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Declaração de crença adotada no Primeiro Concílio Ecumênico em 325 Da Wikipédia, a enciclopédia livre
O Credo Niceno é uma profissão de fé adotada do Primeiro Concílio Ecumênico reunido na cidade de Niceia da Bitínia (atual İznik, Turquia) em 325. Chama-se também o Símbolo Niceno (em latim: Symbolum Nicaenum), e a Profissão de fé dos 318 Padres, referência aos 318 bispos que participaram do Primeiro Concílio de Niceia.
O propósito de um credo é agir como um critério de crença correta, ou ortodoxia. Os credos do cristianismo foram elaborados em momentos de conflito sobre a doutrina: a aceitação ou rejeição de um credo serviu para distinguir os crentes e negadores de uma doutrina específica ou um conjunto de doutrinas. Por essa razão, um credo foi chamado em grego σύμβολον (symbolon), que significava a metade de um objeto quebrado para que, colocada junto com a outra metade, verificasse a identidade do portador.[1] A palavra grega passou para symbolum em latim ("símbolo" em português).[2]
O Credo de Niceia foi adotada em face do arianismo. Ário, um presbítero da Igreja de Alexandria, natural da Líbia, havia declarado que, embora o Filho fosse divino, ele era um ser criado no tempo e, portanto, não coessencial com o Pai. Isto fez com que Jesus fosse considerado inferior ao Pai, que colocou desafios soteriológicos para a doutrina da Trindade.[3][4]
O Credo Niceno explicitamente reafirma a divindade coessencial do Filho, aplicando-lhe o termo "consubstancial". Termina com as palavras "(Cremos) no Espírito Santo" e com um anátema contra os arianos.
O mesmo nome Credo Niceno encontra-se aplicado muitas vezes a outro credo, o Credo Niceno-Constantinopolitano, hoje em dia mais conhecido, por ser usado na liturgia da Igreja católica e da Igreja ortodoxa e por ser considerado normativo também pela Igreja Ortodoxa Oriental, a Igreja anglicana e a maioria das denominações protestantes.[5][6][7]
Tradicionalmente, este Credo é considerado uma revisão, feita pelo Primeiro Concílio de Constantinopla em 381, do Credo Niceno de 325, motivo pelo qual é chamado Niceno-Constantinopolitano. Porém, desde mais de um século, se levantam dúvidas sobre esta explicação da origem do Credo Niceno-Constantinopolitano.[8]
Os atos do concílio de 381 não são conservados, e não existe documento com o texto do Credo Niceno-Constantinopolitano mais antigo dos atos do Concílio de Calcedônia de 451. No 431, o Primeiro Concílio de Éfeso citou o Credo Niceno de 325, e declarou que "é ilícito para qualquer um para apresentar, ou escrever, ou compor uma fé diversa (ἑτέραν - no sentido de "contraditório" e não de "adicional")[9] da estabelecida pelos Santos Padres reunidos com o Espírito Santo em Niceia" (ou seja, o Credo de 325).[10] A falta de menção do Credo agora chamado Niceno-Constantinopolitano nos escritos do intervalo entre 381 (Primeiro Concílio de Constantinopla) e 451 (Concílio de Calcedônia), particularmente nos atos deste Concílio de Éfeso, até tem inspirado a alguns a ideia de que o texto foi apresentado ao Concílio de Calcedônia para superar o problema da proibição Efesina de novas formulações.[11][12]
Porém, segundo a Encyclopædia Britannica e outros estudiosos, é mais provável a autoria ou aprovação do Concílio de Constantinopla, mas sobre a base não do Credo Niceno, senão de um Credo batismal local, talvez de Jerusalém, de Cesareia, de Antioquia ou de Constantinopla.[6][13][14][15][16]
O Credo Niceno termina com as palavras "(Cremos) no Espírito Santo" e com um anátema contra os arianos. Há também muitas outras diferenças. São poucos os estudiosos que acreditam que o Credo Niceno-Constantinopolitano seja uma amplificação do Credo de 325. Só num sentido lato o Credo posterior pode ser chamado Niceno, isto é, em conformidade com a fé proclamada em Niceia.[17]
Na seguinte tabela, letras negritas indicam as partes do Credo Niceno omitidas ou movidas no Niceno-Constantinopolitano, e letras cursivas as frases presentes no Niceno-constantinopolitano mas não no Niceno.[18]
Credo Niceno (325)[19] | Credo Niceno-Constantinopolitano (381?)[19] |
---|---|
Πιστεύομεν εἰς ἕνα θεὸν πατέρα παντοκράτορα, πάντων ὁρατῶν τε και ἀοράτων ποιητήν. | Πιστεύομεν εἰς ἕνα θεὸν πατέρα παντοκράτορα, ποιητὴν οὐρανοῦ καὶ γῆς, ὁρατῶν τε πάντων καὶ ἀοράτων· |
Καὶ εἰς ἕνα κύριον Ἰησοῦν Χριστόν, τὸν υἱὸν τοῦ θεοῦ, γεννηθέντα ἐκ τοῦ πατρὸς μονογενῆ, τοὐτέστιν ἐκ τῆς οὐσίας τοῦ πατρός, | καὶ εἰς ἕνα κύριον Ἰησοῦν Χριστόν, τὸν υἱὸν τοῦ θεοῦ τὸν μονογενῆ, τὸν ἐκ τοῦ Πατρὸς γεννηθέντα πρὸ πάντων τῶν αἰώνων, |
θεὸν ἐκ θεοῦ, φῶς ἐκ φωτός, θεὸν ἀληθινὸν ἐκ θεοῦ ἀληθινοῦ, γεννηθέντα, οὐ ποιηθέντα, ὁμοούσιον τῷ πατρί | φῶς ἐκ φωτός, θεὸν ἀληθινὸν ἐκ θεοῦ ἀληθινοῦ, γεννηθέντα οὐ ποιηθέντα, ὁμοούσιον τῷ πατρί, |
δι' οὗ τὰ πάντα ἐγένετο, τά τε ἐν τῷ οὐρανῷ καὶ τὰ ἐω τῇ γῇ | δι' οὗ τὰ πάντα ἐγένετο, |
τὸν δι' ἡμᾶς τοὺς ἀνθρώπους καὶ διὰ τὴν ἡμετέραν σωτηρίαν κατελθόντα καὶ σαρκωθέντα καὶ ἐνανθρωπήσαντα, | τὸν δι' ἡμᾶς τοὺς ἀνθρώπους καὶ διὰ τὴν ἡμετέραν σωτηρίαν κατελθόντα ἐκ τῶν οὐρανῶν καὶ σαρκωθέντα ἐκ πνεύματος ἅγίου καὶ Μαρίας τῆς παρθένου καὶ ἐνανθρωπήσαντα |
παθόντα, καὶ ἀναστάντα τῇ τρίτῃ ἡμέρᾳ, ἀνελθόντα εἰς τοὺς οὐρανούς, | σταυρωθέντα τε ὑπὲρ ἡμῶν ἐπὶ Ποντίου Πιλάτου καὶ παθόντα καὶ ταφέντα καὶ ἀναστάντα τῇ τρίτῃ ἡμέρα κατὰ τὰς γραφάς καὶ ἀνελθόντα εἰς τοὺς οὐρανούς καὶ καθεζόμενον ἐκ δεξιῶν τοῦ πατρός |
καὶ ἐρχόμενον κρῖναι ζῶντας καὶ νεκρούς. | καὶ πάλιν ἐρχόμενον μετὰ δόξης κρῖναι ζῶντας καὶ νεκρούς· |
οὗ τῆς βασιλείας οὐκ ἔσται τέλος. | |
Καὶ εἰς τὸ ἅγιον πνεῦμα. | καὶ εἰς τὸ πνεῦμα τὸ ἅγιον, τὸ κύριον, καὶ ζῳοποιόν, τὸ ἐκ τοῦ πατρὸς ἐκπορευόμενον, τὸ σὺν πατρὶ καὶ υἱῷ συμπροσκυνούμενον καὶ συνδοξαζόμενον, τὸ ἐκλαλῆσαν διὰ τῶν προφητῶν· |
Τοὺς δὲ λέγοντας· ἦν ποτε ὅτε οὐκ ἦν, καὶ πρὶν γεννηθῆναι οὐκ ἦν, καὶ ὅτι ἐξ οὐκ ὄντων ἐγένετο, ἢ ἐξ ἑτέρας ὑποστάσεως ἢ οὐσίας φάσκοντας εἶναι, ἢ κτιστόν ἢ τρεπτὸν ἢ ἀλλοιωτὸν τὸν υἱὸν τοῦ θεοῦ, ἀναθεματίζει ἡ καθολικὴ ἐκκλησία. | Εἰς μίαν ἁγίαν καθολικὴν καὶ ἀποστολικὴν ἐκκλησίαν· ὁμολογοῦμεν ἓν βάπτισμα εἰς ἄφεσιν ἁμαρτιῶν· προσδοκοῦμεν ἀνάστασιν νεκρῶν, καὶ ζωὴν τοῦ μέλλοντος αἰῶνος. ἀμήν. |
Numa tradução portuguesa as diferenças aparecem assim:
Credo Niceno (325) | Credo Niceno-Constantinopolitano (381?) |
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Cremos em um só Deus, Pai todo-poderoso, criador de todas as coisas visíveis e invisíveis. | Cremos em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. |
Ε em um só Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, gerado unigênito do Pai, isto é, da substância do Pai; | E em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus, gerado do Pai antes de todos os séculos |
Deus de Deus, luz de luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não feito, consubstancial ao Pai; | luz de luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não feito, consubstancial ao Pai, |
por quem foram feitas todas as coisas que estão no céu ou na terra. | por que, foram feitas todas as coisas. |
O qual por nós homens e para nossa salvação, desceu, se encarnou e se fez homem. | O qual por nós homens e para a nossa salvação, desceu dos céus: se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem. |
Padeceu e ressuscitou ao terceiro dia e subiu aos céus | Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos e padeceu e foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia conforme as Escrituras, e subiu aos céus, onde está assentado à direita do Pai. |
Ele virá para julgar os vivos e os mortos. | Ele virá novamente, em glória, para julgar os vivos e os mortos; |
e o Seu reino não terá fim. | |
E no Espírito Santo. | E no Espírito Santo, Senhor e fonte de vida, que procede do Pai; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele falou pelos profetas. |
E quem quer que diga que houve um tempo em que o Filho de Deus não existia, ou que antes que fosse gerado ele não existia, ou que ele foi criado daquilo que não existia, ou que ele é de uma substância ou essência diferente (do Pai), ou que ele é uma criatura, ou sujeito à mudança ou transformação, todos os que falem assim, são anatematizados pela Igreja Católica. | E na Igreja, una, santa, católica e apostólica. Confessamos um só batismo para remissão dos pecados. Esperamos a ressurreição dos mortos; e a vida do mundo vindouro. Amém. |
O Credo Niceno afirma as seguintes crenças:
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