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Instrumento musical
objeto construído com o propósito de produzir música Da Wikipédia, a enciclopédia livre
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Um instrumento musical é um objeto construído com o propósito de produzir música. Os vários tipos de instrumentos podem ser classificados de diversas formas, sendo uma das mais comuns, a divisão de acordo com a forma pela qual o som é produzido. O estudo dos instrumentos musicais designa-se por organologia.
A data e a origem do primeiro aparelho considerado como instrumento musical é objecto de debates. Arqueólogos tendem a debater o assunto referindo a validade de várias evidências como artefacto e trabalhos culturais. Os primeiros instrumentos musicais possivelmente sequer foram desenvolvidos com objetivos puramente musicais, mas sim para permitir que caçadores imitassem a voz de animais diversos de modo a atrair potenciais presas.[1]
Instrumentista é aquele músico que toca um instrumento.[2] Já Multi-instrumentista é aquele músico que toca mais de um instrumento musical.
Entretanto, nem todo músico é um instrumentista (também chamado de concertista, na música erudita). Alguns músicos seguem uma carreira sem tocar instrumento algum, como a de: Bibliotecário; Terapia Musical; Engenheiro de Som; Produtor Musical; Historiador; Educação Musical; Direito Musical; Jornalismo em Música; Empresário Musical; Disc ou Video Jockey; Diretor de Programação; Designer de Software ou Hardware de Música; Musicologia; Musicografia; até mesmo o Compositor pode saber tudo sobre os instrumentos, mas não tocar nada; Estes não são intérpretes, mas os maiores estudiosos acadêmicos do campo de Música, noutras especializações.
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Tessitura e registro
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Perspectiva

A tessitura de uma voz ou instrumento musical é a extensão de notas em que um instrumento pode tocar. Por padronização identifica-se a tessitura através do nome e da oitava da nota mais grave e da mais aguda que um instrumento pode executar. Por exemplo, a extensão útil de um saxofone alto vai de Reb2 (Ré bemol da segunda oitava) até La4 (Lá da quarta oitava). A tessitura do piano vai do La0 até o Do8.[3]
Chamam-se registros as três regiões em que a tessitura de um instrumento ou voz pode ser dividida. Divide-se em registro grave, médio e agudo. Cada registro tem características próprias. Em alguns casos o timbre é muito diferente de região para região. Em alguns instrumentos nem é possível executar todas as notas de uma escala em determinadas regiões. Além disso, certos efeitos sonoros que alguns instrumentos permitem só podem ser executados em um dos registros instrumentais.
O conhecimento da tessitura e do registro instrumental são fundamentais para a perfeita execução do instrumento e para a composição musical. De outra forma, um compositor poderia escrever uma melodia para um determinado instrumento com notas que ele não fosse capaz de executar.
O conceito de tessitura só faz sentido para instrumentos que permitem variação de altura, mas o registro pode indicar a região de alturas predominante mesmo em instrumentos de altura indefinida.
Definição e funcionamento básico

Um instrumento musical é usado para produzir sons musicais. Quando os seres humanos passaram de criar sons com o próprio corpo — por exemplo, batendo palmas — para usar objetos para gerar música a partir de sons, nasceram os instrumentos musicais.[4] Os instrumentos primitivos provavelmente foram criados para imitar sons da natureza, e seu propósito era mais ritualístico do que de entretenimento.[5]
O conceito de melodia e a busca artística pela composição musical provavelmente eram desconhecidos dos primeiros tocadores de instrumentos musicais. Uma pessoa que soprava uma flauta de osso para sinalizar o início de uma caçada o fazia sem pensar na noção moderna de “fazer música”.[5]
Os instrumentos musicais são construídos em uma ampla variedade de estilos e formas, usando diversos materiais. Os primeiros instrumentos musicais eram feitos de “objetos encontrados”, como conchas e partes de plantas. À medida que os instrumentos evoluíram, também evoluíram a seleção e a qualidade dos materiais. Praticamente todo material existente na natureza já foi utilizado por alguma cultura para fabricar instrumentos musicais.[5]
Toca-se um instrumento musical interagindo de alguma forma com ele — por exemplo, dedilhando as cordas de um instrumento de cordas, golpeando a superfície de um tambor ou soprando em um chifre animal.
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Arqueologia
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Pesquisadores descobriram evidências arqueológicas de instrumentos musicais em várias partes do mundo. Um artefato controverso (a flauta de Divje Babe) foi datado em 67.000 anos, mas há consenso em torno de artefatos datados de cerca de 37.000 anos ou mais recentes. Artefatos feitos de materiais duráveis, ou construídos com métodos resistentes, são os que tendem a sobreviver. Assim, os espécimes encontrados não podem ser colocados de forma irrefutável como os primeiros instrumentos musicais.[6]
Flautas

A flauta de Divje Babe é um osso perfurado descoberto em 1995, na região noroeste da Eslovênia, pelo arqueólogo Ivan Turk. Sua origem é discutida: muitos defendem que provavelmente é o resultado de marcas de mordida de carnívoros no osso,[7] mas Turk e outros argumentam que se trata de uma flauta feita por neandertais. Com sua idade estimada entre 43.400 e 67.000 anos, ela seria o mais antigo instrumento musical conhecido e o único instrumento musical neandertal.[8]
Foram encontradas flautas feitas de osso de mamute e de osso de cisne datadas de 30.000 a 37.000 anos atrás nos Alpes da Suábia, na Alemanha. As flautas foram feitas no Período Paleolítico Superior e são mais amplamente aceitas como sendo os instrumentos musicais mais antigos conhecidos.[9]
Cidade suméria de Ur
Evidências arqueológicas de instrumentos musicais foram descobertas em escavações no Cemitério Real da cidade suméria de Ur. Esses instrumentos, um dos primeiros conjuntos de instrumentos já descobertos, incluem nove liras (as Liras de Ur), duas harpas, uma flauta dupla de prata, um sistro e címbalos. Um conjunto de tubos de prata com palhetas, descoberto em Ur, foi provavelmente o predecessor das gaitas de fole modernas.[10] Os tubos cilíndricos possuem três orifícios laterais que permitiam aos instrumentistas produzir uma escala de tons inteiros.[11]
Essas escavações, realizadas por Leonard Woolley na década de 1920, revelaram fragmentos não degradáveis de instrumentos e os vazios deixados pelos segmentos degradados que, em conjunto, foram usados para reconstruí-los.[12] As sepulturas em que esses instrumentos foram enterrados foram datadas por carbono entre 2600 e 2500 a.C., fornecendo evidências de que esses instrumentos eram usados na Suméria nessa época.[13]
Sítio de Jiahu
Arqueólogos no sítio de Jiahu, na província central de Henan, na China, encontraram flautas feitas de ossos que datam de 7.000 a 9.000 anos,[14] representando alguns dos “primeiros instrumentos musicais completos, tocáveis, com datação precisa e multinota” já encontrados.[14][15] O exame desses instrumentos revela que foram produzidos com precisão para gerar notas específicas, demonstrando o conhecimento avançado da China Neolítica sobre escalas musicais e engenharia do som.[16]
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Definition and basic operation
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Um instrumento musical é usado para fazer sons musicais. Quando humanos passaram de fazer sons com seus corpos (bater palmas por exemplo) para usar objetos para criar música, os instrumentos músicais nasceram.
Instrumentos primitivos provavelmente costumavam ser feitos para emular sons da natureza e suas funções eram mais ritualisticas do que para entretenimento.
O conceito de melodia e o desejo de compor musica artisticamente provavelmente eram elementos desconhecidos para as primeiras pessoas a tocar instrumentos. Uma pessoa tocando uma flauta de osso para sinalizar o começo de uma caçada fazia isso sem ter em mente o conceito moderno de "fazer música".
Instrumentos musicais são construídos com uma grande variedade de estilos e formatos, utilizando-se diferentes materiais. Os primeiros instrumentos musicais eram feitos de "objetos encontrados" como conchas e palntas. Conforme os instrumentos evoluiram, as escolhas para os materiais e sua qualidade também mudaram. Praticmente todos os materiais da natureza foram utilizados por pelo menos uma cultura para fazer instrumentos musicais.
Uma pessoa toca um instruento musical ao interagir com ele de alguma forma, por exemplo, dedilhando as cordas de um instrumentos de cordas, bater na superficie de um tambor, ou soprar no chifre de um animal.
História
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Perspectiva
Ver também: História da música
Os estudiosos concordam que não existem métodos totalmente confiáveis para determinar a cronologia exata dos instrumentos musicais entre culturas. Comparar e organizar os instrumentos com base em sua complexidade é enganoso, já que o desenvolvimento dos instrumentos musicais às vezes reduziu a complexidade. Por exemplo, a construção dos primeiros tambores de fenda envolvia derrubar e escavar grandes árvores; tambores de fenda posteriores eram feitos abrindo caules de bambu, uma tarefa muito mais simples.[17]
O musicólogo alemão Curt Sachs, um dos mais proeminentes musicólogos[18] e etnomusicólogos musicais[19] dos tempos modernos, argumenta que é enganoso organizar o desenvolvimento dos instrumentos musicais pela sofisticação do trabalho artesanal, já que as culturas avançam em ritmos diferentes e têm acesso a matérias-primas distintas. Por exemplo, antropólogos contemporâneos que comparam instrumentos musicais de duas culturas que existiram ao mesmo tempo, mas diferiam em organização, cultura e artesanato, não conseguem determinar quais instrumentos são mais “primitivos”.[17]
Ordenar instrumentos pela geografia também não é confiável, pois nem sempre é possível determinar quando e como as culturas entraram em contato e compartilharam conhecimento. Sachs propôs que uma cronologia geográfica até aproximadamente 1400 é preferível, devido à sua subjetividade limitada. Depois de 1400, é possível acompanhar o desenvolvimento geral dos instrumentos musicais ao longo do tempo.[17]
A ciência de estabelecer a ordem do desenvolvimento dos instrumentos musicais se baseia em artefatos arqueológicos, representações artísticas e referências literárias. Como os dados de uma única vertente de pesquisa podem ser inconclusivos, as três vertentes em conjunto fornecem um quadro histórico mais completo.[20]
Pré-história

Até o século XIX d.C., as histórias da música escritas por europeus começavam com relatos mitológicos misturados com passagens das escrituras sobre como os instrumentos musicais foram inventados. Esses relatos incluíam Jubal, descendente de Caim e “pai de todos os que tocam harpa e órgão” (Gênesis 4:21); Pã, inventor das flautas de Pã; e Mercúrio, que teria transformado uma carapaça de tartaruga seca na primeira lira. Histórias modernas substituíram tais mitos por especulações antropológicas, ocasionalmente informadas por evidências arqueológicas. Os estudiosos concordam que não houve uma “invenção” definitiva do instrumento musical, uma vez que o termo “instrumento musical” é subjetivo e difícil de definir.[17]
Entre os primeiros dispositivos externos ao corpo humano que são considerados instrumentos estão chocalhos, pisadores e vários tipos de tambores.[20] Esses instrumentos evoluíram devido ao impulso motor humano de adicionar som a movimentos emocionais, como dançar.[17] Com o tempo, algumas culturas atribuíram funções ritualísticas a seus instrumentos musicais, usando-os em caçadas e em diversas cerimônias.[5] Essas culturas desenvolveram instrumentos de percussão mais complexos e outros tipos de instrumentos, como palhetas de fita, flautas e trombetas. Alguns desses rótulos têm conotações bem diferentes das usadas hoje em dia; flautas e trombetas antigas receberam esses nomes por sua forma básica de operação e função, e não por semelhança com os instrumentos modernos.[17] Entre as culturas antigas em que os tambores assumiram importância ritual, até sagrada, estão o povo chukchi do extremo leste da Rússia, os povos indígenas da Melanésia e muitas culturas africanas. De fato, os tambores eram onipresentes em todas as culturas africanas.[20] Uma tribo da África Oriental, os wahinda, acreditava que o tambor era tão sagrado que vê-lo seria fatal para qualquer pessoa que não fosse o sultão.[17]

Eventualmente, os humanos desenvolveram o conceito de usar instrumentos musicais para produzir melodia, algo que antes era comum apenas no canto. De forma semelhante ao processo de reduplicação na linguagem, os instrumentistas primeiro desenvolveram a repetição e depois a organização. Uma forma inicial de melodia era produzida golpeando dois tubos de pisar de tamanhos ligeiramente diferentes — um tubo produzia um som “claro” e o outro respondia com um som “mais escuro”. Esses pares de instrumentos também incluíam zunidores, tambores de fenda, trombetas de concha e tambores de pele. As culturas que usavam esses pares de instrumentos os associavam a gênero: o “pai” era o instrumento maior ou mais enérgico, enquanto a “mãe” era o menor ou mais suave. Os instrumentos musicais existiram nessa forma por milhares de anos antes que padrões de três ou mais tons evoluíssem, na forma dos primeiros xilofones.[17] Os xilofones se originaram na parte continental e no arquipélago do Sudeste Asiático, espalhando-se depois para a África, as Américas e a Europa.[21] Junto com os xilofones — que variavam de conjuntos simples de três “barras de perna” a conjuntos cuidadosamente afinados de barras paralelas — várias culturas desenvolveram instrumentos como a harpa de chão, a cítara de chão, o arco musical e a harpa de boca.[17] Pesquisas recentes sobre marcas de uso e acústica de artefatos de pedra revelaram uma possível nova classe de instrumentos musicais pré-históricos, conhecidos como litofones.[22][23]
Antiguidade
Imagens de instrumentos musicais começam a aparecer em artefatos mesopotâmicos por volta de 2800 a.C. ou antes. A partir de cerca de 2000 a.C., as culturas suméria e babilônica começaram a distinguir duas classes distintas de instrumentos musicais devido à divisão do trabalho e ao sistema de classes em evolução. Instrumentos populares, simples e tocáveis por qualquer pessoa, evoluíram de forma diferente dos instrumentos profissionais, cujo desenvolvimento se concentrava na eficácia e na habilidade. Apesar desse desenvolvimento, pouquíssimos instrumentos musicais foram recuperados na Mesopotâmia. Os estudiosos precisam confiar em artefatos e em textos cuneiformes escritos em sumério ou acádio para reconstruir a história inicial dos instrumentos musicais na Mesopotâmia. Até mesmo o processo de atribuir nomes a esses instrumentos é desafiador, pois não há distinções claras entre os vários instrumentos e as palavras usadas para descrevê-los.[17]
Embora artistas sumérios e babilônios tenham retratado principalmente instrumentos cerimoniais, os historiadores distinguiram seis idiofones usados na Mesopotâmia antiga: clavas de concussão, palhetas de percussão, sistros, sinos, címbalos e chocalhos.[17] Os sistros aparecem de maneira proeminente em um grande relevo de Amenhotep III,[24] e são de particular interesse porque desenhos semelhantes foram encontrados em lugares distantes, como Tbilisi, na Geórgia, e entre os nativos americanos da tribo Yaqui. O povo da Mesopotâmia preferia instrumentos de cordas, como evidenciado por sua proliferação em estatuetas, placas e selos mesopotâmicos. Incontáveis variedades de harpas são representadas, bem como liras e alaúdes, precursores dos instrumentos de cordas modernos, como o violino.[17]

Os instrumentos musicais usados pela cultura egípcia antes de 2700 a.C. apresentavam semelhança impressionante com os da Mesopotâmia, levando os historiadores a concluir que as civilizações deviam estar em contato entre si. Sachs observa que o Egito não possuía nenhum instrumento que a cultura suméria também não possuísse. No entanto, por volta de 2700 a.C., os contatos culturais parecem ter se dissipado; a lira, um importante instrumento cerimonial na Suméria, não aparece no Egito antes de 800 anos depois.[17] Palhetas de concussão e bastões de percussão aparecem em vasos egípcios já em 3000 a.C. A civilização também fazia uso de sistros, flautas verticais, clarinetes duplos, harpas arqueadas e angulares e vários tipos de tambores.[25]
Pouca informação histórica está disponível para o período entre 2700 a.C. e 1500 a.C., quando o Egito (e, na verdade, a Babilônia) entrou em um longo período violento de guerra e destruição. Esse período viu os cassitas destruírem o império babilônico na Mesopotâmia e os hicsos derrubarem o Reino Médio do Egito. Quando os faraós do Egito conquistaram o Sudoeste Asiático por volta de 1500 a.C., os laços culturais com a Mesopotâmia foram restabelecidos e os instrumentos musicais do Egito passaram novamente a refletir forte influência das culturas asiáticas. Sob essas novas influências culturais, o povo do Novo Reino passou a usar oboés, trombetas, liras, alaúdes, castanholas e címbalos.[17]
Ao contrário da Mesopotâmia e do Egito, não existiam músicos profissionais em Israel entre 2000 e 1000 a.C. Enquanto a história dos instrumentos musicais na Mesopotâmia e no Egito se baseia em representações artísticas, a cultura em Israel produziu poucas representações desse tipo. Os estudiosos, portanto, precisam apoiar-se nas informações extraídas da Bíblia e do Talmude. Os textos hebraicos mencionam dois instrumentos importantes associados a Jubal: o ugab (flautas/tubos) e o kinnor (lira). Outros instrumentos do período incluíam o tof (pandeiro ou tambor de armação), o pa’amon (pequenos sinos ou guizos), o shofar e o hasosra, semelhante a uma trombeta.[17]
A introdução da monarquia em Israel durante o século XI a.C. produziu os primeiros músicos profissionais e, com eles, um aumento drástico no número e na variedade de instrumentos musicais. No entanto, identificar e classificar esses instrumentos continua sendo um desafio devido à falta de representações artísticas. Por exemplo, instrumentos de cordas de desenho incerto chamados nevals e asors existiam, mas nem a arqueologia nem a etimologia conseguem defini-los claramente.[17] Em seu livro "A Survey of Musical Instruments", a musicóloga americana Sibyl Marcuse propõe que o nevel deve ser semelhante a uma harpa vertical devido à sua relação com nabla, o termo fenício para “harpa”.[21]
Na Grécia, em Roma e na Etrúria, o uso e o desenvolvimento de instrumentos musicais contrastaram fortemente com as realizações dessas culturas em arquitetura e escultura. Os instrumentos da época eram simples e praticamente todos importados de outras culturas.[48] As liras eram os instrumentos principais, pois os músicos as usavam para homenagear os deuses.[17] Os gregos tocavam uma variedade de instrumentos de sopro que classificavam como aulos (palhetas) ou syrinx (flautas); a escrita grega da época reflete um estudo sério da produção de palhetas e de técnicas de execução. Os romanos tocavam instrumentos de palheta chamados tibia, com orifícios laterais que podiam ser abertos ou fechados, permitindo maior flexibilidade na execução de modos.[11] Outros instrumentos de uso comum na região incluíam harpas verticais derivadas das do Oriente, alaúdes de design egípcio, vários tubos e órgãos e palhetas de concussão, tocadas principalmente por mulheres.[17]
Quase não há evidências sobre os instrumentos musicais usados pelas primeiras civilizações da Índia, o que torna impossível atribuir de forma confiável os instrumentos às culturas que falavam as línguas munda e dravídica, que foram as primeiras a se estabelecer na região. Em vez disso, a história dos instrumentos musicais na área começa com a civilização do Vale do Indo, que surgiu por volta de 3000 a.C. Diversos chocalhos e apitos encontrados entre os artefatos escavados são as únicas evidências físicas de instrumentos musicais. Uma estatueta de argila indica o uso de tambores, e o exame da escrita do Vale do Indo também revelou representações de harpas arqueadas verticais idênticas às representadas em artefatos sumérios. Essa descoberta está entre muitos indícios de que as culturas do Vale do Indo e da Suméria mantiveram contato cultural. Desenvolvimentos subsequentes nos instrumentos musicais na Índia ocorreram com o Rigveda, ou hinos. Essas canções utilizavam diversos tambores, trombetas de concha, harpas e flautas. Outros instrumentos importantes em uso nos primeiros séculos d.C. eram o clarinete duplo de encantador de serpentes, gaitas de fole, tambores em forma de barril, flautas transversais e alaúdes curtos. Em geral, a Índia não possuía instrumentos musicais totalmente exclusivos até a era pós-clássica.[17]

Instrumentos musicais como cítaras aparecem em escritos chineses por volta do século XII a.C. e até antes. Filósofos chineses antigos como Confúcio (551–479 a.C.), Mêncio (372–289 a.C.) e Laozi moldaram o desenvolvimento dos instrumentos musicais na China, adotando uma atitude em relação à música semelhante à dos gregos. Os chineses acreditavam que a música era parte essencial do caráter e da comunidade, e desenvolveram um sistema exclusivo de classificação de seus instrumentos musicais de acordo com o material de que eram feitos.[17] No Vietnã, uma descoberta arqueológica de um instrumento de cordas com cerca de 2.000 anos fornece informações importantes sobre os primeiros cordofones no Sudeste Asiático.[26]
Os idiofones eram extremamente importantes na música chinesa; portanto, a maioria dos primeiros instrumentos eram idiofones. A poesia da dinastia Shang menciona sinos, carrilhões, tambores e flautas globulares esculpidas em osso, estas últimas já escavadas e preservadas por arqueólogos. A dinastia Zhou viu o surgimento de instrumentos de percussão como palhetas de concussão, cochos, peixes de madeira e o yǔ (tigre de madeira). Instrumentos de sopro como flauta, flautas de Pã, tubos de afinação e órgãos de boca também apareceram nesse período. O xiao (uma flauta soprada pela extremidade) e vários outros instrumentos que se difundiram por muitas culturas passaram a ser usados na China durante e após a dinastia Han.[17]

Embora as civilizações da América Central tenham atingido um nível relativamente alto de sofisticação por volta do século XI d.C., elas ficaram atrás de outras civilizações no desenvolvimento de instrumentos musicais. Por exemplo, não tinham instrumentos de cordas; todos os seus instrumentos eram idiofones, tambores e instrumentos de sopro, como flautas e trombetas. Destes, somente a flauta era capaz de produzir melodia. Em contraste, as civilizações pré-colombianas da América do Sul, em áreas como o atual Peru, Colômbia, Equador, Bolívia e Chile, eram menos avançadas culturalmente, mas mais avançadas musicalmente. As culturas sul-americanas da época utilizavam flautas de Pã, bem como variedades de flautas, idiofones, tambores e trombetas de concha ou de madeira.[17]
Um instrumento que pode ser atribuído aos celtas da Idade do Ferro é o carnyx, datado de cerca de 300 a.C. A extremidade do sino, feita de bronze, tinha a forma de uma cabeça de animal gritando, mantida erguida acima da cabeça dos músicos. Quando sopravam o carnyx, ele emitia um som grave e áspero; a cabeça também tinha uma língua que vibrava e estalava. Acredita-se que o objetivo do instrumento fosse usá-lo no campo de batalha para intimidar os oponentes.[27][28]
Era pós-clássica / Idade Média
Durante o período vagamente chamado de era pós-clássica e, na Europa em particular, Idade Média, a China desenvolveu uma tradição de integrar influências musicais de outras regiões. O primeiro registro desse tipo de influência data de 384 d.C., quando a China estabeleceu uma orquestra em sua corte imperial após uma conquista no Turquestão. Influências do Oriente Médio, Pérsia, Índia, Mongólia e de outros países se seguiram. De fato, a tradição chinesa atribui muitos instrumentos musicais desse período a essas regiões e países. Os címbalos ganharam popularidade, assim como trombetas, clarinetes, pianos, oboés, flautas, tambores e alaúdes mais avançados. Alguns dos primeiros saltérios friccionados (zithers de arco) apareceram na China nos séculos IX ou X, influenciados pela cultura mongol.[17]
A Índia teve um desenvolvimento semelhante ao da China na era pós-clássica; no entanto, os instrumentos de cordas se desenvolveram de forma diferente, pois se adaptaram a estilos musicais distintos. Enquanto os instrumentos de cordas chineses foram projetados para produzir tons precisos, capazes de corresponder às notas dos carrilhões, os instrumentos de cordas indianos eram consideravelmente mais flexíveis. Essa flexibilidade se adequava aos glissandos e tremolos da música hindu. O ritmo era de importância fundamental na música indiana da época, como demonstrado pela representação frequente de tambores em relevos datados da era pós-clássica. A ênfase no ritmo é um aspecto nativo da música indiana. Os historiadores dividem o desenvolvimento dos instrumentos musicais na Índia medieval em períodos pré-islâmico e islâmico, devido às diferentes influências que cada período exerceu.[17]

Em tempos pré-islâmicos, idiofones como sinos de mão, címbalos e instrumentos peculiares semelhantes a gongos entraram em amplo uso na música hindu. O instrumento semelhante ao gongo era um disco de bronze percutido com um martelo em vez de uma maça. Tambores tubulares, cítaras de vara (veena), rabecas curtas, flautas duplas e triplas, trombetas em espiral e cornetas curvas indianas surgiram nesse período. As influências islâmicas trouxeram novos tipos de tambores, perfeitamente circulares ou octogonais, em contraste com os tambores irregulares pré-islâmicos. A influência persa trouxe oboés e sitares, embora os sitares persas tivessem três cordas e a versão indiana tivesse de quatro a sete. A cultura islâmica também introduziu instrumentos de clarinete duplo, como a Alboka (do árabe al-buq, “trompa”), hoje em dia sobrevivente apenas no País Basco. Ela deve ser tocada usando a técnica de respiração contínua.[17]
Entre as inovações musicais do Sudeste Asiático estão aquelas ocorridas durante um período de influência indiana que terminou por volta de 920 d.C. A música balinesa e javanesa fazia uso de xilofones e metalofones, versões de bronze dos primeiros. O instrumento musical mais proeminente e importante do Sudeste Asiático era o gong. Embora o gong provavelmente tenha se originado na região entre o Tibete e a Birmânia, ele fazia parte de todas as categorias de atividades humanas no Sudeste Asiático marítimo, incluindo Java.[17]

As regiões da Mesopotâmia e da Península Arábica experimentaram rápido crescimento e intercâmbio de instrumentos musicais quando foram unificadas pela cultura islâmica no século VII. Tambores de armação e tambores cilíndricos de várias profundidades eram extremamente importantes em todos os gêneros musicais. Oboés cônicos eram usados na música que acompanhava cerimônias de casamento e circuncisão. Miniaturas persas fornecem informações sobre o desenvolvimento dos tímpanos na Mesopotâmia, que se espalharam até Java. Vários alaúdes, cítaras, dulcimers e harpas se espalharam até Madagascar, ao sul, e até a atual ilha de Sulawesi, a leste.[17]
Apesar das influências da Grécia e de Roma, a maioria dos instrumentos musicais na Europa durante a Idade Média veio da Ásia. A lira é o único instrumento musical que pode ter sido inventado na Europa até esse período. Os instrumentos de cordas eram proeminentes na Europa medieval. As regiões central e norte usavam principalmente alaúdes, instrumentos de cordas com braço, enquanto a região sul usava liras, que possuíam um corpo de dois braços e uma barra transversal. Diversas harpas eram usadas na Europa Central e do Norte, chegando até a Irlanda, onde a harpa se tornou, com o tempo, um símbolo nacional. As liras se espalharam pelas mesmas áreas, chegando até a Estônia.[17]
A música europeia entre 800 e 1100 tornou-se mais sofisticada, exigindo com mais frequência instrumentos capazes de polifonia. O geógrafo persa do século IX, Ibn Khordadbeh, mencionou em sua discussão lexicográfica sobre instrumentos musicais que, no Império Bizantino, os instrumentos típicos incluíam o urghun (órgão), shilyani (provavelmente um tipo de harpa ou lira), salandj (provavelmente uma gaita de fole) e a lira.[29] A lira bizantina, um instrumento de cordas friccionadas, é ancestral da maioria dos instrumentos de arco europeus, incluindo o violino.[30]
O monocórdio servia como medida precisa das notas de uma escala musical, permitindo arranjos musicais mais exatos. As vielas de roda mecânicas (hurdy-gurdies) permitiam que um único músico tocasse arranjos mais complexos do que com uma rabeca; ambos eram instrumentos folclóricos proeminentes na Idade Média. Europeus do sul tocavam alaúdes curtos e longos cujas cravelhas se projetavam para os lados, ao contrário das cravelhas voltadas para trás dos instrumentos da Europa Central e do Norte. Idiofones como sinos e palhetas de concussão tinham vários usos práticos, como avisar sobre a aproximação de um leproso.[17]
O século IX revelou as primeiras gaitas de fole, que se espalharam por toda a Europa e tiveram muitos usos, desde instrumentos folclóricos até instrumentos militares. A construção de órgãos pneumáticos evoluiu na Europa a partir da Espanha do século V, espalhando-se para a Inglaterra por volta de 700. Os instrumentos resultantes variavam em tamanho e uso, desde órgãos portáteis usados pendurados no pescoço até grandes órgãos de tubos.[17] Os primeiros relatos de órgãos sendo tocados em abadias beneditinas inglesas, no fim do século X, são as primeiras referências a órgãos conectados a igrejas.[31] Os tocadores de palhetas da Idade Média se limitavam a oboés; não há evidência de clarinetes nesse período.[17]
Moderno
Renascença
O desenvolvimento dos instrumentos musicais foi dominado pelo Ocidente a partir de 1400 e, de fato, as mudanças mais profundas ocorreram durante o período da Renascença. Os instrumentos passaram a ter outras funções além de acompanhar o canto ou a dança, e os intérpretes passaram a usá-los como instrumentos solistas. Teclados e alaúdes se desenvolveram como instrumentos polifônicos, e os compositores passaram a escrever peças cada vez mais complexas, usando tablaturas mais avançadas. Os compositores também começaram a conceber peças musicais para instrumentos específicos. Na segunda metade do século XVI, a orquestração tornou-se prática comum como método de escrever música para uma variedade de instrumentos. Os compositores passaram a especificar a orquestração onde, antes, os intérpretes individuais aplicavam seu próprio critério. O estilo polifônico dominou a música popular e os construtores de instrumentos responderam a essa demanda.[17]

A partir de cerca de 1400, a taxa de desenvolvimento dos instrumentos musicais aumentou de fato, à medida que as composições exigiam sons mais dinâmicos. As pessoas também começaram a escrever livros sobre a criação, execução e catalogação de instrumentos; o primeiro desses livros foi o tratado de Sebastian Virdung de 1511, "Musica getuscht und ausgezogen" (“Música germanizada e abstraída”). O trabalho de Virdung é notável por ser particularmente abrangente, incluindo descrições de instrumentos “irregulares”, como trompas de caça e sinos de vaca, embora Virdung seja crítico em relação a esses instrumentos. Outros livros se seguiram, incluindo "Spiegel der Orgelmacher und Organisten" (“Espelho dos Construtores de Órgãos e Organistas”), de Arnolt Schlick, no ano seguinte, um tratado sobre construção e execução de órgãos.Entre os livros didáticos e referências publicados na era renascentista, um se destaca por sua descrição detalhada e representação de todos os instrumentos de sopro e cordas, incluindo seus tamanhos relativos. Esse livro, o "Syntagma musicum", de Michael Praetorius, é hoje considerado uma referência autoritativa sobre os instrumentos musicais do século XVI.[17]
No século XVI, os construtores de instrumentos musicais deram à maioria dos instrumentos — como o violino — as “formas clássicas” que mantêm até hoje. Também surgiu uma ênfase na beleza estética; os ouvintes se agradavam tanto com a aparência física de um instrumento quanto com seu som. Assim, os construtores passaram a dar atenção especial aos materiais e ao acabamento, e os instrumentos passaram a ser itens colecionáveis em casas e museus. Foi nesse período que os fabricantes começaram a construir instrumentos do mesmo tipo em vários tamanhos, para atender à demanda dos consorts, ou conjuntos que tocavam obras escritas para grupos de instrumentos semelhantes.[17]
Os construtores desenvolveram outras características que perduram até hoje. Por exemplo, embora órgãos com múltiplos teclados e pedais já existissem, os primeiros órgãos com registros solistas surgiram no início do século XV. Esses registros tinham a finalidade de produzir uma mistura de timbres, um desenvolvimento necessário para a complexidade da música da época. As trombetas evoluíram para sua forma moderna a fim de melhorar a portabilidade, e os músicos passaram a usar surdinas para se integrar adequadamente à música de câmara.[17]
Barroco

A partir do século XVII, os compositores começaram a escrever obras com maior carga emocional. Eles consideravam que a polifonia se adequava melhor ao estilo expressivo que buscavam e passaram a escrever partes instrumentais que complementassem a voz humana. Como resultado, muitos instrumentos incapazes de produzir grandes variações de extensão e dinâmica — e, portanto, vistos como pouco expressivos — caíram em desuso. Um desses instrumentos foi a charamela (shawm). Instrumentos de arco como violino, viola, baryton e vários tipos de alaúde passaram a dominar a música popular. A partir de cerca de 1750, porém, o alaúde desapareceu das composições em favor da crescente popularidade do violão. À medida que as orquestras de cordas ganharam importância, instrumentos de sopro como flauta, oboé e fagote voltaram a ser utilizados para contrabalançar a monotonia de se ouvir apenas cordas.[17]
Em meados do século XVII, a chamada trompa de caça passou por uma transformação até se tornar um “instrumento de arte”, com um tubo mais comprido, furo mais estreito, campana mais larga e uma extensão muito maior. Os detalhes dessa transformação não são claros, mas a trompa moderna, ou, de forma coloquial, trompa francesa, já existia por volta de 1725. Surgiu a trombeta de vara, uma variação que incluía um bocal de garganta longa que deslizava para dentro e para fora, permitindo ao músico infinitos ajustes de altura. Essa variação da trombeta era impopular devido à dificuldade envolvida em tocá-la. Os órgãos passaram por mudanças tonais no período barroco, conforme fabricantes como Abraham Jordan, de Londres, tornaram os registros mais expressivos e adicionaram recursos como pedais de expressão. Sachs considerou essa tendência uma “degeneração” do som geral do órgão.[17]
Clássico e Romântico

Durante os períodos Clássico e Romântico da música, aproximadamente de 1750 a 1900, muitos instrumentos musicais capazes de produzir novos timbres e maior volume foram desenvolvidos e incorporados à música popular. As mudanças de design que ampliaram a qualidade dos timbres permitiram aos instrumentos produzir uma variedade maior de expressão. Grandes orquestras ganharam popularidade e, paralelamente, os compositores se propuseram a criar partituras orquestrais completas que explorassem as capacidades expressivas dos instrumentos modernos. Como os instrumentos passaram a integrar colaborações em escala muito maior, seus projetos tiveram de evoluir para atender às demandas da orquestra.[17]
Alguns instrumentos também precisaram se tornar mais potentes para preencher salas maiores e serem ouvidos acima de grandes orquestras. Flautas e instrumentos de arco passaram por muitas modificações e alterações de design — a maioria malsucedida — em tentativas de aumentar o volume. Outros instrumentos foram modificados simplesmente para que pudessem executar suas partes nas partituras. Tradicionalmente, as trombetas tinham uma extensão “defeituosa” — eram incapazes de produzir certas notas com precisão. Novos instrumentos como o clarinete, o saxofone e a tuba tornaram-se presença constante nas orquestras. Instrumentos como o clarinete também se desdobraram em verdadeiras “famílias” capazes de diferentes extensões: clarinetes pequenos, clarinetes “normais”, clarinetes baixos e assim por diante.[17]
Junto com as mudanças de timbre e volume ocorreu uma mudança na afinação típica usada para calibrar os instrumentos. Instrumentos destinados a tocar juntos, como em uma orquestra, precisam ser afinados no mesmo padrão, caso contrário produzirão sons audivelmente diferentes ao tocar as mesmas notas. A partir de 1762, a afinação média de concerto começou a subir de um mínimo de 377 vibrações para um máximo de 457 em Viena, em 1880. Regiões, países e até fabricantes de instrumentos preferiam padrões diferentes, o que tornava a colaboração orquestral um desafio. Apesar dos esforços de duas cúpulas internacionais organizadas e frequentadas por compositores renomados como Hector Berlioz, nenhum padrão pôde ser acordado.[17]
Século XX até o presente

A evolução dos instrumentos musicais tradicionais desacelerou a partir do século XX.[24] Instrumentos como violino, flauta, trompa francesa e harpa permanecem em grande medida os mesmos que eram fabricados nos séculos XVIII e XIX. Iterações graduais surgem; por exemplo, a “Nova Família do Violino” começou em 1964 para fornecer violinos de tamanhos diferentes e expandir a gama de sons disponíveis. A desaceleração no desenvolvimento foi uma resposta prática à desaceleração paralela no tamanho das orquestras e dos espaços de apresentação.[17] Apesar dessa tendência nos instrumentos tradicionais, o desenvolvimento de novos instrumentos musicais explodiu no século XX, e a variedade de instrumentos desenvolvidos supera qualquer período anterior.[24]

A disseminação da eletricidade no século XX levou a uma nova categoria de instrumentos musicais: os instrumentos eletrônicos, ou eletrofones. A grande maioria dos produzidos na primeira metade do século XX eram o que Sachs chamou de “instrumentos eletromecânicos”; eles têm partes mecânicas que produzem vibrações sonoras captadas e amplificadas por componentes elétricos. Exemplos incluem órgãos Hammond e guitarras elétricas. Sachs também definiu uma subcategoria de “instrumentos radioelétricos”, como o theremin, que produz música por meio do movimento das mãos do executante ao redor de duas antenas.[17]
A segunda metade do século XX viu a evolução dos sintetizadores, que produzem som usando circuitos e microchips. No fim da década de 1960, Bob Moog e outros inventores desenvolveram os primeiros sintetizadores comerciais, como o sintetizador Moog.] Se antes ocupavam salas inteiras, hoje os sintetizadores podem ser integrados a qualquer dispositivo eletrônico[32] e são onipresentes na música moderna.[33] Samplers, introduzidos por volta de 1980, permitem ao usuário amostrar e reutilizar sons existentes, tendo sido importantes para o desenvolvimento do hip hop.[34] Em 1982, surgiu o MIDI, um meio padronizado de sincronizar instrumentos eletrônicos.[35] A ampla difusão de computadores e microchips criou uma indústria de instrumentos musicais eletrônicos.[36]
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Classificação
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Perspectiva
Existem muitos métodos diferentes de classificar instrumentos musicais. Vários sistemas analisam aspectos como as propriedades físicas do instrumento (material, cor, forma etc.), o uso do instrumento, o modo de produção do som, a extensão do instrumento e seu papel em uma orquestra ou outro conjunto. A maioria dos métodos é específica de uma área geográfica ou grupo cultural e foi desenvolvida para atender às necessidades exclusivas de classificação desse grupo.[4] O problema desses sistemas especializados é que tendem a falhar quando são aplicados fora de sua área original. Por exemplo, um sistema baseado no uso de um instrumento falharia se uma cultura inventasse um novo uso para o mesmo instrumento. Os estudiosos reconhecem o sistema Hornbostel–Sachs como o único que se aplica a qualquer cultura e, mais importante, como o único que oferece uma classificação possível para cada instrumento.[29][4] As classificações mais comuns são cordas, metais, madeiras e percussão.
Sistemas antigos
Um sistema hindu antigo chamado Natya Shastra, escrito pelo sábio Bharata Muni e datado de 200 a.C. a 200 d.C., divide os instrumentos em quatro grupos principais: instrumentos em que o som é produzido por cordas vibrantes; instrumentos de percussão com membranas; instrumentos em que o som é produzido por colunas de ar vibrantes; e instrumentos de percussão “sólidos”, sem membrana.[4] Esse sistema tinha certa semelhança com o usado na Europa do século XII por Johannes de Muris, que empregou os termos tensibilia (instrumentos de cordas), inflatibilia (instrumentos de sopro) e percussibilia (todos os instrumentos de percussão).[5] Em 1880, Victor-Charles Mahillon adaptou o Natya Shastra e atribuiu rótulos gregos às quatro classificações: cordofones (instrumentos de cordas), membranofones (instrumentos de percussão com membrana), aerofones (instrumentos de sopro) e autofones (instrumentos de percussão sem membrana).[4]
Hornbostel–Sachs
Erich von Hornbostel e Curt Sachs adotaram o esquema de Mahillon e publicaram um novo sistema abrangente de classificação na revista Zeitschrift für Ethnologie, em 1914. Hornbostel e Sachs utilizaram a maior parte do sistema de Mahillon, mas substituíram o termo autophone por idiofone.[4]
O sistema Hornbostel–Sachs original classificava os instrumentos em quatro grupos principais:
- Idiofones, que produzem som pela vibração do próprio corpo do instrumento; são subdivididos em idiofones de concussão, percussão, sacudidos, raspados, fendidos e dedilhados, como claves, xilofone, guiro, tambor de fenda, mbira e chocalho.[21]
- Membranofones, que produzem som pela vibração de uma membrana esticada; podem ser tambores (subdivididos de acordo com o formato da carcaça), percutidos com as mãos, com baquetas ou friccionados, mas caxixis de membrana e outros instrumentos que usam uma membrana esticada como fonte principal de som (e não apenas para modificar um som produzido de outra forma) também são considerados membranofones.[21]
- Cordofones, que produzem som por meio da vibração de uma ou mais cordas; são classificados de acordo com a relação entre a(s) corda(s) e a caixa de ressonância ou tampo sonoro. Por exemplo, se as cordas são dispostas paralelamente ao tampo sonoro e não há braço, o instrumento é uma cítara, seja ele dedilhado como uma autoharpa ou percutido com martelos como um piano. Se o instrumento tem cordas paralelas ao tampo sonoro ou à caixa e as cordas se estendem além do tampo com um braço, então o instrumento é um alaúde, seja a caixa de madeira como um violão ou de membrana como um banjo.[21]
- Aerofones, que produzem som por meio de uma coluna de ar vibrante; são divididos em aerofones livres, como zunidores ou chicotes, que se movem livremente no ar; aerofones sem palheta, como flautas e flautins, que fazem o ar passar por uma aresta afiada; instrumentos de palheta, que usam uma palheta vibrante (essa categoria pode ser subdividida em instrumentos de palheta simples e dupla: clarinetes e saxofones no primeiro caso, oboés e fagotes no segundo); e aerofones de vibração labial, como trompetes, trombones e tubas, em que os lábios funcionam como palhetas vibrantes.[21]
- Posteriormente, Sachs acrescentou uma quinta categoria, os eletrofones, como o theremin, que produzem som por meios eletrônicos.[17] Dentro de cada categoria há muitos subgrupos. O sistema foi criticado e revisado ao longo dos anos, mas continua sendo amplamente usado por etnomusicólogos e organologistas.[5][11]
Schaeffner

André Schaeffner, curador do Musée de l'Homme, discordava do sistema Hornbostel–Sachs e desenvolveu seu próprio sistema em 1932. Schaeffner acreditava que a física pura de um instrumento musical, em vez de sua construção específica ou método de execução, deveria sempre determinar sua classificação. (Hornbostel–Sachs, por exemplo, divide os aerofones com base na produção do som, mas os membranofones com base no formato do instrumento). O sistema de Schaeffner dividia os instrumentos em duas categorias: instrumentos com corpos sólidos vibrantes e instrumentos que contêm ar vibrante.[29]
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Construção
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Perspectiva

Os materiais usados na fabricação de instrumentos musicais variam amplamente conforme a cultura e a aplicação. Muitos desses materiais têm significado especial devido à sua origem ou raridade. Algumas culturas incorporavam substâncias do corpo humano em seus instrumentos. No México antigo, por exemplo, o material de que eram feitos alguns tambores podia conter partes reais de corpos humanos obtidas de oferendas sacrificiais. Na Nova Guiné, fabricantes de tambores misturavam sangue humano à cola usada para fixar a membrana.As amoreiras são altamente valorizadas na China por seu significado mitológico — por isso, construtores de instrumentos as utilizavam para fabricar cítaras. Os yakutos acreditam que fazer tambores com árvores atingidas por raios lhes confere uma conexão especial com a natureza.[5]
A construção de instrumentos musicais é um ofício especializado que requer anos de treinamento, prática e, às vezes, um período de aprendizagem com um mestre. A maioria dos fabricantes de instrumentos musicais se especializa em um gênero de instrumentos; por exemplo, um luthier fabrica apenas instrumentos de cordas. Alguns produzem apenas um tipo de instrumento, como um piano. Seja qual for o instrumento, o construtor precisa considerar materiais, técnica de construção e decoração, criando um instrumento equilibrado que seja funcional e esteticamente agradável. Alguns construtores têm um foco mais artístico e desenvolvem instrumentos musicais experimentais, muitas vezes concebidos para estilos de execução individuais desenvolvidos pelo próprio construtor.[5]

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Interfaces de usuário
Independentemente de como o som é produzido, muitos instrumentos musicais têm um teclado como interface de usuário. Instrumentos de teclado são aqueles tocados por meio de um teclado musical, que é uma fileira de pequenas teclas que podem ser pressionadas. Cada tecla gera um ou mais sons; a maioria dos instrumentos de teclado possui meios extras (pedais para o piano, registros e um pedal de teclado para o órgão) para manipular esses sons. Eles podem produzir som por meio de ar ventilado (órgão) ou bombeado (acordeão),[38][39] por cordas vibrantes percutidas (piano) ou dedilhadas (cravo),[40][41] por meios eletrônicos (sintetizador)[42] ou de outra forma. Às vezes, instrumentos que normalmente não possuem teclado, como o glockenspiel, recebem um.[43]
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Instrumentista

Uma pessoa que toca um instrumento musical é conhecida como instrumentista ou músico instrumental.[44][45] Muitos instrumentistas são conhecidos por tocar instrumentos específicos, como guitarrista (guitarra), pianista (piano), baixista (baixo) e baterista (bateria). Esses diferentes tipos de instrumentistas podem se apresentar juntos em um grupo musical.[46] Uma pessoa capaz de tocar vários instrumentos é chamada de multi-instrumentista.[47] Segundo David Baskerville, no livro "Music Business Handbook and Career Guide", a carga horária de trabalho de um instrumentista em tempo integral pode ter em média apenas três horas por dia de apresentação, mas a maioria dos músicos dedica ao menos quarenta horas semanais à atividade.[48]
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Ver também
Referências
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Bibliografia
Ligações externas
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