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Rola-bosta-africano

espécie de inseto Da Wikipédia, a enciclopédia livre

Rola-bosta-africano
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O rola-bosta-africano (nome científico: Digitonthophagus gazella) é um besouro rola bosta, coprófago que pertence à família Scarabaeidae. Esta espécie tem grande importância econômica, pois foi introduzida em todo o mundo para controle biológico de mosca-dos-chifres e melhoria de pastagens.[1]

Factos rápidos Classificação científica ...

É nativo da África, Arábia, Índia e Sri Lanka[2] e foi introduzido no Brasil pela Embrapa em 1989,[3][4][5] onde é reconhecido como espécie invasora e as pesquisas iniciais indicam alterações nas comunidades de espécies nativas de besouros coprófagos.[6][7]

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Classificação

O besouro Digitonthophagus gazella, vulgarmente conhecido no Brasil como rola-bosta-africano, pertence à família Scarabaeidae,[1] a quinta maior em número de espécies dentre os besouros, com mais ou menos 35 mil espécies descritas, fazendo parte da ordem Coleoptera, cuja principal característica é o primeiro par de asas modificado, denominado élitros.[8]

Estudos taxonômicos tem levado a discussão sobre o modo correto de identificação dessa espécie nos países em que foi introduzida, pois sabe-se que tem origem na África e foi introduzida primeiro no Havaí e, posteriormente, na Australásia, América do Norte e América do Sul.[9][10][11] Uma solicitação foi submetida à Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica para conservar o nome Scarabaeus gazella Fabricius para as espécies amplamente introduzidas e uma decisão positiva é esperada, em breve, com amplo apoio da comunidade científica.[12]

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Características

Apresenta metamorfose completa, com quatro fases bem distintas: ovo, larva, pupa e adulto. O besouro africano é coprófago, ou seja, adultos e larvas se alimentam de fezes. Sua cor varia entre marrom escuro e bege e tem asas externas bastante duras, chamadas de élitros. O tamanho do corpo varia entre 7–13 mm de comprimento. Possui três pares de pernas, sendo que as anteriores são escavadoras. Os machos possuem na cabeça um par de chifres bem desenvolvidos. Reproduzem-se melhor no período chuvoso, quente e úmido. São insetos de hábito crepuscular/noturno e os picos de voo acontecem entre 20 e 23 horas e têm como principais predadores sapos e aves.[5][13][14][15]

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Histórico no Brasil

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Perspectiva

O rola-bosta-africano foi introduzido no Brasil a partir de 1989, quando o Centro Nacional de Pesquisas de Gado de Corte da Embrapa importou o besouro do Texas, nos Estados Unidos, como uma estratégia para o controle biológico da mosca-dos-chifres e descompactação do solo. As fezes de gado são o principal meio proliferador das larvas da mosca-dos-chifres. As picadas dolorosas e incessantes durante todo o dia sobre os bovinos, conduz o animal a um estado crítico de estresse. Dessa forma, uma grande quantidade dessas moscas pode comprometer a produção de leite, carne e couro, pois faz o animal perder peso e pode até levá-lo à morte.[16][17]

Comparado com às demais espécies de rola-bostas encontradas no Brasil, o rola-bosta-africano é bem eficiente, pois está adaptado à áreas abertas, consome mais fezes bovinas em um intervalo menor de tempo, multiplica-se rapidamente e apresenta um ciclo de vida curto.[18][19][20] Ele desestrutura e enterra as fezes bovinas, destruindo o habitat das larvas da mosca e amplia a área de forragem disponível para o gado, diminuindo assim gradativamente a proliferação da mosca do chifre e descompactando o solo. O desempenho desse besouro coprófago é o meio mais prático, natural e econômico da retirada de fezes em pastagens, assim como o manejo correto de parasitos e controle na multiplicação da mosca-dos-chifres.[18][19]

Espécie invasora

D. gazella está incluída na lista oficial de espécies exóticas invasoras do Brasil[21][22] e o efeito dessa invasão sobre as espécies nativas de Scarabaeidae ainda é pouco pesquisado, apesar de haver indícios de redução populacional das espécies nativas e também de resistência dessas espécies à sua presença.[6][7]

São necessárias pesquisas que abordem a integração das atividades econômicas de ocupação da terra, e/ou que utilizarem espécies exóticas, com a conservação da biodiversidade, porque a a invasão de espécies exóticas, junto com a destruição de habitat, a poluição e a superexploração são os principais processos que alteram a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas e ameaçam a biodiversidade.[23][24][25]

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Ver também

Referências

  1. Génier, F; Moretto, P (2017). «Digitonthophagus Balthasar, 1959: taxonomy, systematics, and morphological phylogeny of the genus revealing an African species complex (Coleoptera: Scarabaeidae: Scarabaeinae).». Zootaxa. doi:10.11646/zootaxa.4248.1.1
  2. Honer, M; Bianchin, I; Gomes, A (1988). «Desenvolvimento de um programa integrado de controle dos nematódeos e a mosca dos chifres na região dos Cerrados. Fase 2: Observações sobre a dinâmica populacional dos besouros coprófagos autóctones.». EMBRAPA - CNPGC
  3. Bianchin, I; Honer, M; Gomes, A (1992). «Controle integrado da mosca-dos-chifres na região Centro-Oeste.». A Hora Veterinária
  4. Nascimento, Y; Bianchin, I; Honer, M (1990). «Instruções para a criação do besouro africano Onthophagus gazella em laboratório». EMBRAPA-CNPGC Comuncado técnico
  5. Matavelli, R (2008). «Invasão de áreas de savana intra-amazônicas por Digitonthophagus gazella (Fabricius, 1787) (Insecta: Coleoptera: Scarabaeidae).». Acta Amazonica. ISSN 0044-5967. doi:10.1590/S0044-59672008000100017
  6. Angotti, M (2014). «Invasão e estabelecimento de Digitonthophagus gazella (Fabricius) (Coleoptera: Scarabaeidae) em fragmento de transição Cerrado-Mata Atlântica». Dissertação de Mestrado
  7. Cranston, P; Gullan, P (2012). Os insetos - Um resumo de Entomologia. [S.l.]: ROCA
  8. Fincher, G (1986). «Importation, colonization, and release of dung-burying scarabs». Miscellaneous Publications of the Entomological Society of America,
  9. Edwards, P (2007). Introduced dung beetles in Australia 1967–2007 current status and future directions. Sydney: Landcare Australia
  10. Noriega, J; Horgan, F; Larsen, T; Valencia, G (2010). «Records of an invasive dung beetle species, Digitonthophagus gazella (Fabricius, 1787) (Coleoptera: Scarabaeidae), in Peru». Acta Zoológica Mexicana
  11. Génier, F; Davis, A (2017). «Digitonthophagus gazella auctorum: an unfortunate case of mistaken identity for a widely introduced species (Coleoptera: Scarabaeidae: Scarabaeinae: Onthophagini)». Zootaxa
  12. Koller, W; Gomes, A; Rodrigues, S; Alves, R (1999). «Coprophagous beetles (Coleoptera: Scarabaeidae) collected in Campo Grande, MS, Brazil.». Anais da Sociedade Entomológica do Brasil
  13. Halffter, G; Edmonds, W (1982). The nesting behavior of dung beetles (Scarabaeinae). México: Instituto de Ecología. 176 páginas
  14. Génier, F (2017). «Digitonthophagus Balthasar, 1959: taxonomy, systematics, and morphological phylogeny of the genus revealing an African species complex (Coleoptera: Scarabaeidae: Scarabaeinae)». Zootaxa. doi:10.11646/zootaxa.4248.1.1
  15. Brito, L; Borja, G; Oliveira, M; Netto, F (2005). «Mosca-dos-chifres: aspectos bio-ecológicos, importância econômica, interações parasito-hospedeiro e controle.». EMBRAPA - Comunicado Técnico
  16. Bianchin, I; Koller, W; Alves, R; Detmann, E (2004). «Efeito da mosca-dos-chifres, Haematobia irritans (L.) (Diptera: Muscidae), no ganho de peso de bovinos Nelore». Ciência Rural
  17. Honer, M; Bianchi, I; Gomes, A (1992). Manual de controle biológico - Com besouro africano, controle rápido e eficiente. Rio de Janiero: Sociedade Nacional de Agricultura
  18. Koller, Wilson Werner; Gomes, Alberto; Rodrigues, Sérgio Roberto (2006). «Perspectivas de Degradação de Fezes Bovinas pelo Besouro Coprófago Africano, Digitonthophagus gazella, e Espécies Sul-Americanas (Coleoptera; Scarabaeidae e Aphodiidae)» (PDF). Embrapa Gado de Corte. Consultado em 11 de janeiro de 2018
  19. Koller, W (2007). «Scarabaeidae e Aphodiidae coprófagos em pastagens cultivadas em área do cerrado sul-mato-grossense.». Revista Brasileira de Zoociências
  20. Leão, T; Almeida, W; Dechoum, M; Ziller, S (2011). «Espécies exóticas invasoras no Nordeste do Brasil: Contextualização, Manejo e Políticas Públicas». Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan)
  21. «Base de Dados sobre Espécies Exóticas Invasoras em I3N–Brasil». Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental / The Nature Conservancy. Consultado em 25 de junho de 2018
  22. Farigh, L (2003). «Effects of habitat fragmentation on biodiversity». Annual Review of Ecology, Evolution, and Systematics
  23. Levine, J; Vilà, M; Antonio, C; Dukes, J; Grigulis, K; Lavorel, S (2003). «Mechanisms underlying the impacts of exotic plant invasions». Proceedings of the Royal Society of London Series B-Biological Sciences
  24. MacDougall, A; Turkington, R (2005). «Are invasive species the drivers or passengers of change in degraded ecosystems?». Ecology
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Ligações externas

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