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Nossa Senhora das Dores

título atribuido à Virgem Maria Da Wikipédia, a enciclopédia livre

Nossa Senhora das Dores
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 Nota: "Nossa Senhora da Piedade" redireciona para este artigo. Para a freguesia portuguesa, veja Nossa Senhora da Piedade (Ourém). Para outros significados, veja Nossa Senhora das Dores (desambiguação).

Nossa Senhora das Dores, também chamada de Nossa Senhora da Piedade, Nossa Senhora da Soledade, Nossa Senhora das Angústias, Nossa Senhora da Agonia, Nossa Senhora das Lágrimas, Nossa Senhora das Sete Dores, Nossa Senhora do Calvário, Nossa Senhora do Monte Calvário, Mãe Soberana e Nossa Senhora do Pranto, invocada em latim como Beata Maria Virgo Perdolens ou Mater Dolorosa (sendo, sob essa designação, particularmente cultuada em Portugal), é uma forma pela qual é venerada a Virgem Maria, mãe de Jesus.

Factos rápidos

A Sua iconografia é geralmente reconhecida por ter uma ou mais espadas ou punhais, geralmente sete, atravessando Seu Doloroso e Imaculado Coração.

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Sete dores

A devoção à Mater Dolorosa iniciou-se em 1221, no Mosteiro de Schönau, na Germânia. Em 1239, a sua veneração no dia 15 de Setembro teve início em Florença, na Itália, pela Ordem dos Servos de Maria (Ordem dos Servitas). Deve o seu nome às Sete Dores da Virgem Maria:

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Devoções às Sete Dores

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Cristianismo Ocidental

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Maria cercada pelas 7 dores

A devoção católica a Nossa Senhora das Dores começou a se desenvolver por volta do fim do século XI, particularmente em regiões ao redor do Mediterrâneo.[1]

Em 1233, sete jovens da Toscana fundaram a Ordem dos Servitas (também conhecida como “Ordem dos Servos de Maria”).[2] Mais tarde, em 1239, eles assumiram como principal devoção da ordem as dores de Maria, especialmente sua permanência junto à Cruz.[3] Nesse mesmo ano, segundo Afonso de Ligório em seu livro As Glórias de Maria, Maria teria aparecido aos sete fundadores apresentando-lhes o “traje negro de luto” que eles deveriam usar, dizendo-lhes que meditassem frequentemente sobre suas dores.[4][5] Esta Ordem contribuiu grandemente para a difusão da devoção a Nossa Senhora das Dores.[6]

Os Servitas desenvolveram as três devoções mais comuns relacionadas às Dores de Nossa Senhora: o Rosário das Sete Dores, o Escapulário Negro das Sete Dores de Maria e a Novena de Nossa Mãe Dolorosa. O rosário consiste em um conjunto de contas em sete séries de sete Ave-Marias, separadas por uma conta em que se reza um Pai Nosso. As meditações para cada dor foram compostas pelo Papa Pio VII em 1818. O Escapulário Negro é um símbolo da Confraria de Nossa Senhora das Dores, associada à Ordem dos Servitas.[7] Ao contrário de outros escapulários devocionais, que exigem ornamentos ou desenhos específicos, o escapulário negro requer apenas que seja feito de tecido de lã preta.[8]

Ao longo dos séculos, várias outras devoções e até ordens religiosas surgiram em torno da meditação das Dores de Maria. Relaciona-se a essa devoção o Stabat Mater, hino composto em honra dos sofrimentos de Maria durante a Crucifixão, geralmente atribuído a Jacopone da Todi (1230–1306).[9]

Santo Afonso Maria de Ligório dedicou um capítulo inteiro de seu livro As Glórias de Maria (1750) às Sete Dores de Maria, escrevendo reflexões sobre cada uma delas. Nesse capítulo, ele também relata quatro promessas feitas por Jesus a Maria em favor daqueles que fossem devotos de suas dores. Essas promessas teriam sido reveladas a Isabel da Hungria e da Turíngia (1207–1231).[10]

  • 1. “Os que invocarem a Mãe Divina em razão de suas dores, antes da morte merecerão obter verdadeiro arrependimento de todos os seus pecados.”
  • 2. “Ele os protegerá em suas tribulações, especialmente na hora da morte.”
  • 3. “Ele imprimirá neles a memória de sua paixão, e eles receberão sua recompensa no Céu.”
  • 4. “Ele confiará esses servos devotos às mãos de Maria, para que ela disponha deles como quiser, obtendo para eles todas as graças que desejar.”[11]

Segundo a tradição, durante o século XIV, Brígida da Suécia teria recebido sete promessas de Maria relativas à devoção às suas sete dores:[12][13]

  • 1. “Concederei paz às suas famílias.”
  • 2. “Eles serão iluminados acerca dos mistérios divinos.”
  • 3. “Eu os consolarei em suas dores e os acompanharei em seus trabalhos.”
  • 4. “Dar-lhes-ei tudo o que pedirem, desde que não se oponha à vontade adorável de meu Divino Filho nem à santificação de suas almas.”
  • 5. “Eu os defenderei em suas batalhas espirituais contra o inimigo infernal e os protegerei em todos os momentos de suas vidas.”
  • 6. “Eu os ajudarei visivelmente no momento de sua morte — verão o rosto de sua Mãe.”
  • 7. “Obtive de meu Divino Filho esta graça: que aqueles que propagarem esta devoção às minhas lágrimas e dores serão conduzidos diretamente desta vida terrena à felicidade eterna, já que todos os seus pecados serão perdoados e meu Filho será sua eterna consolação e alegria.”

Do Santuário Nacional de São Peregrino difundiu-se a Novena da Mãe Dolorosa, cujo núcleo de orações é a Via Matris.[14]

Segundo os escritos de Lúcia dos Santos, uma das videntes das aparições marianas em Fátima, Maria teria aparecido, entre outras formas, como Nossa Senhora das Dores durante a aparição que culminou no “Milagre do Sol”, em 13 de outubro de 1917.[15]

Em 1945, duas meninas da cidade de La Codosera, na Espanha, relataram ter visto a Virgem Maria sob a forma de Nossa Senhora das Dores. O local onde testemunharam a aparição chama-se Chandavila, e nele foi construído um santuário. Em agosto de 2024, o Vaticano aprovou oficialmente as devoções neste local.[16]

Em 6 de março de 1982, segundo Marie Claire Mukangango, uma das três videntes reconhecidas das aparições marianas em Kibeho, Ruanda, a Virgem Maria ensinou-lhe o Rosário das Sete Dores e lhe confiou a missão de difundi-lo pelo mundo.[17] Em 31 de maio de 1982, Marie Claire relatou que a Virgem Maria prometeu que qualquer pessoa que rezasse o Rosário das Sete Dores meditando encontraria “a força para se arrepender”, junto com outras graças.[18][19]

Cristianismo Oriental

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Our Lady who softens evil hearts, Ícone Russo, século XIX

No dia 2 de fevereiro, mesma data da grande festa do Encontro do Senhor, os cristãos ortodoxos e os católicos orientais comemoram um ícone milagroso da Theotokos (Mãe de Deus), conhecido como “A que Suaviza os Corações Maus” ou “Profecia de Simeão”.[20]

O ícone representa Maria no momento em que Simeão, o Justo, proclama: “— E uma espada traspassará também a tua própria alma...” (Lc 2,35). Ela é retratada de pé, com as mãos erguidas em oração, enquanto sete espadas penetram em seu coração, símbolo das sete dores.[21] Este é um dos poucos ícones ortodoxos da Theotokos que não apresentam o Menino Jesus. A oração de refrão também é usada: “Alegra-te, Mãe de Deus muito sofredora, transforma nossas dores em alegria e suaviza os corações dos homens maus!”[22]

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Veneração

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A Virgem Pura Dolorosa aparecida em Umbe, perto Bilbao, no Norte de Espanha.
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Nossa Senhora das Dores de Chandavila, devotada em La Codosera, Espanha.

Em Pirenópolis e Magé, é venerada na Semana Santa, com o Setenário, e procissão

Moteto das Dores, Factum Est executado na Procissão das Dores pelo Coro e Orquestra Nossa Senhora do Rosário de Pirenópolis.
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A Senhora das Dores venerada em Dores de Campos, MG, cerca de 220 Km da capital estadual.
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Nossa Senhora das Dores em São Paulo, Brasil.

É padroeira, com o título de "Nossa Senhora das Dores", dos municípios de: Dores de Campos - MG;[23]Artur Nogueira - SP, onde, no mês de setembro, se celebra o Setenário das Dores e, no dia 15 de setembro, a Missa Solene, seguida de procissão pelas ruas do centro;[24]Miracatu - SP;[25]Caldas Novas - GO;[26]Itobi - SP;[27]Casa Branca - SP;[28]Itaguara - MG;[29] Candiba - BA;[30]Mairi - BA;[31]Dores do Turvo - MG;[32]Januária - MG;[33]Lima Duarte - MG;[34]Areal - RJ;[35]Juazeiro do Norte - CE;[36]Assaré - CE;[37]Avaré - SP;[38]Ibiúna - SP;[39]Serrana - SP;[40]Juquitiba - SP;[41]Monteiro - PB;[42]Mogeiro - PB;[43]Caruaru - PE;[44]Triunfo - PE;[45]Patu - RN;[46]Itaú - RN;[47]Mantenópolis - ES;[48]Limeira - SP;[49] Brotas - SP;[50]Jambeiro - SP;[51] Heliodora - MG, Cristina - MG, Guaxupé - MG e Diocese de Guaxupé, Araçoiaba da Serra - SP, Boa Esperança - MG, Doresópolis - MG, Nossa Senhora das Dores - SE, Marilândia do Sul - PR. É venerada no dia 15 de setembro, como padroeira da Eslováquia.[52]É também padroeira da comuna italiana de Mola di Bari.[53]

Com o título de "Nossa Senhora da Piedade", é padroeira dos seguintes municípios:Cajazeiras - PB;[54]Espírito Santo - RN;[55]Itapecuru-Mirim - MA;[56]Coreaú - CE.[57]

Com o título de "Nossa Senhora da Soledade", é padroeira do município de Itajubá - MG.[58]

É também alvo de particular culto em Malta e na Espanha (sendo orago dos seguintes municípios: Alanís, Albuñuelas, Alhama de Granada, Arévalo, Ayamonte, Blanca, Cobisa, Cuenca, Granada, Guadix, Güevéjar, Lodosa, Luzaga, Medina del Campo, Uclés, Vera, Villarramiel e Villatuelda).[59][60][61][62][63][64][65][66][67][68][69][70][71][72][73][74]

É sincretizada nas religiões afro-brasileiras de Minas Gerais com a orixá Oxum.[75]

Deu nome à Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, considerada a primeira tenda umbandista. Fundada em 16 de novembro de 1908 pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas por intermédio de Zélio Fernandino de Moraes.[76]

É a padroeira, sob o título de "Nossa Senhora das Dores", de Capela Nova - MG.[77]

Em Córrego do Feijão, bairro de Brumadinho, Minas Gerais, há uma capela dedicada a Nossa Senhora das Dores, que foi base do corpo de bombeiros durante as buscas as vítimas do rompimento da barragem da mina de Córrego do Feijão, propriedade da empresa Vale S. A., em 25 de janeiro de 2019.[78][79][80]

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Orago

Em Portugal, é o orago de diversas freguesias, sob as seguintes invocações:

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Procissão em honra de Nossa Senhora da Soledade em Alguber, no Cadaval.
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Exemplo de escapulário de Nossa Senhora das Dores.

Nossa Senhora
das Dores

Nossa Senhora
das Angústias

Nossa Senhora
da Piedade

Nossa Senhora
da Soledade

Nossa Senhora
do Pranto

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Iconografia

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Virgem das Angústias, em Ayamonte, na Espanha.
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Imagem de Nossa Senhora da Soledade da Real e Venerável Irmandade do Santíssimo Sacramento de Mafra.

Nossa Senhora das Dores surge representada sendo ferida por sete espadas no seu coração imaculado (algumas vezes, uma só espada), dado ter sido trespassada por uma espada de dor, quando da Paixão e Morte de seu Filho, unindo-se ao seu sacrifício enquanto redentor e sendo, por isso, chamada pelos teólogos de Corredentora do Género Humano. É, também, seu símbolo, o Rosário das Lágrimas (ou Terço das Lágrimas), com 49 contas brancas divididas em sete partes de sete contas cada. Aparece, também, frequentemente representada com uma expressão dolorida diante da Cruz, contemplando o filho morto (donde nasceu o hino medieval Stabat Mater), ou então segurando Jesus morto nos braços, após o seu descimento da Cruz (dando, assim, origem à temática das Pietà).

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Ver também

Referências

Ligações externas

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