Top Qs
Linha do tempo
Chat
Contexto

Quarto poder

Da Wikipédia, a enciclopédia livre

Remove ads
 Nota: Não confundir com Poder Moderador.

O quarto poder trata-se de uma expressão utilizada para declarar que o jornalismo e os meios de comunicação de massa podem exercer determinada influência sobre a sociedade. O termo é assim chamado porque tem como referência os Três Poderes do Estado Democrático que regem a sociedade (Legislativo, Executivo, Judiciário).[1] O termo é utilizado quando se pretende discutir em como a imprensa atua na sociedade no enquadramento de notícias que são levadas a conhecimento público, incluindo a agenda política sobre debates, eleições, atos legais ou ilegais que acontecem na sociedade.[2] Existem várias discussões dispostas em pesquisas acadêmicas sobre como a influência da grande mídia pode afetar as decisões sociais, a opinião pública, a agenda comunicativa e quais notícias chegam à população.[3]

Remove ads

Definições conceituais

Resumir
Perspectiva

Há pelo menos três definições conceituais que atribuem à imprensa (mídia) a função de quarto poder. Dentre as definições mais utilizadas estão: o Fourth Estate, o Fourth Branch e o Poder Moderador.[4]

Fourth estate (ou contrapoder)

Foi originado na tradição liberal britânica e influenciado pelo pensamento político inglês do século XIX, sendo ainda difundido principalmente pelos autores Thomas B. Macaulay e Thomas Carlyle. Neste conceito de quarto poder, o papel da imprensa está em servir de guardião dos propósitos dos cidadãos contra os abusos de poder. Para cumprir esse papel, é necessário que a imprensa adote uma postura independente em relação aos grupos dominantes. A concepção de Estado utilizada no conceito de Fourth Estate refere-se à organização social do Feudalismo em torno de Três Estados. O Primeiro Estado correspondia ao Clero, o Segundo Estado à Nobreza e o Terceiro Estado aos Comuns. O Primeiro e o Segundo Estados se representavam na Casa dos Lordes, enquanto o Terceiro Estado se representava na Casa dos Comuns. Assim, definir a imprensa como um quarto Estado significava atribuir-lhe o papel de "representante dos interesses da sociedade como um todo, para além dos que se faziam representar no Parlamento."[4] É também nesta definição que podemos encontrar o conceito de Cão de Guarda (ou watchdog) um de seus principais prolongamentos.

Fourth branch (ou o equilíbrio entre os poderes)

Sua origem está relacionada à divisão de poderes do governo, como apresentado por Montesquieu: "De acordo com ele, para evitar o abuso de poder, é preciso que 'o poder freie o poder".[4] Desenvolvido de forma particular nos Estados Unidos, este conceito sugere a divisão de poderes em: Legislativo (criação de leis), Executivo (administração de negócios do governo) e Judiciário (julgamento e punição). Mas seu propósito fundamental está na construção de três poderes independentes, onde os três têm o direito constitucional de fiscalizar os outros. Além disso, para que liberdade política seja plenamente desenvolvida é preciso que cada um dos poderes sejam exercidos por agentes diferentes. A imprensa tem caráter meramente informativo. De outra forma e se não tiver um órgão controlador, passará a manipular informações em benefício próprio ou com objetivo de disseminar ideologias através das mensagens sub-liminares.

Poder moderador (ou o superpoder)

Assim como acontece no conceito anterior, o Poder Moderador também é influenciado pela divisão de poderes, e tem como uma de suas principais referências, o filósofo Benjamin Constant. Para Constant, a solução para o dilema político vivido em sua época estava na criação de um quarto poder neutro (Poder Moderador ou Real) e na monarquia constitucional como regime do governo. Seu pensamento então foi referência para a primeira constituição brasileira, de 1824, mas em 1889, a implantação do regime republicano trouxe o "fim da existência legal do Poder Moderador".[4] O conceito de Poder Moderador concebe a imprensa como a responsável por arbitrar os conflitos entre os três poderes e também por defender o interesse público. Para o professor Afonso de Albuquerque, atualmente, "o jornalismo brasileiro não opera de fato como um Poder Moderador, mas é o papel que se propõe a desempenhar. Este busca legitimar seu papel político por referência a modelos estrangeiros e reivindica sua autonomia e liberdade de imprensa."[4] Desse modo, a imprensa brasileira trataria suas questões políticas de modo ativo, e intervindo de forma arbitrária na política do país, assumindo para si um papel de solucionar as causas de interesse do bem comum. Essa característica rompe com o modelo basilar de jornalismo independente dos Estados Unidos que o Brasil procura incorporar. Enquanto a imprensa americana se baseia na realidade dos fatos e na objetividade,  a imprensa brasileira assume um papel de intérprete da realidade. Em outra versão, o Ministério Público é colocado ao lado da imprensa, cumprindo indevidamente essa função de quarto poder do Estado.[5][6]

Remove ads

Referências culturais

Resumir
Perspectiva

Sobre o tema, há um filme de 1997 cujo título original é Mad City (O Quarto Poder (título no Brasil) ou Cidade Louca (título em Portugal)). O filme discute o poder dos Meios de Comunicação de Massa sobre a opinião pública, fazendo uma espécie de jogo com as emoções. O filme fala do poder e dos métodos de manipulação da mídia para favorecer os interesses de particulares, e da conquista de público cativo (audiência). Outro filme pouco conhecido e que também retrata a influência da Mídia, é o longa alemão de 2012, The Fourth State.

A série americana House of Cards também explora bastante as relações entre a mídia e os outros poderes, abordando a influência jornalística sobre nomeações de ministros de Estado, escândalos pessoais de figuras públicas e disputas eleitorais, por exemplo. A série tem como temas centrais política, ambição e poder, acompanhando a história de um parlamentar americano que usa estratégias manipuladoras para chegar à presidência dos Estados Unidos.

Outra série que também aborda sobre o poder da influência da mídia sobre a sociedade é The Newsroom, que relata a jornada de uma equipe de repórteres engajados e manter um jornal no ar sem perder a qualidade, buscando apresentar somente informações de interesse público. São apresentadas as temáticas centrais como ética, censura e liberdade de expressão, além de tratar das dificuldades que os profissionais possam ter em manter a sociedade bem informada.

Ampliando a temática, existe o filme O Quinto Poder, baseada na história da organização WikiLeaks. Apesar do termo recente e não muito discutido, tem como candidata a Internet como veículo de informação que seja tão quanto ou mais influente do que os jornais tradicionais que representaria o quarto poder, produtora de debates.

Remove ads

Ver também

Referências

  1. de Albuquerque, Afonso (junho de 2019). «As três faces do quarto poder» (PDF). Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho “Comunicação e Política”, do XVIII Encontro da Compós, na PUC-MG, Belo Horizonte, MG. Consultado em 6 de setembro de 2020
  2. Rinaldi, Mayara (24 de junho de 2008). «A relação do jornalismo com a política». Observatório da Imprensa. Consultado em 6 de setembro de 2020
  3. de Albuquerque, Afonso (junho de 2009). «As três faces do quarto poder» (PDF). Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho “Comunicação e Política”, do XVIII Encontro da Compós, na PUC-MG, Belo Horizonte, MG. Consultado em 6 de setembro de 2020
  4. Albuquerque, Afonso (2009). «As Três Faces do Quarto Poder». Consultado em 4 de abril de 2018
  5. MPU. «Dúvidas Freqüentes». Consultado em 5 de Outubro de 2015
  6. LOPES, João (28 de dezembro de 2012). «O Ministério Público e o Quarto Poder». Brasilia. Conteudo Juridico. Consultado em 5 de outubro de 2015
Remove ads

Ligações externas

Loading related searches...

Wikiwand - on

Seamless Wikipedia browsing. On steroids.

Remove ads