Processo de Transformação do Exército
De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
O Processo de Transformação do Exército é o conjunto de mudanças na doutrina, organização, adestramento, material, emprego, pessoal e instrução do Exército Brasileiro, iniciadas em 2010. O Processo é induzido por projetos/programas de investimento, agrupados no Portfólio Estratégico do Exército, e é planejado de forma institucional, sem um líder definido. A maioria de seus programas começaram em 2012, com horizonte temporal até 2022–2023, mas o orçamento restrito dilatou o cronograma, e algumas das metas chegam até 2040. O objetivo seria construir o “exército do futuro”, capaz de projetar o poder do Brasil como futura potência global, conforme as demandas do Ministério da Defesa e paralelamente aos programas de investimento da Força Aérea e Marinha.
Outros esforços de modernização antecederam o iniciado em 2010, como o Força Terrestre 90. O Processo de Transformação surgiu sob demandas externas, como a resposta a temas não tradicionais, como o crescente envolvimento na segurança pública e missões de paz, mas a mudança foi planejada e conduzida de forma endógena. O diagnóstico interno era que o Exército estava sucateado e tinha dificuldade de fornecer tropas a missões no exterior. O catalisador dos documentos que balizam o Processo de Transformação foi a Estratégia Nacional de Defesa de 2008.
Além de corrigir a defasagem em relação aos outros exércitos, as medidas deveriam estimular a Base Industrial de Defesa e melhorar a imagem do Exército na sociedade. Os investimentos eram orçados em R$ 60 bilhões em 2012. As condições financeiras começaram favoráveis, mas a crise econômica iniciada em meados da década cortou os gastos militares, e as perdas recaíram sobre os investimentos, pois a maior parte do orçamento do Exército era ocupada com o pessoal. A produção nacional dos blindados VBTP-MR Guarani, por exemplo, seguiu adiante, mas a meta foi adiada e o pedido foi muito reduzido, de 2 044 unidades originais a 900 em 2023. O Congresso e a sociedade civil pouco acompanharam os investimentos.
A modernização pretendida é principalmente a renovação de capacidades já previstas, mas inclui a capacidade nova da guerra cibernética. Os novos equipamentos e sistemas incluem o desenvolvimento de um míssil de cruzeiro, o AV-TM 300, a expansão da artilharia de mísseis e foguetes (Astros II) e a aquisição de novos blindados, como o Centauro II e Iveco LMV, e equipamentos individuais e coletivos (Sistema Combatente Brasileiro). O Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON) ambiciona cobrir toda a fronteira terrestre do país. A ordem de batalha só teve alterações modestas. Algumas brigadas foram selecionadas para fornecer as Forças de Prontidão (FORPRON), a partir das quais o Exército poderá selecionar uma força expedicionária a enviar ao exterior.