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Casimiro de Abreu
poeta fluminense Da Wikipédia, a enciclopédia livre
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Casimiro José Marques de Abreu (Casimiro de Abreu, 4 de janeiro de 1839 – Casimiro de Abreu, 18 de outubro de 1860) foi um poeta, dramaturgo, romancista e ensaísta brasileiro, identificado com a segunda geração do romantismo no Brasil. Foi um dos poetas mais populares no Brasil durante o século XIX, conhecido pelo seu lirismo ingênuo, pueril e musical. É o patrono da cadeira número seis da Academia Brasileira de Letras, fundada por Teixeira de Melo[1].
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Biografia
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Casimiro nasceu no dia 4 de janeiro de 1839, na cidade que hoje leva o seu nome. Filho do fazendeiro português José Joaquim Marques de Abreu e de Luísa Joaquina das Neves, que não eram oficialmente casados, passou a infância na fazenda da mãe e fez os estudos primários em Nova Friburgo. Em 1852, foi para o Rio de Janeiro com o pai para trabalhar no comércio, e, no ano seguinte, viajou com ele para Portugal[1][2].
Em Lisboa, deu início à sua vida literária, publicando ensaios, peças dramáticas e romances em folhetim, com destaque para a peça Camões e o Jau, representada em 1856 com grande sucesso. Em 1857, retornou ao Rio de Janeiro, onde passou a frequentar as rodas literárias da cidade e colaborou com diversos periódicos[1][2].
Em 1859, publicou As Primaveras, reunindo toda a sua produção lírica. O livro alcançou grande fama pelo país, não só pelo prestígio do poeta nos círculos literários cariocas, mas também pela atividade de caixeiros-viajantes, que difundiram seus poemas "para fora da Corte, nas províncias mais distantes, inclusive em edições portuguesas não-autorizadas", como conta Vagner Camillo[3]. No ano seguinte, morreu na cidade natal, vítima de tuberculose.
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Obra
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Segundo a Academia Brasileira de Letras, a obra de Casimiro tem como temas principais "a nostalgia da infância, a saudade da terra natal, o gosto da natureza, a religiosidade ingênua, o pressentimento da morte, a exaltação da juventude, a devoção pela pátria e a idealização da mulher amada", sendo "condicionada estreitamente pelo universo do burguês brasileiro da época imperial, das chácaras e jardins (...) onde se caça passarinho quando criança, onde se arma a rede para o devaneio ou se vai namorar quando rapaz"[1], enquadrando-se, assim, na segunda geração do romantismo brasileiro. Segundo Fausto Cunha, "Casimiro de Abreu vinha propor uma linguagem perfeitamente de acordo com o pathos da época (...) de grande maleabilidade, poder de infiltração e virtualidades mnemônicas"[3].
O seu poema mais famoso é Meus oito anos[4], que, segundo Jean Pierre Chauvin, "está gravado em nossa memória coletiva"[3]. Segundo Manuel Bandeira, "ninguém tampouco exprimiu melhor as saudades da infância do que o fez o poeta fluminense nas oitavas dos Meus oito anos"[5].
Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!— Primeira estrofe do poema Meus oito anos, de Casimiro de Abreu.
Outro poema bastante celebrado de Casimiro é A valsa, onde, segundo Jean Pierre Chauvin, "a musicalidade dos salões é exemplarmente retratada"[3].
Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas...
— Eu vi!...— Refrão do poema A valsa, de Casimiro de Abreu.
Apesar de todo o seu prestígio, a obra de Casimiro é bastante criticada por conta do seu lirismo simples e pueril. Segundo Bandeira, "formou-se em torno de Casimiro de Abreu um juízo de todo injusto, a que infelizmente deu força a opinião de nomes prestigiosos"[5]. O professor Massaud Moisés, por exemplo, utilizou o poeta como exemplo da má qualidade geral da poesia lírica, classificando-o como "poeta sem problema, ou de problema visível e equacionável", que "somente atinge as camadas líricas mais imediatas, centrado numa egolatria ou num transe moral próprio da adolescência"[6].
Ainda assim, a maioria dos críticos concorda com o alto valor da sua obra, sendo que Massaud Moisés reconhece que "o poeta brasileiro escreveu poemas de maior ressonância lírica", a exemplo de Amor e Medo[7], provavelmente o seu poema mais celebrado entre críticos.
Quando eu te fujo e me desvio cauto
Da luz de fogo que te cerca, oh! bela,
Contigo dizes, suspirando amores:
“— Meu Deus! que gelo, que frieza aquela!”
Como te enganas! meu amor é chama
Que se alimenta no voraz segredo,
E se te fujo é que te adoro louco...
És bela — eu moço; tens amor — eu medo!...— As duas primeiras estrofes do poema Amor e Medo, de Casimiro de Abreu.
Publicações
- Camões e o Jau, teatro (1856).
- As Primaveras, poesia (1859).
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Referências
- «Casimiro de Abreu». Academia Brasileira de Letras. Consultado em 24 de dezembro de 2022
- Nilo Bruzzi (1949). Casimiro de Abreu. Rio de Janeiro: Aurora
- CHAUVIN, Jean Pierre (2014). «Casimiro de Abreu: melancolia, amor e transcendência». As Primaveras. São Paulo: Martin Claret. pp. 9–15. ISBN 9788572329958
- «O eterno romântico Casimiro de Abreu». Conselho da Comunidade Luso-Brasileira do Estado de São Paulo. 18 de janeiro de 2022. Consultado em 24 de dezembro de 2022
- BANDEIRA, Manuel. Apresentação da poesia brasileira. [S.l.]: Cosac Naify. pp. 72–74
- MOISÉS, Massaud (2012). A criação poética: poesia e prosa. São Paulo: Cultrix. p. 196. ISBN 9788531611810
- MOISÉS, Massaud (2014). A Análise literária. São Paulo: Cultrix. p. 38. ISBN 9788531600111
Ver também
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