Estado Islâmico do Iraque e do Levante
organização jihadista islamita salafita / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
Estado Islâmico,[20] antes denominado Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) ou Estado Islâmico do Iraque e da Síria (EIIS),[21] é uma organização jihadista islamita de orientação salafista (sunita ortodoxa)[22][23] e wahabita[24][25] criada após a invasão do Iraque em 2003. O grupo opera principalmente no Oriente Médio e também é conhecido pelos acrônimos em língua inglesa ISIS (Islamic State of Iraq and Syria) ou ISIL (Islamic State of Iraq and the Levant),[26][27] sendo muitas vezes designado, por seus oponentes árabes (que não reconhecem a organização como 'Estado', nem como 'islâmico'[28][29][30]), pelo acrônimo داعش, transl. Dāʿiš (de ad-Dawlat al- 'Irāq wa sh-Shām; em português: 'Estado do Iraque e do Levante'), frequentemente grafado Da'ish ou, por influência do inglês, Daesh,[31][26] de onde provém a forma aportuguesada Daexe.[32][33][34][35]
Estado Islâmico | |
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الدولة الإسلامية | |
Bandeira de batalha do grupo | |
País | Iraque Síria |
Criação | 2003[1] ou out/2004[2] 29 de junho de 2014 (proclamação do Califado)[3] |
Lema | em árabe: باقية وتتمدد; romaniz.:"Bāqiyah wa-Tatamaddad; "Remanescendo e Expandindo"[4][5] |
História | |
Guerras/batalhas | Guerra do Iraque
Líbia/Egito[8][9] |
Logística | |
Efetivo | 80 000 – 100 000 (no seu auge; cerca de 50 000 na Síria e 30 000 no Iraque, segundo o OSDH)[13][14] 20 000 – 31 500[15] (em 2014, segundo a CIA) 6 500 (2017)[16] |
Insígnias | |
Selo oficial | |
Comando | |
Comandante | Abu Musab al-Zarqawi[1] † (2004–2006)[2] Abu Ayyub al-Masri[1] † (2006–2010)[2] Abu Omar al-Baghdadi † (2006-2010)[2] Abu Bakr al-Baghdadi †[17][18](2010–2019) Abu Ibrahim al Hashimi al-Qurayshi † (2019–2022) Abu al-Hasan al-Hashimi al-Qurashi † (2022) Abu al-Hussein al-Husseini al-Qurashi † (2022–2023) Abu Hafs al-Hashimi al-Qurashi (2023–presente) |
Sede | |
Quartel-general | Raca (de facto, de 2013 a 2017)[19] Al-Qaim (2017) Hajin (2017-2018) Al-Susah (2018-2019) Al-Marashidah (Janeiro–fevereiro de 2019) Al-Baghuz Fawqani (Fevereiro–Março de 2019) Atualmente nenhum |
Em 29 de junho de 2014, o EIIL passou a se autodenominar simplesmente "Estado Islâmico" (EI) (em árabe: الدولة الإسلامية, ad-Dawlat al-Islāmiyah), autoproclamando-se um califado sob a liderança de Abu Bakr al-Baghdadi. Tal Estado nunca foi reconhecido pela comunidade internacional.[3][18] O EIIL afirma autoridade religiosa sobre todos os muçulmanos do mundo[36] e aspira tomar o controle de muitas outras regiões de maioria islâmica,[37] a começar pela região do Levante, que inclui Jordânia, Israel, Palestina, Líbano, Chipre e Hatay, uma área no sul da Turquia.[27][38]
O grupo, em seu formato original, era composto e apoiado por várias organizações terroristas sunitas insurgentes, incluindo suas organizações antecessoras, como a Al-Qaeda no Iraque, o Conselho Shura Mujahideen (2006-2006) e o Estado Islâmico do Iraque (ISI) (2006-2013), além de outros grupos insurgentes, como Jeish al-Taiifa al-Mansoura, Jaysh al-Fatiheen, Jund al-Sahaba, Katbiyan Ansar al-Tawhid wal Sunnah e vários grupos tribais iraquianos que professam o islamismo sunita. O objetivo original do EIIL era estabelecer um califado nas regiões de maioria sunita do Iraque. Após o seu envolvimento na guerra civil síria, este objetivo se expandiu para incluir o controle de áreas de maioria sunita da Síria.[39] O grupo é oficialmente considerado uma organização terrorista estrangeira por países como Estados Unidos,[40] Brasil,[41] Reino Unido,[42] Austrália,[43] Canadá,[44] Indonésia[45] e Arábia Saudita,[46] além de também ter sido classificado pela Organização das Nações Unidas (ONU),[47] pela União Europeia e pelas mídias do Ocidente e do Oriente Médio como grupo terrorista.[48][49][50][51]
O Estado Islâmico cresceu significativamente devido à sua participação na Guerra Civil Síria e ao seu líder, Abu Bakr al-Baghdadi. Denúncias de discriminação econômica e política contra árabes sunitas iraquianos desde a queda do regime secular de Saddam Hussein também ajudaram a dar impulso ao grupo. No auge da Guerra do Iraque, seus antecessores tinham uma presença significativa nas províncias iraquianas de Alambar, Ninaua, Quircuque, maior parte de Saladino e regiões de Babil, Diala e Bagdá, além de terem declarado Bacuba como sua capital.[52][53][54][55] No decorrer da guerra civil síria, o EIIL teve uma grande presença nas províncias de Raca, Idlibe, Alepo e Deir Zor.[56][57] Contudo, a partir de 2016, o grupo começou a perder força considerável, cedendo grandes porções de territórios no leste da Síria e no norte e oeste do Iraque. Em 2017, o Estado Islâmico, sob o peso de uma intervenção armada estrangeira e ações mais organizadas de grupos opostos e governos locais, foi forçado a se reorganizar, enquanto perdia cidades chave como Ramadi, Faluja, Mossul e Raca, sofrendo também com privações e deserções em suas fileiras.[58][59][60] No começo de 2019, os últimos redutos do Estado Islâmico no leste Síria foram sobrepujados e o Califado, proclamado quase cinco anos antes, é considerado "formalmente" como destruído.[61] Em outubro de 2019, seu líder, fundador e principal figura de autoridade, Abu Bakr al-Baghdadi, foi morto durante uma operação militar dos Estados Unidos no noroeste da Síria.[62]
O Estado Islâmico obriga as pessoas que vivem nas áreas que controla a se converterem ao islamismo, além de viverem de acordo com a interpretação sunita da religião e sob a lei charia (o código de leis islâmico). Aqueles que se recusam podem sofrer torturas e mutilações, ou serem condenados a pena de morte.[49][63] O grupo é particularmente violento contra muçulmanos xiitas, assírios, cristãos armênios, iazidis, drusos, shabaks e mandeanos.[64] Segundo a Agência Central de Inteligência (CIA), em meados de 2014 o EI tinha pelo menos entre 20 000 e 31 500 combatentes na Síria e no Iraque[65] que, além de ataques a alvos militares e do governo, já assumiram a responsabilidade por ataques que mataram milhares de civis.[66] O Estado Islâmico tinha ligações estreitas com a Al-Qaeda até 2014, mas em fevereiro daquele ano, depois de uma luta de poder de oito meses, a Al-Qaeda cortou todos os laços com o grupo, supostamente por sua brutalidade e "notória intratabilidade".[67][68][69]