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Vaccinium myrtillus
espécie de planta Da Wikipédia, a enciclopédia livre
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O Vaccinium myrtillus, comummente conhecido como mirtilo,[1][2] é uma espécie de planta arbustiva, pertencente à família das Ericáceas,[3][4] e ao tipo fisionómico dos fanerófitos.[5]
As referências deste artigo necessitam de formatação. (agosto de 2020) |
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Nomes comuns
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Perspectiva
Além do substantivo «mirtilo», para o fruto e «mirtileiro, para a planta[6], esta espécie é ainda conhecida pelos seguintes nomes comuns: arando[7] (não confundir com o arando-vermelho[8][9]); airela[10] e uva-do-monte[11] (não confundir com as espécies Vaccinium padifolium e Vaccinium cylindraceum, naturais dos arquipélagos da Madeira e dos Açores, respectivamente, e que são comummente conhecidas como «uva-da-serra»).[12]
Etimologia
Do que toca aos nomes comuns:
O substantivo «mirtilo» entra na língua portuguesa[13], por via do latim myrtillus,[14] que por sua vez proveio do étimo latino myrtus, que significa murta, e que por seu turno remontava ao grego clássico μύρτος, com o mesmo significado.[15]
Do que toca ao substantivo «arando», referente ao fruto silvestre, e arandeira, referente à planta, ambas entram na língua portuguesa pelo castelhano arándano[7], que por seu turno advém do celta aran (que significa «andorino ou azul-escuro»), cruzado com o latim tardio rodandărum, que é uma corruptela do latim clássico rhododendron. [16]
Do que toca ao substantivo «airela», este entrou na língua portuguesa por via do francês «airelle»[10], que por sua vez o obteve do provençal aire[17], remontando ao étimo latino clássico ater (que significa «negro mate»).[18]
Quanto ao nome científico desta espécie:
- O nome genérico, Vaccinium , provém do latim, vaccīnĭum, e já no período clássico era usado para aludir aos mirtileiros, o termo provém do étimo vaccīnus , que significa «vacum; bovino; relacionado com vacas»[19], sendo certo que há autores que defendem que se possa tratar de uma corruptela do grego clássico ὑάκινθος , que por sua vez significa «roxo escuro ou azul-escuro».[20]
- O epíteto específico, myrtillus, conforme já referido supra, também provém do latim[14], mais concretamente do étimo latino myrtus, que significa murta, e que por seu turno remontava ao grego clássico μύρτος, com o mesmo significado.[21]
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Distribuição
Esta espécie é nativa da Eurásia, marcando presença em grande parte do continente europeu, no Cáucaso, na Turquia ocidental, encontrando-se ainda, presentemente, também no Norte do Japão e na América do Norte.Esta planta adapta-se bem aos climas temperados.[22]
Portugal
Trata-se de uma espécie nativa e endémica de Portugal Continental, marcando presença nas regiões do Noroeste montanhoso e do Centro-leste montanhoso,[22] com particular destaque para as montanhas do Alto-Minho e para as Serras do Marão e do Gerês.[23]
Ecologia
Esta espécie medra em bosques caducifólios, urzais e outros matos higrófilos na orla de turfeiras.[5] Também proza bem em zonas montanhosas, particularmente as com solos de substracto ácido e húmido.[5]
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Descrição
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Perspectiva
O mirtileiro é um arbusto, ou subarbusto, muito ramoso, capaz de orçar entre os 30[23] e os 60 centímetros de altura.[24]
Pauta-se pelos caules procumbentes, radicantes, verdes, providos de 4 costelas, as quais, por sinal se demonstram bem marcadas nos espécimes mais jovens.[24]
O ritidoma apresenta uma coloração acinzentada, especialmente nos de espécimes mais caules velhos, ao passo que nos espécimes mais jovens se matiza em tons pardacentos.[24] Os ramos de feitio anguloso[23], por seu turno, apresentam coloração esverdeada.[24]
Do que toca às folhas, têm um posicionamento alternado[23], são mais ou menos membranáceas, caducas, planas, de formato mais ou menos lanceolado, ovado ou agudo.[23][24] As folhas são serrilhadas, com os dentes providos de pêlos glandulíferos, quando os mirtileiros ainda são jovens.[24] O pecíolo das folhas pode medir até 1 mm.[24]
Quanto às flores, podem ser solitárias, com posicionamento axillar, ou estar reunidas em cachos ou corimbos terminais.[23] Os pedicelos podem medir até 6 mm.[24]O cálice da flor mede cerca de 2 milímetros, tem um formato acampanado, conta com limbo, lobado ou inteiro.[24] A corola da flor é caduca, tem um formato gomiloso ou campanulado, contando com 4 a 5 lobos ou dentes, podendo medir entre 4 a 6 milímetros e apresentando uma coloração rosado-esverdeada.[23] A antese ocorre entre Maio e Junho.[23]
Quanto ao fruto, que é uma baga que pode medir entre 6 a 10 milímetros, este assume uma coloração negra-violácea[24] ou glauco-pruinosa, podendo ainda, em casos raros, ser branca.[23] É comestível e doce.[23] As sementes medem cerca de 1,5 mm.[24]
Cultivo
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Perspectiva
No Brasil
A Embrapa introduziu o mirtilo no sul do Brasil em 1983, trata-se de algumas variedades cultivadas na Europa em regiões nas quais o inverno é bastante rigoroso, daí a dificuldade em cultivá-las no país, apenas conseguido de forma satisfatória no sul do Brasil, nas serras de nordeste do estado do Rio Grande do Sul e em cidades planálticas, visto que o planalto catarinense ou meridional se encontra na zona subtropical e a uma altitude média de 1000m. Cidades catarinenses como São Joaquim, Bom Jardim da Serra, Urupema e Itá (Fazenda NiceBerry),[25] já estão introduzindo o fruto com sucesso, pois as temperaturas anuais destes logradouros encontram-se entre as mais baixas de todo o Brasil, com média de 11 °C a 13 °C anuais. No estado do Rio Grande do Sul, estas estão sendo inseridas, nas cidades mais altas das serras de nordeste do estado, e em cidades com altitudes entre 900 a 1200 m, tais como: São José dos Ausentes, Bom Jesus, Vacaria, Cambará do Sul, Jaquirana e São Francisco de Paula, visto, que apesar de serem altas e frias o ano inteiro, também possuem solo muito fértil e uma boa distribuição de chuva durante o ano todo.
Em Portugal
Em Portugal cresce espontaneamente no Norte do país — Minho, Trás-os-Montes e na Serra da Estrela.[26]
O concelho de Sever do Vouga introduziu, por acção de um estudo de uma fundação holandesa, a variante americana desta planta em 1986 quando não existia em Portugal nenhuma plantação com fins agrícolas desta espécie, sendo na época a colheita de plantas silvestres delimitada às regiões do Gerês[27] e Montalegre.
Em 2012 segundo a ANPM,[28] a cultura do mirtilo encontrava-se já bastante difundida em todo o território nacional, a sua exploração com fins comerciais tendo crescido 700%. Acima de 90% da produção nacional destinava-se à exportação, contribuindo assim o mercado de consumo nacional, com uma percentagem mínima.[29] Em 2019 continuava a ser um setor da agricultura biológica emergente com as cultivares americanas Northern Highbush[30] e Southern Highbush as mais difundidas.
O sucesso do cultivo do mirtilo deve-se em parte, ao solo e água com um clima muito adequado que permite colher ao longo de muitos meses do ano com uma enorme qualidade. Embora a framboesa seja o fruto vermelho mais exportado em Portugal, o mirtilo[31] continua a ser um alimento biológico de grande crescimento na exportação, especialmente para o resto da Europa. Os maiores importadores de mirtilo português têm sido a França, Holanda e Bélgica.[32]
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Uso medicinal
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Perspectiva

O mirtilo já era um fruto utilizado pelo Homem desde o século XVI, principalmente devido às suas propriedades antioxidantes e antibacterianas. Esta pequena baga está no topo dos alimentos com maior teor de antioxidantes e é rico em fibra, vitaminas A, B e C e sais minerais (Mg, Ca, P, Fe, Z, Se, Mn, L).[33]
Atua em casos de diarreias graves. Embora a medida principal para o tratamento de diarreia seja a hidratação imediata. Indicado para ação local no alívio de inflamações na boca e catarros. Já foi muito utilizado contra febres. É atribuída à mirtilina a ação antibacteriana, sendo atualmente aceita como tratamento para infecção urinária baixa de repetição, principalmente em forma de suco.
Mirtilo é uma planta que trabalha bem na restauração da pequena circulação e por isto é usada em retinopatia diabética, falta de perfusão renal e pé diabético. Pesquisas recentes mostram que o mirtilo também é eficaz no combate aos radicais livres e ao colesterol ruim no organismos.[34] A folha também tem sido utilizada na medicina tradicional para tratar diferentes doenças como o diabetes. O instituto americano, National Institutes of Health, o reconhece como "possivelmente efetivo para problemas na retina de pessoas com diabetes ou pressão sanguínea alta"[35].
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Uso culinário
Além do consumo ao natural, o mirtilo é usado em compota, geleias, doces, vinhos, bolos, panquecas, muffins, muesli etc.[36]
Produção mundial
Referências
- Editores do Michaelis (2013). «Verbete 'mirtilo'». Dicionário Michaelis da Língua Portuguesa. Consultado em 10 de maio de 2023
- Editores do Priberam (2015). «Verbete 'mirtilo'». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 10 de maio de 2023
- «The Plant List — A working list for all plant species» (em inglês). Theplant List. 2010. Consultado em 25 de julho de 2014
- Missouri Botanicaal Garden (2014). «Vaccinium sect. Myrtillus A. Gray ex Drude» (em inglês). Consultado em 25 de julho de 2014
- «Vaccinium myrtillus | Flora-On | Flora de Portugal». flora-on.pt. Consultado em 19 de novembro de 2025
- Infopédia. «mirtileiro | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Dicionários infopédia da Porto Editora. Consultado em 19 de novembro de 2025
- Infopédia. «arando | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Dicionários infopédia da Porto Editora. Consultado em 19 de novembro de 2025
- Infopédia. «airela | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Dicionários infopédia da Porto Editora. Consultado em 19 de novembro de 2025
- Infopédia. «uva-do-monte | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Dicionários infopédia da Porto Editora. Consultado em 19 de novembro de 2025
- Infopédia. «uva-da-serra | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Dicionários infopédia da Porto Editora. Consultado em 19 de novembro de 2025
- Infopédia. «mirtilo | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Dicionários infopédia da Porto Editora. Consultado em 19 de novembro de 2025
- «myrtillus». WordSense Dictionary (em inglês). Consultado em 19 de novembro de 2025
- ASALE, RAE-; RAE. «arándano | Diccionario de la lengua española». «Diccionario de la lengua española» - Edición del Tricentenario (em espanhol). Consultado em 19 de novembro de 2025
- Larousse, Éditions. «Définitions : airelle - Dictionnaire de français Larousse». www.larousse.fr (em francês). Consultado em 19 de novembro de 2025
- Olivetti, Olivetti Media Communication-Enrico. «ātĕr | ONLINE LATIN DICTIONARY - Latin - English». online-latin-dictionary.com (em inglês). Consultado em 19 de novembro de 2025
- «vaccīnĭum». WordSense Dictionary (em inglês). Consultado em 19 de novembro de 2025
- «hὑάκινθος». WordSense Dictionary (em inglês). Consultado em 19 de novembro de 2025
- «Mūrīnus - ONLINE LATIN DICTIONARY - Latin - English». www.online-latin-dictionary.com. Consultado em 26 de maio de 2022
- «Jardim Botânico UTAD | Espécie Vaccinium myrtillus». Jardim Botânico UTAD. Consultado em 19 de novembro de 2025
- Pereira Coutinho, António Xavier (1913). Flora de Portugal (Plantas Vasculares): Disposta em Chaves Dicotómicas. Lisboa: Aliud. p. 461. 766 páginas
- «Flora Vascular - Toda la información detallada sobre la Flora Vascular | - Especie: Vaccinium myrtillus | BioScripts.net». www.floravascular.com. Consultado em 20 de novembro de 2025
- Gazeta Rural n.º 226, 17 de junho de 2014.
- fao.org (FAOSTAT). «Blueberry production in 2018, Crops/World regions/Production quantity (from pick lists)». Consultado em 20 de outubro de 2020
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Ligações externas
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