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Ruy Cinatti Vaz Monteiro Gomes[1] GCIH (Londres, 8 de Março de 1915 — Lisboa, 12 de Outubro de 1986) foi um poeta, antropólogo e agrónomo português.
Ruy Cinatti | |
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Nome completo | Ruy Cinatti Vaz Monteiro Gomes |
Nascimento | 8 de março de 1915 (109 anos) Londres, Reino Unido |
Morte | 12 de outubro de 1986 (71 anos) Lisboa, Portugal |
Prémios | Prémio Antero de Quental (1958) |
Género literário | Poesia, antropologia, agronomia |
Magnum opus | De Timor |
Em 1917, Hermínia Celeste, mãe do poeta, morre, e o filho recolhe todas as suas recordações em Nós não somos deste mundo, 1941. Já o pai, António Vaz Monteiro Gomes parte para os Estados Unidos, enquanto o filho fica entregue aos cuidados do avô materno, Demétrio Cinatti, em Lisboa.
Demétrio Cinatti era de origem toscana, mantendo, por isso, um ambiente oriental em casa, que o poeta um dia identifica como a origem da sua atração pelo Oriente. Casou com Maria de Jesus Homem de Carvalho de ascendência chinesa - a quem o poeta deve os tão orgulhosos traços orientais da sua fisionomia.
Ruy, aos 7 anos de idade, fica entregue aos cuidados dos avós paternos quando Demétrio morre. É, então, colocado como aluno interno no Instituto dos Pupilos do Exército . As suas férias eram passadas na quinta dos Monteiros Gomes, onde fantasiava ser um explorador de países tropicais.
Em 1925 dá-se o regresso do seu pai dos Estados Unidos da América. António Monteiro Gomes regressa a Portugal casado em segundas núpcias e com uma filha, meia-irmã de Cinatti. Este regresso foi o início dum período de tensões e conflitos entre pai e filho que haviam de terminar de forma violenta no termo do curso secundário do poeta. Com uma decisão em mente, após a conclusão dos estudos secundários, Cinatti quer estudar Agronomia, para desilusão do pai que queria que o filho ingressasse na Marinha. Em setembro de 1934, António Moreira Gomes coloca um ultimato ao filho: se não fizesse a sua vontade não poderia voltar à casa paterna. Cinatti inscreve-se no Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa e volta a residir com o avó.
Participou no 1º Cruzeiro de Férias às Colónias Portuguesas de África Ocidental no fim do seu primeiro ano de Universidade. Visitou ilhas como as de São Tomé e Príncipe e viu neles tudo o que sempre sonhou serem as ilhas do Mar do Sul. Toda esta experiência deu origem a uma pequena obra-prima, O conto de Ossobó, 1936.
Passado alguns anos, o poeta começa a desenvolver uma saudade profunda pela mãe, Hermínia, já falecida, ao mesmo tempo que se insurgia contra as ondas de violência que se abatiam sobre o Mundo. Foi a época que despertou para a poesia pois, a Guerra Civil Espanhola, a Segunda Guerra Mundial e a polarização ideológica crescente nos meios intelectuais portugueses levaram-no a protestar em formas que culminaram no lançamento, com Tomás Kim e José Blanc de Portugal, da primeira série dos Cadernos de Poesia, 1940. Ainda na década de 40 colabora na revista Panorama[2] lançada pelo Secretariado de Propaganda Nacional e na revista luso-brasileira Atlântico.[3]
De 1946 a 1947 e de 1951 a 1955 viveu em Timor, estabelecendo fortes laços com a população local. Elaborou uma tese de licenciatura, através da Junta de Investigações do Ultramar, dividindo-a em dois livros: Explorações Botânicas em Timor e Reconhecimento Preliminar das Formações Florestais no Timor Português.[4]
Na ilha o poeta mostrou-se frustrado pela sua incapacidade de fazer frente aos atentados da Natureza e a algumas injustiças contra a população Indígena. Pelo seu visível amor à ilha Timorense, Cinatti apontou alguns critérios com vista na necessidade de centrar o desenvolvimento na pessoa humana, de respeitar os recursos naturais e de devolver à comunidade Timorense a responsabilidade pelo seu próprio destino. Mas com pouco ou mesmo nenhum efeito, foi doloroso, para o poeta, observar a destruição do Ecossistema e o desprezo pela cultura Timorense. Desiludido, partiu de Timor em 1955.
De regresso a Portugal, aos quarenta anos, sentia a necessidade de voltar àquele território. Tendo, com o seu relato das várias regularidades que lá se passavam, conseguido que se tivessem posto termo a várias injustiças. Porém, o poeta decide rever opções, deitando contas à vida. O seu terceiro livro de poesia, O livro do nómada meu amigo (1958), dá conta desta experiência, que apenas numa leitura atenta se consegue dar conta das angústias que o poeta realmente atravessou.
A Cinatti já não lhe interessava intervir em Timor a nível territorial, mas sim cultural, pois afirmava que a exploração dos recursos em Timor iria destruir o seu Ecossistema e deixaria a população sem recursos para si própria. A nível pessoal, optou por uma nova estratégia. Pediu a integração como investigador na Junta de Investigações do Ultramar e, uma vez aceite, candidatou-se a um curso de Antropologia Cultural na Universidade de Oxford. Apoiado no prestígio do seu currículo, Cinatti tentava afirmar-se como advogado dos Timorenses no do poder de Lisboa. Todavia, devido às várias guerras em África tornou-se quase impossível que a voz do poeta fosse notada por uma causa num país tão pequeno. Cinatti foi chamado de irrealista e várias vezes marginalizado a nível profissional. Devido ao caso, em 1966, Cinatti sofre uma profunda crise psicológica, que narra em Manhã imensa (1984). A sua última ida a Timor ocorre no ano de 1966, data a partir da qual é proibido de lá voltar por Salazar.
No entanto, durante essa depressão, Cinatti emerge na sua alma de poeta e em quatro anos, organiza treze livros de poesia.
Em 1974, viu-se entusiasmado pela Revolução de 25 de Abril, no entanto, a invasão em Timor pela Indonésia, nos finais de 1975, deixam-no de novo abalado. Foram, de novo, a poesia e a religião que o conduziram através desta fase.
Nos seus últimos anos de vida, Ruy Cinatti, teve o prazer de ver a sua obra apreciada por uma geração de críticos e poetas. Viveu então, em paz consigo mesmo.
A 10 de Junho de 1992 foi agraciado a título póstumo com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.[5]
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