Ispir

Ispir (em turco: İspir), Esper (em armênio: Սպեր, Sper) ou Esperi (em georgiano: სპერი; romaniz.: Speri) é um município e distrito da província de Erzurum, na Turquia. O distrito tem 2 129 km² de área^[1] e em dezembro de 2021 tinha 14 955 habitantes (densidade: 7 hab./km²), dos quais 14 955 na capital de Ispir.^[2] O centro urbano originou-se na Antiguidade e seu nome está relacionado à tribo dos saspires que residiam na região. Foi historicamente conhecida por suas jazidas de ouro. Em data incerta, tornar-se-ia sede do distrito homônio do Reino da Armênia e sede da família Bagratúnio. Seria parte da Armênia até 390, quando foi incorporada pelo Império Romano. No século VII, foi conquistada pelo Califado Ortodoxo e permaneceu sob controle islâmico até sua anexação pelo Reino da Armênia.

Ispir İspir
Distrito (ilçe)
Castelo e mesquita de Ispir Castelo e mesquita de Ispir
Localização
Distrito de Ispir em Erzurum Distrito de Ispir em Erzurum
Ispir Localização de Ispir na Turquia
Coordenadas	40° 29′ N, 40° 59′ L
País	Turquia
Região	Anatólia Oriental
Província	Erzurum
Características geográficas
Área total [1]	2 129 km²
População total (dezembro de 2021) [2]	14 955 hab.
• População urbana	14 955
Densidade	7 hab./km²

No século XI, foi conquistada pelo Império Seljúcida e então caiu nas mãos dos saltúquidas. Em 1224, foi conquistada pelo rei Davi IV (r. 1089–1125) do Reino da Geórgia e anos depois foi concedida como apanágio aos zacáridas. Mais adiante, retornou ao controle islâmico, depois foi tomada pelos mongóis, antes de retornar ao controle georgiano no reinado de Jorge V (r. 1314–1346). Após a desintegração do Reino da Geórgia em 1470, tornar-se-ia posse da Casa de Jaqueli, que a reteve até 1502, quando foi anexada pelo Império Safávida. Em 1515, foi conquistada pelo Império Otomano, que a incorporou no eialete de Erzurum, e hoje pertence à Turquia.

Nome

Ispir derivou do armênio Esper (Սպեր, Sper), que também foi registrado em georgiano como Esperi (სპერი Speri). Esse topônimo deriva da tribo dos saspires, mencionada por Heródoto. Ispir foi registrada como Sispiritis (em grego: Συσπιριτις, Syspiritis) por Heródoto, Suspertis (Σουσπέρτις, Souspértis) na versão grega da Vida de São Gregório, Ispiritis (Υσπιριτις, Yspiritis) por Estrabão e Síspira por Cícero.^[3] É possível que seja a localidade chamada Asbirã ou Aspirã (أسبيران) por Iacute de Hama^[4] e se sabe, com base em Procópio de Cesareia, que por algum tempo chamar-se-ia Farângio (Pharangium).^[5]

História

Historicamente, Ispir foi designada como cidade pequena, cidade-fortaleza e cidade. Desde a Antiguidade, era conhecida por suas jazidas de ouro, cujas reservas ainda não se esgotaram. Estrabão também mencionou, nessa região, outros minerais, entre os quais o cobre.^[6] Alexandre, o Grande (r. 336–323 a.C.), durante sua guerra contra o Império Aquemênida, enviou o general Menão com um destacamento para saquear o ouro da região, mas a expedição fracassou. Nas minas trabalhavam gregos estabelecidos nas colônias na costa sul do mar Negro séculos antes. Vestígios dessa exploração aurífera — galerias, bacias de lavagem e depósitos de areia — ainda eram visíveis nos séculos XIX e XX.^[7]

A ampla extensão outrora ocupada pelo assentamento, as ruínas de suas fortalezas e os antigos pomares indicam que já foi um assentamento populoso e importante.^[7] O atual centro urbano aparenta ter se desenvolvido a partir da fortaleza de Sembatavã.^[6] Segundo Ananias de Siracena, Ispir tornar-se-ia centro do distrito (gavar) de Sispiritis, pertencente à província de Alta Armênia do Reino da Armênia, e, junto com o distrito, era considerado propriedade da família Bagratúnio.^[7] Em 387, sob os termos da Paz de Acilisena firmada pelo Império Romano e Império Sassânida, Ispir manteve-se como vassala do rei Ársaces III (r. 378–390) até sua eventual incorporação pelos romanos em 390.^[8][9]

No século VII, ela foi conquistada pelo Califado Ortodoxo e em 885 foi integrada ao Reino da Armênia. No século XI, foi conquistada pelo Império Seljúcida. Ispir esteve sob o controle dos saltúquidas até 1124, quando foi anexada pelo rei Davi IV (r. 1089–1125) do Reino da Geórgia.^[10] Mais tarde, os georgianos designaram-na aos zacáridas Zacarias e João como apanágio. Foi recapturada por Tugril, filho do sultão seljúcida Quilije Arslã II (r. 1156–1192), em algum momento entre 1202 e 1225. Ele construiu uma mesquita na cidadela, que ainda sobrevive. Foi conquistada em 1242 pelos mongóis, mas foi reconquistada pelo Reino da Geórgia no reinado de Jorge V (r. 1314–1346), permanecendo como parte do reino até sua desintegração (1470). Nesse ponto, passou às mãos dos atabegues georgianos pertencentes à Casa de Jaqueli. Foi conquistada em 1502 pela Império Safávida e provavelmente em 1515 tomada pelo Império Otomano do governante da Mesquécia.^[11]

Sob o Império Otomano, Ispir tornar-se-ia uma caza (distrito) no eialete de Erzurum. Sua porção norte era montanhosa e coberta de florestas, enquanto a parte sul era mais plana. Fazia fronteira a leste com os distritos de Tortum e de Quisquim (Iussufeli), ao norte e nordeste com o Lazistão e a Geórgia, a oeste com Baiburte, e ao sul e sudeste com a planície de Erzurum. O caza de Ispir foi constantemente devastado e saqueado, e seus habitantes mortos ou deportados, durante as guerras persas-turcas dos séculos XVI a XVIII.^[12] Em 1548, durante a Guerra Otomano-Safávida de 1532–1555, o centro de Ispir foi destruído pelos persas, mas, comparativamente aos tempos modernos, era ainda bastante povoado, contando entre quatro e cinco mil casas. No início do século XIX, possuía 900 casas habitadas, e no começo do século XX, cerca de 350.^[7] O distrito, em 1909, contava com 134 localidades, das quais 18 eram habitadas exclusivamente por armênios; nas demais viviam também turcos, gregos e lazes. Os habitantes dedicavam-se ao cultivo de cereais e plantas oleaginosas, pecuária, fruticultura, viticultura, apicultura e mineração; os armênios e gregos também praticavam o comércio e as artes manuais. Ispir era conhecida por sua produção de mel e cera em grande quantidade. No início do século XX, havia nas aldeias armênias do distrito 16 escolas mistas, com 560 alunos e 32 professores. Em 1915, em decorrência do genocídio armênio, a população armênia local foi dizimada, e os poucos sobreviventes dispersaram-se em várias direções.^[7][13]

Geografia

Ispir localiza-se junto à confluência do rio Choruque e de seu afluente, o Ispir, na margem direita do Choruque, sobre uma colina. Seu clima é ameno. É rica em águas e totalmente cercada por pomares.^[4] Os pontos turísticos históricos da cidade são a cidadela, uma mesquita e uma igreja na cidadela (provavelmente do século XIII), sendo a construção da mesquita Charsi, originalmente do século XIII, uma estrutura recente. A mesquita e madraça do sultão Melique construída no século XIII, a madraça de Cadizade Maomé construída em 1725/26; Cadizade foi o mufti de Erzurum de 1744 a 1759 e seu pai foi o cádi de Ispir. Há também um túmulo com um cemitério contendo algumas lápides otomanas.^[11] Perto da cidade, sobre um penhasco inacessível, conservam-se as ruínas de Sembatavã — restos das muralhas defensivas, portões, torres e alguns edifícios isolados. Sobre o rio Choruque, também permanecem as ruínas de uma antiga ponte.^[7]

Composição

O distrito de Ispir é formado por 101 bairros (almofalas; muhalle):^[2]

• Alajabuque (Alacabük)
• Aquelatle (Ahlatlı)
• Aquegunei (Akgüney)
• Aquepenar (Akpınar)
• Aquessequi (Akseki)
• Aquessu (Aksu)
• Aquetaxe (Aktaş)
• Aracoi (Araköy)
• Ardechele (Ardıçlı)
• Armutlu
• Axaefendecle (Aşağıfındıklı)
• Axaeosba (Aşağıözbağ)
• Aturcutene (Atürküten)
• Avejecoi (Avcıköy)
• Badenli (Bademli)
• Baquecheli (Bahçeli)
• Baschesme (Başçeşme)
• Bascoi (Başköy)
• Baspenar (Başpınar)
• Bostanje (Bostancı)
• Bozane (Bozan)
• Calilpaxá (Halilpaşa)
• Caracane (Karahan)
• Caracale (Karakale)
• Caracamexe (Karakamış)
• Caracaia (Karakaya)
• Carasseidi (Karaseydi)
• Carxeiaca (Karşıyaka)
• Cavacle (Kavaklı)
• Cainaquebaxe (Kaynakbaşı)
• Chaquemacle (Çakmaklı)
• Chamelija (Çamlıca)
• Chamelicaia (Çamlıkaya)
• Chatacaia (Çatakkaya)
• Chaierbaxe (Çayırbaşı)
• Chaierozu (Çayırözü)
• Chichecli (Çiçekli)
• Cochecoi (Koçköy)
• Coprucoi (Köprüköy)
• Cumetaxe (Kümetaş)
• Deirmendere (Değirmendere)
• Deirmenli (Değirmenli)
• Demirbileque (Demirbilek)
• Demircaia (Demirkaya)
• Devedae (Devedağı)
• Durucoi (Duruköy)
• Duscoi (Düzköy)
• Elmale (Elmalı)
• Gaziler (Gaziler)
• Guechitaze (Geçitağzı)
• Gochecoi (Göçköy)
• Goliurte (Gölyurt)
• Gulcasse (Gülhas)
• Guluba (Güllübağ)
• Guendodu (Gündoğdu)
• Gunei (Güney)
• Iale (Yağlı)
• Iailajique (Yaylacık)
• Iedigol (Yedigöl)
• Iedigoze (Yedigöze)
• Iexiltepe (Yeşiltepe)
• Iexiliurte (Yeşilyurt)
• Ieldestepe (Yıldıztepe)
• Iidere (İyidere)
• Iquissu (İkisu)
• Incessu (İncesu)
• Irmacoi (Irmakköy)
• Iucare (Yukarı)
• Iucarefendecle (Yukarıfındıklı)
• Iucareosba (Yukarıözbağ)
• Iunuscoi (Yunusköy)
• Jancurtarane (Cankurtaran)
• Jibali (Cibali)
• Leilecoi (Leylekköy)
• Madencoprubaxe (Madenköprübaşı)
• Mesjitli (Mescitli)
• Meidanle (Meydanlı)
• Moriaila (Moryayla)
• Mulcoi (Mülkköy)
• Numanpaxá (Numanpaşa)
• Ortacoi (Ortaköy)
• Ortaorene (Ortaören)
• Osluje (Özlüce)
• Ostopraque (Öztoprak)
• Petecli (Petekli)
• Pinarle (Pınarlı)
• Quirasle (Kirazlı)
• Quereque (Kırık)
• Quizilcassane (Kızılhasan)
• Sandecle (Sandıklı)
• Seraconaque (Sırakonak)
• Souquesu (Soğuksu)
• Tasbaxe (Taşbaşı)
• Tasleja (Taşlıca)
• Tecpenar (Tekpınar)
• Tepejique (Tepecik)
• Ulubel
• Ulutaxe (Ulutaş)
• Uzumbae (Üzümbağı)
• Xencoi (Şenköy)
• Zeireque (Zeyrek)

Referências

1. «Áreas de províncias e distritos» (XLS). www.harita.gov.tr (em turco). Direção Geral de Cartografia. Ministério da Defesa da Turquia. 2014. Cópia arquivada em 19 de janeiro de 2025
2. «31 Aralik 2021 Tarİhlİ adrese dayali nüfus kayit sıstemı (ADNKS) sonuçlari beledıye nüfuslari» [Resultados do sistema de registo da população baseado em endereços (ADNKS) datado de 31 de dezembro de 2021. Populações de distritos] (XLS) (em turco). Instituto de Estatística da Turquia. www.tuik.gov.tr. Consultado em 8 de janeiro de 2025. Cópia arquivada em 18 de novembro de 2024
3. Toumanoff 1963, p. 590.
4. Hakobyan 1987, p. 225.
5. Greatrex & Lieu 2002, p. 82-96.
6. Hakobyan 1987, p. 225-226.
7. Hakobyan 1987, p. 226.
8. Toumanoff 1963, p. 193.
9. Hewsen 1992, p. 19, 150-151.
10. Sinclair 1989, p. 38.
11. Sinclair 1987, p. 265–267, 281, 283, 289-290.
12. Hakobyan, Melik-Baxšyan & Barsełyan 1988–2001, p. 673.
13. Hakobyan, Melik-Baxšyan & Barsełyan 1988–2001, p. 673-674.