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Jacaré
família de répteis Da Wikipédia, a enciclopédia livre
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Jacaré (do tupi iakaré[2]) também chamado aligátor (do inglês "alagarto" ou "alligator"; do espanhol "el lagarto") e caimão (do taíno "kaiman"), são crocodilianos da família Alligatoridae, semelhantes aos crocodilos, dos quais se distinguem pela cabeça mais curta e larga, pela presença de membranas interdigitais (semelhante barbatana) nos polegares das patas traseiras e, com relação à dentição onde o quarto dente canino da mandíbula inferior encaixa em um furo da mandíbula superior, enquanto que nos crocodilos sobressai para fora, quando têm a boca fechada.[3] O tamanho de um jacaré pode variar de 1,2 metros (jacaré-anão) até 5,5 metros (jacaré-açu), podendo pesar de seis a seiscentos quilos.
Os jacarés habitam as Américas, tendo desaparecido da Europa na era Plioceno.[carece de fontes] Na América do Norte, ocorre, somente, o gênero Alligator.
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Etimologia
O termo "jacaré" se origina do termo tupi iakaré, de significado etimológico incerto. O termo "aligátor" se origina do termo inglês "alligator",[4] que provavelmente é uma forma anglicanizada do espanhol "el lagarto". Algumas variações antigas da grafia em inglês incluem "allagarta" e "alagarto".[5] Já o termo "caimão" se origina do termo taíno "kaiman".[6] Caimão é um nome comum a diversos jacarés americanos do gênero Caiman.[7]
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Características
Os jacarés se diferenciam dos crocodilos por possuírem uma cabeça mais curta e mais larga, com focinhos mais avantajados. Onde Jacarés ingerem carne e peixe.[8]
O menor jacaré é o jacaré-anão, cujo comprimento varia entre 1,2 e 1,4 metros e pesa de 6 a 7 quilogramas. O aligátor-americano tem um tamanho médio de 3 a 4,6 metros, chegando até 5,3 metros[9][10] e 400 quilogramas.[11] O tamanho médio do jacaré-açu é de 2,8 a 4,2 metros, podendo alcançar os 6 metros e mais de 400 quilogramas.[12]
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Distribuição geográfica
O aligátor-americano (Alligator mississippiensis) é uma espécie típica dos Estados Unidos.[13] O aligátor-chinês (Alligator sinensis) é encontrado no leste da China, na região do rio Yangtzé.[14] Os jacarés da subfamília Caimaninae são encontrados na América do Sul, porém o jacaretinga (Caiman crocodilus) também é encontrado na América Central e sul do México.[15]
Classificação taxonómica
- Superfamília Alligatoroidea
- Família Alligatoridae
- Subfamília Alligatorinae
- Gênero Albertochampsa (extinto)
- Gênero Chrysochampsa (extinto)
- Gênero Hassiacosuchus (extinto)
- Gênero Navajosuchus (extinto)
- Gênero Ceratosuchus (extinto)
- Gênero Allognathosuchus (extinto)
- Gênero Hispanochampsa (extinto)
- Gênero Arambourgia (extinto)
- Gênero Procaimanoidea (extinto)
- Gênero Wannaganosuchus (extinto)
- Gênero Krabisuchus (extinto)
- Gênero Eoalligator (extinto)
- Gênero Alligator
- Alligator prenasalis (extinto)
- Alligator mcgrewi (extinto)
- Alligator olseni (extinct)
- Jacaré-da-china, Alligator sinensis
- Alligator mefferdi (extinto)
- Jacaré-americano, Alligator mississippiensis
- Subfamília Caimaninae
- Gênero Necrosuchus (extinto)
- Gênero Eocaiman (extinto)
- Gênero Paleosuchus
- Jacaré-anão, Paleosuchus palpebrosus
- Jacaré-coroa, Paleosuchus trigonatus
- Gênero Purussaurus (extinto)
- Gênero Mourasuchus (extinto)
- Gênero Orthogenysuchus (extinto)
- Gênero Caiman
- Jacaré-do-pantanal, Caiman yacare
- Jacaretinga, Caiman crocodilus
- C. c. apaporiensis
- C. c. fuscus
- Caiman lutescans (extinto)
- Jacaré-de-papo-amarelo, Caiman latirostris
- Gênero Melanosuchus
- Melanosuchus fisheri (extinto)
- Jacaré-açu, Melanosuchus niger
- Melanosuchus latrubessei (extinto)
- Subfamília Alligatorinae
- Família Alligatoridae
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Caça ao jacaré pelos nativos do Novo Mundo
Resumir
Perspectiva

Os nativos do Novo Mundo apreciavam a carne do jacaré e utilizavam seu couro para fazer gamelas. Os ovos do jacaré eram muitos apreciados pelos Kaxúyana do Amazonas e Pará, que os consumiam durante as refeições.[32] Ossos deste animal eram usados como ponta da zagaia, uma lança curta usada pelos Guató do Mato Grosso.[33]
O jacaré era um voraz predador dos peixes eventualmente presos às armadilhas montadas pelos nativos nas pescarias. O animal também estava associado à lenda do fogo, já que se acreditava que ele engolira o fogo que o deus Tupã esquecera sobre uma pedra.[34]
Os Kisêdjé do Mato Grosso consumiam uma grande quantidade de jacarés.[35] Os Timucua da Geórgia e Flórida também o faziam[36] e os Pariana e os Kayu-vicena dos rios Tocantins e Solimões estimavam a carne do jacaré feita no moquém.[37] Os cintas-largas, de Mato Grosso e Rondônia, capturavam os jacarés arrancado-os de suas tocas nos leitos dos córregos.[38]
Quando o nativo amazônico encontrava algum jacaré dormindo parcialmente enterrado no barro aproximava-se com cautela e colocava um pé na cabeça e outro no dorso do animal. Enterrava a mão no lodo e, puxando a pata, virava o jacaré de costas. Amarrava suas patas e boca, dominando-o.[39]
Também caçavam crocodilos e jacarés com um pedaço de pau com as pontas bem afiadas. Quando o animal estava no seco tomando sol o índio se aproximava do lado do sol e quando o animal abria a boca para atacá-lo, ele nela enfiava a mão com a estaca e ao tentar abocanhar a mão a estaca se cravava na parte superior e inferior da boca do animal.[40]
Na captura de crocodilo e jacaré, nativos venezuelanos utilizavam uma corda comprida de couro de peixe-boi, na qual havia um laço em uma das extremidades. Dois índios, um segurando a corda e o outro o laço, se aproximavam sem serem percebidos do animal que estava tomando sol. Ao mesmo tempo em que a fera se jogava na água o índio laçava sua boca e subia em cima dele. O animal tentava nadar, mas não conseguia devido ao peso que estava nas suas costas e ia afundando, ao mesmo tempo que o índio dava outras voltas com a corda, amarrando ainda mais a boca. A gordura do jacaré era muito utilizada pelos nativos na feitura de pães.[40]
Na contramão da maioria de outras tribos, os suruís-paíteres, de Mato Grosso e Rondônia, não comiam jacaré,[34] enquanto que mulheres gestantes dos ianomámis, do Amazonas, não comiam jacaré para que a criança que ia nascer não se parecesse com este animal.[41]
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Referências
- Family Alligatoridae (Alligators and Caiman) Arquivado em 2016-03-04 no Wayback Machine University of Bristol. Quote:"The Alligatoridae appears in the Upper Cretaceous while the genus Alligator first occurs in the Oligocene."
- Porto Editora – jacaré no Dicionário infopédia da Língua Portuguesa [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-02-03 20:01:54]. Disponível em
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- Morgan, G. S., Richard, F., & Crombie, R. I. (1993). The Cuban crocodile, Crocodylus rhombifer, from late quaternary fossil deposits on Grand Cayman. Caribbean Journal of Science, 29(3-4), 153-164. [S.l.: s.n.]
- FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.313
- «Crikey! Crocodiles and Alligators Snack on Fruit». Live Science
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