Guerra de Independência da Guiné-Bissau
conflito armado entre 1961 e 1974 na Guiné Portuguesa / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
A Guerra de Independência da Guiné-Bissau foi um conflito armado entre o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e as Forças Armadas de Portugal. Com ataques subversivos desde 1961, a guerra teve início efetivo a 23 de Janeiro de 1963,[4] com um ataque do PAIGC ao quartel de Tite, no sul da Guiné-Bissau, e terminou em 10 de Setembro de 1974 com o reconhecimento da independência do país.[5] Tal como em Angola e Moçambique, este conflito foi considerado como uma guerra subversiva para as autoridades portuguesas, e uma guerra de libertação ou revolucionária, para os movimentos de libertação.[6]
Guerra de Independência da Guiné-Bissau | |||
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Guerra Colonial Portuguesa | |||
Soldados do PAIGC hasteando a bandeira da Guiné-Bissau em 1974 | |||
Data | 17 de Julho de 1961 a 10 de Setembro de 1974 | ||
Local | Guiné-Bissau, Senegal e Guiné | ||
Desfecho | Independência da Guiné-Bissau | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Forças | |||
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Baixas | |||
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Contrariamente a Angola, considerada uma das mais importantes colónias portuguesas, a Guiné, desde 1446 descoberta pelos portugueses, que ali mantinham várias feitorias e fortificações, era um território pouco extenso que tinha servido de entreposto para o Comércio de escravos no Atlântico até ao século XIX, mas que pouco significado tinha no início do conflito. De clima quente e húmido, e sem recursos naturais, a Guiné não apresentava grandes atractivos para o colono europeu. Todo o território era dominado economicamente pela Casa Gouveia, pertencente ao grupo Companhia União Fabril (CUF). O espírito conservador e retrógrado existente, a influência nacionalista da vizinha Guiné-Conacri e o movimento nacionalista criado em 1956, o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), liderado por Amílcar Cabral, deram origem a uma greve de trabalhadores portuários em 1959, que exigiam melhores condições salariais. A greve acabaria por ser repelida violentamente pelas autoridades portuguesas, causando cerca de cinquenta mortos. Este acontecimento seria designado por Massacre de Pidjiguiti. Após o massacre, o PAIGC ainda tentou negociar com o governo português, em Novembro de 1960, para acabar com a dominação colonial em África. Sem resposta do Estado português, o PAIGC altera a sua estratégia, no ano seguinte, de revolução política para "insurreição nacional". Depois de uma preparação meticulosa das suas forças, e do apoio da Guiné-Conacri, em 23 de Janeiro de 1963, tem início a guerra pela independência, com um ataque dos guerrilheiros do PAIGC à guarnição portuguesa em Tite.
Quando a Guerra Colonial Portuguesa começou na Guiné, em janeiro de 1963[7], havia já quase dois anos que as forças portuguesas combatiam, com relativo sucesso, em Angola. Este facto permitiu às autoridades portuguesas prevenirem de certa forma a possível eclosão de acções de guerrilha em Moçambique e na Guiné. Assim, quando a guerra chegou à Guiné, a guerrilha deparou-se com um dispositivo militar português que abrangia todo o território. Este dispositivo baseava-se em 7-8 batalhões do Exército Português dispostos em quadrícula. Essencialmente, cada batalhão ocupava um sector, que se subdividia em zonas de acção (ZA). Essas ZAs eram ocupadas por companhias que, apesar de integradas em batalhões, actuavam com grande autonomia logística e operacional. O objectivo destas companhias era privar o inimigo do contacto com as populações, e manter "limpa" a sua ZA. A busca e destruição do inimigo estava a cargo de forças de intervenção especializadas nessas acções (golpes de mão, acções de limpeza, etc.) - paraquedistas, comandos, fuzileiros, etc.
Em 24 de Setembro de 1973, o PAIGC declarou a independência em Lugajole, no sector de Madina do Boé,[8] uma das regiões que controlava. No ano seguinte, deu-se a Revolução dos Cravos em Portugal, que põs um fim ao regime ditatorial iniciado por António de Oliveira Salazar e continuado por Marcello Caetano. Em Outubro de 1974, o PAIGC assumiu o poder político do país.[9][10][11] No entanto, apesar do sucesso político e militar, o PAIGC tinha os seus próprios problemas internos, nomeadamente o binacionalisno, com Cabo Verde; e as rivalidades entre as diversas correntes das Forças Armadas Revolucionárias do Povo (FARP).[12]