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Cumarina

composto químico Da Wikipédia, a enciclopédia livre

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As Cumarinas são metabólitos secundários encontrados em diversas plantas, como guaco e erva-doce. São amplamente utilizadas como aromatizantes, em cosméticos, por exemplo. Estas podem ser classificadas como heterosídeos, sendo estruturalmente lactonas do ácido o-hidroxi-cinâmico.[1]

Síntese e Biogênese

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As cumarinas são sintetizadas principalmente através da reação de Perkin, que consiste na reação de um salicilaldeído com o anidrido acético na presença de acetato de sódio anidro e calor. As cumarinas são derivadas do metabolismo da fenilalanina, tendo como um de seus precursores o ácido p-hidróxi-cinâmico, conhecido como ácido-p-cumariníco, que é hidroxilado na posição C-2. Esse derivado sofre isomerização foto catalizada da ligação dupla, dessa forma o isômero E é transformado em isômero Z. Esse se lactoniza espontaneamente, produzindo a umbeliferona. A prenilação do anel benzênico nas posições 6 ou 8 da 7-hidróxi-cumarina é o passo inicial na biogênese das furano- e piranocumarinas. No entanto, a ciclização da 6- ou 8-isoprenilcumarina ocorre por ataque nucleofílico ao epóxido formado pela oxidação na ligação dupla. A biogênese de cumarinas poderá ser induzida em resposta a um estresse biótico ou abiótico, por uma deficiência nutricional, por mensageiros químicos, como os hormônios vegetais e outros metabólitos externos. Como exemplo, a escopoletina e aiapina acumulam-se nos tecidos do girassol (Helianthus annuus L.) após ter sofrido lesão mecânica, ataque por insetos ou inoculação com fungos.[2]

Factos rápidos Nomes, Identificadores ...


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Estrutura química, reatividade e fototoxicidade

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As cumarinas fazem parte dos metabolitos denominados como benzopiranonas e são classificadas como heterosideos. No grupo

das cumarinas, em sua estrutura química há um anel benzênico fundido com uma lactona e seu nome de acordo com a IUPAC é

1,2-benzopirona ou 2H-1- benzopir-2-ona. As cumarinas podem ser subdividas em cumarinas simples, furanocumarinas, piranocumarias e as cumarinas substituídas noanel de lactona dependendo de sua estrutura química. As cumarinas produzem assim metabolitos semelhantes à vitamina K1 que irão competir com a síntese de fatores de coagulação II, VII, IX, X e das proteínas C e S, antagonizando a vitamina K1 e fatores de coagulação do sangue. Por este mecanismo as cumarinas são usadas em raticidas e outros venenos com vista à exsanguinação de mamíferos e outras espécies. Antigamente, as furocumarinas eram também utilizadas no tratamento de doenças de pele como psoríase, no entanto, foram relacionadas com a incidência crescente de câncer de pele, o que se explica pelas suas características tóxicas e a sua capacidade de absorção de raios ultravioleta (UV). A faixa do comprimento absorvida é entre 300 a 400 nm (UVA).[6]

As moléculas de cumarina reagem com DNA, RNA, proteínas e lipídeos ocasionando danos nas células. As

furocumarinas irão ligar as bases pirimídicas do DNA levando a mutações citoplasmáticas na qual, a mais comum é a

fitofotodermatite, caracterizada por erupções bolhosas, hiperpigmentação, eritema e formação de vesículas.[7]

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Espécies botânicas que contêm cumarinas

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Aesculus hippocastanum L.

Nomes populares: Castanheiro-da-índia.

Família: Sapindaceae.

Partes utilizadas: Semente e casca dos ramos

Constituintes: saponinas denominada escina , flavonoides, canferol, quercetina, astragalina, isoquercetina, rutina, triterpenoides friedelina, taraxerol e espinasterol, fitosteróis, epicatequinas, antocianidinas, glicosídeos cumarínicos como a esculetina, escopolina, escopoletina e fraxina, cumarina, Glicosídeos agliconas , taninos, flavonoides e antocianinas.

Efeito: anti-inflamatório, venotônico (aumento do tônus venoso), antiexsudativo e antiedematoso. insuficiência venosa crônica, hemorroidas e veias varicosas e edemas pós-operatórios (Glaucia de Azevedo Saad,2018).[8]

Arnica montana

Nome popular: arnica.

Família: Asteraceae

Partes utilizadas: planta toda.

Constituintes: triterpenos como o ardinol pradiol e arnisterina, além de compostos como: lactonas sequiterpênicas, flavonoides, isoquercetina, luteolina, astragalina, tanino, resinas, cumarinas, carotenoides, arnicina, arnicaína, fitosterina ácido clorogênico, ácido cafeico, tantino, quercetina e lactonas.

Efeitos: antisséptico, anti-inflamatório, analgésico, tônico e estimulante do sistema nervoso.

Observação: essa planta deve ser empregada para uso externo, devido sua toxicidade. O uso interno deverá ser feito somente mediante a prescrição médica.[9]

Bauhinia forficata

Nome popular: Pata-de-vaca, unha-de-vaca, unha-de-boi, mão-de-vaca, mão-de-boi.

Família: Fabaceae.

Parte utilizada: folhas

Constituintes: alcaloides, taninos, cumarinas, esterídes, rutina,quercetina, flavonoides (entre eles a kaempferitrina responsavel pelo efeito hipoglicemiante), glicsídeos, pinitol e ácidos organicos, terpenoides, triterpenos e glicoproteína.

Efeitos: hipoglicemiante, diurética, hipolipemiante, analgésica, anti-inflamatória e antidermatosa.[9]

Justicia pectoralis Jacq.

nomes populares Anador, chachambá, trevo-cumaru, trevo-do-pará

Família Acanteceae

Parte utilizada Folhas

Constituíntes: alcaloides, ligninas, flavonoides e terpenoides, cumarina, saponinas, taninos, antraquinonas e ácidos graxos.

Efeito: antibacteriana, atividade larvicida, estrogênicos, progestogênicos e anti-inflamatórios, antinociceptivo, broncodilatador e analgésico em dores de cabeça.[8]

Lavandula officinalis

Nome popular: Alfazema, lavanda, rosmaninho (na região centro e sul de Portugal)

Família: Lamiaceae

Parte utilizada: toda a planta com preferência nas flores.

Constituintes: óleo essencial, cumarina, asparagina, betaína, tanino, limoneno, sesquiterpenos, gerânio, amiláceos e glicose.

Efeitos: antimicrobiano, expectorante, antiespasmódico, sedativo, carminativo, diurético, cicatrizante, estimulante da circulação periférica (indicado para câimbra), antirreumático, antiasmático, sudorífero, diaforético e antidepressivo (Costa, Eronita de Aquino, 2014).[9]

Leonotis nepetaefolia

Nome popular: Cordão-de-frade

Família: Lamiaceae

Parte utilizada: folhas e talos

Constituintes: terpeno, lactonas, tanino, cumarinas, diterpeno, lactonas sequiterpênicas, flucoside, diterpeno metoxipetefolio, ácido labdânico, álcoois terpênicos, nepetefolinol e leonitina.

Efeitos: adrenérgico, balsâmico, antiespasmódico, diurético, estomáquico, carminativo, calmante, febrífuga, boncodilatadora, anti-hemorrágica e antirreumática (Costa, Eronita de Aquino, 2014).[9]

Matricaria chamomilla; Chamomila recutita

Nome popular: camomila

Família: Asteraceae.

Partes utilizadas: flores.

Constituintes: flavonoides, camazuleno, cinarina, mucilagem, colina, terpenos, cumarinas,motricina, pró-camazuleno, oleoessencial de sesquiterpenos, ácido antêmico, antesterol, apigenina, ácido tônico, inositol e apigenol.

Efeito: antiespasmódica, antidiarreica, analgésica, antialérgica, anti-inflamatória, antimicótica, carminativa, calmante, sedativa, antinevrálgica, diurética, descongestionante, diaforética, antibacteriana e espamódica (Costa, Eronita de Aquino, 2014).[9]

Mikania glomerata

Nome Popular: Guaco, erva-de-serpentes, cipó-catinga, erva-de-cobra, uaco, erva-cobre e guaco-do-cheiro.

Família: Asteraceae

Partes utilizadas: folhas.

Constituintes: óleo essencial, taninos, saponinas, substância amarga (guacina), cumarinas, guacosídeo. Partes utilizadas: folhas

Efeitos: anti-inflamatório, broncodilatador, expectorante, antiespasmódicos, antiprotozoários (parasitas), anti-cândida e uma pequena atividade contra outras bactérias.[8]

Mikania hirsutissima

Nome popular: cipó-cabeludo

Família: Asteraceae

Parte utilizada: folhas.

Constituintes: Catequinas, flavonoides, óleo essencial, cumarina, tanino, saponinas, resinas, favonas e ácidos terpênicos.

Efeito: Anti-inflamatório, antirreumático, antinevralgico, antialbuminurgico, diurético e antiarrítimico.[9]

Pimpinella anisum

Nome popular: anis, anis verde e erva-doce

Família: Apiaceae

Parte utilizada: folhas e flores

Constituintes: óleo essencial, acetaldeído, enxofre, glicerídeos, terpenos, ácido esteárico, ácido oleico, anetol e cumarina.

Efeitos: carminativo, diurético. Antisséptico, expectorante, antiespasmódico, estimulante geral das glândulas digestivas, estomático e sedativo.[9]

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Ações biológicas

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Em estudos de 2003, cumarinas apresentaram atividade antiprotozoária “in vitro”, como o combate às tripomastigostas da especia Trypanosoma cruzi. Em estudos de 2002, derivados cumarínicos e furanocumarínicos se mostraram promissores anti-hipertensivos e/ou espasmolíticos; o Ostol, derivado cumarínico, se tornou um candidato ao tratamento da impotência. Ainda, observa-se atividade antibacteriana e antiviral das cumarinas. Outros estudos, demonstram a atividade antioxidantes e anti-inflamatórias das cumarinas.[10]

As cumarinas, frequentemente, são empregadas como anticoagulante, antitumoral, antifúngico, pesticida, aromatizante, tendo odor agradável e doce, além para o tratamento de asma.[11] Em estudos, realizados em 2005, sobre plantas medicinais utilizadas por alguns índios, demonstrou ainda, atividade antinocieptiva e broncodilatora. Tais ações são atribuídas graças a presença de cumarinas na composição. Por esse motivo, é utilizada popularmente no tratamento de doenças respiratórias.[8]

As cumarinas possuem propriedades fotossensibilizantes sendo assim responsável pela repigmentação, desta forma, vem sendo  empregados para o tratamento do vitiligo medicamentos a base de cumarinas.[12] A varfarina é um anticoagulante que vem sendo utilizado na prevenção de eventos tromboembólicos, o mesmo é composto por dicumarol que é o agente anticoagulante descoberto por Karl Paul Link. O dicumarol foi aperfeiçoado como hidroxicumarina na década de 50 e vem sendo administrado por via oral em seres humanos.[13]

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Usos na medicina tradicional

As cumarinas são utilizadas tradicionalmente como broncodilatadores e expectorantes no tratamento de doenças respiratórias como a asma, bronquite, gripe, tosse e resfriado. Possuem propriedades analgésicas, antipirética e anti-inflamatória para febres, dores estomacais, reumatismo, inflamações intestinais e úlceras, além de terem ação como anticoagulante no tratamento de distúrbio da coagulação sanguínea.[14]

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Medicamentos fitoterápicos à base de cumarina

Xarope de guaco: Indicações → expectorante.

Tintura de guaco: Indicações → expectorante.

Tintura de Erva-Doce: Indicações → anorexia, dispepsia; distensão abdominal, flatulência, digestão lenta, diarréia pastosa, cólicas abdominais e menstruais e hipogalactia.

Tintura de Laranja da Terra: Indicações → gripes e resfriados, tosse com expectoração, alergias respiratórias, ansiedades, dispepsias, cólicas abdominais, auxiliar no controle da obesidade.

Xarope Expectorante de Guaco e Laranja da Terra: Indicações → o xarope à base de carboximetilcelulose composto é indicado para pacientes diabéticos que devem evitar o uso de mel e açúcar. Bronquite, gripes e resfriados, alergias respiratórias, tosses rebeldes, faringites e amigdalites.

Loção Antiparasitária com Arruda, Boldo e Melão de São Caetano: Indicações → pediculose.

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Referência

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