Top Qs
Linha do tempo
Chat
Contexto
Parequema
Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Remove ads
Parequema (em grego: parékhema; eco próximo, repetição de sons)[1] é, na gramática da língua portuguesa, um recurso de linguagem que consiste em começar uma palavra com sílaba ou fonema igual ou muito semelhante à última sílaba da palavra anterior.[2]
Remove ads
Definição
Resumir
Perspectiva
Considerado a versão defeituosa da aliteração,[3] o parequema é o encontro de dois fonemas idênticos em palavras sucessivas,[1] a aproximação de sons consonantais idênticos ou semelhantes,[4] ou ainda um recurso fônico que consiste na repetição da sílaba final de uma palavra no início da palavra seguinte.[5] Muitas vezes, o uso de um parequema é considerado um recurso estilístico,[1] de efeito expressivo,[6] trazendo estilo a passagens como "...troam trons trovejantes...", ou apenas desagradando os ouvidos com sons semelhantes, tal como em "...sucessão de sucessos sucessivos...".[7]
O parequema é formado pela proximidade de sons consonantais, sejam iguais ou semelhantes.[3] Ele pode aparecer em exemplos curtos, como "queijo quente", em que ocorre a repetição do fonema [q], "nana, neném", em que se repete o fonema [n], ou em sentenças mais longas, tais como "Professores profissionais precisam proceder preciosamente", em que dois fonemas, [p] e [r], se repetem.[3] Nesta última frase, a repetição também ocorre no caso do fonema [s], o que é considerado um caso de colisão, que ocorre quando um parequema é formado de sons sibilantes, como em "Sei que cinco sapos sempre saltam sobre a sombra dessa cerca".[3] O uso de parequemas também pode criar ecos e cacófatos.[8]
Remove ads
Exemplos de parequemas
Resumir
Perspectiva
Na literatura

As obras escritas por Machado de Assis contêm diversos exemplos de parequemas, como "no norte", "este tem", "ajudada da", "na natureza", "de nenhuma maneira", "malhada das cores" e "no nosso".[8]
Em "Canção do Exílio",[9] poema que faz parte de seu único livro publicado em vida, "As Primaveras", de 1859,[10] o poeta fluminense Casimiro de Abreu demonstra o uso de um parequema na passagem "Se eu tenho de morrer na flor dos anos, / Meu Deus, não seja já!".[1]
O português Luís de Camões apresenta logo no título de seu poema, "Alma minha gentil, que te partiste", exemplo que não apenas constitui parequema — alma minha —, como também cacofonia ("maminha").[11]
O poeta simbolista brasileiro Cruz e Sousa utilizou-se de parequema em seu poema "Lésbia", quando citou o trecho "Nesse lábio mordente e corrosivo / Ri, ri, risadas de expressão violenta".[1][12] Ao menos dois outros usos de parequema são registrados em suas obras: primeiro, em seu poema "O Anjo Gabriel", publicado em "O Livro Derradeiro", onde o emprega em "Leve, loura, radial, a soberba cabeça / Eleva-se da flor do níveo colo louro";[6] e segundo, em "Sonata", publicado no livro "Broquéis", de 1893, no trecho "Do imenso mar maravilhoso, amargos, / marulhosos murmurem compungentes / cânticos virgens de emoções latentes, / do sol nos mornos, mórbidos letargos...".[6]
O poeta carioca Olavo Bilac, principal nome do parnasianismo brasileiro,[13] é outro que se utiliza do recurso de parequema, em seu soneto "Inania Verba", no trecho "Ah! quem há de imprimir, alma impotente e escrava, / O que a boca não diz, o que a mão não escreve?".[6] Raul de Leoni, também poeta brasileiro, emprega parequema em seu poema "Florença", no trecho "Florença, ó meu retiro espiritual! / Suave vinheta do meu pensamento!".[6]
O contista e poeta brasileiro Vicente de Carvalho emprega o parequema ao terminar seu poema "Oração Pagã": "Ó meu amor, porção de nadas! / Tu sonhas tanto... E eu vejo só / Sonhos que de asas fraturadas / Rojam no pó...".[14]
Eça de Queiroz, escritor português, apresenta exemplos de parequemas de feia dissonância em quase todos os seus romances.[15] Entre eles estão "...os chás do brigadeiro Sena eram ainda mais tristes que o terço das primas Cunhas.",[15] parequema que aparece no primeiro capítulo de "Os Maias" e cria uma colisão, com a repetição dos fonemas [s] e [c]; e "...esfregou energicamente, com a ponta da toalha, o garfo negro, a fusca colher de estanho.",[15] que aparece em "A Cidade e as Serras" e novamente constitui exemplo de colisão ao repetir os fonemas [c] e [k].
Outros exemplos
- 31 de dezembro
- Adolescente teimoso
- Ano-Novo
- Cone negro[16]
- Corpo poroso
- Crepúsculo longo
- É bom que seja já
- Erótica cacofonia
- Essa é uma faca cara
- Fosso social
- Gado doente
- Gafe feminina
- Garota taluda
- Grife feminina
- Guilherme Melanino Nogueira
- Gustava Valeriana Nascimento
- Imaculada dama
- Impasse sensual
- Importante tempo
- Infame menina
- Melanina Nascimento Torquato
- Menino nostálgico
- O sapo fez o ataque que queria
- Pato tonto[17]
- Pouco coco comigo[8]
- Regra gramatical
- Roupa parda
- Saco colorido
- Samba baiano
- Sintagma masculino
- Tabu burocrático
Remove ads
Referências
- Moisés, Massaud (2002). Dicionário de termos literários. São Paulo: Editora Cultrix. p. 338. 520 páginas. ISBN 9788531601309. Consultado em 21 de outubro de 2025
- «Parequema». Dicionário Brasileiro Michaelis On-Line da Língua Portuguesa. Consultado em 21 de outubro de 2025
- Hergesel, João Paulo (1 de julho de 2013). Estilística cibernética. [S.l.]: Editora Jogo de Palavras. p. 95. 156 páginas. ISBN 9788566266207. Consultado em 21 de outubro de 2025
- Sacconi, Luiz Antonio. Nossa gramática completa 34ª ed. ed. [S.l.]: Matrix Editora. p. 434. ISBN 9786556160863. Consultado em 21 de outubro de 2025
- Cavaliere, Ricardo Stavola (11 de agosto de 2011). Pontos essenciais em fonética e fonologia. [S.l.]: Nova Fronteira. 252 páginas. ISBN 9788520933534. Consultado em 21 de outubro de 2025
- Araujo, Paulo Mario Beserra de (17 de fevereiro de 2020). Retórica e Poética – Glossário. Rio de Janeiro: Imprimatur. p. 314. 419 páginas. Consultado em 22 de outubro de 2025
- Carvalho, Gelson de (13 de dezembro de 2022). Dicionário de Palavras-Tronco: Tomo II (K-Z) (em inglês). [S.l.]: Lisbon. Consultado em 21 de outubro de 2025
- Fares, David (8 de março de 2012). «Parequema – Um perigo para todo escritor». Recanto das Letras. Consultado em 21 de outubro de 2025. Cópia arquivada em 9 de junho de 2015
- «Se eu tenho de morrer na flor dos anos - Wikisource». pt.wikisource.org. Consultado em 21 de outubro de 2025
- «Poema de Casimiro de Abreu é destaque do Leitura ao Pé do Ouvido». SP Leituras. 29 de outubro de 2021. Consultado em 21 de outubro de 2025
- Monteiro, Manuel (27 de maio de 2024). Por Amor à Língua e à Literatura: Edição revista e aumentada de um livro que se insurge contra a linguagem que por aí circula (ebook). [S.l.]: OBJECTIVA. ISBN 9789897878046. Consultado em 22 de outubro de 2025
- Azevedo, Wagner (12 de dezembro de 2022). Dicionário de Onomatopeias e Vocábulos Expressivos: Registrados nas literaturas brasileira e portuguesa, em letras da MPB e nas histórias em quadrinhos. Foz do Iguaçu: Editora Moan. p. 360. 783 páginas. ISBN 9786585027038. Consultado em 21 de outubro de 2025
- Campos, Ari Silva Mascarenhas de (24 de novembro de 2023). Literatura brasileira I (eBook). São Paulo: Editora Senac. ISBN 9788539640911. Consultado em 22 de outubro de 2025
- Azevedo d', Octávio (1970). Vicente de Carvalho e os poemas e canções : seus motivos sua técnica. Internet Archive. [S.l.]: Rio de Janeiro : Livraria José Olympio Editora. p. 64. Consultado em 22 de outubro de 2025
- Cavalcanti, Paulo (1 de junho de 2015). Eça de Queiroz: Agitador no Brasil. São Paulo: Companhia Editora de Pernambuco (CEPE). p. 194. ISBN 9788578582852. Consultado em 21 de outubro de 2025
- Pereira, Raimundo N. (20 de setembro de 2005). «Acadêmico de Pedagogia». UOL Blog. Consultado em 21 de outubro de 2025. Arquivado do original em 3 de março de 2016
- «Parequema». Dicio, Dicionário Online de Português. Consultado em 21 de outubro de 2025
Remove ads
Wikiwand - on
Seamless Wikipedia browsing. On steroids.
Remove ads