Midídeos

Midídeos (cientificamente denominados Mydidae por Pierre André Latreille, em 1809; popularmente denominados, em inglês, Mydas flies; na tradução para o português, "moscas Midas")^[4][5][7] são uma família de insetos cosmopolitas e principalmente tropicais da ordem Diptera e superfamília Asiloidea, contendo um grupo relativamente raro de moscas alongadas e com antenas terminadas em clava, atualmente composto por 11 subfamílias,^[3][4][8] 66 gêneros e cerca de 498 espécies,^[9] incluindo a maior mosca do mundo: Gauromydas heros, encontrada no Brasil e que pode atingir os 7 centímetros de comprimento corporal; reunida junto com algumas outras espécies também miméticas de insetos da ordem Hymenoptera, especialmente de vespas da família Pompilidae,^[3] não apenas as mimetizando na forma e cor aposemáticas, mas também em seu comportamento de defesa, emitindo zumbidos e movimentos de ataque como se fossem ferroar.^[6][9]

Midídeos
Mosca da família Mydidaeː espécie Mydas maculiventris,[2] fotografada em Palm Beach na Flórida, Estados Unidos.
A maior mosca do mundo: Gauromydas heros, encontrada no Brasil e que pode atingir os 7 centímetros de comprimento corporal.[3] Indivíduo fotografado na Região Sudeste do Brasil, em Cotia, São Paulo.
Classificação científica
Reino: Animalia Filo: Arthropoda Classe: Insecta Ordem: Diptera Subordem: Brachycera Superfamília: Asiloidea Família: Mydidae Latreille, 1809[4][5]
Sinónimos
Mydaidae (sic)[6]

Hábitos

Adultos midídeos estão frequentemente associados a matéria vegetal, como flores, essencialmente se alimentando destas; porém as fêmeas de algumas espécies parecem não se alimentar quando adultas. Grande parte da biologia das larvas desta família é citada em estudos referentes a associação com ninhos de formigas-saúva (Hymenoptera Formicidae), vivendo nas "panelas de lixo" de seus formigueiros, onde resíduos de plantas se acumulam e atraem vários Coleoptera, especialmente alguns Scarabaeoidea que possam lhes servir de alimento através de predação.^[3] Larvas de mosca Chrysomydas foram encontradas em estipe apodrecido de coqueiro (Cocos nucifera L.) e foram criadas em laboratório, alimentadas com larvas de besouros Elateridae e Scarabaeidae e também com minhocas.^[9]

• 
  Mosca Mydidae da Austrália, em Perth, com a cor de uma vespa e pousada em flores. Espécie Diochlistus paragracilis.

Distribuição

O conhecimento da fauna de Mydidae indica que a maior parte da diversidade de espécies ocorre na região afro-tropical, mais especificamente na Namíbia e no oeste da África do Sul,^[10] havendo faunas regionais bastante conhecidas, por exemplo, na América do Norte, Austrália ou Chile.^[11] Em 2024 eram citadas pelo INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), na região neotropical, 116 espécies em 21 gêneros, sendo que, para o Brasil, foram registradas 30 espécies em 11 gêneros,^[9] a maioria na subfamília Mydinae.^[12] A Península Ibérica também tem espécies de moscas dessa família, nos gêneros Syllegomydas e Leptomydas, com uma única espécie portuguesaː Leptomydas lusitanicus,^[13][14] cujo abdômen é listrado de amarelo-pálido, nos machos, ou com tonalidades vermelhas, nas fêmeas, demonstrando dimorfismo sexual.^[15]

• 
  Única mosca Mydidae de Portugalː Leptomydas lusitanicus.^[13] Fotografia da cópula, o macho acima e a fêmea, de abdômen avermelhado,^[15] abaixo.

Referências

1. «fly - Mydas maculiventris» (em inglês). BugGuide. 1 páginas. Consultado em 31 de agosto de 2025
2. «fly - Mydas maculiventris» (em inglês). BugGuide. 1 páginas. Consultado em 31 de agosto de 2025
3. Calhau, Júlia; Lamas, Carlos José Einicker (2016). «Family Mydidae» (em inglês). Zootaxa 4122 (1) (ResearchGate). 1 páginas. Consultado em 31 de agosto de 2025
4. «Family Mydidae - Mydas Flies» (em inglês). BugGuide. 1 páginas. Consultado em 31 de agosto de 2025
5. «Mydidae Latreille, 1809». SiBBr - Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira. 1 páginas. Consultado em 10 de setembro de 2025
6. CARRERA, Messias (1980). Entomologia Para Você 5ª ed. São Paulo, Brasil: Nobel. p. 125. 186 páginas. ISBN 85-213-0028-X
7. «Genus Mydas» (em inglês). BugGuide. 1 páginas. Consultado em 31 de agosto de 2025
8. BORROR, Donald J.; DELONG, Dwight M. (1969). Introdução ao Estudo dos Insetos. São Paulo: Editora Edgard Blücher/Editora da Universidade de São Paulo. p. 389. 654 páginas
9. RAFAEL, José Albertino; MELO, Gabriel Augusto Rodrigues de; CARVALHO, Claudio José Barros de; CASARI, Sônia Aparecida; CONSTANTINO, Reginaldo (2024). Insetos do Brasil: Diversidade e Taxonomia (PDF). 2ª Edição Revisada e Ampliada. Manaus: INPA (Wayback Machine). p. 813. 880 páginas. ISBN 978-65-5633-046-4. Consultado em 31 de agosto de 2025
10. Lyons, Kathleen M.; Dikow, Torsten (29 de dezembro de 2010). «Taxonomic revision of Ectyphus Gerstaecker, 1868 and Parectyphus Hesse, 1972 with a key to world Ectyphinae (Insecta, Diptera, Mydidae)» (em inglês). ZooKeys (73) (NIH). 1 páginas. Consultado em 31 de agosto de 2025. Current knowledge of the Mydidae fauna indicates that most of the species diversity occurs in the Afrotropical Region, specifically in Namibia and western South Africa.
11. Dikow, Torsten (22 de outubro de 2010). «New species and new records of Mydidae from the Afrotropical and Oriental regions (Insecta, Diptera, Asiloidea)» (em inglês). ZooKeys (64) (NIH). 1 páginas. Consultado em 31 de agosto de 2025. The taxon is distributed in warmer climates throughout the world, but shows the highest species diversity in southern Africa. Although regional faunas are in several instances fairly well known, e.g., North America, Australia, or Chile.
12. Lamas, Carlos José Einicker (2013). «Análise cladística de Mydinae (Diptera, Mydidae)». FAPESP. 1 páginas. Consultado em 31 de agosto de 2025. A subfamília Mydinae, objeto de estudo deste trabalho, inclui as maiores moscas conhecidas do mundo, distribuindo-se exclusivamente nas Américas e encerrando quase a totalidade das espécies brasileiras de Mydidae.
13. Hjorth-Andersen, Miguel Carles-Tolrá (2002). «MONOGRAFÍAS S.E.A. — vol. 8ː Catálogo de los Diptera de España, Portugal y Andorra (Insecta)» (PDF) (em espanhol). Sociedad Entomológica Aragonesa (S.E.A.). p. 107. 323 páginas. Consultado em 31 de agosto de 2025
14. Carles-Tolrá, Miguel (31 de dezembro de 2014). «Hispanomydas hispanicus Arias, 1914, un sinónimo de Syllegomydas bueni Arias, 1914 (Diptera: Mydidae)» (PDF) (em espanhol). Boletín de la Sociedad Entomológica Aragonesa (S.E.A.), nº 55. p. 299–301. Consultado em 31 de agosto de 2025
15. «Leptomydas lusitanicus». Naturdata - Biodiversidade em Portugal. 1 páginas. Consultado em 31 de agosto de 2025

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