Revoluções coloridas
termo político associado à democratização / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
Revoluções coloridas, revoluções de cores ou revoluções de cor é a designação atribuída a uma série de manifestações políticas de oposição que envolveram a derrubada de governos, considerados antiestadunidenses, e a sua substituição por governos pró-ocidentais ou pró-OTAN.
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Ocorridas a partir dos anos 2000, a maior parte dos casos bem-sucedidos de revoluções coloridas ocorreu em países com democracias recentes, ou em processo de democratização, na área de influência ou no território da antiga União Soviética, sendo que o principal resultado efetivo foi a derrubada de governos pró-Rússia e a ascensão ao poder de grupos ou partidos políticos pró-Estados Unidos.[1][2] Alguns autores consideram que tais revoluções foram patrocinadas diretamente pelos Estados Unidos,[3] enquanto outros defendem que isso só foi possível devido à existência de movimentos de oposição locais ou nacionais.[4]
Estas manifestações têm em comum o uso de ação direta, da resistência não violenta (de acordo com os seus apoiantes), um discurso de democratizante, liberalizante e pró-ocidental,[5] destacando-se também o papel central de mobilização desempenhado por algumas ONGs, organizações estudantis e pela mídia.
O sucesso de cada um desses movimentos é variável, mas o seu eco repercutiu em todo o espaço da antiga União Soviética, e alguns líderes como Vladimir Putin, na Rússia, e Aleksandr Lukashenko, na Bielorrússia, tomaram medidas preventivas para impedir a sua expansão. Nos anos 2000, correram revoluções bem-sucedidas desta modalidade na República Federal da Jugoslávia (a Revolução Bulldozer, em 2000), na Geórgia (a Revolução Rosa, em 2003), na Ucrânia (a Revolução Laranja, em 2004), e (ainda o mais violento) no Quirguistão (a Revolução das Tulipas, em 2005).[2] Nestes casos, os grandes protestos se seguiram a eleições disputadas, em que os partidos derrotados acusaram os vencedores de fraude eleitoral, e os protestos acabavam por levar à renúncia ou deposição os governos de situação, acusados considerados por seus opositores como autoritários. Outros processos semelhantes ocorreram sem o mesmo sucesso nos anos 2010, no Egito, Venezuela, Líbia, Síria e Ucrânia. Em alguns casos, as manifestações violentas, o radicalismo das facções envolvidas e o apoio de grandes potências a um dos lados envolvidos na disputa, resultou em processos bem mais violentos, incluindo alguns casos em guerras civis em países do Oriente Médio[6] como na Líbia, Síria[7], Iêmen e, ainda, na ex-URSS, na Ucrânia.
O alcance e o significado dessas "revoluções" ainda estão em discussão, bem como o papel desempenhado por agentes externos, principalmente por norte-americanos — CIA, Open Society Foundations (do magnata George Soros), USAID e o National Endowment for Democracy. Apesar de apoiar esses movimentos e de apresentá-los como puramente nativos ou nacionalistas, críticos os acusam de serem manipulados e maximizam a importância desses agentes externos.
Em 2007, tentou-se expandir essas "revoluções" para a América Latina, com o uso de estudantes e ONGs para fazer oposição a governos de esquerda, como no caso dos opositores de Hugo Chávez, no episódio do referendo à reforma da Constituição da Venezuela, em que os estudantes tiveram um papel importante em oposição.