Língua romanche
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A língua romanche, também chamada de grisão, é uma das quatro línguas nacionais da Suíça, juntamente com a língua alemã, a língua italiana e a língua francesa.[2] Pertence ao ramo reto-românico das línguas romanas, juntamente com o ladino-dolomita, falado na região de Trentino-Alto Ádige, e o friulano, falado no Friul-Veneza Júlia, norte da Itália.
Romanche romontsch, rumantsch, | ||
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Pronúncia: | ʁoˈmɔntʃⓘ rʊˈmantʃⓘ rʊˈmɛntʃⓘ rʊˈmaʊ̯ntʃ rəˈmœntʃ | |
Outros nomes: | Grisão | |
Falado(a) em: | Suíça | |
Região: | Grisões | |
Total de falantes: | 60 000 (2000) [1] | |
Família: | Indo-europeia Itálica Românica Italo-ocidental Galo-ibérica Galo-românica Galo-rética Reto-românica Romanche | |
Escrita: | Alfabeto latino | |
Estatuto oficial | ||
Língua oficial de: | Suíça | |
Regulado por: | Lia Rumantscha | |
Códigos de língua | ||
ISO 639-1: | rm | |
ISO 639-2: | roh | |
ISO 639-3: | roh
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O romanche é utilizado por cerca de 60.000 pessoas,[1] o que representa menos de 1% dos 7,4 milhões de habitantes da Suíça, por isso é considerada uma língua ameaçada de extinção. É a língua oficial menos falada do país, sendo o seu uso, inclusive, superado por outras línguas não oficiais, como o servo-croata e o português, usadas por imigrantes.
A língua surgiu da mistura entre o latim vulgar, falado pelos soldados romanos que no ano de 15 a.C. conquistaram parte da atual região dos Grisões, e a língua récia,[3][4] falada pelos nativos da região dominada.
A origem da palavra "romanche" é desconhecida, porém sabe-se da etimologia de seus dialetos:
Sursilvan: relaciona-se a região de Sursilva - "sur" (acima) e "silva" (selva). É falado na região do Vale do Vorderrhein (Reno anterior).[5]
Sutsilvan: "sut" (abaixo) e "silva" (selva). É falado na região do Vale do Hinterrhein (Reno posterior).[5]
Vallader: "val" (vale). É falado na Baixa Engadina.[5]
Putèr: "put" (mingau) - acredita-se que vem do apelido "comedores de mingau". É falado na Alta Engadina.[5]
Surmiran: vem da região de Sursilva, que por sua vez vem de "sur" (acima) e "meir" (parede). É falado na região dos Vales dos rios Gelgia e Albula.[5]
Jauer: vem do pronome pessoal "jau" (eu). Significa "os que falam jau".[6]
O primeiro registro escrito da língua romanche data de 1552, na forma de uma lição de catecismo chamada Christiauna fuorma, registrada por Jacob Bifrun no dialeto Engadino. Uma tradução em romanche do Novo Testamento foi publicada em 1560.
Até 1938, quando teve o seu status reconhecido, o romanche não era uma língua oficial da Suíça.[7]
O cantão dos Grisões, maior reduto do romanche, é o único considerado trilíngue da Suíça, pois lá são falados também o alemão e o italiano.[8]
Como exemplos de cidades onde a língua romanche é dominante, podem-se citar, entre outras: Disentis/Mustér (75% da população), Zernez (61%) e Müstair (73%).[9]
Por ser uma língua minoritária, os falantes de romanche são obrigados a aprender o alemão, tanto oficial (Hochdeutsch) como o dialeto suíço local (Schwizerdütsch), para ter acesso aos melhores empregos e à maioria das instituições federais no país.[10]
O romanche não se trata de uma Língua única, mas de um conjunto de seis dialetos naturais (sendo eles Sursilvan, Sutsilvan, Vallader, Putèr, Surmiran e Jauer) e um artificialmente criado em 1982, denominado Rumantsch Grischun, cujo objetivo era padronizar a comunicação entre os grupos de falantes.[11]
A ortografia do romanche foi unificada pelo linguista Heinrich Schmid, em 1982. Essa tentativa visava facilitar a comunicação entre os falantes do Baixo Engadino (Vallader), Alto Engadino (Puter), Sobremirano (Surmiran), Subselvano (Sutsilvan) e Sobresselvano (Sursilvan), pois cada grupo tinha sua própria norma ortográfica. Essa nova escrita, chamada Rumantsch Grischun (em romanche), inicialmente não foi muito bem aceita pelos falantes do idioma, mas cada vez mais é difundida pela região.[8] Alguns dialetos possuem diferenças tão marcantes que dois falantes de grupos distintos do romanche podem preferir o alemão para se comunicar.
Abaixo é possível encontrar uma tabela sobre as letras presentes no romanche, em suas versões maiúsculas e minúsculas, assim como os seus respectivos nomes:[12]
Maiúsculas | |||||||||||||||||||||||
A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | X | Z | |
Minúsculas | |||||||||||||||||||||||
a | b | c | d | e | f | g | h | i | j | l | m | n | o | p | q | r | s | t | u | v | x | z | |
Nomes | |||||||||||||||||||||||
a | be | tse | de | e | ef | ghe | ha | i | jot/i lung | el | em | en | o | pe | ku | er | es | te | u | ve | iks | tset |
Dialetos
A diferença entre as variedades de romanche está apresentada nas frases abaixo, que significam "a raposa teve mais uma vez fome" (trecho retirado da fábula A Raposa e o Corvo, presente na seção "Exemplos de textos em Romanche"):
Rumantsch Grischun:
La vulp era puspè ina giada fomentada.
Baixo Engadino (Vallader):
La vuolp d'eira darcheu üna jada fomantada.
Alto Engadino (Putèr):
La vuolp d'eira darcho üna vuota famanteda.
Sobremirano (Surmiran):
La golp era puspe eneda famantada.
Subselvano (Sutsilvan):
La gualp eara puspe egn'eada fumantada.
Sobresselvano (Sursilvan):
L'uolp era puspei inagada fomentada.
Jauer
La uolp d’era darchiau üna jada fomantada.
A distância geográfica e as condições topográficas das regiões na Suíça em que se fala o romanche, somadas a fatores socioeconômicos, foram responsáveis pela fragmentação da língua ao longo dos séculos. As diferentes ortografias são exemplos dessa divisão dialetal.