Piroga

Piroga^[1], também conhecida como almadia^[2][3], concho^[4] e dongo^[5], consoante as respectivas regiões geográficas de origem, é um tipo de embarcação, característica do continente europeu^[6], de África, da Oceania, da Índia^[7] e da América indígena.^[8][9]

Um dongo no rio Niger no Mali.

Estatueta Karajà, 4 pessoas em piroga - Brasil - MHNT

Etimologia

A palavra almadia provém do neoár. almaɕdivah e significa «balsa» ou «jangada».^[3]

Dongo provém do étimo ndongo provindo da língua quimbunda.^[10]

Piroga é ajuntada ao léxico da língua portuguesa desde 1844, como um substantivo feminino para designar a embarcação indígena a remo feita a partir de um único tronco de árvore, semelhante à canoa.^[11] A palavra vem através do francês pirogue, que por sua vez a havia tomado do espanhol piragua, que a recolheu a adaptou do caraíba insular piraugue.^[1]

A palavra indígena, usada pelas populações autóctones da costa do Brasil à época do Descobrimentos, os tupiniquins e os tupinambás, era, em língua tupi, ygara.^[12]

História

Este tipo de embarcações foi utilizada no continente europeu, desde a Idade do Ferro até à Alta Idade Média, com efeito, foram encontrados exemplares, no Rio Lima, no Norte de Portugal, que datam do séc. IV a.C.^[6]

Na Índia Portuguesa, este tipo de embarcações eram conhecidas como almadias, constando inclusive do relato de Camões nos Lusíadas, no canto I, estrofe 92 e do comentário ao mesmo, feito por Manuel de Faria e Sousa, onde consta que^[7]:

“

Almadîa: Embarcação pequena de que usaõ os canarins nos rios. (...) as almadias saõ cavadas de hum sò pao, tam grossas arvores produzem aquellas terras, & que ha humas, taõ grandes, que se atrevem ao mar alto.

”

Em Moçambique, este tipo de embarcações era conhecida como concho. ^[13]Ao passo que em Angola se lhes dava o nome dongo.^[5]

A piroga, tocante ao Brasil, é ainda utilizada pela população indígena e pela população ribeirinha da América do Sul, na região amazônica.

Descrição

Este tipo de embarcação artesanal, pauta-se pelo seu feitio esbelto, comprido e estreito, sendo que é feita de um só tronco inteiriço de árvore escavado.

Foi muito utilizada por povos indígenas dos mais diversos pontos do planeta, incluindo pelos nativos polinésios. Este tipo de embarcações cumpria as mais variadas valências, tanto na pesca como no transporte de pessoas e mercadorias, podendo locomover-se a poder de remos, pagaias ou mesmo, nalguns casos, de velas.^[14]

Referências

1. Infopédia. «piroga | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Dicionários infopédia da Porto Editora. Consultado em 4 de setembro de 2025
2. S.A, Priberam Informática. «almadia». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 4 de setembro de 2025
3. Corriente Córdoba, Federico (1996). «Los arabismos del portugués». Estudios de dialectología norteafricana y andalusí, EDNA (1): 27. ISSN 1137-7968. Consultado em 17 de abril de 2025
4. S.A, Priberam Informática. «CONCHO». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 4 de setembro de 2025
5. S.A, Priberam Informática. «Dongo». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 4 de setembro de 2025
6. «Câmara Municipal congratula-se com classificação das seis pirogas do Rio Lima». www.caminha2000.com. Consultado em 18 de agosto de 2021
7. Bluteau, Rafael (1783). VOCABULARIO PORTUGUEZ, E LATINO, AULICO, ANATOMICO, ARCHITECTONICO, BELLICO, BOTANICO, Brasilico, Comico, Critico, Chimico, Dogmatico, Dialectico, Dendrologico, Ecclesiastico, Etymologico, Economico, Florifero, Forense, Fructifero, Geographico, Geometrico, Gnomonico, Hydrographico, Homonymico, Hierologico, Ichtyologico, Indico, Isagogico, Laconico, Liturgico, Lithologico, Medico, Musico, Meteorologico, Nautico, Numerico, Neoterico, Ortographico, Optico, Ornithologico, Poetico, Philologico, Pharmaceutico, Quidditativo, Qualitativo, Quantitativo, Rhetorico, Rustico, Romano, Symbolico, Synonimico, Syllabico, Theologico, Terapeutico, Technologico, Uranologico, Xenophonico, Zoologico: AUTORIZADO COM EXEMPLOS DOS MELHORES ESCRITORES PORTUGUEZES, E LATINOS, E OFFERECIDO A EL-REY DE PORTUGAL, D. João V. - Vol. I. Lisboa: No Collegio das Artes da Companhia de Jesu. p. 267. 779 páginas
8. Conhecer, 3º Volume, pg. 547, Editora Abril Cultural.
9. WEGNER, Robert. A conquista do Oeste: a fronteira na obra de Sérgio Buarque de Hollanda. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2000, p. 161.
10. Infopédia. «dongo | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Dicionários infopédia da Porto Editora. Consultado em 4 de setembro de 2025
11. HOUAISS, Antonio. Novo Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.
12. NAVARRO, Eduardo de Almeida. Método Moderno de Tupi Antigo. São Paulo: Global, 2005, p. 21.
13. Infopédia. «concho | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Dicionários infopédia da Porto Editora. Consultado em 4 de setembro de 2025
14. Infopédia. «dongo | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Dicionários infopédia da Porto Editora. Consultado em 4 de setembro de 2025