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Mecenato

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Mecenato
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 Nota: "Mecenas" redireciona para este artigo. Para outros significados, veja Mecenas (desambiguação).

Mecenato é um termo que indica o incentivo e patrocínio de artistas e literatos, e mais amplamente, de atividades artísticas e culturais. O termo deriva do nome de Caio Mecenas (68–8 a.C.), influente conselheiro do Imperador romano Augusto, que formou um círculo de intelectuais e poetas, sustentando sua produção artística.[1]

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Cosme de Médici, um dos mais importantes mecenas do Renascimento.

O comportamento de Mecenas tornou-se um modelo e vários governos valeram-se de artistas e intelectuais para melhorar a própria imagem. O termo mecenas, nos países de línguas neolatinas, indica uma pessoa dotada de poder ou dinheiro que fomenta concretamente a produção de certos artistas e literatos. Num sentido mais amplo, fala-se de mecenato para designar o incentivo financeiro de atividades culturais, como exposições de arte, feiras de livros, peças de teatro, produções cinematográficas, restauro de obras de arte e monumentos.[1]

Esse tipo de incentivo à arte tornou-se prática comum no período renascentista, que buscava inspiração na Antiguidade grega e romana, e vivenciava um momento de pujança econômica com o surgimento da burguesia.[1]

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História

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Perspectiva


Em O Olhar Renascente: Pintura e Experiência Social na Itália da Renascença, o historiador Michael Baxandall concebe a pintura italiana do século XV como o testemunho da relação social que se deu entre o pintor e o mecenas. O estudo da relação entre esses indivíduos, respectivamente entendidos como o profissional e o cliente dentro de uma dinâmica comercial e financeira, é capaz de nos revelar aspectos importantes acerca das representações sociais e das práticas econômicas da época, elementos que estariam concretamente materializados na pintura. Nesse sentido, o mecenato do Quattrocento caracterizou-se pelo papel ativo do mecenas, que estava profundamente inserido em todas as etapas de produção da obra pictórica: da encomenda e da exigência da execução de acordo com as suas especificações, com mais ou menos detalhes, até seu usufruto.[2]

O mecenato ocorre por diferentes razões: o mecenas pode obter satisfação em possuir e contemplar um objeto artístico de boa qualidade, prestar serviços à cidade ou à Igreja através do embelezamento do patrimônio público, estabelecer relações diplomáticas com pessoas de prestígio, ou ainda promover a própria imagem e memória pela demonstração de opulência e afirmação do status quo. Entretanto, seja qual for o pretexto da encomenda de uma pintura na Itália do século XV, a lógica socioeconômica permanece: o mercado artístico da época era completamente diferente do modelo mercantil atual, que, dentro de uma perspectiva marcadamente romântica, espera da pintura a expressão máxima do individualismo do pintor. O século XV teria sido, em contrapartida, um período em que o artista era empregado e controlado por um indivíduo ou um pequeno grupo que ditava a produção artística.[3]

O caráter econômico do mecenato é melhor revelado quando se analisa as modalidades de pagamento da peça pictórica. Nessa perspectiva, o mecenas renascentista poderia pagar suas pinturas por pés quadrados ou em função dos materiais utilizados e do tempo gasto na produção. Em relação às tinturas, é interessante notar que havia uma intensa preocupação em especificar nos contratos a tonalidade e a qualidade dos recursos. Depois do ouro e da prata, o azul ultramarino era o pigmento mais caro da Itália do século XV, e não à toa: ele era produzido a partir do pó do lápis-lazúli, que, por sua vez, era importado do Oriente. Para evitar falsificações e perdas financeiras, então, os mecenas eram muito meticulosos na redação de seus contratos. Isso nos ajuda a entender a complexidade da percepção artística e da racionalidade econômica da Época Moderna, em especial as do Renascimento.[4]

Um exemplo de manifestação política de patrocínio pode ser rastreado na família Médici em Florença no século XV.

Em 2010, os dois conhecidos multibilionários Bill Gates e Warren Buffett lançaram a campanha The Giving Pledge. É uma tentativa de "fazer com que as famílias ricas pensem em como podem usar sua riqueza com sabedoria". No início de agosto, eles já haviam convencido 40 bilionários a doar pelo menos metade de seus ativos para instituições de caridade. Além disso, Buffett anunciou que queria deixar 99% de seus ativos para caridade após sua morte.

De acordo com o pesquisador de elite Michael Hartmann, um novo patrocínio surgiu recentemente, uma reminiscência do patrocínio dos príncipes da Renascença a artistas como Michelangelo ou Leonardo da Vinci. Os ricos podem ganhar poder e influência diretamente no setor cultural e em outros setores, como grande parte dos setores educacional e social nos EUA, por meio de suas doações, patrocínios e fundações. Hoje em dia, por exemplo, os aspectos pedagógicos ou científicos desempenham cada vez menos papel na seleção do tema de um museu, mas sim a questão de quais patrocinadores de tópicos podem ser encontrados.[5]

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Referências

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