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Scarface (1932)
Da Wikipédia, a enciclopédia livre
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Scarface (bra: Scarface - A Vergonha de uma Nação[3], ou Scarface, a Vergonha de uma Nação[4]; prt: Scarface, o Homem da Cicatriz[5]) é um filme de drama policial do subgênero gângster americano pré-Código lançado em 1932, dirigido por Howard Hawks e com a produção dele e Howard Hughes. O roteiro de Ben Hecht é vagamente baseado no romance homônimo publicado pela primeira vez em 1930 por Armitage Trail, que foi inspirado no mafioso Al Capone. O filme é estrelado por Paul Muni como o gângster imigrante italiano Antonio "Tony" Camonte, que ascende violentamente na máfia de Chicago, com George Raft e Boris Karloff no elenco. A ascensão do protagonista ao poder se encaixa com sua perseguição implacável à amante de seu chefe, enquanto sua irmã se apaixona por seu melhor amigo.
Após comprar os direitos do romance de Trail, Hughes rapidamente selecionou Hawks para a direção e Hecht para ser o roteirista. Scarface foi produzido antes da introdução do código de produção em 1934, que impôs regulamentações a indústria cinematográfica. No entanto, o Código Hays, um precursor mais brando, exigiu alterações significativas, incluindo um prólogo condenando a criminalidade, um final alternativo para repreender Camonte mais claramente e o título alternativo "The Shame of a Nation". Os censores acreditavam que o filme glorificava a violência e o crime e com essas mudanças atrasaram o filme em um ano, embora algumas exibições piratas tenham mantido o final original. Apenas em 2019 a versão original sem alterações tornou-se disponível ao público.
A recepção do público foi positiva, porém houve boicotes em protesto a sua violência em várias cidades e federações dos Estados Unidos, forçando o produtor a retirá-lo de circulação e manter armazenado em seu cofre até o seu falecimento, com os direitos autorais sendo recuperados na década de 1970. Ao lado de Little Caesar e The Public Enemy (ambos de 1931), Scarface é considerado um dos filmes de gângsters mais significativos e influentes da história, entrando para listas de melhores filmes de todos os tempos. No ano de 1983 um remake foi lançado com Al Pacino no papel principal.
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Enredo
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Perspectiva
Na década de 1920 em Chicago, Tony "Scarface" Camonte, um imigrante italiano e ambicioso bandido de baixo escalão, trabalha como guarda-costas do chefão do crime "Big" Louis Costillo. Tony mata seu chefe a tiros com o tenente descontente de Costillo, Johnny Lovo. Lovo assume o controle do território de Costillo na Zona Sul e faz com que Tony e seus associados, o estúpido Angelo e o belo playboy Guino "Little Boy" Rinaldo, supervisionem uma lucrativa operação de contrabando, vendendo cerveja ilegal para todos os bares da região e expulsando os rivais.
Tony insiste para que Lovo comece a se instalar na Zona Norte , onde o contrabando é controlado pelo gângster irlandês O'Hara; Lovo se recusa, ordenando que Tony deixe a Zona Norte em paz. Tony ignora as ordens e remove os homens de O'Hara, expandindo suas atividades para o Norte. Em pouco tempo, Lovo era apenas o chefe nominal, enquanto Tony se tornava cada vez mais notório e poderoso, atraindo a atenção de outros gângsteres e da polícia.
Enquanto isso, Tony persegue a namorada de Johnny, Poppy. A princípio, ela o ignora, mas passa a lhe dar mais atenção à medida que seu status sobe e ele começa a ostentar sua riqueza. Ela visita seu apartamento "extravagante", onde ele lhe mostra a vista da janela de um outdoor elétrico anunciando a Cook's Tours , com o slogan que o inspira: "O Mundo É Seu".
Tony finalmente se livra de O'Hara. O sucessor de O'Hara, Tom Gaffney, declara guerra à Zona Sul e tenta matar Tony com metralhadoras — com as quais um Tony entusiasmado rapidamente arma seus homens. A guerra resulta na vitória de Tony, enquanto Gaffney é forçado a se esconder. Um grupo de cidadãos proeminentes, incluindo o chefe de polícia, juram acabar com Tony por toda a carnificina e derramamento de sangue que ele infligiu à cidade.
Durante uma noite no teatro, Tony descobre que Gaffney e o restante de sua equipe estão em uma pista de boliche próxima. Deixando Angelo para trás para assistir ao resto do espetáculo e lhe contar o resultado, Tony mata Gaffney pessoalmente. A raiva de Lovo por Tony finalmente transborda quando Tony flerta e dança abertamente com Poppy na frente dele em uma boate. Tony vê sua querida irmã Francesca "Cesca" dançando com um estranho na boate; obsessivamente protetor em relação a ela, ele fica furioso e a espanca. Mais tarde naquela noite, alguns pistoleiros tentam assassinar Tony, mas ele os mata.
Suspeitando do envolvimento de Lovo, Tony vai ao seu escritório depois de subornar o barbeiro local para ligar para ele e fingir fazer parte da equipe de assassinos. Quando Lovo desliga após alegar que deve ter ligado para o número errado, Tony o obriga a confessar o assassinato e manda Guino matá-lo. Tony, agora o chefão indiscutível do submundo da cidade, leva Poppy para umas férias caras na Flórida para escapar da polícia e da atenção da mídia. Ao mesmo tempo, Cesca visita Guino secretamente no escritório de Tony e o seduz. Os dois começam um caso.
Ao voltar para casa, Tony descobre por sua mãe, que o advertiu diversas vezes sobre seu mau comportamento, que Cesca foi morar com outro homem e corre para encontrá-la com Guino. Ele mata o amigo num acesso de ciúmes, e Cesca foge em prantos após revelar que eles tinham acabado de se casar e planejavam surpreendê-lo. A polícia emite um mandado de prisão contra Tony; ele se tranca em sua casa enquanto Angelo é morto tentando protegê-lo em um tiroteio com a polícia.
Cesca entra sorrateiramente, planejando matar o irmão, mas não consegue. Tony e Cesca se armam, e Tony atira na polícia da janela com uma submetralhadora Thompson, rindo loucamente enquanto os abate. Momentos depois, porém, Cesca é morta por uma bala perdida. Gritando o nome de Cesca enquanto o apartamento se enche de gás lacrimogêneo, Tony desce as escadas tropeçando no momento em que a polícia arromba sua porta. Tony implora por sua vida, mas em vez de colocar as algemas oferecidas, tenta escapar, resultando em um tiro. Enquanto Tony cai morto na rua, o outdoor elétrico acima dele exibe "The World Is Yours" (O Mundo É Seu).
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Elenco
- Paul Muni como Antonio "Tony" Camonte
- Ann Dvorak como Francesca "Cesca" Camonte
- George Raft como Guino "Little Boy" Rinaldo
- Karen Morley como Poppy
- Boris Karloff como Tom Gaffney
- Osgood Perkins como John "Johnny" Lovo
- C. Henry Gordon como o Inspetor de Polícia, Ben Guarino
- Vince Barnett como Angelo
- Purnell Pratt como o editor Garston
- Tully Marshall como o Editor chefe
- Inez Palange como Sr(a) Camonte, Mãe do Tony
- Edwin Maxwell interpreta o Chefe dos detetives
- Harry J. Vejar como "Big" Louis Costillo (não-creditado)[6]
- Howard Hawks aparecer rapidamente deitado em uma cama (não-creditado)[7]
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Produção
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Perspectiva
Desenvolvimento
O magnata Howard Hughes estava envolvido na indústria cinematográfica e queria um outro sucesso de bilheteria após o bem sucedido The Front Page (1931).[8] Filmes de gângster eram chamativos no início da década de 1930 durante a Lei Seca. Hughes queria fazer um longa-metragem baseado na vida do gângster Al Capone a qual, seria superior a todos os outros filmes deste subgênero.[9] Ele foi aconselhado a não fazer o filme, pois o cinema já estava lotado por outras produções idênticas; Little Caesar estrelado por Edward G. Robinson e The Public Enemy estrelado por James Cagney já eram grandes sucessos, e a Warner Bros. afirmou que nada de novo poderia mais ser feito com está temática.[10] Além disso, censuradores da indústria, como o código hays, estavam se preocupando com a glamourização da criminalidade na mídia.[11]
Hughes comprou os direitos do romance Scarface de Armitage Trail,[12] inspirado na vida de Capone. Trail publicou muitos contos para várias revistas de histórias policiais no início da década de 1920, mas morreu de ataque cardíaco aos 28 anos, pouco antes do lançamento de Scarface.[13] Hughes contratou Fred Pasley, um repórter de Nova York para ser um dos roteirista. Hughes chamou Ben Hecht, que havia ganhado o seu primeiro Oscar de Melhor Roteiro Original em 1929 por seu filme policial mudo Underworld (1928), para ser o roteirista principal.[14] Suspeitando de Hughes como empregador, Hecht solicitou um salário diário de US$ 1.000, a ser pago todos os dias às seis horas. Ele alegou que só desperdiçaria um dia de trabalho se Hughes não fosse uma fraude.[15]
Hughes queria que o diretor Howard Hawks dirigisse e também fosse o co-produtor da obra. Isso surpreendeu Hawks, já que os dois nunca foram amigos; porque Hughes antes havia entrado com uma ação judicial contra Howard Hawks em julho de 1930, alegando que o filme de Hawks, The Dawn Patrol é um plágio de seu filme Hell's Angels (1930).[16] Durante uma partida de golfe, Hughes prometeu desistir da ação judicial (irrelevante, pois o juiz já a havia rejeitado) se Hawks aceitasse ser o diretor de Scarface. O diretor ficou mais convencido quando descobriu que Hecht seria o roteirista principal.[17] Hecht e Hawks trabalharam bem juntos, pretendendo retratar o personagem Capone como da Família Bórgia, incluindo a sugestão de incesto entre o personagem principal e sua irmã, presente no romance de Trail.[18]
Roteiro
Ben Hecht escreveu o roteiro em 11 dias durante janeiro de 1931, adaptado do romance de Trail. Fred Pasley forneceu ajuda, assim como WR Burnett que é o autor do romance Little Caesar. As contribuições de Pasley incluíram elementos do livro Al Capone: Biography of a Self-Made Man; a qual contém uma passagem em uma barbearia com Capone semelhante à introdução de Tony Camonte no filme. Pasley não foi creditado por seu trabalho no roteiro.[19] John Lee Mahin e Seton I. Miller reescreveram vários trechos do roteiro para aumentar a continuidade nos diálogos.[20]
Como havia cinco escritores, é difícil distinguir quais componentes foram contribuídos por qual escritor; no entanto, o final de Scarface é semelhante ao primeiro filme de gangster de Hecht; Underworld, no qual o gangster Bull Weed se prende em seu apartamento com sua amante e atira nas hordas de policiais do lado de fora, e portanto, provavelmente foi uma adição de Hecht.[20]
A versão cinematográfica de Scarface tem pouca semelhança com o romance.[21] Embora o filme contenha os mesmos personagens principais, pontos da trama e conotações incestuosas foram descartadas para reduzir a duração e atender aos pedidos dos escritórios de censura. Para fazer os gangsters parecerem menos admiráveis, o personagem de Tony foi feito para parecer menos inteligente e mais brutal do que no romance. Da mesma forma, o relacionamento fraternal entre Tony e o policial foi removido para evitar retratar a corrupção policial.[22]
Relações com Al Capone
Tanto o filme quanto o romance são vagamente baseados na vida do gangster Al Capone, cujo apelido era Scarface com nomes dos personagens e locais alterados.[23] Capone tornou-se Camonte, Torrio tornou-se Lovo e Moran virou Doran. Em alguns dos primeiros rascunhos, Colosimo era Colisimo e O'Bannion chamava-se Bannon, mas foram mudados para Costillo e O'Hara, respectivamente. Esta e outras alterações feitas aos personagens e à identificação de locais para manter o anonimato foram devido à censura e à preocupação de Hawks com o uso excessivo de detalhes históricos.[24]
Ben Hecht conhecia o gângster Al Capone e "sabia muito sobre Chicago", então ele não fez nenhum workshop para o roteiro.[25] De acordo com Hecht, enquanto trabalhava no roteiro, o gângster enviou dois homens para visitá-lo em Hollywood para garantir que o filme não fosse baseado em sua vida. Ele disse a eles que o personagem Tony era uma paródia de vários criminosos e que o título Scarface foi escolhido por ser intrigante. Os dois homens deixaram Hecht em paz.[26]
As referências ao infame gângster e eventos reais das guerras de gangues de Chicago eram óbvias para o público da época.[27] O personagem de Muni tinha uma cicatriz semelhante à de Capone, recebida em lutas semelhantes. A polícia no filme menciona que Camonte é um membro da Five Points Gang no Brooklyn, da qual Capone era um membro conhecido.[28][29] Tony mata seu chefe "Big Louis" Costillo no saguão de seu clube; Capone estava envolvido no assassinato de seu primeiro chefe "Big Jim" Colosimo em 1920.[30] O líder rival O'Hara é morto a tiros em sua floricultura; Os homens de Capone assassinaram Dean O'Bannion durante a sua visita na floricultura no ano de 1924. O assassinato de sete pessoas em uma garagem, com dois dos atiradores fantasiados de policiais, reflete o Massacre do Dia de São Valentim de 1929.[31] O líder dessa gangue rival escapa por pouco do tiroteio, assim como o dono da gangue Bugs Moran. O filme começa no cruzamento da 22nd Street com a Wabash Avenue, no meio do South Side de Capone, o local onde ocorre muitos dos seus crimes.[32]
Apesar das referências explícitas a Capone, houve rumores de que o gângster gostou tanto do filme que possuía uma cópia dele.[33] No entanto, esta foi provavelmente uma afirmação exagerada de Hawks, já que o criminoso foi preso em Atlanta por sonegação de impostos durante o lançamento de Scarface.[34]
Escolha de Elenco
Hawks e Hughes acharam difícil escalar o elenco, pois a maioria dos atores estava sob contrato e os estúdios estavam relutantes em permitir que seus artistas trabalhassem como freelancers.[35] O produtor Irving Thalberg sugeriu Clark Gable, mas Hawks acreditava que ele não seria adequado ao papel.[36] Depois de ver Paul Muni na Broadway, o agente de talentos Al Rosen o sugeriu para o papel principal. Muni inicialmente recusou, sentindo que não era fisicamente adequado para o personagem, mas depois de ler o roteiro a sua esposa o convenceu a aceitá-lo.[37] Após um teste em Nova York, os produtores o aprovaram para o papel.[38]
Boris Karloff foi escalado como o gangster irlandês Gaffney, listado em um pôster de lançamento nos cinemas como "Boris 'Frankenstein' Karloff".[39] Jack La Rue iria ser o ajudante de Tony Camonte, Guino Rinaldo (inspirado no guarda-costas de Al Capone, Frank Rio). Ainda assim, como ele era mais alto que Muni, Hawks temia que ele ofuscasse a personalidade forte do ator principal.[36] Ele foi substituído por George Raft, um iniciante, encontrado pelo diretor em uma luta de boxe.[40] Raft havia desempenhado um papel quase idêntico no ano anterior em sua estreia no cinema em Quick Millions , um filme de temática parecida estrelado por Spencer Tracy, mas foi o personagem de Scarface que o catapultaria Raft para o estrelato.[41]
Embora Karen Morley estivesse sob contrato na MGM, Hawks era próximo do executivo do estúdio, Eddie Mannix que emprestou Morley para o filme. Ela teria recebido a opção de escolher entre o papel de Poppy ou Cesca. Embora Cesca fosse uma "mulher mais forte", ela escolheu Poppy porque sentiu que Cesca seria mais adequada para sua amiga Ann Dvorak. Ela considerou isso "provavelmente a coisa mais legal que ela fez na vida".[42] Morley convidou Dvorak, de 20 anos, para uma festa na casa de Hawks para apresentá-los. De acordo com Hawks, na festa, Dvorak se concentrou em George Raft, que interpretou seu interesse amoroso. Ele inicialmente recusou o convite para dançar. Ela tentou dançar na frente dele para atraí-lo; eventualmente, ele cedeu, e então dançaram juntos chamando a atenção de todos.[43] Após esse evento, Hawks estava interessado em escalá-la, mas tinha ressalvas sobre sua falta de experiência. Após um teste de tela, ele lhe deu o papel, e a MGM estava disposta a liberta-la de seu contrato como corista.[44] Dvorak teve que receber permissão de sua mãe, Anna Lehr e ganhar uma petição apresentada ao Tribunal Superior para poder assinar com Howard Hawks como menor de idade.[45]
Filmagem
As filmagens duraram seis meses, o que era muito longo para filmes do início da década de 1930. Howard Hughes permaneceu fora do set para evitar interferir nelas.[46] Ele pediu a Hawks que tornasse o filme visualmente emocionante adicionando perseguições de carro, colisões e tiroteios com metralhadora.[47] Hawks filmou em três locais diferentes: Metropolitan Studios, Harold Lloyd Studios e o Mayan Theater em Los Angeles. As cenas levaram 3 meses, com o elenco e a equipe trabalhando 7 dias por semana. Para a cena mais violenta do filme que é a do restaurante, Hawks limpou o local para evitar ferir figurantes e teve o set alvejado por metralhadoras. Os atores encenaram a cena em frente a uma tela com o tiroteio projetado ao fundo, então, enquanto todos aglomeravam sob as mesas do restaurante, a sala parecia estar simultaneamente sob fogo.[48]
Hawks e Hughes se encontraram com o código hays durante as filmagens para análise. Apesar disso, Scarface foi filmado e montado rapidamente. Em setembro de 1931, uma versão preliminar do filme foi exibida para a Comissão de Crimes da Califórnia e policiais, nenhum dos quais considerou que o enredo seria uma influência perigosa para o público ou provocaria uma resposta dos criminosos. Irving Thalberg recebeu uma exibição antecipada e ficou impressionado com o longa-metragem. Apesar do feedback positivo que o filme recebeu, os censuradores do código hays insistiu em algumas mudanças antes da aprovação final.[49]
Censura
Scarface foi produzido e filmado durante a era pré-Código de Hollywood, que durou de 1930 à 1934. Este período é caracterizado por sua triagem informal e aleatoriedade da regulamentação do conteúdo dos filmes, antes do estabelecimento da Production Code Administration (PCA) em 1º de julho de 1934. Antes da influência da PCA, a censura era supervisionada pela Motion Pictures Producers and Distributors of America (MPPDA). Em 1930, Will Hays, o presidente da MPPDA, tentou regular o conteúdo dos enredos presentes nos longa-metragens; a MPPDA ficou conhecida como Hays Office (Código Hays).[50] O objetivo do órgão era censurar nudez, sexualidade, uso de drogas e a criminalidade presente nos filmes.[51] Eles queriam evitar o retrato simpático do crime, mostrando criminosos reconhecendo o erro de seus caminhos ou mostrando criminosos sendo punidos.[52] No entanto, não tinha autoridade para remover material de um filme até que o MPPDA se comprometeu oficialmente a aderir ao Código de Produção em 1934, então eles confiaram em atrasos no lançamento e lobby para remover cenas ou impedir que certas obras fossem produzidas. Vários longa-metragens escaparam da censura adicionando cenas extremamente sugestivas para que pudessem removê-las e torcendo para que ignorassem as imoralidades menores que permaneceram em outros momentos no filme.[53]
J. E. Smyth descreveu Scarface como "um dos filmes mais censurados da história da antiga Hollywood".[54] Howard Hawks acreditava que os censuradores tinham vinganças pessoais contra o filme, enquanto Hughes dizia que a censura era devido a "motivos ocultos e políticos" de políticos corruptos. No entanto, James Wingate, dos conselho de censura de Nova York, refutou afirmando que Hughes estava mais preocupado com "publicidade de bilheteria" na produção do filme do que com os princípios morais.[55] Após repetidas demandas por uma reescrita do roteiro pelo código hays, Hughes ordenou que Hawks filmasse: "Dane-se eles, torne-o o mais realista e macabro possível".[56] Os censuradores ficaram indignado com Scarface quando o exibiram. De acordo com eles, a obra violou o Código porque desperta simpatia pelo personagem de Muni, revelando aos jovens um método bem-sucedido na criminalidade. Também pediram que cenas fossem deletadas e outras adicionadas para condenar as gangues e um final diferente. Eles acreditavam que a morte de Tony no final do filme era na verdade um mártir.[57] A violência incomodou a MPPDA por sentir que o relacionamento inapropriado entre o personagem principal e sua irmã era muito evidente, especialmente quando ele a segura em seus braços depois de dar um tapa nela e rasgar seu vestido; eles ordenaram que essa cena fosse deletada. Hughes, para receber a aprovação da MPPDA, deletou as cenas mais violentas, adicionou um prólogo para condenar a máfia e escreveu um novo final.[58]
Além disso, algumas cenas foram adicionadas para condenar abertamente os gângsters, como uma em que um editor de jornal olha para a tela e adverte diretamente o governo e o público por sua falta de ação no combate à violência da multidão e em outra o detetive denuncia a glorificação de gangsters na mídia.[59] Hawks se recusou a filmar estas cenas extras e o final alternativo que foram dirigidas por Richard Rosson, o que lhe rendeu o título de "codiretor".[60] Howard Hughes foi instruído a mudar o título para "The Menace, Shame of the Nation" pois esclarece o assunto do filme; após meses de pechincha, ele chegou a um acordo com o título "Scarface: The Shame of the Nation" e adicionou um prefácio condenando "gângsters" em um sentido geral. O produtor tentou lançar o longa-metragem sob o título "The Scar" quando o escritório de Hays proibiu o título original.[61] Além do nome, o termo "Scarface" foi removido da película. Na cena em que Tony mata Rinaldo, Cesca diz a palavra "assassino", mas ela pode ser vista falando "Scarface".[62]
No roteiro original a mãe de Tony amava o filho incondicionalmente, elogiando seu estilo de vida e até aceitando seu dinheiro e presentes. Além disso, havia um político que, apesar de fazer campanha contra gângsters no pódio, é mostrado festejando com eles fora do horário de expediente. O enredo terminaria com Tony permanecendo no prédio, imune ao gás lacrimogêneo e à multidão de balas disparadas contra ele. Após o prédio ser incendiado, o protagonista é forçado a sair, com as armas em punho. Ele é atingido por tiros da polícia, mas parece impenetrável. Ao perceber o policial que o estava prendendo durante todo a sequência, atira nele, apenas para ouvir um único "clique", o que implica que sua arma está descarregada. Ele é morto após o policial contra-atacar atirando várias vezes. Este clique pode ser escutado na versão lançado nos cinemas durante a morte de Tony.[56]
Final alternativo
A primeira versão do filme (Versão A) foi concluída em 8 de setembro de 1931, mas os censores exigiram que o final fosse modificado ou se recusariam a conceder uma licença para Scarface. Paul Muni não pôde participar na refilmagem da cena final em 1931 devido ao seu trabalho na Broadway. Consequentemente, Hawks foi forçado a usar um dublê principalmente por meio de sombras e tomadas longas para mascarar a ausência de Muni nessas cenas.[63] O final alternativo (Versão B) difere pela maneira como Tony é capturado e morre. Ao contrário do original, onde ele tenta escapar da polícia e morre após ser baleado várias vezes, no final alternativo, o gângster relutantemente se entrega à polícia. Após a rendição, o rosto de Tony não é mostrado. Segue-se uma cena em que um juiz se dirige ao protagonista durante a sentença. A próxima cena é a conclusão da obra, em que Tony (visto de uma vista aérea) é levado à forca e enforcado.[64]
No entanto, a Versão B imediatamente não passou pelos censores de Nova York e Chicago. Howard Hughes sentiu que os censuradores tinha certas intenções ao rejeitar Scarface porque era amigo de Louis B. Mayer. Hughes acreditava que a censura era para impedir que artistas independentes produzisse filmes. Confiante de que sua produção poderia se destacar entre o público mais do que os filmes de Mayer, Hughes organizou uma exibição do filme para a imprensa em Hollywood e Nova York.[65] O New York Herald Tribune elogiou Hughes por sua coragem em se opor aos censores. O produtor renegou o filme censurado e, finalmente, em 1932, a Versão A com a introdução de texto adicionada foi lançada em estados que não tinham censores rígidos (ele tentou levar os censores de Nova York ao tribunal). Esta versão de lançamento de 1932 levou ao status de bilheteria genuíno e avaliações críticas positivas. Hughes foi bem-sucedido em processos judiciais subsequentes contra os conselhos que censuraram o filme.[66][67] Devido às críticas da imprensa, o código Hays afirmou que a versão exibida nos cinemas era o filme censurado que ele havia aprovado anteriormente.[65]
Trilha Sonora
Devido ao cenário urbano e alta violência do enredo, música não diegética (não visível na tela ou implícita na história) não foi usada no filme.[68] A única música que aparece em Scarface é durante os créditos de abertura e encerramento e também durante as cenas onde a música aparece naturalmente, como na boate. Adolf Tandler serviu como diretor musical do filme, enquanto Gus Arnheim é o maestro da orquestra. Gus e sua Orquestra Cocoanut Grove executam "Saint Louis Blues" de WC Handy e "Some of These Days" de Shelton Brooks na boate. A melodia que Tony assobia é o sexteto da ópera Lucia di Lammermoor de Gaetano Donizetti [69]que é acompanhada por palavras que se traduzem em "O que me impede em tal momento?", e esta melodia continua a aparecer durante as sequências de violência do filme.[70] A canção que Cesca canta enquanto toca piano é "Wreck of the Old 97".[71]
Referências Culturais
A peça de teatro que Tony e seus amigos vão ver, saindo no final do segundo ato é Rain de John Colton e Clemence Randolph, baseado na história de W. Somerset Maugham, "Miss Sadie Thompson". Ela estreou na Broadway em 1922 e ficou em cartaz durante toda a década. (Uma versão cinematográfica da peça, também intitulada Rain e estrelada por Joan Crawford, foi lançada pela United Artists no mesmo ano que Scarface).[72] Embora relativamente discreta no filme e despercebida pela maioria dos espectadores, a família Camonte deveria ser parcialmente modelada após a família ítalo-espanhola Borgia. Isso foi mais proeminente através do relacionamento sutil e indiscutivelmente incestuoso que Tony Camonte e sua irmã compartilham.[18] O ciúme excessivo de Camonte dos casos dela com outros homens sugere esse relacionamento.[73] Coincidentemente, Donizetti escreveu a ópera Lucrezia Borgia sobre a mesma família, e Lucia di Lammermoor, de onde vem a melodia de assobio de Tony Camonte.[74]
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Lançamento
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Perspectiva
Depois de lutar contra a censura, o filme teve o seu lançamento cerca de um ano depois de The Public Enemy e Little Caesar.[54] Scarface foi lançado oficialmente nos cinemas em 9 de abril de 1932. Howard Hughes planejou uma grande estreia em Nova York, mas o departamento de censura da cidade rejeitou a exibição do longa-metragem. Os departamentos de censura estaduais em Ohio, Virgínia, Maryland e Kansas, junto com os censuradores das cidades de Detroit, Seattle, Portland e Chicago proibiram o filme.[75] Hughes ameaçou processar os conselhos de censura por impedir o lançamento de seu filme, com grande aprovação do New York Herald Tribune.[76] Cada estado tinha o seu órgão de censura próprio, o que permitiu ao produtor lançar Scarface em áreas sem ela estrita.[77] A pedido de Will Hays, Jason Joy convenceu-os a permitir o lançamento do longa-metragem, porque o código hays reconheceu e apreciou as mudanças que fizeram no filme. Joy visitou individualmente os funcionários, afirmando que, embora o código hays fosse contra a representação positiva do crime, os filmes de gangues eram documentários contra a vida de gângster. Joy obteve sucesso e, eventualmente, todos eles permitiram o lançamento de Scarface, aceitando apenas a versão cortada e censurada da obra.[78]
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Análises
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Perspectiva
Os estudiosos debatem se Scarface classifica-se como um filme com inspirações na vida real ou uma obra da era dos gângsters de Hollywood.[79] Seu significado histórico foi aumentado pelos créditos de roteiro do filme: WR Burnett, autor do romance Little Caesar, do qual o filme de mesmo nome foi baseado; Fred D. Wesley, um proeminente historiador das gangues de Chicago; e Ben Hecht, um ex-repórter da mesma cidade.[80] Eventos semelhantes ao assassinato de Jim Colismo e ao Massacre do Dia de São Valentim contribuem para o realismo e a autenticidade do filme. O crítico de cinema Robert E. Sherwood afirmou que Scarface "merece... como um documento sociológico ou histórico", e "uma tentativa totalmente indesculpável foi feita para suprimi-lo - não porque seja obsceno... mas porque... chega muito perto de dizer a verdade".[81]
Elementos abundantes
De acordo com o professor de cinematografia Fran Mason, a abundância é um tema proeminente no filme. A abertura da obra prepara o cenário enquanto Big Louie Costillo se senta nos restos de uma festa selvagem, convencendo seus amigos de que sua próxima será ainda maior e terá "muito mais de tudo".[82] Isso indica a vida excessiva de um gângster, seja no prazer ou na violência. A cena da morte de Costillo define o próximo tom de excesso. Nesta sequência, o público vê apenas a sombra de Tony Camonte com uma arma, ouve os tiros e o som do corpo caindo no chão. As cenas violentas se tornam mais graves à medida que o longa-metragem avança. A maior parte da violência no filme é mostrada por meio de montagem, à medida que elas passam em sequência, mostrando os assassinatos brutais que Tony e sua gangue cometem, como agredir donos de bares, participar de um atentado a bomba e massacrar 7 homens contra uma parede. Uma delas mostra um calendário destacável mudando rapidamente as datas enquanto é baleado por uma metralhadora, deixando clara a violência excessiva. A matança não é perpetrada apenas pelos gângsteres. A polícia, na cena final com Tony e Cesca, não mede esforços para capturar os notórios irmãos Camonte, visível através do número desproporcional de policiais e carros cercando o complexo de apartamentos para prender um homem. O uso excessivo da violência por Tony e pela polícia ao longo do filme normaliza isso.[83] Um elemento de paródia à alegria anormal de Tony em usar metralhadoras. No restaurante em que homens da gangue North Side tentam atirar em Tony com uma metralhadora, ele obtém prazer com o poder. Em vez de se encolher sob as mesas, ele tenta espiar para assistir às armas em ação, rindo loucamente de sua excitação. Ele reage jovialmente ao receber sua primeira arma deste tipo e sai entusiasmado para "escrever [seu] nome por toda a cidade com ele em letras grandes".[84]
O materialismo dos gângsters é representado comicamente pela busca de Tony por bens caros e exibi-los ao público. No primeiro encontro dele com Poppy, sozinho na escada, ele se gaba de seu novo terno, joias e carro à prova de balas. Ela ignora amplamente seus avanços, chamando sua aparência de "meio efeminada".[84] Seu consumismo considerado feminino: obsessão por aparência e roupas; são justapostos por seu consumo masculino, que é representado por um novo carro. Mais tarde, Tony mostra a Poppy uma pilha de camisas novas, alegando que usará cada uma delas apenas por uma vez. Sua estranheza e ignorância de sua exorbitância tornam essa cena ao estilo de Gatsby mais cômica do que séria. Seu consumo simboliza a desintegração dos valores da modernidade, representados explicitamente por mau gosto e a obsessão por dinheiro e status social. O excesso de Tony transcende a paródia e se torna perigoso porque ele representa uma completa falta de controle que, em última análise, levará à sua queda.[85]
O materialismo de Tony também se manifesta nas guerras de gangues na cidade. Ele é instruído a deixar O'Hara, Gaffney e o resto dela em paz. Porém desobedece porque deseja mais poder, violência e território. Ele não apenas ameaça a estrutura de poder das rivais em relação ao território físico, mas também perturba a estrutura de poder interna de sua gangue ao desobedecer descaradamente seu líder, Johnny Lovo. A posição física de Gaffney contrapõe a posição de Tony. Ao longo do filme, a movimentação de Gaffney é restrito tanto pelo cenário quanto pela implicação por causa dos espaços lotados na qual é mostrado na tela e sua trupe de capangas, com os quais ele está constantemente cercado. Tony pode se mover livremente no início do filme, tornando-se progressivamente mais lotado até que ele esteja tão confinado quanto Gaffney. Capangas o cercam e não podem se mover tão livremente pelo município. Isso, no entanto, é auto imposto pelo seu desejo excessivo por território e poder.[86]
Outra temática relacionada a isto são os desejos incestuosos de Tony por sua irmã, Cesca, a quem ele tenta controlar e oprimir. Sua mãe atua como a voz da razão, mas Tony não a ouve, submetendo sua família à violência que ele traz sobre si mesmo.[86] Sua luxúria pela criminalidade espelha a luxúria de Cesca pela liberdade sexual, simbolizada por sua dança sedutora para Rinaldo no clube. Rinaldo está dividido entre sua lealdade a Tony e sua paixão por Cesca, simbolizando a luta pelo poder entre os irmãos Camonte. Rinaldo é um símbolo da força e da proeminência de Tony; seu assassinato significa a total falta de controle e a queda do criminoso, que termina na morte dele.[87]
Sonho Americano
A ascensão de Tony Camonte graças à proeminência e ao destino é modelada pelo sonho americano, mas de forma abertamente violenta. À medida que o filme acompanha a ascensão e queda de um mafioso italiano, Tony torna-se cada vez mais americanizado. Quando ele aparece na barbearia, esta é a primeira vez que o público vê seu rosto. Ele parece estrangeiro com um sotaque italiano perceptível, cabelo penteado e uma aparência quase neandertal, evidente pelas cicatrizes em sua bochecha.[70] À medida que Scarface avança, ele se torna assimilado a cultura estadunidense à medida que perde o sotaque e seus ternos mudam de básicos para elegantes.[70] No final do longa-metragem, seu dialeto é quase imperceptível. No momento de sua morte, ele havia acumulado muitos "objetos" que retratam o sucesso sugerido pelo sonho americano: sua secretária, uma namorada de status social significativo, bem como um apartamento, carros grandes e roupas caras. Camonte exemplifica que se pode ter sucesso na América seguindo o lema de Camonte: "Faça primeiro, faça você mesmo e continue fazendo".[88] Por outro lado, Camonte representa o anseio norteamericano de rejeitar a vida e a sociedade modernas, rejeitando então o americanismo. O gângster luta pelo mesmo sonho americano que qualquer outra pessoa, mas o aborda de uma forma que contradiz os valores sociais modernos, por meio da violência e de atividades ilícitas.[89]
Guerra de Gangues
O controle do território é um tema comum do gênero de filmes de gângster. Tony luta para controlar a região, livrando-se de rivais e conquistando o controle físico do município, e também conquista o controle da tela do cinema em sua ascensão ao poder. Isso é mais evidente nas cenas e interações envolvendo Tony, Johnny e Poppy. Em uma sequência inicial do filme, o protagonista vai ao apartamento de Johnny para receber seu pagamento após matar Louie Costillo. Dois cômodos são visíveis: o principal, onde Tony se senta, e o ao fundo, onde Poppy se senta e lá Johnny guarda seu dinheiro. Lovo vai para o quarto dos fundos, entretanto Tony não, então este cômodo representa o poder e o território de Johnny. Os homens sentam-se frente a frente na cena, com Poppy no meio deles, ao fundo, representando o troféu pelo qual ambos lutam. No entanto, ambos aparecem igualmente na cena, representando sua igualdade de força. Mais tarde, na cena da boate, o protagonista senta-se entre Poppy e Johnny, demonstrando que está no controle por meio de sua centralidade na cena. Ele ganhou mais poder e território, como indicado por sua "conquista" Poppy.[90]
Medo da tecnologia
Scarface em seu enredo representa os medos e a confusão americanos decorrentes do avanço tecnológico da época: se o avanço tecnológico e a produção em massa deveriam ser temidos ou celebrados. Uma ansiedade geral após a Primeira Guerra Mundial era se a nova tecnologia causaria a destruição final ou ela ajudaria a tornar a vida mais fácil e trazer felicidade. No filme, Tony se deleita animadamente com as possibilidades que as metralhadoras (arma então criada durante a guerra mundial) podem trazer, matando mais pessoas, só que rapidamente e de longe. Isso representa a questão de se a produção em massa equivale ou não à destruição em massa ou à eficiência em massa.[91]
Uso de objetos no cenário
A utilização de objetos de forma lúdica expressou o humor negro de Howard Hawks, que ele expressou por meio de sua direção.[73] Na cena da pista de boliche, onde o líder de gangue rival Tom Gaffney foi assassinado, quando Gaffney joga a bola, ela permanece no último pino de boliche em pé, que cai para representar a morte dele. Nesta mesma sequência, antes da morte de Gaffney, uma cena mostra um "X" no placar, prenunciando a sua morte. Hawks usou a técnica de prenúncio do "X" ao longo do filme (vista primeiro nos créditos de abertura), que foi principalmente associada à morte aparecendo muitas vezes (mas não em todas as cenas) quando uma morte é retratada; aparecendo em vários lugares, mais proeminentemente como a cicatriz "X" de Tony em sua bochecha esquerda.[92] O chapéu de mafioso é um tema comum em dramas policiais, especificamente Scarface como um representante do alto consumo deles.[93] O diretor incluiu gestos repetitivos com as mãos, algo comum em suas obras. Em Scarface, George Raft foi instruído a lançar uma moeda repetidamente, o que ele faz ao longo do enredo do longa-metragem.[94]
"The World Is Yours"
O apartamento de Camonte tem vista para uma placa de néon que diz "The World Is Yours". A qual representa a cidade americana moderna como um lugar de ascensão social e individualismo. Por mais atraente que seja o slogan, a mensagem é impossível, mas Tony não entende isto. A vista de seu território representa a ascensão do gangster. Quando Camonte é morto na rua em frente ao seu prédio, a câmera se move para cima para mostrar o outdoor, representativo do paradoxo social da existência de oportunidades, mas da incapacidade de alcançá-las.[95] De acordo com Robert Warshow, a cena final representa como o mundo não é nosso, mas também não é dele. A morte do protagonista nos liberta momentaneamente do conceito de sucesso e da necessidade de vencer.[96] Em relação ao tema do excesso e abundância, a placa sendo uma metáfora para os desejos divisores criados pela modernidade, vistos através das lentes dos desejos excessivos da persona de um criminoso.[87]
Estilização
O estilo visual "afiado" e "duro" de Scarface definiu todos os filmes com a mesma temática que surgiu após o seu lançamento.[97] Hawks segundo a crítica criou um filme violento e envolvente contrastando fortemente o preto e o branco de sua cinematografia. Por exemplo, salas escuras, silhuetas de corpos contra cortinas desenhadas e poças de luz cuidadosamente posicionadas. Grande parte do filme se passa à noite. O agrupamento compacto de assuntos dentro da tomada e a movimentação da câmera seguiu o curso da ação no filme.[70] A cinematografia é dinâmica e caracterizada por enquadramentos altamente variado e enquadramento móvel.[98]
Dublagens em Italiano
Em 1946, após a Segunda Guerra Mundial e o abrandamento das relações entre a Itália e os Estados Unidos, a Titanus, uma produtora cinematográfica italiana, interessou-se em dublar Scarface para o italiano. Inicialmente, após solicitar a aprovação do departamento de cinema do país o pedido foi rejeitado devido a preocupações com a censura quanto à violência ao longo do filme. Não houve preocupação inicial com a representação dos italo-americanos.[99] A distribuidora fez lobby para o lançamento de Scarface alterando o nome de vários personagens da obra.[100] Outro exemplo é a diferença na cena do restaurante com Tony e Johnny. Na versão americana, o protagonista faz uma declaração cômica sobre o alho no macarrão. Em contraste, na dublagem italiana, a comida em questão é um patê de fígado de pato, uma referência menos abertamente do país à comida.[101] Além disso, originalmente os gângsters são referidos como imigrantes ilegais pela comunidade local indignada; no entanto, na Itália, o status de cidadão dos criminosos não é mencionado, apenas a preocupação com os reincidentes.[102]
A segunda dublagem deu-se em 1976 pela emissora Radio Televisione Italiana (RAI). Franco Dal Cer traduziu o roteiro, e a dublagem foi dirigida por Giulio Panicali. Pino Locchi dublou Tony Camonte e Pino Colizzi dublou a voz de Gunio Rinaldo para George Raft. Uma diferença entre as versões de 1947 e 1976 é que todos os nomes italianos e referências culturais não foram tocados.[103] A nova dublagem celebra as origens italianas dos personagens, adicionando dialetos visivelmente diferentes a personagens específicos.[104] Esta versão também traduz as cenas de abertura e créditos finais, bem como os recortes de jornais mostrados para o italiano; no entanto, a tradução foi considerada de mau gosto.[105]
Scarface teve a sua dublagem italiana definitiva na década de 1990 e lançado pela edição digital da Universal. De acordo com o consenso acadêmico, a dublagem de 1990 segue fielmente a versão americana porém faz reutilização o áudio de 1976.[106]
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Recepção
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Perspectiva
Após o lançamento, Scarface foi recebido positivamente.[47] De acordo com George Raft, que se encontrou com Al Capone algumas vezes em cassinos, até o próprio mafioso gostou do filme, acrescentando: "diga a eles que se algum dos meus garotos estiver jogando moedas, serão moedas de ouro de vinte dólares".[107] A Variety citou Scarface como tendo "aquele suspense poderoso e envolvente que está em todos os filmes de gângsteres está neste em doses duplas e o torna um entretenimento envolvente", e que os atores interpretam "como se não tivessem feito nada além disso a vida toda".[108] O National Board of Review nomeou o longa-metragem como um dos melhores filmes de 1932.[109] No entanto, na época do lançamento em 1932, houve um clamor público geral sobre esta obra e o gênero em geral, o que afetou negativamente as receitas de bilheteria.[2] Jack Alicoate deu a Scarface uma crítica mordaz no The Film Daily, afirmando que a violência e o enredo o deixaram com "uma nítida sensação de náusea". Ele continua dizendo que "nunca deveria ter sido feito" e exibi-lo "causaria mais danos à indústria cinematográfica e a todos ligados a ela do que qualquer filme já exibido".[110] Embora Ben Hecht frequentemente criticasse seus roteiros para Hollywood, ele admitiu que Scarface foi "o filme mais bem dirigido que ele já viu". Apesar disso, criticou a atuação de Muni. Tendo conhecido Al Capone, Hecht afirmou que o ator retratou o gângster como muito "silencioso" e "mal-humorado", mais parecido com "Hitler".[111] Alguns críticos discordaram da escalação do britânico Boris Karloff, acreditando que seu sotaque estava fora de lugar; um artigo do New York Times afirmou que "seu sotaque britânico dificilmente é adequado para o papel". Outros discordaram desta opinião.[112] O filme arrecadou US$ 600.000 nas bilheterias e, embora Scarface tenha tido mais sucesso financeiro do que outros filmes de Hughes na época, devido ao custo significativo de produção, é improvável que tenha tido mais sucesso comparando ao seu orçamento.
O filme iniciou indignação entre organizações italianas e indivíduos de ascendência itálica, desprezando a tendência dos cineastas de retratar mafiosos e contrabandistas no cinema como italianos. Na obra, um ítalo-americano faz um discurso condenando as criminalidades de gângsters; isso foi adicionado posteriormente na produção para apaziguar as críticas. Isso, no entanto, não impediu a embaixada italiana de desaprovar Scarface.[113] Acreditando que o filme era ofensivo, a Ordem dos Filhos da Itália na América denunciou formalmente o longa-metragem e outros grupos incitaram os membros da comunidade a boicotar quaisquer obras consideradas depreciativas com italianos ou ítalo-americanos.[114] Will Hays escreveu ao embaixador na Itália, desculpando-se do escrutínio, afirmando que Scarface era um anacronismo porque sua produção havia sido adiada por dois anos e não era representativo da prática atual de censura.[113] A Alemanha nazista baniu quaisquer exibições do filme em seu território.[115] Algumas cidades na Inglaterra restringiram a distribuição.[116] O longa-metragem foi proibido na Irlanda de 19 de agosto de 1932 até 29 de agosto de 1941 (sob o título alternativo de 'Gang War'). As decisões foram mantidas pelo Films Appeal Board todas as vezes. Foi proibido em 24 de abril de 1953 (sob seu título original). Nenhum argumento foi apresentado. Vários motivos incluem a condescendência com o sensacionalismo, glamourização do estilo de vida dos mafiosos e implicação de um relacionamento incestuoso entre o protagonista e sua irmã.[117]
Várias regiões nos Estados Unidos, incluindo Chicago e alguns estados se recusaram a exibir o filme. A revista Movie Classics publicou uma edição incentivando as pessoas a exigirem vê-lo nos cinemas, apesar dos boicotes.[118] Em 20 de novembro de 1941, depois de ter sido proibido de ser exibido em Chicago pelos censores por nove anos, Scarface quebrou recordes de bilheteria no Woods Theatre.[119] Apesar da recepção favorável do filme entre o público, as batalhas de censura e as críticas pouco lisonjeiras de alguns meios de comunicação contribuíram para o desempenho ruim do filme nas bilheterias. Chateado com a incapacidade de ganhar dinheiro com Scarface, Howard Hughes retirou obra nos cinemas.[59] O longa-metragem permaneceu indisponível até 1979, exceto por cópias piratas de baixa qualidade de fontes questionáveis.[120] Hughes tinha planos em 1933 de dirigir e produzir uma sequência da história, mas devido a regras de censura mais rígidas do código hays, o filme nunca foi feito.[121]
Com base em 46 avaliações no Rotten Tomatoes, Scarface possui uma classificação de 98%, com uma média de 8,7/10. O consenso dos críticos é: "Este Scarface dispensa seu "amiguinho" e traz um tipo diferente de calor, combinando visuais elegantes, violência emocionante e um elenco incrível".[122] Possui uma classificação de 90 no Metacritic com base em 12 avaliações, indicando "aclamação universal".[123]
Listas
Em 1994, Scarface foi selecionado para preservação no National Film Registry dos pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos como sendo "culturalmente, historicamente ou esteticamente significativo".[124] O personagem Tony Camonte foi classificado em 47º lugar na lista 100 Years... 100 Heroes and Villains da American Film Institute.[125] O filme foi nomeado o melhor filme sonoro americano pelo crítico e diretor Jean-Luc Godard no Cahiers du Cinéma.[126] Em junho de 2008, o American Film Institute revelou seus "Dez Melhores Dez" — um tópico de dez melhores obras em dez gêneros de longa-metragens americanos "clássicos" — após uma pesquisa com mais de 1.500 pessoas da comunidade criativa, Scarface foi reconhecido como o sexto melhor no gênero de filmes de gângster. A versão de 1983 ficou em 10º lugar, tornando-o único filme a fazer a mesma lista junto com o seu remake.[127]
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Legado
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Perspectiva

1932 Lobby card
Apesar de não ter tido sucesso nas bilheterias, Scarface foi um dos longa-metragens mais discutidos de 1932 devido ao seu tema, confronto e vitória sobre a censura.[81] Scarface é citado (frequentemente com Little Caesar e The Public Enemy) como o arquétipo do gênero de filme de gangster, porque estabeleceu o padrão inicial que continua a aparecer em Hollywood.[128] No entanto, a obra acabou sendo o último dos três grandes filmes de gangsters do início da década de 1930, já que a indignação com a violência pré-Código causada pelos três filmes, particularmente Scarface, desencadeou a rigorosidade do código hays em 1934.[129] Howard Hawks citou Scarface como uma de suas obras favoritas, e o filme era um motivo de orgulho para Howard Hughes. Hughes trancou as fitas em seus cofres alguns anos após o lançamento, recusando muitas ofertas lucrativas para distribui-lo ou comprar seus direitos autorais. Em 1979, três anos após sua morte, a Summa Corporation que controlava seu patrimônio, vendeu os direitos da obra junto com outros sete filmes para a Universal Pictures, o que deu origem ao remake de 1983 estrelado por Al Pacino.[66] A nova versão também foi recebida de forma mista causando controvérsias porém é atualmente aclamada pela crítica.[130]

A atuação de Paul Muni em Scarface como "o anti-herói gangster por excelência" contribuiu muito para sua rápida ascensão em sua aclamada carreira cinematográfica, recebendo então elogios significativos por sua atuação como Tony Camonte com os críticos elogiando por seu jeito robusto e feroz.[38] Al Pacino confirmou ter se inspirado no ator para a sua interpretação no remake.[131] No entanto, apesar do retrato impressionante de um criminoso em ascensão, os especialistas afirmam que o personagem se parecia minimamente com Al Capone. Ao contrário de Camonte, Capone evitava o trabalho braçal e normalmente empregava outros para fazer o trabalho sujo. Além disso, o protagonista no final revelou ser um covarde ao contrário do criminoso.[132]
Scarface foi o filme mais famoso de Ann Dvorak.[133] A produção marcou o início da longa trajetória de Raft como protagonista. No segundo momento mais importante do filme, Raft aprendeu a girar uma moeda sem olhar para ela — um traço característico — e causou forte impressão com seu personagem relativamente simpático, porém marcante. Howard Hawks orientou Raft a usar esse truque durante as filmagens para disfarçar sua inexperiência como ator.[134] Essa característica é mencionada posteriormente em seu papel como o gângster Spats Columbo em Some Like It Hot (1959), quando ele pergunta a outro mafioso (que também gira uma moeda): "Onde você aprendeu esse truque barato?".[135]
O roteiro pode ter influenciado a vida de gangster 4 anos após o lançamento do filme. Em 1936, Jack McGurn, considerado o responsável pelo Massacre de São Valentim retratado no filme, foi assassinado por rivais numa pista de boliche. Considerado semelhante ao ocorrido no filme.[136]
Mídia Doméstica
O longa-metragem foi um dos primeiros filmes lançados em VHS pela MCA Videocassette durante maio de 1980.[137] Teve a sua disponibilidade em DVD em 22 de maio de 2007 com relançamento no dia 28 de agosto de 2012, por causa da comemoração ao 100º aniversário do estúdio Universal Studios, com o selo da Universal Pictures Home Entertainment. Ambas as versões em DVD incluem uma introdução do apresentador e historiador de cinema da Turner Classic Movies, Robert Osborne, e também o final alternativo. Nas exibições televisivas Scarface mantém a conclusão original de Hawks, mas ainda contém as outras alterações que ele foi obrigado a fazer durante as filmagens.[138] Uma versão completamente inalterada e sem censura do filme não era conhecida até que o conjunto de edição limitada de Scarface (1983) foi lançado em 15 de outubro de 2019.[139] Em 2024, a Criterion Collection anunciou um lançamento 4K/Blu-ray para novembro daquele ano.[140]
Filmes Relacionados
Scarface é frequentemente associado a outros filmes policiais pré-código lançados no início da década de 1930, como The Doorway to Hell (1930), Little Caesar, e The Public Enemy (ambos de 1931).[141] De acordo com Fran Mason da Universidade de Winchester, Scarface é mais semelhante ao filme The Roaring Twenties (1939) do que seus contemporâneos por causa do uso excesso em melodrama e violência.[142]
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Remake
Uma nova versão foi lançada nos cinemas em 1983 por Brian De Palma e com roteiro de Oliver Stone e estrelado por Al Pacino. O Scarface dos anos 80 segue-se mais o filme de 1932 do que o romance porém com algumas modificações como a mudança de um imigrante italo-americano (Tony Camonte) da versão original para um cubano (Tony Montana), ambientado em Miami, Flórida ao invés de Chicago e as cenas de incesto que foram censuradas pelo código hays em 1932.[143]
O remake teve uma resposta crítica inicial negativa devido à sua extrema violência, palavrões e uso gráfico de drogas.[144] Nos anos que se seguiram, alguns críticos o reavaliaram, considerando-o um dos maiores filmes de gângster já feitos.[145] ele foi amplamente referenciado na cultura pop, especialmente na cultura hip hop/gangsta rap, bem como em histórias em quadrinhos, programas de televisão e videogames.[146] O filme é considerado assim como a versão de 1932, um clássico cult.[147]
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