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Vaccinium myrtillus

espécie de planta Da Wikipédia, a enciclopédia livre

Vaccinium myrtillus
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 Nota: Se procura o personagem da mitologia grega, veja Mírtilo.

O Vaccinium myrtillus, comummente conhecido como mirtilo,[1][2] é uma espécie de planta arbustiva, pertencente à família das Ericáceas,[3][4] e ao tipo fisionómico dos fanerófitos.[5]

Factos rápidos Mirtilo, Classificação científica ...
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Nomes comuns

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Perspectiva

Além do substantivo «mirtilo», para o fruto e «mirtileiro, para a planta[6], esta espécie é ainda conhecida pelos seguintes nomes comuns: arando[7] (não confundir com o arando-vermelho[8][9]); airela[10] e uva-do-monte[11] (não confundir com as espécies Vaccinium padifolium e Vaccinium cylindraceum, naturais dos arquipélagos da Madeira e dos Açores, respectivamente, e que são comummente conhecidas como «uva-da-serra»).[12]

Etimologia

Do que toca aos nomes comuns:

O substantivo «mirtilo» entra na língua portuguesa[13], por via do latim myrtillus,[14] que por sua vez proveio do étimo latino myrtus, que significa murta, e que por seu turno remontava ao grego clássico μύρτος‎, com o mesmo significado.[15]

Do que toca ao substantivo «arando», referente ao fruto silvestre, e arandeira, referente à planta, ambas entram na língua portuguesa pelo castelhano arándano[7], que por seu turno advém do celta aran (que significa «andorino ou azul-escuro»), cruzado com o latim tardio rodandărum, que é uma corruptela do latim clássico rhododendron. [16]

Do que toca ao substantivo «airela», este entrou na língua portuguesa por via do francês «airelle»[10], que por sua vez o obteve do provençal aire[17], remontando ao étimo latino clássico ater (que significa «negro mate»).[18]

Quanto ao nome científico desta espécie:

  • O nome genérico, Vaccinium , provém do latim, vaccīnĭum, e já no período clássico era usado para aludir aos mirtileiros, o termo provém do étimo vaccīnus , que significa «vacum; bovino; relacionado com vacas»[19], sendo certo que há autores que defendem que se possa tratar de uma corruptela do grego clássico ὑάκινθος , que por sua vez significa «roxo escuro ou azul-escuro».[20]
  • O epíteto específico, myrtillus, conforme já referido supra, também provém do latim[14], mais concretamente do étimo latino myrtus, que significa murta, e que por seu turno remontava ao grego clássico μύρτος‎, com o mesmo significado.[21]
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Distribuição

Esta espécie é nativa da Eurásia, marcando presença em grande parte do continente europeu, no Cáucaso, na Turquia ocidental, encontrando-se ainda, presentemente, também no Norte do Japão e na América do Norte.Esta planta adapta-se bem aos climas temperados.[22]

Portugal

Trata-se de uma espécie nativa e endémica de Portugal Continental, marcando presença nas regiões do Noroeste montanhoso e do Centro-leste montanhoso,[22] com particular destaque para as montanhas do Alto-Minho e para as Serras do Marão e do Gerês.[23]

Ecologia

Esta espécie medra em bosques caducifólios, urzais e outros matos higrófilos na orla de turfeiras.[5] Também proza bem em zonas montanhosas, particularmente as com solos de substracto ácido e húmido.[5]

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Descrição

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Perspectiva

O mirtileiro é um arbusto, ou subarbusto, muito ramoso, capaz de orçar entre os 30[23] e os 60 centímetros de altura.[24]

Pauta-se pelos caules procumbentes, radicantes, verdes, providos de 4 costelas, as quais, por sinal se demonstram bem marcadas nos espécimes mais jovens.[24]

O ritidoma apresenta uma coloração acinzentada, especialmente nos de espécimes mais caules velhos, ao passo que nos espécimes mais jovens se matiza em tons pardacentos.[24] Os ramos de feitio anguloso[23], por seu turno, apresentam coloração esverdeada.[24]

Do que toca às folhas, têm um posicionamento alternado[23], são mais ou menos membranáceas, caducas, planas, de formato mais ou menos lanceolado, ovado ou agudo.[23][24] As folhas são serrilhadas, com os dentes providos de pêlos glandulíferos, quando os mirtileiros ainda são jovens.[24] O pecíolo das folhas pode medir até 1 mm.[24]

Quanto às flores, podem ser solitárias, com posicionamento axillar, ou estar reunidas em cachos ou corimbos terminais.[23] Os pedicelos podem medir até 6 mm.[24]O cálice da flor mede cerca de 2 milímetros, tem um formato acampanado, conta com limbo, lobado ou inteiro.[24] A corola da flor é caduca, tem um formato gomiloso ou campanulado, contando com 4 a 5 lobos ou dentes, podendo medir entre 4 a 6 milímetros e apresentando uma coloração rosado-esverdeada.[23] A antese ocorre entre Maio e Junho.[23]

Quanto ao fruto, que é uma baga que pode medir entre 6 a 10 milímetros, este assume uma coloração negra-violácea[24] ou glauco-pruinosa, podendo ainda, em casos raros, ser branca.[23] É comestível e doce.[23] As sementes medem cerca de 1,5 mm.[24]

Cultivo

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No Brasil

A Embrapa introduziu o mirtilo no sul do Brasil em 1983, trata-se de algumas variedades cultivadas na Europa em regiões nas quais o inverno é bastante rigoroso, daí a dificuldade em cultivá-las no país, apenas conseguido de forma satisfatória no sul do Brasil, nas serras de nordeste do estado do Rio Grande do Sul e em cidades planálticas, visto que o planalto catarinense ou meridional se encontra na zona subtropical e a uma altitude média de 1000m. Cidades catarinenses como São Joaquim, Bom Jardim da Serra, Urupema e Itá (Fazenda NiceBerry),[25] já estão introduzindo o fruto com sucesso, pois as temperaturas anuais destes logradouros encontram-se entre as mais baixas de todo o Brasil, com média de 11 °C a 13 °C anuais. No estado do Rio Grande do Sul, estas estão sendo inseridas, nas cidades mais altas das serras de nordeste do estado, e em cidades com altitudes entre 900 a 1200 m, tais como: São José dos Ausentes, Bom Jesus, Vacaria, Cambará do Sul, Jaquirana e São Francisco de Paula, visto, que apesar de serem altas e frias o ano inteiro, também possuem solo muito fértil e uma boa distribuição de chuva durante o ano todo.

Em Portugal

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colheita de mirtilos

Em Portugal cresce espontaneamente no Norte do país — Minho, Trás-os-Montes e na Serra da Estrela.[26]

O concelho de Sever do Vouga introduziu, por acção de um estudo de uma fundação holandesa, a variante americana desta planta em 1986 quando não existia em Portugal nenhuma plantação com fins agrícolas desta espécie, sendo na época a colheita de plantas silvestres delimitada às regiões do Gerês[27] e Montalegre.

Em 2012 segundo a ANPM,[28] a cultura do mirtilo encontrava-se já bastante difundida em todo o território nacional, a sua exploração com fins comerciais tendo crescido 700%. Acima de 90% da produção nacional destinava-se à exportação, contribuindo assim o mercado de consumo nacional, com uma percentagem mínima.[29] Em 2019 continuava a ser um setor da agricultura biológica emergente com as cultivares americanas Northern Highbush[30] e Southern Highbush as mais difundidas.

O sucesso do cultivo do mirtilo deve-se em parte, ao solo e água com um clima muito adequado que permite colher ao longo de muitos meses do ano com uma enorme qualidade. Embora a framboesa seja o fruto vermelho mais exportado em Portugal, o mirtilo[31] continua a ser um alimento biológico de grande crescimento na exportação, especialmente para o resto da Europa. Os maiores importadores de mirtilo português têm sido a França, Holanda e Bélgica.[32]

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Uso medicinal

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Mirtilo, ilustração de 1917

O mirtilo já era um fruto utilizado pelo Homem desde o século XVI, principalmente devido às suas propriedades antioxidantes e antibacterianas. Esta pequena baga está no topo dos alimentos com maior teor de antioxidantes e é rico em fibra, vitaminas A, B e C e sais minerais (Mg, Ca, P, Fe, Z, Se, Mn, L).[33]

Atua em casos de diarreias graves. Embora a medida principal para o tratamento de diarreia seja a hidratação imediata. Indicado para ação local no alívio de inflamações na boca e catarros. Já foi muito utilizado contra febres. É atribuída à mirtilina a ação antibacteriana, sendo atualmente aceita como tratamento para infecção urinária baixa de repetição, principalmente em forma de suco.

Mirtilo é uma planta que trabalha bem na restauração da pequena circulação e por isto é usada em retinopatia diabética, falta de perfusão renal e pé diabético. Pesquisas recentes mostram que o mirtilo também é eficaz no combate aos radicais livres e ao colesterol ruim no organismos.[34] A folha também tem sido utilizada na medicina tradicional para tratar diferentes doenças como o diabetes. O instituto americano, National Institutes of Health, o reconhece como "possivelmente efetivo para problemas na retina de pessoas com diabetes ou pressão sanguínea alta"[35].

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Uso culinário

Além do consumo ao natural, o mirtilo é usado em compota, geleias, doces, vinhos, bolos, panquecas, muffins, muesli etc.[36]

Produção mundial

Mais informação País, Produção em 2018 (toneladas anuais) ...

Referências

  1. Editores do Michaelis (2013). «Verbete 'mirtilo'». Dicionário Michaelis da Língua Portuguesa. Consultado em 10 de maio de 2023
  2. Editores do Priberam (2015). «Verbete 'mirtilo'». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 10 de maio de 2023
  3. «The Plant List — A working list for all plant species» (em inglês). Theplant List. 2010. Consultado em 25 de julho de 2014
  4. Missouri Botanicaal Garden (2014). «Vaccinium sect. Myrtillus A. Gray ex Drude» (em inglês). Consultado em 25 de julho de 2014
  5. «Vaccinium myrtillus | Flora-On | Flora de Portugal». flora-on.pt. Consultado em 19 de novembro de 2025
  6. Infopédia. «mirtileiro | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Dicionários infopédia da Porto Editora. Consultado em 19 de novembro de 2025
  7. Infopédia. «arando | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Dicionários infopédia da Porto Editora. Consultado em 19 de novembro de 2025
  8. Infopédia. «airela | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Dicionários infopédia da Porto Editora. Consultado em 19 de novembro de 2025
  9. Infopédia. «uva-do-monte | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Dicionários infopédia da Porto Editora. Consultado em 19 de novembro de 2025
  10. Infopédia. «uva-da-serra | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Dicionários infopédia da Porto Editora. Consultado em 19 de novembro de 2025
  11. Infopédia. «mirtilo | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Dicionários infopédia da Porto Editora. Consultado em 19 de novembro de 2025
  12. «myrtillus». WordSense Dictionary (em inglês). Consultado em 19 de novembro de 2025
  13. «Myrtus». WordSense Dictionary (em inglês). Consultado em 19 de novembro de 2025
  14. ASALE, RAE-; RAE. «arándano | Diccionario de la lengua española». «Diccionario de la lengua española» - Edición del Tricentenario (em espanhol). Consultado em 19 de novembro de 2025
  15. Larousse, Éditions. «Définitions : airelle - Dictionnaire de français Larousse». www.larousse.fr (em francês). Consultado em 19 de novembro de 2025
  16. Olivetti, Olivetti Media Communication-Enrico. «ātĕr | ONLINE LATIN DICTIONARY - Latin - English». online-latin-dictionary.com (em inglês). Consultado em 19 de novembro de 2025
  17. «vaccīnĭum». WordSense Dictionary (em inglês). Consultado em 19 de novembro de 2025
  18. «hὑάκινθος». WordSense Dictionary (em inglês). Consultado em 19 de novembro de 2025
  19. «Mūrīnus - ONLINE LATIN DICTIONARY - Latin - English». www.online-latin-dictionary.com. Consultado em 26 de maio de 2022
  20. «Jardim Botânico UTAD | Espécie Vaccinium myrtillus». Jardim Botânico UTAD. Consultado em 19 de novembro de 2025
  21. Pereira Coutinho, António Xavier (1913). Flora de Portugal (Plantas Vasculares): Disposta em Chaves Dicotómicas. Lisboa: Aliud. p. 461. 766 páginas
  22. Gazeta Rural n.º 226, 17 de junho de 2014.
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Ligações externas

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