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João Chagas

político português Da Wikipédia, a enciclopédia livre

João Chagas
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 Nota: Se procura outro significado de Pinheiro Chagas, veja Pinheiro Chagas (desambiguação).

João Pinheiro Chagas GCSE (Rio de Janeiro, 1 de setembro de 1863Lisboa, 28 de maio de 1925),[2] mais conhecido por João Chagas, foi um jornalista, escritor, diplomata e político português, tendo sido o primeiro presidente do Ministério (atual primeiro-ministro) da I República Portuguesa.[3][4]

Factos rápidos Presidente do Ministério de Portugal, Período ...

Jornalista, escritor, crítico literário, político, diplomata e conspirador, João Chagas foi, acima de tudo, um republicano liberal, ideal que abraçou até à morte e que, por diversas vezes, lhe custou a prisão e o degredo. Deixou uma das obras mais importantes, e por isso mesmo mais injustamente esquecida, do jornalismo político, de ideias e de doutrinação democrática publicadas em Portugal, sendo autor de alguns dos textos basilares para a compreensão do processo formativo, evolução e parâmetros ideológicos do republicanismo português.

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Biografia

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Perspectiva

João Pinheiro Chagas, nasceu no Rio de Janeiro, Brasil no dia 1 de Setembro de 1863, filho de João Pinheiro Chagas, um emigrante português tio de Manuel Joaquim Pinheiro Chagas, e de sua mulher Maria Amélia Rosa Pereira, filha de António Gonçalves Pereira e de sua mulher Zelita Rosa Pereira.

Estudou em Lisboa, rumando ao 16 anos para o Porto. Com 20 anos começa a colaborar com O Primeiro de Janeiro e regressando a Lisboa começa a publicar nos jornais Tempo, Correio da Manhã e O Dia.[4]

Por ocasião do ultimato britânico de 1890, adere ao Partido Republicano Português, sendo no ano seguinte implicado na Revolta de 31 de Janeiro de 1891. Foi degredado para a colónia penal em Angola, por um período de seis anos. Chegado a Angola, foi encaminhado para um estabelecimento secundário, em Moçâmedes. A 1 de Novembro de 1891 fugiu, regressando a Portugal através de Paris. Preso uma segunda vez, foi novamente enviado para Angola para completar a sentença, mas fugiu novamente, desta vez para o Brasil, e continuou a lutar pela causa republicana. Sobre a sua experiência do degredo, escreveu Trabalhos Forçados (1900) e Diário de um Condenado Político (1913).[5]

Fez parte da Maçonaria, tendo sido iniciado em 1896 na loja Luís de Camões, com o nome simbólico de Armand Carrel.[6]

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"João Chagas nas suas horas de leitura", fotografia de Joshua Benoliel (c. 1910)

Chagas viria a fundar em Lisboa A Marselhesa[7] (1897-1898) e a ser director de O País (1898), A Lanterna (1899) ou Batalha (1900).[4] Entre outros exemplos de colaboração em publicações periódicas, citem-se os títulos O Berro[8] (1896) e Branco e Negro[9] (1896-1898) e A Paródia[10] de Rafael Bordalo Pinheiro (1900-1907).

Tendo sido um dos mais activos oponentes da ditadura de João Franco, entre 1906 e 1908, com o triunfo da República, em 1910, João Chagas foi nomeado representante diplomático português em Paris, cargo do qual acabou por se demitir, em duas ocasiões, por discordar do modelo político seguido pelos governantes.[11]

Foi Ministro dos Negócios Estrangeiros Interino entre 3 de setembro de 1911 e 12 de outubro de 1911 (interino) e duas vezes Primeiro Ministro (chefe de governo), a primeira das quais de 3 de setembro a 12 de novembro de 1911.[11]

Tentativa de assassínio

Em 1915, na sequência da Revolta de 14 de Maio de 1915, o senador João José de Freitas decidiu eliminar João Pinheiro Chagas, então indigitado para substituir o general Pimenta de Castro na presidência do Governo. Na estação da Barquinha, nos arredores do Entroncamento, na noite de 16 para 17 de Maio entrou na carruagem onde viajava o potencial chefe do novo governo acompanhado pela esposa e desferiu cinco tiros de pistola, três dos quais atingiram João Pinheiro Chagas de raspão na cabeça e arrancaram-lhe um olho.[12] O senador transmontano foi, entretanto, dominado pelo Dr. Paulo José Falcão que viajava com Chagas. Entregue à Guarda Nacional Republicana, que entretanto acorrera, João de Freitas, ainda tentou fugir e pegar, de novo, na pistola. Mas acabou por ser atacado por populares, sendo abatido pela GNR com um tiro de carabina.[13] Segundo o periódico evolucionista A Vanguarda do dia imediato, o linchamento de João José de Freitas foi um lento martírio, já que até fel lhe deram a beber antes de o matarem.[14]

Falecimento

João Chagas faleceu aos 61 anos, vítima de aortite, a 28 de maio de 1925, no Hotel Avenida Palace, freguesia de Santa Justa, nos Restauradores, em Lisboa. Encontra-se sepultado no Cemitério do Alto de São João, na mesma cidade.[2]

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Homenagens

João Chagas recebeu a Grã-Cruz da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico a 20 de Março de 1919.[15]

Ver também

Referências

  1. Conceição Meireles Pereira (28 de agosto de 2010). «João Chagas, o jornalista panfletário». Jornal Público. Consultado em 5 de Maio de 2014
  2. Coates, Timothy J. (agosto de 2018). «The Depósito de Degredados in Luanda, Angola: Binding and Building the Portuguese Empire with Convict Labour, 1880s to 1932». International Review of Social History (em inglês) (S26): 151–167. ISSN 0020-8590. doi:10.1017/S0020859018000263Acessível livremente. Consultado em 1 de janeiro de 2024
  3. Oliveira Marques, A. H. de (1985). Dicionário de Maçonaria Portuguesa. Lisboa: Delta. p. 335
  4. Rita Correia (28 de abril de 2006). «Ficha histórica:A marselheza : supplemento de caricaturas (1897-1898)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 12 de Setembro de 2016
  5. Rita Correia (26 de Setembro de 2012). «Ficha histórica: O Berro : caricaturas de Celso Herminio (1896)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 7 de Julho de 2014
  6. Álvaro Costa de Matos (11 de julho de 2013). «Ficha histórica:A paródia.» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 19 de Maio de 2014
  7. Plano Nacional de Leitura (2010). «República nas escolas: João Pinheiro Chagas». Centenário da República Portuguesa (1910-2010) (Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República). Consultado em 5 de Maio de 2014
  8. Sobre o atentado, João Pinheiro Chagas escreveria: Recebi três tiros dos cinco que despejou sobre mim, de surpresa, estando eu sentado ao lado de minha mulher, num compartimento de primeira classe. Em resultado desta agressão, perdi o olho direito. (...) Dez dias, creio eu, estive num quarto do hospital de São José. Minha mulher não me abandonou um minuto. Durante dez dias não dormiu. Nos meus curtos sonos senti sempre a sua mão na minha e nunca pronunciei o seu querido nome que a sombra do seu rosto não se projectasse sobre o meu. Quando os meus médicos, já tranquilizados, começaram a desaparecer, foi ela que os substituiu, quem fez o penso do meu braço ferido e partido, quem tratou o meu olho despedaçado. Cf: Diário de João Chagas, 1915-1917, Lisboa : Livraria Editora, 1930.
  9. Terra Quente, edição de 15 de Maio de 2002.
  10. Raul Brandão afirma: No comboio prenderam-no, agarraram-no e entregaram-no aos sicários, que o mataram lentamente, no Entroncamento. Arrancaram-lhe as barbas e torturaram-no até ao último suspiro. Por fim enterraram-no como um cão, por ordem do administrador de Torres Novas. Cf.: Raul Brandão, Memórias, volume III, pp. 72-79. Lisboa : Seara Nova, 1933.
  11. «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "João Chagas". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 4 de Maio de 2014
Fontes
  • Vasco Pereira, A Vida de João Chagas - de degredado de 1.ª classe a Primeiro-Ministro, com texto introdutório de João Medina, Lisboa, 2005.
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Ligações externas

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