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Dinho (cantor)

cantor e humorista brasileiro (1971–1996) Da Wikipédia, a enciclopédia livre

Dinho (cantor)
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 Nota: Não confundir com Dinho Ouro Preto.

Alecsander Alves Leite[a] (Irecê, 5 de março de 1971[b]São Paulo, 2 de março de 1996), mais conhecido como Dinho, foi um cantor, compositor e humorista brasileiro, conhecido por ter sido o vocalista da banda de rock cômico Mamonas Assassinas.[6] Com o grupo, lançou, pela EMI, apenas um álbum de estúdio, Mamonas Assassinas (1995), produzido por Rick "Creuzebek" Bonadio. Em oito meses de carreira, a banda vendeu mais de três milhões de cópias, batendo recordes de vendas e ganhando uma certificação de diamante triplo.

Factos rápidos Nome completo, Pseudônimo(s) ...

Dinho era o principal vocalista e letrista da banda[7] e consagrou-se ainda mais nos últimos oito meses de sua vida, após deixar o rock pesado e passar a apresentar rock cômico de forma escrachada e bem-humorada, com um humor que vinha desde a infância do cantor, ainda na época em que cantava em corais na igreja. Assim, foi considerado um dos artistas mais carismáticos do Brasil.[8]

Entre 1992 e 1995, escreveu o livro Pitchulinha, Minha Vida com Dinho - Até que os Mamonas nos Separem ao lado de sua namorada, Mirella Zacanini. Em 1996, o escritor Eduardo Bueno lançou uma biografia do grupo, intitulada Mamonas Assassinas: Blá, Blá, Blá - A Biografia Autorizada, que inspirou também o documentário Mamonas pra Sempre. Em dezembro de 2023, foi lançado o filme Mamonas Assassinas - O Filme, uma cinebiografia da banda.[9]

Alescsander morreu precocemente aos 24 anos em 2 de março de 1996, três dias antes do seu aniversário. Após finalizarem uma apresentação no Estádio Mané Garrincha em Brasília, o vocalista e os outros integrantes do grupo Mamonas Assassinas embarcaram em um Learjet 25D, a Guarulhos, de onde pegariam um voo para Portugal no dia seguinte. Durante o voo, o avião colidiu violentamente no topo da Serra da Cantareira, matando todos que estavam à bordo.

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Primeiros anos

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Vista panorâmica de Irecê, na Bahia, cidade natal de Dinho

Dinho nasceu em Irecê, na Bahia, sendo filho de Hildebrando Alves Leite, cearense registrado na Bahia,[10] e Célia Ramos Alves, paulista de Dracena.[10] Com apenas dois meses de vida migrou com os pais, para Guarulhos, em São Paulo, onde a família buscaria um futuro melhor e onde o cantor seria registrado.[11] Seu apelido foi dado pela avó materna, Carmen Ramos, de origem espanhola,[12] que não conseguia pronunciar Alecsander e por isso o apelidou de Dinho.[13]

Aos nove anos, o cantor fez um teste na Associação Portuguesa de Desportos. Ao ver os resultados (Dinho marcou seis gols em duas partidas), um treinador o convidou para fazer parte do time. Não podendo conciliar a carreira no futebol com os estudos e o deslocamento de Guarulhos para São Paulo, Alecsander não pôde aceitar o convite.[14]

Dinho começou a cantar ainda na infância, e aos cinco anos de idade já era a grande atração do coral infantil da igreja que frequentava. Ainda durante a infância, teve suas primeiras aulas de canto na igreja Assembleia de Deus de Guarulhos em Vila Barros (Ministério de Madureira), dadas pelo professor Donizete Severo. Em 1993, o professor de canto morreu em um acidente na fábrica em que trabalhava e desde então Dinho nunca mais voltou à igreja.[15]

Desde a infância seu carisma era notável. Na escola, Dinho fazia sucesso com as meninas e era um verdadeiro terror para diretores e professores. Certa vez, em uma reunião de pais e mestres, uma professora desabafou para o pai de Dinho: "Botei o Dinho no fundo da sala, e ele não deixou ninguém do fundão estudar. Então o passei para o meio, e ele começou a incomodar os alunos da frente e os de trás. Então decidi colocá-lo na primeira fila, mas aí ele não me deixou dar aula. O que eu faço?". Aos dezessete anos, após ser eleito Garoto Verão de Guarulhos, vencer um concurso de dança no Programa Silvio Santos, do SBT, e se apresentar algumas vezes no Perdidos na Noite, da Band, Dinho completou o segundo ano do segundo grau e decidiu largar os estudos.[15]

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Carreira

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1989-1995: Utopia e fracasso comercial

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Dinho se apresentando com a banda Utopia

Em julho de 1990, Dinho estava assistindo um show da banda Utopia, formada à época por Sérgio Reoli, Samuel Reoli e Bento Hinoto no Parque Cecap, em Guarulhos, quando subiu ao palco para cantar a música "Sweet Child o' Mine", dos Guns N' Roses.[16] Apesar de não saber cantar em inglês, seu carisma e sua presença de palco lhe garantiram o posto de novo vocalista do grupo, que posteriormente teria Márcio Araújo (tecladista) e Júlio Rasec (então percussionista, posteriormente tecladista) como integrantes. A banda fazia pequenos shows em Guarulhos, especialmente no Parque Cecap, porém as músicas sérias do Utopia jamais fizeram o sucesso que os músicos esperavam. O fracasso pareceu ficar mais nítido em 1992, quando o LP da banda vendeu menos de cem cópias. Apesar das adversidades, Dinho não desistiu, e chegou a ir até a prefeitura de Guarulhos pedir para que o Utopia fizesse um show na inauguração do Ginásio Paschoal Thomeu, em Guarulhos. O fato de ser um completo desconhecido fez com que Dinho fosse destratado e humilhado pelos responsáveis do evento, que recusaram de maneira hostil a participação do Utopia na inauguração do ginásio.[15]

Chegou a trabalhar como office boy e como animador de comícios, especialmente para o vereador Geraldo Celestino, fazendo imitações cômicas de celebridades como Maguila, Silvio Santos e Luiz Inácio Lula da Silva. Em meados de 1992, começou a trabalhar como apresentador de um quadro musical do extinto programa Sábado Show, da Record, que era comandado pelo ex-sogro Savério Zacanini, que foi o responsável por dar as primeiras oportunidades de Dinho e da banda Utopia se apresentarem na televisão.[15]

1995-96: Mamonas Assassinas e sucesso

Com o passar do tempo, Dinho acabou percebendo que seu lado cômico e algumas músicas de brincadeira faziam mais sucesso do que as músicas sérias do Utopia. Após uma gravação despretensiosa das músicas "Mina" (que posteriormente seria reescrita e rebatizada como "Pelados em Santos") e "Robocop Gay", o grupo Utopia acabou sendo convencido pelo produtor Rick Bonadio a trocar o rock sério pela música cômica, e assim, em 1995, surgiu o grupo Mamonas Assassinas.[15]

Com o sucesso instantâneo, inesperado e arrebatador que o grupo Mamonas Assassinas teve em 1995, Dinho passou de um completo desconhecido para frontman da banda mais popular do Brasil, tornando-se uma das celebridades mais assediadas do país em questão de semanas. Com a fama, conheceu alguns de seus ídolos, como Humberto Gessinger, Chitãozinho & Xororó, Roberto Leal e Morten Harket, vocalista da icônica banda a-ha, com quem Dinho e os Mamonas Assassinas dividiram o palco em um show na casa noturna Toco Dance Club, tocando o clássico hit "Take on Me".[15]

Em 6 de janeiro de 1996,[17] os Mamonas Assassinas voltaram para Guarulhos para realizar um inesquecível show no Ginásio Paschoal Thomeu,[18] onde foram humilhados anos antes. Antes da apresentação como Mamonas Assassinas, os cinco integrantes da banda subiram ao palco sem as famosas fantasias e fizeram um show como se fossem Utopia, tocando as músicas "Será", do Legião Urbana, "Bichos Escrotos", dos Titãs e "Horizonte Infinito", música do fracassado disco do Utopia. Em tom irônico, Dinho agradeceu aos Mamonas Assassinas pela chance de realizar o sonho do Utopia de tocar no ginásio. Em seguida, eles foram ao camarim para vestir as fantasias de presidiário e voltar ao palco como Mamonas Assassinas. No fim do show, Dinho sentou-se no palco e num raro momento de seriedade fez um desabafo para o público:[19]

"Há cinco anos eu estava aí, no meio de vocês, querendo estar aqui. E as pessoas olhavam pra mim e diziam: 'É impossível chegar até aqui' (...) Nós somos a banda Mamonas Assassinas, de Guarulhos, e levamos o nome dessa cidade pelo país e fora. E vamos levar o nome dessa cidade pro exterior também! Porque a gente ainda é daqui. O sucesso não sobe na cabeça das pessoas. Sobe apenas na cabeça das pessoas fracas. E nós não somos pessoas fracas. Se a gente fosse fraco, nós teríamos desistido há cinco anos, quando as pessoas diziam que a gente nunca ia chegar até aqui. Mas nós estamos aqui! (...)"
Dinho
Guarulhos, SP, 6 de janeiro de 1996
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Vida pessoal

Dinho namorou Mirella Zacanini, que escreveu o livro Pitchulinha, Minha Vida com Dinho - Até que os Mamonas nos Separem, de 1992 a julho de 1995, quando começou a fazer sucesso.[20] Zacanini, mais tarde, viria a escrever a canção "Mil Momentos", dedicada ao cantor.[21]

Posteriormente, ele manteve relacionamento com Valéria Zoppello, este que durou até sua morte em 1996. Zoppello reside até hoje na Serra da Cantareira, local onde aconteceu o acidente que matou o vocalista. Segundo a fotógrafa, eles iriam se casar no fim do mesmo ano, pretendiam ter filhos e ela estaria na próxima turnê da banda Mamonas Assassinas.[22][23]

Morte

Em 2 de março de 1996, às 21h58, Dinho e os outros quatro músicos do grupo Mamonas Assassinas, após um show em Brasília, partiram em um Learjet 25D prefixo PT-LSD com destino a Guarulhos, na grande São Paulo.[24] A aeronave, já próxima ao destino, arremeteu em contato com a torre de controle, após o piloto informar que havia condições visuais para tal. Foi realizada, então, uma curva para a esquerda, mas a direção correta para chegar ao aeroporto era à direita.[25] E, por volta das das 23h16, o avião em que o grupo estava colidiu na Serra da Cantareira, no norte da cidade de São Paulo.[26]

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Imagem pública

Ruy Brissac, ator que interpretou Dinho no musical O Musical Mamonas, revelou que fazer o personagem do cantor foi um desafio, devido às suas performances, nas quais cantava, dançava e fazia humor. O ator o caracterizou como alguém bem performático.[27]

Nas apresentações, os membros da banda Mamonas Assassinas se apresentavam com diferentes roupas. Dinho, por sua vez, aparecia apenas de cueca, gravata e chifres ao cantar "Bois Don't Cry"; vestido feminino ao cantar "Robocop Gay"; roupa de coelho ao cantar "Chopis Centis"; entre outras, dependendo da canção a ser interpretada.[28]

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Homenagens

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O ator Ruy Brissac (imagem) interpretou Dinho em Mamonas Assassinas - O Filme

Em 10 de janeiro de 1996, foi homenageado, ainda em vida, com o título de "Cidadão Emérito de Dracena", por conta de ser a cidade natal de sua mãe.[29]

Póstumas

Em 2008, foi interpretado por Fabrízio Teixeira no especial Por Toda Minha Vida – Mamonas Assassinas,[30] que concorreu ao Emmy Internacional de melhor programa artístico.[31]

No ano de 2016, foi interpretado por Ruy Brissac na peça O Musical Mamonas. Ruy Brissac voltou a interpretá-lo em Mamonas Assassinas - A Série, realizada em parceria com a Record, com roteiro de Carlos Lombardi e direção de Léo Miranda.[32][33] E virou nome de ruas, Rua Alecsander Alves (nome de batismo do Dinho), em Juiz de Fora (MG) e no bairro Vila Barros em Guarulhos (SP).[34][35][36]

Em 2019, foi inaugurado uma praça na sua cidade natal de Irecê, o cantor foi eternizado com a instalação de uma escultura de corpo inteiro, em um ato que contou com a presença dos seus pais, Hildebrando Alves e Célia Ramos, que presenciaram apresentações da Orquestra Sinfônica de Irecê e da banda cover do Mamonas Assassinas, composta por artistas locais.[37]

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Discografia

Com o Utopia

Com os Mamonas Assassinas

Ver também

Notas

    1. A certidão de nascimento do cantor e o Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo da Brasília adquirida por ele apontam que seu nome completo seria apenas Alecsander Alves,[3][4] contudo outras fontes apontam que também faria parte o sobrenome Leite, que consta no nome de seu pai, Hildebrando Alves Leite.[1]
    2. O livro Mamonas Assassinas: Blá, Blá, Blá - A Biografia Autorizada cita que Dinho nasceu em 25 de março de 1971: "Ali, às sete horas da manhã do dia 25 de março de 1971, com 4,2kg e uma cabeleira negra, nasceu Alecsander [...]".[5]

            Ligações externas

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