja cristã, tanto católicos como protestantes, agiram contra o regime, ainda quando o seu papel foi mais simbólico:
uma pequena minoria do clero cristão falou nos seus discursos contra o regime, como os pastores protestantes Dietrich Bonhoeffer e Martin Niemöller ou como o bispo católico Clemens August Graf von Galen. Alguns dos seus discursos inspiraram ações de resistência clara como as do grupo de estudantes da Rosa Branca (die Weiße Rose), vinculados à Universidade de Munique e dirigido pelo professor Kurt Huber. Porém, a Igreja Católica como entidade apenas se opôs ao regime nazi quando ele colidiu com os seus mais profundos valores - no caso, por exemplo, do programa nazi de eutanásia Aktion T4. A Igreja Protestante jamais se opôs diretamente ao regime, ainda quando um número importante de pastores sim o fizeram, vinculados com a Igreja Confessante (Bekennende Kirche).
Outro dos frentes de resistência pode ser denominado como "a resistência não organizada", composta por indivíduos ou grupos muito reduzidos que desobedeciam políticas ou ordens do governo e que realizavam ações consideradas subversivas pelo regime. Neste grupo incluem-se, entre outros, alemães que ajudaram judeus contra a política de Holocausto ocultando-os, obtendo documentações falsas, etc.
Finalmente, existia também uma linha de resistência no interior da própria maquinaria de Estado, nomeadamente no exército e na Abwehr (o órgão de inteligência do Terceiro Reich). Esses grupos lideraram ações conspiratórias contra Hitler em 1938 e novamente em 1939, que foram falidas por diversos motivos. Após a derrota nazi na Batalha de Stalingrado em 1942, os conspiradores tiveram acesso a um nutrido grupo de oficiais convencidos de Hitler estava levando a Alemanha ao desastre. A maior parte dos dissidentes no exército pertenciam à aristocracia prussiana, já que essa era a única classe social que não tinha sido penetrada suficientemente pela ideologia nazi.