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Gavião-asa-de-telha
espécie de ave Da Wikipédia, a enciclopédia livre
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Gavião-asa-de-telha[3][4][5] (Parabuteo unicinctus) é uma ave de rapina de médio-grande porte que se reproduz desde o sudoeste dos Estados Unidos até o Chile, centro da Argentina e Brasil.
Há relatos esporádicos de avistamento desta espécie na Europa Ocidental, especialmente na Grã-Bretanha, porém, tendo em conta a sua grande popularidade no âmbito da falcoaria, o mais certo é que esses casos se reportem a fugas de cativeiros.[6]
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Nomes comuns
Possui ainda os seguintes nomes comuns: gavião-de-asa-castanha[7] e águia-de-harris.[8]
O nome gavião-asa-de-telha foi selecionado como nome vernáculo técnico para a espécie Parabuteo unicinctus pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO) em 2021.[3]
Etimologia
O nome do gênero é derivado do grego antigo para, que significa "parecido" e do latim buteo, que se refere a um tipo de ave de rapina. O epíteto específico é do latim uni que significa "um"; e cinctus que significa "faixa", referindo-se à banda branca na ponta da cauda.[9] Logo, o nome científico significa "Ave com uma faixa parecida com um búteo". John James Audubon deu a esta ave o seu nome em inglês em homenagem ao seu companheiro ornitólogo, patrocinador financeiro e amigo Edward Harris.[10]
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Descrição
O gavião-asa-de-telha mede de 46 a 59 cm de comprimento e tem uma envergadura entre 103 e 120 cm.[11][12] A espécie tem um dimorfismo sexual, com as fêmeas sendo maiores em aproximadamente 35%. A média de peso de machos adultos é de 701 g, enquanto as fêmeas têm uma média de 1029 g.[13][14]
Essa espécie tem uma plumagem amarronzada, ombros avermelhados e penas da cauda com base e ponta brancas.[15] As patas são longas e amarelas e a cera do bico é amarela.[16]

Juvenil
O juvenil do gavião-asa-de-telha é majoritariamente listrado em couro, e tem uma aparência bem mais clara do que os adultos. Em voo, a parte de baixo das asas do juvenil é de cor couro com listras marrons. À primeira vista, os juvenis não se parecem com os adultos, mas a coloração avermelhada idêntica é uma ajuda na identificação.[16]
Subespécies
São reconhecidas duas subespécies de gavião-asa-de-telha:[17]
- P. u. harrisi: encontrado no Texas, leste do México e grande parte da América Central.[18]
- P. u. unicinctus: encontrado exclusivamente na América do Sul. É menor do que a subespécie norte-americana.[18]
Distribuição e habitat
O gavião-asa-de-telha vive em bosques esparsos e em clima semiárido, bem como pântanos (com algumas árvores) em algumas partes de sua distribuição (Howell e Webb 1995), incluindo manguezais, como em partes de sua distribuição sul-americana.[19] A espécie não é migratória.[18] Locais para pouso importantes e para suporte de ninhos são fornecidos por árvores maiores espalhadas ou outros elementos (postes de energia, bordas de floresta, árvores mortas em pé, árvores vivas, rochas e saguaros).[20]
A população de gavião-asa-de-telha está diminuindo devido à perda de habitat; no entanto, em algumas circunstâncias, eles são conhecidos por se mudarem para áreas urbanas.[21] No Brasil, a espécie está se tornando cada vez mais comum em centros urbanos, como no Rio de Janeiro, São Paulo e Santos.[7]
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Comportamento
Resumir
Perspectiva

Esta espécie ocorre em grupos relativamente estáveis. Há na espécie uma hierarquia de dominância, em que a fêmea madura é a ave dominante, seguida pelo macho adulto e depois pelos filhotes de anos anteriores. Os grupos geralmente incluem de 2 a 7 aves. As aves não apenas cooperam na caça, mas também auxiliam no processo de nidificação.[22] Nenhuma outra ave de rapina é conhecida por caçar em grupos tão rotineiramente quanto esta espécie.[23][24]
Alimentação

A dieta do gavião-asa-de-telha consiste em pequenas criaturas, incluindo aves, lagartos, mamíferos e grandes insetos. Por caçar em grupos, a espécie também pode abater presas maiores.[25] Embora não seja particularmente comum, o gavião-asa-de-telha pode pegar presas pesando mais de 2 kg, como lebres e garças-azuis-grandes (Ardea herodias) adultos e perus-selvagens (Meleagris gallapavo) não totalmente crescidos.[26][27][28] O coelho-do-deserto (Sylvilagus audubonii) é a principal presa no norte da distribuição do gavião-asa-de-telha e geralmente pesa 800 g ou menos.[29] Sem dúvida, por perseguir presas grandes com frequência, a espécie tem pés maiores e mais fortes, com garras longas e um bico em forma de gancho maior e mais proeminente do que a maioria das outras aves de rapina de seu tamanho.[14]
No sudoeste dos Estados Unidos, as presas mais comuns (em ordem decrescente de prevalência) são coelho-do-deserto (Syvilagus auduboni), coelho-da-flórida (Sylvilagus floridanus), lebre-da-califórnia (Lepus californicus), esquilo-terrestre (Ammopsermophilus sp. e Spermophilus sp.), Neotoma sp., Dipodomys sp., Geomys e Thomomys sp, Callipepla gambelii, C. squamata, perdiz-da-vírginia (Colinus virginianus), corruíra-dos-cactos (Campylorhynchus brunneicapillus), cotovia-do-norte (Mimus polyglottos), Sceloporus magister e Eumeces sp..[30][31] Nos trópicos, o gavião-asa-de-telha se adaptou para capturar presas variadas, incluindo galinhas e coelhos-europeus introduzidos pelo homem.[32][33] No Chile, o degu (Octodon degus) representa 67,5% das presas.[34]
Caça

Enquanto a maioria das aves de rapina é solitária, apenas se reunindo para reprodução e migração, o gavião-asa-de-telha caça em grupos de dois a seis indivíduos. Acredita-se que isso seja uma adaptação à falta de presas no clima desértico em que vive. Em uma técnica de caça, um pequeno grupo voa à frente e observa, então outro membro do grupo voa à frente em perseguição à presa até que esta seja morta e compartilhada.[35] Em outra, todos os indivíduos se espalham ao redor da presa.[36] Grupos de gavião-asa-de-telha tendem a ter mais sucesso na captura de presas do que gaviões solitários, tendo taxas de sucesso aproximadamente 10% maiores por indivíduo extra.[37]
Reprodução
Ele nidifica em pequenas árvores, arbustos ou cactos. O ninho é geralmente compacto, feito de gravetos, raízes de plantas e caules, e geralmente é revestido de folhas, musgo, cascas e raízes de plantas. Ele é construído principalmente pela fêmea. Geralmente há de dois a quatro ovos branco-azulados, às vezes com manchas claras marrons ou cinza. Os filhotes nascem amarelo claro, mas em cinco a seis dias tornam-se castanhos.[38]
Muitas vezes, há três indivíduos cuidando de um ninho: dois machos e uma fêmea.[25] Se isso é ou não poliandria é debatido, pois pode ser confundido com uma ave ficando atrás de outra.[39] A fêmea faz a maior parte da incubação. Os ovos eclodem em 31 a 36 dias. Os filhotes começam a explorar fora do ninho aos 38 dias e começam a voar aos 45 a 50 dias. A fêmea às vezes procria duas ou três vezes em um ano.[38] Os juvenis podem ficar com os pais até três anos, ajudando a cuidar de crias posteriores. Os ninhos podem ser predados por coiotes (Canis latrans), águias-reais (Aquila chrysaetos), búteos-de-cauda-vermelha (Buteo jamaicensis), jacurutus (Bubo virginianus) e bandos de corvos-comuns (Corvus corax). Nenhum relato mostra a predação de adultos nos Estados Unidos e o gavião-asa-de-telha pode ser considerado um superpredador, embora possivelmente predadores como águias e corujas sejam capazes de matá-lo.[40] No Chile, a águia-serrana (Geranoaetus melanoleucus) é um provável predador.[41]
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Relação com humanos
Falcoaria
Desde cerca de 1980, o gavião-asa-de-telha tem sido cada vez mais usado na falcoaria e agora é o gavião mais popular do Ocidente (fora da Ásia) para esse fim, pois é um dos mais sociáveis e fáceis de treinar.[42]
Gaviões-asa-de-telha treinados foram usados para remover uma população indesejada de pombos da Trafalgar Square de Londres e das quadras de tênis em Wimbledon.[43]
Gaviões-asa-de-telha treinados têm sido usados para controle da população de certas espécies de ave por falcoeiros nos Estados Unidos em vários locais, incluindo resorts e instalações industriais.[44]
No Aeroporto de Vitória, no Espírito Santo, Brasil, são usados três indivíduos de gavião-asa-de-telha, junto com dois falcões-sacre e dois falcões-de-coleira, para afugentarem outras aves, evitando assim a colisão destas com as aeronaves.[45]
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Referências
Ligações externas
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