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Reaganing

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"Reaganing" é o quinto episódio da quinta temporada da série de televisão de comédia de situação norte-americana 30 Rock, e o 85.° no total da produção. Foi realizado por Todd Holland e teve o seu enredo escrito por Matt Hubbard, que também desempenhava a função de co-produtor executivo. Hubbard recebeu uma nomeação a um Prémio Emmy pelo seu trabalho no argumento do episódio, cuja transmissão original nos Estados Unidos ocorreu através da rede de televisão National Broadcasting Company (NBC) na noite de 21 de Outubro de 2010. O episódio contou com participações especiais de Seth Kirschner, Jee Young Han, e Jen Ponton. O ator Kelsey Grammer também fez uma participação desempenhando uma versão fictícia de si mesmo.

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O episódio centra-se nos dilemas emocionais de Liz Lemon (interpretada por Tina Fey), que revela ao amigo Jack Donaghy (Alec Baldwin) dificuldades de intimidade com o namorado Carol Burnett, ligadas a um trauma de infância insólito envolvendo patins e um póster do cantor Tom Jones. Jack, numa maré de sucesso pessoal a resolver problemas, tenta ajudá-la. Paralelamente, Tracy Jordan (Tracy Morgan) trava a produção de um anúncio de caridade ao não conseguir memorizar uma fala, deixando o realizador Shawn (Kirschner) frustrado. Ao mesmo tempo, Jenna Maroney (Jane Krakowski) e Kenneth Parcell (Jack McBrayer) enganam a geladaria Carvel ao devolverem bolos gratuitos para receber reembolsos em dinheiro, utilizando o cartão vitalício de Jenna.

Em geral, os críticos especialistas em televisão do horário nobre receberam "Reaganing" com opiniões favoráveis, observando-o como um retorno ao estilo clássico de 30 Rock, com humor rápido e boas interações entre Liz e Jack. Destacaram positivamente as piadas culturais e o aprofundamento da personagem principal, assim como o desempenho de Fey. No entanto, alguns consideraram a trama paralela de Jenna e Kenneth fraca e repetitiva, e sentiram falta das personagens secundárias, especialmente os argumentistas do TGS. Além disso, houve críticas ao enredo e à originalidade. Mesmo assim, "Reaganing" foi considerado um dos melhores episódios de 30 Rock, sendo adicionado a diversas listas que celebram os melhores momentos do seriado.

De acordo com os dados publicados pelo sistema de mediação de audiências Nielsen Ratings, "Reaganing" foi assistido por uma média de 5,182 milhões de agregados familiares durante a sua transmissão original norte-americana, registando uma classificação de 2,2 e 7 de share entre os telespectadores pertencentes ao perfil demográfico dos 18 aos 49 anos de idade. Estes númerospermitiram a 30 Rock superar a média alcançada pela NBC naquele horário de transmissão durante a sua temporada televisiva anterior, e ser o programa não desportivo mais visto entre adultos dos 18–34 anos nas quatro principais redes de televisão do país. Além disso, a série beneficiou de um acréscimo médio de 29% na audiência da faixa 18–49 quando se consideraram visualizações até sete dias após a transmissão, refletindo uma forte adesão do público em formatos diferidos.

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Produção e desenvolvimento

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"Reaganing" é o quinto episódio da quinta temporada de 30 Rock.[1] A filmagem principal decorreu no dias 14, 17 e 20 de Setembro de 2010, nos Estúdios Silvercup em Manhattan, Cidade de Nova Iorque.[2][3][4] O episódio foi realizado por Todd Holland — a sua segunda e última vez na direção de um episódio de 30 Rock, após "Generalissimo" na terceira temporada — e teve o seu argumento escrito por Matt Hubbard, então co-produtor executivo da temporada, sendo esta a 11.ª vez que recebia crédito pelo guião de um episódio da série, assim como a primeira na temporada.[5] Holland foi contratado para realizar este episódio por recomendação do seu agente, que também representa Tina Fey — criadora, produtora executiva, co-showrunner, argumentista-chefe, e atriz principal em 30 Rock.[6] Embora o seu nome tenha sido listado ao longo da sequência de créditos de abertura, o ator Judah Friedlander, intérprete da personagem Frank Rossitano em 30 Rock, não participou deste episódio.[7][5]

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"Reaganing" marcou a primeira participação de Kelsey Grammer em 30 Rock.

O episódio introduziu o conceito fictício de "Reaganing", originado pela personagem Jack Donaghy para descrever um raro estado de desempenho pessoal ideal, durante o qual uma pessoa toma decisões perfeitas de forma contínua ao longo de 24 horas. Jack descreve esse estado como uma "zona mágica de vida sem erros," inspirada na imagem mitificada da presidência de Ronald Reagan, 40.º presidente dos Estados Unidos, frequentemente exaltada por setores conservadores como símbolo de clareza moral e eficácia, espelhando a imagem idealizada que certos sectores conservadores têm da liderança de Reagan.[8] Em 30 Rock, o conceito funciona como sátira à veneração exagerada de Reagan, com Jack afirmando que apenas três homens conseguiram alcançar esse estado de perfeição operacional: Lee Iacocca, executivo da indústria automóvel norte-americana, célebre pela sua liderança da Ford Motor Company e mais tarde da Corporação Chrysler nos anos 1980; Jack Welch, antigo presidente e diretor executivo da General Electric, conhecido pela sua abordagem agressiva e eficiente à gestão empresarial; e Saddam Hussein, político e revolucionário iraquiano que serviu como o quinto presidente do Iraque.[9] Segundo o escritor Mike Roe, autor do livro The 30 Rock Book, a inclusão comicamente contraditória de Hussein, acompanhada da expressão "no judgment" (em português: "sem julgamentos"), acentua o tom irónico e absurdo da afirmação e serve de crítica velada a figuras de autoridade veneradas apesar de um historial questionável. Ao longo do episódio, Jack aplica os princípios de Reaganing para resolver diversos conflitos, inclusive a dificuldade de Tracy Jordan em memorizar uma simples fala para um comercial institucional dos Boys & Girls Clubs of America. O ator Seth Kirschner participou do episódio como Shawn, o realizador dessa gravação que demonstra frustração com a situação. Esta foi a sua terceira e última participação em 30 Rock, após "Into the Crevasse" e "Emanuelle Goes to Dinosaur Land" na temporada anterior.[5]

Outra trama de "Reaganing" foca-se na personagem Liz Lemon e nos seus problemas de intimidade e repressão sexual. De acordo com Robert Carlock, co-showrunner e produtor executivo da série, a quinta temporada procurava explorar a origem dessas questões.[10] Durante o episódio, Jack ajuda Liz a analisar um episódio traumático da sua infância que teria desencadeado os bloqueios emocionais. Liz relembra que, em criança, estava sozinha no quarto quando um póster do cantor galês Tom Jones caiu sobre ela momentos antes da entrada abrupta da sua mãe. A situação foi mal interpretada como um ato de masturbação, levando a mãe a puni-la ao remover todos os seus pósteres, um evento que deixou marcas psicológicas duradouras nela.[11][12]

O episódio conta ainda com a participação especial do ator Kelsey Grammer, que interpreta a si próprio numa trama de tom burlesco. Grammer junta-se a Jenna Maroney e Kenneth Parcell num esquema para defraudar a cadeia americana de gelados Carvel. Usando um cartão preto da Carvel, um cartão vitalício de gelados grátis inspirado em promoções reais oferecidas pela empresa a celebridades, a tripla procura obter lucro armando um esquema à empresa. A trama satiriza um incidente real envolvendo Dina Lohan, mãe da atriz Lindsay Lohan, que foi acusada de usar indevidamente um cartão promocional semelhante da Carvel.[13][14][11][15] Após a exibição do episódio, a própria empresa reagiu positivamente à referência, agradecendo a menção na série e considerando o enredo divertido, apesar de ser alvo da piada.[11][16] Jen Ponton desempenhou uma funcionária da Carvel que foi despedida no rescaldo do golpe financeiro da tripla. Ponton descreveu a experiência de participação na série como extremamente positiva, exaltando a cordialidade e profissionalismo da equipa de produção. A atriz revelou que fez a audição em Setembro e recebeu a confirmação poucos dias depois.[17]

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Enredo

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Liz Lemon (Tina Fey) recebe boleia de Jack Donaghy (Alec Baldwin) até ao Aeroporto Internacional de Newark, onde planeia encontrar-se com o seu namorado Carol Burnett. Durante a viagem, Liz revela que está a ter dificuldades de intimidade com Carol e pensa em terminar o relacionamento. Jack, que está numa fase na qual se sente particularmente eficaz na resolução de problemas, encoraja Liz a desabafar para que possa ajudá-la. Ela então conta um episódio traumático da infância: certa vez, enquanto se preparava para usar a casa de banho de patins, caiu ao baixar as cuecas, puxando com ela um póster de Tom Jones. A mãe de Liz encontrou-a caída e contorcendo-se, parcialmente despida, debaixo do póster, e assumiu que a filha estava a masturbar-se, decidindo então retirar todos os pósteres do quarto dela como punição. Esse incidente gerou um bloqueio emocional em Liz, que se prolongou até à idade adulta, afetando a sua vida sexual e os seus relacionamentos. Quando o trânsito impede o avanço da limusina na qual eles estão, Jack sai do carro para processar a história, e acaba por testemunhar um outro problema que causa o engarrafamento no qual se encontra. Nas imediações, Tracy Jordan (Tracy Morgan) tenta gravar um anúncio para os Boys & Girls Clubs of America, mas a sua dificuldade em decorar uma única frase atrasa a produção e causa o engarrafamento, uma vez que a filmagem bloqueia uma rua. Jack intervém para resolver a situação: dá a Tracy alguns rebuçados para que este fique ocupado a mastigar e, aproveitando-se disso, imita a voz do ator e grava a linha necessária em seu lugar, resolvendo o impasse de forma rápida e eficaz. De volta à viagem de Liz e Jack, após refletirem sobre os problemas passados de Liz, os dois percebem que todas as suas dificuldades de intimidade estão ligadas ao trauma com o poster de Tom Jones. O reconhecimento dessa raiz emocional ajuda Liz a compreender melhor os seus bloqueios, levando Jack a convencê-la a não terminar com Carol. No entanto, ao chegarem finalmente ao aeroporto, Liz dá-se conta de que o encontro com Carol estava, na verdade, marcado para o Aeroporto Internacional John F. Kennedy, do outro lado da cidade.[7]

Enquanto isso, Jenna Maroney (Jane Krakowski) recebe um cartão vitalício da Carvel, que lhe dá direito a bolos de gelado gratuitos para o resto da vida. Contudo, ao encomendar o primeiro bolo, o nome no topo vem escrito como "Jenny" ao invés de "Jenna", o que leva o estagiário Kenneth Parcell (Jack McBrayer) a devolver o produto. Como a loja concede um reembolso, mesmo sendo o bolo gratuito, Jenna vê ali uma oportunidade de lucro. Com a ajuda de Kenneth, começa a encomendar vários bolos com nomes errados e a obter reembolsos por todos eles. Eventualmente, é banida da Carvel, mas decide escalar a fraude. Para isso, recruta o ator Kelsey Grammer para participar do esquema. O grupo escreve uma esquete falsa para o TGS with Tracy Jordan, em nome de Liz, que exige a utilização de dezenas de bolos de gelado. Kelsey faz os pedidos e recebe os reembolsos, conseguindo arrecadar quase USD 800 ao enganar simultaneamente a Carvel e o departamento de produção da NBC. No entanto, quando Kenneth descobre que uma funcionária da Carvel (Jen Ponton) foi despedida como consequência direta da burla, sente-se culpado e decide afastar-se da fraude.[7]

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Referências culturais

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30 Rock recorre frequentemente a referências referências desportivas como parte integral do seu humor. Elas vão desde piadas rápidas a pontos de enredo mais desenvolvidos, e usadas como veículo de sátira ou para explorar a personalidade das personagens. Jack emprega frequentemente metáforas desportivas para expressar estratégias empresariais, enquanto Tracy protagoniza situações absurdas relacionadas com o desporto, como quando se autoproclama o "Brian Dennehy negro." A série também satiriza o universo da imprensa desportiva, colocando Liz, pouco versada em desporto, em situações de desconforto e estranheza. Isto é visível, por exemplo, em piadas sobre os Cleveland Cavaliers ou o entusiasmo em torno de LeBron James no episódio "Cleveland". Num outro momento emblemático, em "Stride of Pride", um debate sobre se as mulheres são engraçadas é parodiado como se fosse uma competição desportiva, expondo o absurdo de aplicar métricas de vitória a algo subjetivo como o humor.[18] Em "Reaganing", Jack compara o seu desempenho no trabalho a um jogo de basebol perfeito, chamando Liz de "Albert Pujols dos problemas," enquanto Liz recorda um episódio da infância no qual o seu novo penteado, supostamente inspirado por Dorothy Hamill, era na verdade semelhante ao de Pete Rose.[19][13][14]

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O título do episódio é uma homenagem a Ronald Reagan.

A série destaca-se igualmente pela frequência com que faz referência ao universo Star Wars, uma tendência que começou logo no episódio piloto, com Tracy a afirmar ser um cavaleiro Jedi. Este tipo de alusão tornou-se recorrente, resultado do entusiasmo partilhado entre os argumentistas e membros do elenco, nomeadamente Tina Fey e o produtor executivo Robert Carlock. As referências à saga são frequentemente subtis, manifestando-se através de paralelismos narrativos, piadas visuais e sugestões musicais que evocam a banda sonora de John Williams. Em vez de simples citações, os guiões incorporam estes elementos para ilustrar situações do quotidiano ou dinâmicas laborais. Liz é retratada como uma fã fervorosa da trilogia original, utilizando frequentemente Star Wars como metáfora para os seus dilemas emocionais e profissionais. Entre os exemplos mais marcantes, destacam-se o facto de se ter vestido de Princesa Leia durante quatro anos consecutivos no Halloween — e ainda para escapar ao serviço de júri em Chicago e na Cidade de Nova Iorque — bem como no seu próprio casamento, justificando que era o único vestido branco que possuía. A própria Carrie Fisher, que deu vida a Leia em Star Wars, participou de um episódio de 30 Rock, criando uma meta-referência. Liz exprime também opiniões típicas dos fãs, como considerar Ataque dos Clones (2002) o pior filme da franquia. A série chega a fazer tantas alusões a Star Wars que se estima que estas estejam presentes em pelo menos metade dos episódios, sendo comuns comparações como a luta de Jack no mundo empresarial com a da Aliança Rebelde contra o Império Galáctico, ou o uso desastroso da sintaxe de Yoda por Tracy.[20][21][22][23][24] Em "Reaganing", a origem dos problemas de intimidade de Liz é ilustrada numa cena na qual explica que, após a sua mãe a ter encontrado em circunstâncias embaraçosas debaixo de um cartaz de Tom Jones, foi-lhe retirada toda a decoração do quarto. Entre os pósteres confiscados estavam: Grizzly Adams, protagonista da série de televisão homónima The Life and Times of Grizzly Adams desempenhado por Dan Haggerty; o ator Larry Wilcox no papel de Oficial Jon Baker da série policial CHiPs; Harrison Ford como Han Solo, protagonista de Star Wars; os jogadores de basebol Tug McGraw e Mike Schmidt, da equipa Philadelphia Phillies; Kermit the Frog, personagem marreta do The Muppet Show; e o domador de animais de circo Gunther Gebel-Williams.[19][9][14][25]

Tracy menciona os MTV International Awards, uma cerimónia fictícia inspirada nos MTV Europe Music Awards, argumentando que recusou apresentá-los para gravar um anúncio para os Boys & Girls Clubs of America, uma organização real dedicada a jovens de comunidades carenciadas.[19][26] Jack refere-se a Ronald Reagan como "o Gipper," evocando o filme Knute Rockne, All American (1940), no qual Reagan interpretou George Gipp, alcunha que se tornou sinónima do próprio Reagan.[26] Numa sequência de analepse, Liz afirma que aceitaria matar pessoas se isso lhe garantisse acesso gratuito à televisão por cabo, numa alusão ao enredo do filme The Box (2009), protagonizado por James Marsden, que viria a interpretar o seu interesse amoroso Chriss Cross a partir da sexta temporada de 30 Rock. Além disso, num comentário irónico, Liz contrasta a sua própria repressão sexual com a imagem de sexualidade liberal veiculada por séries como Everybody Loves Raymond, declarando não ser uma "ninfomaníaca nova-iorquina como as galdérias" do seriado.[19][14] Ela também compara o estado da sua genitália ao Fort Knox, uma instalação do Exército dos Estados Unidos, enquanto Jack compara a vida sexual dela ao "equivalente sexual de um milhão de Hindenburgs."[27][9] De modo a convencer Liz a superar o seu dilema sexual, Jack sugere-a a fazer sexo com Carol em uma das casas de banho do aeroporto, ao que ela responde que "se não consegui fazer isso em Las Vegas depois de um show do Penn & Teller, não sei como vai ser aqui."[27]

Jenna recebeu o cartão vitalício da Carvel como retribuição pela sua participação no Desfile do Dia de Ação de Graças da empresa Macy's.[13] Kenneth condena a tentativa de fraude contra a Carvel, afirmando que até Cookie Puss, mascote da Carvel em forma de bolo de gelado, "nos rasgaria com as suas presas" se descobrisse o esquema.[19][9][14] Uma funcionária da Carvel exclama "frajer!" ao desvendar o esquema da tripla, numa paródia do famoso grito "Khaaaan!", popularizado pelo desempenho de William Shatner em Star Trek II: The Wrath of Khan (1982).[14] Grammer também brinca com a sua própria carreira, encomendando bolos com o título Frasier, série de televisão estrelada pelo ator na qual deu vida à personagem homónima, embora com erros ortográficos propositados, como parte do esquema de fraude.[27][13] Diversos membros da crítica identificaram esta trama como uma homenagem ao filme The Sting (1973), protagonizado por Paul Newman e Robert Redford, sobre dois vigaristas a enganarem um chefe do crime. O paralelo é reforçado quando Kelsey Grammer, ao participar na fraude, toca discretamente no nariz, um gesto usado pela personagem desempenhada por Newman no filme para sinalizar quando o plano estivesse em andamento.[11][28][29]

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Transmissão e repercussão

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Nos Estados Unidos, "Reaganing" foi transmitido pela primeira vez na noite de 21 de Outubro de 2010 através da NBC como o 85.° episódio de 30 Rock.[1] No episódio, de modo a solucionar o problema de Shawn, Jack recorre a jelly beans, os doces favoritos de Ronald Reagan, como estímulo sensorial para distrair Tracy enquanto grava por cima a fala com uma imitação da sua voz. Embora a solução funcione, levantou questões éticas e culturais, já que um homem branco imita a voz de um homem negro de forma caricatural.[11]

Com o passar do tempo, 30 Rock viria a se destacar pela sua inventividade linguística, criando um léxico próprio que se integrou ao imaginário da cultura popular. Um artigo publicado em Janeiro de 2013 pela revista norte-americana Slate ressaltou "a diversão do programa com palavras, nomes e frases," enfatizando termos como Jackie Jormp-Jomp, MILF Island e Reaganing, que contribuíram para diferenciar a série na televisão desde o seu início," destacando o papel fundamental da linguagem na identidade da série. De facto, a expressão "reaganing" chegou a transcender o contexto do episódio, sendo celebrada em listas de citações icónicas e glossários criados por veículos como a GOOD e a Vulture, os quais reconheceram a capacidade singular da série de gerar neologismos cómicos que enriqueceram a linguagem televisiva e o vocabulário popular.[30]

Em 2017, o episódio foi mencionado e discutido no podcast britânico Diminishing Returns, uma série dedicada à análise crítica e bem-humorada de filmes, muitas vezes com foco em franquias cinematográficas e seus desdobramentos ao longo do tempo. No podcast, em um episódio dedicado ao filme On Her Majesty’s Secret Service (1969), parte da franquia James Bond, os apresentadores fazem uma associação inusitada entre o desempenho infalível de Bond e o conceito de "reaganing".[31]

Audiência

Para mais detalhes : Audiência de 30 Rock

De acordo com as estatísticas publicadas pelo serviço de mediação de audiências Nielsen Ratings, a transmissão original norte-americana do episódio foi assistida em 5,182 milhões de agregados familiares. Além disso, foi-lhe atribuída a classificação de 2,2 e 7 de share no perfil demográfico dos telespectadores entre os dezoito aos 49 anos de idade, o que significa que 2,2 por cento de todas as pessoas dos 18 aos 49 anos de idade de todos os lares com televisão nos Estados Unidos estavam sintonizados ao episódio, e dentre todas as famílias que estavam ativamente a ver televisão no momento da transmissão, 7 por cento estavam a ver este episódio. O enfoque no grupo demográfico 18‑49 é relevante porque este segmento é considerado o mais valioso para os anunciantes, representando um público‑alvo fundamental para as redes de televisão. Uma classificação ou quota mais elevada nesse grupo indica, frequentemente, maior potencial de receitas publicitárias.[32]

Durante a sua transmissão original, "Reaganing" teve um aumento de 16 por cento tanto em termos de telespetadores do perfil demográfico dos 18-49 anos como no número total de espectadores em relação a Community, programa transmitido pela NBC antes de 30 Rock. Quando comparado com a média que a NBC costumava ter nesse mesmo horário na temporada televisiva anterior (2009–10), o desempenho de 30 Rock também melhorou em 16 por cento na faixa etária de 18–49 anos, passando de um índice de 1,9 pontos para 2,2 pontos. Além disso, nesse mesmo horário de 30 minutos (das 20h30 às 21h00), 30 Rock foi o programa não desportivo mais visto entre as quatro principais redes de televisão dos Estados Unidos — ABC, CBS, NBC e The CW — na faixa etária dos 18 a 34 anos.[33]

Uma métrica importante em termos de audiência é a classificação "ao vivo mais sete dias." As redes de televisão e os anunciantes não consideram apenas quem viu um programa em direto ou no mesmo dia em que foi para o ar (conhecido como "em direto mais o mesmo dia"), mas também as pessoas que o assistiram no espaço de uma semana ("em direto mais sete dias"). Esta janela alargada capta os telespectadores que gravam programas para ver mais tarde, o que é mais comum nos programas com seguidores fiéis, mas com audiências mais baixas em direto. Para 30 Rock, até à transmissão de "Reaganing", a adição desses espectadores atrasados aumentou a sua audiência no perfil demográfico 18-49 em 29 por cento, em média. Este aumento sugere que, embora 30 Rock nem sempre tenha grandes audiências em direto, tem uma base de fãs sólida que acompanha os episódios no espaço de uma semana, e representou o quarto maior ganho percentual entre as comédias de meia hora, ficando apenas atrás de The Office, Modern Family e Community. Estes telespectadores em atraso ajudam as redes a avaliar com maior exatidão a popularidade geral de um programa, mesmo que não atinja o topo das audiências em direto.[33][34]

Análises da crítica

Mais informação Críticas profissionais, Avaliações da crítica ...

Em geral, os críticos especialistas em televisão do horário nobre apreciaram o estilo irreverente e o humor rápido de "Reaganing", com destaque para as piadas curtas e os momentos inesperados. Muitos elogiaram o retorno à fórmula clássica da série após o episódio ao vivo da semana anterior, que foi visto como um experimento falho. "Reaganing" foi elogiado por explorar aspectos mais profundos sobre Liz, e por aprofundar a dinâmica entre ela e Jack, além de ter boas sacadas de humor, como a situação com Tracy e seu comercial. No entanto, alguns críticos apontaram que o uso de analepses e a repetição de piadas sobre a vida amorosa de Liz começaram a parecer cansativas, e que a trama de Jenna e Kenneth foi a mais fraca em termos de comédia, sendo considerada por alguns como forçada e pouco engraçada. Além disso, a ausência de personagens secundárias como os argumentistas do TGS, com alguns sentindo falta da química do elenco como um todo.[36][37][25]

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A dinâmica das personagens de Alec Baldwin (esquerda) e Tina Fey (direita) foi elogiada pelos críticos.

A crítica Juli Weiner, da revista Vanity Fair, enalteceu a fluidez narrativa e o ritmo preciso das piadas "neste episódio rápido, afiado e consistente,"[38] enquanto o repórter Johnny Firecloud, do blogue CraveOnline, classificou-o como excelente dentro da trajetória da série.[39] A jornalista Samantha Urban, do The Dallas Morning News, considerou como ponto alto a atuação de Jack McBrayer, observando que a sua personagem Kenneth finalmente teve "algumas falas realmente engraçadas pela primeira vez em muito tempo."[40] Similarmente, o resenhista Mark Graham, contribuinte do jornal Decider, também considerou "Reaganing" um episódio exemplar com enredo bem estruturado e equilíbrio entre humor e criatividade. O esquema de Jenna e Kenneth na loja de gelados foi apontado por ele como a parte mais forte da narrativa, em parte devido à presença de Kelsey Grammer.[41]

Diversos críticos consideraram "Reaganing" um regresso bem-sucedido ao estilo tradicional da série, inclusive o analista de televisão Ian McDonald que, na sua opinião para o blogue TV Overmind, constatou o episódio como um sinal de que a série regressava ao seu padrão habitual de qualidade, depois de um episódio ao vivo considerado decepcionante.[42] O seu julgamento foi partilhado por um crítico anónimo do portal Hollywood.com, que elogiou o equilíbrio entre humor e emoção, bem como o desenvolvimento da relação entre Jack e Liz, mas considerou o lado sombrio de Jenna algo desconfortável.[26] Também a periodicista Louisa Mellor classificou o episódio como um "regresso às origens" no seu comentário para o portal televisivo Den of Geek, aplaudindo tanto a ideia central do conceito de "reaganing" quanto os momentos cómicos proporcionados pela trama do esquema da Carvel, com participação especial de Grammer. Mellor aplaudiu a homenagem à era Reagan na política norte-americana e concluiu que o episódio capturou a essência das primeiras temporadas da série.[43]

A gazetista Meredith Blake, no seu ponto de vista para o jornal Los Angeles Times, refletiu sobre como o episódio desenvolve a complexidade emocional de Liz, reconhecendo como os argumentistas, apesar de estarem cientes do risco de perpetuar estereótipos sobre mulheres inteligentes e sexualmente reprimidas, se esforçaram em conferir profundidade à personagem.[9] Mesmo não sendo uma espectadora regular da série, a colunista Celeste Kmiotek, num texto publicado no jornal estudantil The Ram publicado pela Universidade Fordham, também ofereceu uma visão positiva, elogiando o humor rápido e absurdo, assim como as referências culturais, ainda que tenha achado o episódio mais desconfortável que o habitual.[44]

Em contrapartida, outros críticos expressaram opiniões menos favoráveis, tais como Dan Forcella, cuja análise para o portal TV Fanatic considerou a trama principal desconfortável e embaraçosa, criticando o uso de humor baseado no constrangimento que, segundo ele, pode funcionar noutras séries como The Office ou Curb Your Enthusiasm mas não em 30 Rock, onde pareceu mais cringe do que cómico. No entanto, ele condecorou as demais tramas, embora tenha reconhecido que a de Jenna e Kenneth teve poucas piadas fortes, mas ficou agradado pela participação de Grammer; e reservou aplausos para uma piada de Tracy sobre se devia ou não vestir uma camiseta.[27] O cronista Nathan Rabin, na sua observação para o jornal de entretenimento A.V. Club, foi outro a manifestr reservas sobre a trama de Liz, especialmente por achar a cena do cartaz de Tom Jones perturbadora. Ainda assim, apreciou a interação emocional entre Jack e Liz e considerou "Reaganing" superior ao episódio ao vivo anterior.[35]

De forma mais moderada na sua apreciação para o portal Uproxx, o colunista Alan Sepinwall considerou as cenas entre Jack e Liz uma paródia da série In Treatment. Embora tenha achado a trama de Jenna e Kenneth inicialmente fraca, reconheceu que melhorou com a entrada de Grammer. Porém, foi o arco de Tracy a ser apontado por ele como o mais eficaz em termos de humor, pelas suas piadas inesperadas e justificações absurdas para os fracassos da personagens. Sepinwall concluiu que, apesar de não ser perfeito, "Reaganing" foi uma boa adição a uma temporada sólida.[45] Similarmente, a colunista Anaïs Escobar, autora do blogue TV School, criticou o uso de analepses como preguiçoso e cansativo, e sentiu que os problemas de Liz foram resolvidos de forma excessivamente conveniente. Apesar disso, aplaudiu a presença de Grammer e sentiu falta de uma maior participação do elenco secundário.[13] Por sua vez, Annie Barrett, colaboradora da Entertainment Weekly, elogiou a participação especial de Grammer, mas parabenizou sobretudo a decisão da série de centrar o episódio em Liz. Barrett, em contrapartida, apreciou as numerosas analepses envolvendo a personagem, notando-as como um recurso eficaz de humor e caracterização.[14]

O colunista Bob Sassone, contribuinte do portal TV Squad do serviço AOL, descreveu o episódio como estranho e fraco, criticando o seu tom geral e o uso excessivo e desnecessário de analepses. Para si, a trama de Liz foi mais desagradável do que engraçada, e a dinâmica entre ela e Jack soou forçada. Sassone também achou que o enredo de Tracy tinha potencial, mas não conseguiu ser realmente engraçado. Ele apontou ainda a ausência de resolução em tramas como o esquema da Carvel e comentou negativamente sobre a crescente agressividade de Jonathan para com Liz nesta temporada.[19] O jornalista Brad Sanders apresentou uma dissertação significativamente negativa para o jornal independente Indiana Daily Student, publicado pela Universidade de Indiana, na qual descreveu o episódio como desapontante, argumentando que, apesar da habitual escrita espirituosa da série, a falta de uma trama envolvente e coesa prejudicou o seu impacto. Sanders comparou o enredo principal a um programa de clips reciclados, e viu a trama de Tracy como repetitiva e preguiçosa, já utilizada em episódios anteriores. O golpe de Jenna e Kenneth foi considerado cruel e sem humor suficiente para justificar a sua inclusão. Ele concluiu que, embora 30 Rock tenha falhado com "Reaganing", o episódio de The Office exibido na mesma noite compensou a experiência mista da programação.[46]

Reconhecimento

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Este foi o 11.° episódio de 30 Rock cujo guião foi escrito por Matt Hubbard. Ele foi nomeado a um Prémio Emmy pelo seu trabalho.

Ao longo dos anos, "Reaganing" passou a figurar com frequência em listas que celebram os momentos mais memoráveis de 30 Rock, sendo frequentemente elogiado por críticos e fãs pela sua originalidade, estrutura narrativa e humor absurdo. O autor Jacob Trussell posicionou-o na 18.ª posição da lista dos melhores episódios da série, publicada no blogue Film School Rejects. Para Trussell, "Reaganing" é um clássico da série, especialmente pelo conceito central do "estado de Reaganing," e pela introdução de Grammer e a criação da Gangue dos Melhores Amigos, que descreveu como "uma das piadas mais puras e estranhas de 30 Rock."[47] A publicação Penn State CommRadio, da Universidade Estadual da Pensilvânia, avaliou o episódio com um foco distinto, colocando-o na quarta posição entre todos os episódios da série. Para o colunista Jack Freiser, este é um episódio ideal para apresentar a série a novos telespectadores, graças à sua acessibilidade, ritmo acelerado e ao fato de permitir que todas as personagens principais brilhem. Descrevendo-o como "30 minutos de televisão magistralmente caóticos," o autor considera-o "um episódio perfeito" mesmo para quem desconhece o universo da série.[48]

A jornalista Allie Pape incluiu "Reaganing" na sua seleção dos doze episódios essenciais de 30 Rock publicada pelo portal nova-iorquino Vulture, classificando-o como "outra joia subestimada das temporadas intermédias" e uma "vitrina para um dos subenredos mais divertidos de 30 Rock": um plano de assalto elaborado e surreal envolvendo Jenna, Kenneth, Kelsey Grammer e um cartão VIP de gelados Carvel com uso ilimitado.[49] De forma semelhante, o portal That’s Entertainment! classificou "Reaganing" como o terceiro melhor episódio da quinta temporada da série. O autor elogiou o equilíbrio alcançado entre as preocupações pessoais das personagens e as ideias cómicas que definem a identidade da série, considerando-o um "excelente exemplo de 30 Rock."[50]

O portal BuzzFeed incluiu a fala de Liz, "If I could press a button and five people in the world would die, but I’d get free cable for life, I’d do it," na sétima posição da lista das 42 frases mais engraçadas do seriado, considerando-a emblemática do humor negro e irreverente da protagonista.[51]

Prémios e nomeações

Para mais detalhes : Lista de prémios e nomeações recebidos por 30 Rock

Na 63.ª cerimónia anual dos prémios Emmy de Arte Criativa, decorrida na noite de 18 de Setembro de 2011, Matt Hubbard recebeu uma nomeação na categoria "Melhor Escrita de Argumento para Série de Comédia" pelo seu trabalho no guião de "Reaganing". Esta foi a segunda nomeação consecutiva recebida por Hubbard e a sétima recebida por 30 Rock nesta categoria. Não obstante, o guionista perdeu o prémio para os colaboradores Steven Levitan e Christopher Lloyd, pelo seu trabalho no guião do episódio "Caught in the Act" de Modern Family.[52]

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Referências

  1. [1]
    «Episode Title: (#505) "REAGANING"» (em inglês). Los Angeles, CA: NBC Universal Media Village. 1 de Outubro de 2010. Consultado em 4 de Fevereiro de 2011 – via The Futon Critic
  2. [2]
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