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Rio Itapecuru

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O rio Itapecuru é um curso d'água brasileiro que banha o estado do Maranhão. Com 1.450 km de extensão e largura que varia de 50 a 120 metros, o rio nasce no sul do estado e corre no sentido nordeste–norte até desaguar na baía de São José, golfão Maranhense.[1]

Factos rápidos País, Localização ...
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Rio Itapecuru, na cidade de Rosário

Com 52.972,1 km² e ocupando 16% do território estadual, a bacia do Itapecuru encontra-se inteiramente localizada no Maranhão e abastece 60% da população de São Luís, além de outras cidades no estado.[1]

O curso do rio pode ser fisicamente caracterizado em três regiões: alto, médio e baixo Itapecuru.[3][2]

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Etimologia

O nome Itapecuru provém do tupi ita (pedra) pe (caminho) e curu (influência) e significa "água caminha entre as pedras". Já o historiador Teodoro Sampaio sugeriu que os termos itapé-curú significavam "a laje formada de cascalhos ou seixos" ou "a laje áspera".[4]

História

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Perspectiva

A relevância do rio Itapecuru para o desenvolvimento dos municípios localizados na bacia configurou-se desde o Período Colonial, desempenhando importante papel no povoamento da área abrangida pela bacia, sendo a via mais acessível para o interior da região.[5]

O rio funcionou, ao longo do tempo, como via de circulação para barcos que abasteciam as comunidades ribeirinhas e adquiriam a produção local.[5]

A economia do Maranhão, no século XIX, era baseada na exportação do algodão, realizada por meio do transporte fluvial por companhias de navegação a vapor no rio Itapecuru, que banhava as regiões produtoras, como o município de Caxias, até o porto de São Luís. A capital do estado também desenvolvia um parque industrial têxtil, mas era necessário uma forma de transporte mais eficiente.[5]

A atividade e navegação é reduzida após a construção da Estrada de Ferro São Luís-Teresina, cujo traçado acompanha praticamente o curso do rio, interligando os municípios que se localizam às suas margens, da cidade de Caxias até a foz.[5]

Com a importância do rio para o desenvolvimento econômico da região, surgiram, em suas margens, importantes cidades como Mirador, Colinas, Caxias, Codó, Timbiras, Coroatá, Pirapemas, Cantanhede, Itapecuru-Mirim e Rosário, além de outras situadas na área da bacia.[5]

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Bacia hidrográfica

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Características gerais

Com 1.450 quilômetros desde a nascente, nos contrafortes das serras da Crueira, Itapecuru e Alpercatas, a 530 metros de altitude, até a desembocadura na baía do Arraial, ao sul da ilha de São Luís, a bacia do Itapecuru passa por 55 municípios e favorece uma população de 1.622.875 pessoas, de acordo com o IBGE.[3]

Desses municípios, 20 estão totalmente dentro da bacia, e os demais 35 estão parcialmente inseridos no vale – ou seja, parte de seus territórios extrapola os limites da bacia hidrográfica.[3]

A bacia do Itapecuru se estende a leste do estado, ocupando considerável área de sul a norte, em terrenos relativamente baixos e de suaves ondulações.

Sua bacia constitui-se num divisor entre as bacias do Parnaíba, a leste, e a do Mearim, a oeste. Os principais afluentes da margem direita são os rios Corrente, Pirapemas, Itapecuruzinho e os riachos Seco, do Ouro,Curimatã, Gameleira, Cachimbo e Guariba. Pela margem esquerda destacam-se os rios Alpercatas (principal afluente), Peritoró, Pucumã, Baixão do Vigia, Baixão da Bandeira, Douradinho, Olho D´água, Codozinho, dos Porcos, e Igarapé Grande, além dos riachos, São Felinha, da Prata e dos Cocos. Outros afluentes são os rios Santo Amaro,Tapuio, Timbiras e Coroatá.[2]

O rio Itapecuru compreende três cursos:

  • Alto Itapecuru - das nascentes até Colinas;
  • Curso Médio do Itapecuru - entre Colinas e Caxias;
  • Baixo Itapecuru - de Caxias até a foz em Rosário, onde chega ao oceano Atlântico pela baia do Arraial.

Localizado na Mata dos Cocais, prevalece uma vegetação transicional entre o cerrado, a Floresta Amazônica e a Caatinga, rica em palmeiras, em especial o babaçu.[carece de fontes?]

Subdivisões

O Alto Itapecuru vai da nascente no município de Mirador, onde ainda continua bem preservado e resguardado pelo Parque Estadual do Mirador, onde a Coopermira, Cooperativa dos Técnicos em Proteção Ambiental do Parque Estadual do Mirador, exerce a responsabilidade de gerir a unidade com um trabalho de fiscalização e educação ambiental.[1]

Nesta área predominam chapadões, chapadas e encostas, com um relevo fortemente ondulado, atingindo altitudes de 350 metros nas serras do Itapecuru, Crueiras e Boa Vista.[3] É uma região de difícil navegabilidade, a qual é possível apenas em pequenas canoas até o seu mais importante afluente, o rio Alpercatas, em Colinas.

O Curso Médio do Itapecuru localiza-se entre os municípios de Colinas e Caxias.[2] Aqui prevalece o relevo de chapadas baixas, com ondulações de graus suave a expressiva, sendo a diferença de altitude da ordem de 60 metros.

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Babaçu, palmeira característica do vale do rio Itapecuru

O Baixo Itapecuru estende-se de Caxias até a foz, desaguando na baía do Arraial em Rosário, depois de percorrer cerca de 1.050 km, à sudeste da Ilha de Upaon-açu, na forma de 02 braços de rios denominados: Tucha e Mojó. Na região da desembocadura, fica localizada a Área de Proteção Ambiental Upaon-açu-Miritiba-Alto Preguiças.[2]

Caracteriza-se por um relevo suave a ondulado. É o trecho de maior navegabilidade que é, contudo, prejudicada pela baixa declividade do terreno, o que acaba formando bancos de areia a partir de Itapecuru-Mirim até Rosário onde se encontra a foz.[2]

Biodversidade

O clima do estado do Maranhão compreende uma transição entre o clima Superúmido da Amazônia e o Semiárido do Nordeste. Caracteriza-se como quente, semiúmido, tropical de zona equatorial, com duas estações distintas que vão de úmida (janeiro a junho) a seca (julho a dezembro).[6]

No alto curso do rio, há o predomínio do bioma cerrado, com destaque para árvores de pequeno e médio porte, retorcidas e tortuosas, de casca grossa. Alguns exemplos são: pau-terra (Qualea grandiflora Mart.), o pequi (Caryocar brasiliense Camb.), a lobeira; o bacuri (Platonia insignis), murici (Byrsonima coccolobifolia); além de plantas medicinais, como o jatobá (Hymenae courbaril), a sucupira, aroeira (Myracrodrum urundeuva), entre outras espécies distribuídas em áreas graminosas. A mata ciliar é constituída principalmente por palmeira de buriti (Mauritia flexuosa) principalmente na nascente.[7]

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Buritizal na zona rural de Rosário

A cobertura vegetal que domina o médio curso do Itapecuru é a mata dos cocais, especialmente o babaçu (Orbignia phalerata), a carnaúba (Copernicia cerifera) e o buriti (Mauritia flexuosa) e que também se distribui ainda no baixo curso.[7]

Com relação à fauna silvestre terrestre, grande parte já se encontra escassa, notadamente nas áreas de maior densidade populacional. A fauna é representada por preá, tatu, peba, veados, gato-do-mato, lagartos e cobras. Entre as aves, podem ser observados: gaviões, seriemas, corujas, pica-paus.[7]

Pescadores da região do médio curso do rio relatam a redução, nos últimos anos, da fauna ictiológia, sendo alguns exemplos de peixes existentes no rio: piaba, pacu, curimatá, pescadinha, mandi, piau, surubim, dentre outros.[7]

Sistema Italuís

O Sistema Italuís, implantando em 1982, é utilizado para o abastecimento da cidade de São Luís.

Após a captação, a água recebe tratamento para se adequar ao consumo humano e, em seguida, vai para Bacabeira, Santa Rita e São Luís, onde abastece cerca de 60% das casas da capital maranhense, como os bairros Renascença, São Francisco, Vinhais, área Itaqui-Bacanga, Coroadinho, Vila Palmeira, Cohama, Angelim, Bequimão, São Cristovão, Tirirical, dentre outros, em um total de 159 bairros e atendendo em torno de 600 mil pessoas.[8]

O desgaste causado pelo tempo foi uma das principais causas dos constantes rompimentos da adutora ao longo dos anos, agravados em razão da salinidade existente no local, favorecendo o acelerado processo de corrosão. Na tentativa de solução do problema, em maio de 2018, entrou em operação a Nova Adutora do Italuís.[9]

A complexidade da obra envolveu a substituição de 20 quilômetros de tubulação na região do Campo de Perizes. Ela foi construída com estrutura de aço de 1.400 milímetros – diferentemente da antiga, construída em ferro fundido de 1.200 milímetros e com boa parte da estrutura já degradada.[9]

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Ilha de Upaon-Açu (São Luís): a foz do rio à sudeste da ilha em Rosário

Como parte da obra, também foi feita a implantação de uma ponte de sustentação, atravessando o Estreito dos Mosquitos, que separa a ilha de Upaon-Açu do continente. A ponte tem 110 metros de comprimento, 16 metros de altura e pesa 350 toneladas. Além disso, a ponte tem tubos para construção de outra adutora, para ser usada na futura expansão do sistema. Foi feita ainda a elevação da estrutura da adutora, evitando contato da tubulação com estuário de cunha salina (um ambiente aquático de transição entre um rio e o mar), comum na área. A nova adutora conta também com novos mecanismos para manutenção, que permitem reparos na estrutura.[9]

A nova adutora do Italuís representa um aumento de 30% de vazão de água tratada para São Luís, ou 500 litros a mais por segundo.[9]

Antes de chegar a São Luís, a água percorre um longo caminho. A água é captada no rio Itapecuru, logo após a cidade de Bacabeira, entre os municípios de Rosário e Santa Rita. Depois, ela é tratada em estação própria. Em seguida, percorre a adutora, que possui 56 km no total, e que fica às margens da BR-135, até a câmara de transição situada no bairro do Tirirical.[9]

Só então, a água é distribuída para os reservatórios nos bairros da capital.[9]

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Degradação ambiental

O rio Itapecuru está com sua bacia hidrográfica muito modificada em razão do uso incorreto de seu solo e da poluição de suas águas, levando à diminuição da quantidade dos peixes.[10]

O desmatamento das margens do rio é um dos fatores responsáveis pela degradação da bacia, o que contribui para o processo de assoreamento.O processo de poluição da água, o assoreamento, a destruição das matas ciliares e a retirada ilegal de areia já fizeram o rio perder 73% do seu volume.[10]

Há preocupação com cerca de 500 mil hectares de áreas sem vegetação, 900 quilômetros de cursos de água desprotegidos e 40% do território suscetível à erosão.[11]

A degradação do solo altera a estrutura física e também a capacidade do solo de produzir, devido ao assoreamento dos elementos nutritivos e das partículas de sedimentos, ocasionando a deposição no leito do rio, reduzindo o seu volume e profundidade.[10]

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Referências

  1. Raimundo N.M. da Silva (2000). «Caracterização dos impactos ambientais no rio Itapecuru (...)» (PDF). Associação Brasileira de Recursos Hídricos. Consultado em 18 de setembro de 2015[ligação inativa]
  2. Vera Lúcia L. de Barros; et al. (2015). «Rio Itapecuru: uma visão geoambiental, em Caxias (MA)». Revista Humana Et Al. Arquivado do [file:///C:/Users/F%C3%A1bio/Downloads/2-%20Humanas%20-%20RIO%20ITAPECURU.pdf original] Verifique valor |URL= (ajuda) (PDF) em 12 de agosto de 2013
  3. Adm. do sítio web (5 de agosto de 2014). «Formações rochosas e cachoeiras são marcas do Vale do rio Itapecuru». Portal Brasil. Consultado em 17 de setembro de 2015. Cópia arquivada em 29 de março de 2015
  4. Consuelo Pondé de Sena (1979). Introdução ao estudo de uma comunidade do agreste baiano: Itapicuru, 1830-1892. [S.l.]: Fundação Cultural do Estado da Bahia. 242 páginas
  5. D. de J. Silva & ²G. M. da Conceição. «Rio Itapecuru: Caracterização Geoambiental e Socioambiental, Município de Caxias, Maranhão, Brasil». 1 Instituto Superior de Teologia Aplicada - INTA 2Universidade Estadual do Maranhão, Laboratório de Biologia Vegetal (CESC/UEMA). Cópia arquivada em 23 de abril de 2021 line feed character character in |publicado= at position 2 (ajuda)
  6. Pirapemas.com. «Falta de chuva eleva estado de degradação do Rio Itapecuru - Pirapemas.com». pirapemas.com. Consultado em 30 de maio de 2018
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Ligações externas

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