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Catamito

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Catamito
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Na Grécia e na Roma antigas, catamito (latim: catamītus) era um menino púbere que vivia em companhia de um homem mais velho, geralmente em uma relação pederástica.[1] Era geralmente um termo afetuoso mas também podia ser usado como insulto, quando dirigido a um homem adulto.[2]

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"Rapto de Ganímedes"
Fernandes Sá, em Porto, Portugal.

A palavra deriva do latim catamitus, que provém do etrusco "catmite", a partir de "Gadymedes", uma corruptela da palavra grega Ganimedes, (em grego: Γανυμήδης; romaniz.: Ganymédēs, de γάνος, transl. ganos, 'brilho' + μήδεα, transl. médea, ambiguamente, 'astuto' ou 'genitália'), nome do belo jovem príncipe troiano que, segundo a Mitologia grega, foi raptado por Zeus para ser seu companheiro e copeiro no Olimpo.[3][2]

Os catamitos não eram prostituto (πόρνοις, transl. pórnois). Na Antiguidade, o termo era usado de forma afetuosa para se referir a belos jovens envolvidos em relações com homens adultos; mas a palavra podia ser também empregada como um insulto, quando aplicada a um homem adulto, o que se intensificou após a ascensão do cristianismo.[carece de fontes?]

Em sua acepção moderna, catamito significa simplesmente 'homem efeminado'.[4]

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Referências na literatura

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Perspectiva
Diz-me, já viste aquela pintura na parede, onde parece que a águia rapta Catamito ou onde Vénus rapta Adônis? [Dic mi, en umquam id uidisti tábulam pictam in páriete, ubi aquila Catameitum raperet, aút ubi Venus Adóneum?][5]

...pois que outro significado tem o fato de que a imagem do catamito e a efígie da águia estão [esculpidos] diante dos pés de Júpiter e com ele são adorados [em incensos e libações], senão que a memória de seu crime nefasto [i.e., pederastia] e estupro [i.e., pedofilia] permanece lembrado para todo o sempre?

  • As muitas referências a catamitos na literatura erótica do apogeu muçulmano indicam que, por volta dos séculos X e XI, eles constituíam uma forma de requinte sexual nas classes altas do Islã. O livro Jardim dos Perfumes, de Shaykh Nefzawi, dedica um capítulo aos catamitos.
  • Francisco de Quevedo dedicou um soneto a uma linda dama, atiradora, que matou uma águia (Ganimedes, no mito):

¿Castigas en la águila el delito/ De los zelos de Juno vengadora, Porque en velocidad alta y sonora Llevó a Jove robado el Catamito?/

Castigas na águia o delito/ Dos zelos de Juno vingadora/ Porque em velocidade alta e sonora/ Levou a Jove roubado o Catamito?

  • O "Dicionário da Língua Castelhana", publicado pela Real Academia Espanhola em 1729, definiu catamito como: “O paciente no pecado da sodomia".
  • C. S. Lewis, autor das Crônicas de Nárnia, amigo e colega de J. R. R. Tolkien, em sua autobiografia parcial "Surprised by Joy: The Shape of My Early Life" ("Cativado pela alegria: a forma da minha infância", sem tradução para o português), de 1955, descreve os papéis sociais existentes quando de sua estadia no internato do Malvern College, em Malvern, no condado de Worcestershire, observando que a pedofilia não era seriamente desaprovada nesse tipo de instituição educacional pública e muitos adolescentes perambulavam pela campina que cercava a escola com o casaco desabotoado mesmo no inverno, voluptuosos e lascívos.

"Um Tart é um menino bonito e de aparência efeminada que age como catamito para um ou mais de seus veteranos, geralmente Bloods [veteranos populares]... Os Tarts tinham uma função importante a desempenhar em termos de tornar a escola (o que era dito ser) uma preparação para a vida pública. Eles não eram como escravos, pois seus favores eram (quase sempre) solicitados, não obrigatórios. Também não eram exatamente como prostitutos, pois o relacionamento muitas vezes tinha alguma permanência e, longe de ser meramente sensual, era altamente sentimentalizado. Também não eram pagos (em dinheiro vivo, quero dizer) por seus serviços; embora, é claro, tivessem toda a bajulação, influência não oficial, favores e privilégios que as amantes dos chefões sempre desfrutaram na sociedade adulta... Eu sei disso porque um dos meus amigos dividia um estúdio com um Tart menor; e, exceto pelo fato de que às vezes era expulso do estúdio quando um dos amantes do Tart entrava (o que, afinal, era natural), ele não tinha do que reclamar." [6]

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Ver também

Referências

  1. Craig Williams, Roman Homosexuality. Oxford University Press, 1999, 2010; pp. 52–55, 75.
  2. Cícero, Orações frg. B29; Filípicas 2.77. In Bertocchi, Alessandra; Maraldi, Mirka. "Menaechmus quidam: Indefinites and Proper Nouns in Classical and Late Latin," in Latin vulgaire–Latin tardif. Actes du VIIème Colloque international sur le latin vulgaire et tardif. Séville, 2–6 septembre 2003 (Universidade de Sevilha, 2006), p. 95, nota 16.
  3. Alastair J. L. Blanshard, "Greek Love," in Sex: Vice and Love from Antiquity to Modernity. Wiley-Blackwell, 2010, p. 131.
  4. Infopédia: catamito
  5. The Menaechmi of Plautus [145]. Boston: Benj. H. Sanborn & Co., p. 38.
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