Giuseppe Panceri
industrial ítalo-brasileiro. / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
Giuseppe Panceri (Concorezzo, 7 de setembro de 1855 — Caxias do Sul, 23 de abril de 1943) foi um industrial ítalo-brasileiro.
Filho de Baldassarre e Luigia,[1] descendia de uma família nobre milanesa.[2][3] Seu pai trabalhou como professor em Milão e depois se radicou em Concorezzo,[1] então um subúrbio de Monza, onde os Panceri possuíam um palácio.[4] No subúrbio mantinham uma propriedade rural, cuja sede histórica ainda sobrevive.[5] Quando jovem Giuseppe trabalhou nesta fazenda envolvido com a produção agrícola, e depois, com a modernização do setor de tecelagem na região, passou a dedicar-se a esta atividade. Em 1882 casou-se com Virginia Parolini e dois anos depois, já com dois filhos, e acompanhado pelos pais, emigrou para a colônia italiana de Caxias do Sul, fixando-se no Travessão Umberto I da 6ª Légua, empenhando-se inicialmente na agricultura de subsistência, numa fase em que Caxias estava apenas começando a se povoar e organizar. Pouco mais tarde deixou os filhos aos cuidados dos avós e com a esposa dirigiu-se a Rio Grande, contratado para trabalhar como contramestre na fábrica de tecidos de algodão Rheingantz, onde se demorou dois anos.[1]
Fez algumas economias e voltou a Caxias com um estoque de fios de algodão, a fim de iniciar sua própria tecelagem. Como não havia equipamentos disponíveis na colônia, construiu seus próprios teares, lançadeiras, pentes e outros apetrechos. Iniciava também o trabalho com a seda, no qual viria a se notabilizar. Nesta época praticamente não havia produção local, e por isso incentivou os colonos cultivarem a amoreira e a criarem o bicho-da-seda, que se alimenta da amoreira.[1][6]
No fim do século transferiu sua pequena empresa para a sede urbana, denominando-a Tecelagem Nossa Senhora de Pompeia, e associou-se a Luís Baldessarini. Nesta época sua esposa faleceu, deixando-o com quatro filhos pequenos: Carolina, Luigi, Pasqual e Josefina. Depois de algum tempo, casou-se com Josefina de Gregori, com quem teria mais seis filhos: Domingos, Adelina, Luiza, Amélia, José e Agostinho. Em 1909 faleceu também a segunda esposa. No mesmo ano mudou o nome da empresa para Tecelagem Panceri. A esta altura a tecelagem já ampliara significativamente suas atividades, contava com a colaboração dos filhos maiores e havia se tornado conhecida em todo o estado exportando lenços, mantas e ponchos de seda, que tinham grande aceitação na época. Viajou várias vezes para a Europa em busca de fios e equipamentos melhores, modernizando a fábrica e aumentando a produção.[1] Na década de 1920 já era um dos maiores industriais de Caxias, havia recebido vários prêmios em exposições nacionais e internacionais, e exportava para todo o Brasil, recebendo muitos louvores em um grande álbum comemorativo dos 50 anos da imigração italiana.[7]
Ao falecer em 1943 deixava a tecelagem solidamente estabelecida, passando a administração para seus filhos José e Agostinho. Em 1950, quando já dispunha de novas e maiores instalações, a empresa voltou a ser destacada em dois álbuns comemorativos dos 75 anos da imigração, onde se assinalava a sua importância para o progresso de Caxias, sendo considerada uma das principais do estado em seu gênero.[8][9] A arquitetura do prédio novo foi estudada por Ana Elísia da Costa, que chamou a atenção para a raridade da sua solução estética, preferindo o uso de tijolos aparentes.[10]
A empresa permaneceu em posse da família até 1981, quando encerrou suas atividades. Desde a década de 1920 Giuseppe Panceri foi reconhecido como o pioneiro na industrialização da seda no estado,[7][8] e desde então isso foi reiterado por vários outros estudiosos como João Spadari Adami, Thales de Azevedo,[11] e Mário Gardelin & Rovílio Costa, que em seu monumental Os Povoadores da Colônia Caxias deram incomum espaço para a sua biografia.[1] Emilio Franzina refere a empresa na primeira metade do século XX como uma das melhores do Brasil em seu gênero,[12] Loraine Giron e Vania Herédia voltaram a enfatizar a sua importância,[13][14] e Sandra Pesavento citou Giuseppe como um bom exemplo do processo de consolidação da economia caxiense através do trabalho do imigrante.[15] Hoje seu nome (aportuguesado como José) batiza uma rua em Caxias.
Giuseppe deu origem a uma grande descendência, espalhada pelo Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, com vários membros destacados.[1] Além de industrial, Agostinho foi bibliotecário, conselheiro e vice-presidente da Associação dos Comerciantes.[16][17] Nilo foi o pioneiro da tecelagem da seda em Santa Catarina.[1] Ângelo, Carlos e Eduardo, filhos de Luigi, foram proprietários da Fábrica de Tecidos e Artefatos Rayon, uma das maiores empresas de Tangará.[18] Seus irmãos Natal e Eduardo fundaram grandes cantinas, a Monte Vecchio e a Vinícola Panceri, esta considerada uma das maiores produtoras de uvas e vinhos do Brasil.[19] Sérgio Luiz, neto de Luigi, foi diretor da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná e Cidadão Honorário de Moreira Sales e de Campo Mourão, louvado pelos relevantes serviços prestados à comunidade e às cooperativas.[20]