Top Qs
Linha do tempo
Chat
Contexto
Centro Espacial de Alcântara
Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Remove ads
Centro Espacial de Alcântara (CEA), anteriormente conhecido como Centro de Lançamento de Alcântara,[1] é um espaçoporto da Agência Espacial Brasileira no município de Alcântara, localizada na costa atlântica norte do Brasil, no estado do Maranhão.[2]
É operado pelo Comando da Aeronáutica da Força Aérea Brasileira. O CLA é a base de lançamento mais próxima da linha do equador.[3] Isso confere ao local de lançamento uma vantagem significativa no lançamento de satélites geossíncronos, atributo compartilhado pelo Centro Espacial da Guiana.
A construção da base começou em 1982. O primeiro lançamento ocorreu em 21 de fevereiro de 1990, quando o foguete de sondagem Sonda 2 XV-53 foi lançado.[4] Em 22 de agosto de 2003, a explosão do terceiro VLS-1 (XV-03) matou 21 pessoas.[5]
Há também planos para o lançamento de vários foguetes internacionais de Alcântara. Em 2003, foram assinados contratos para o lançamento dos foguetes ucranianos Tsyklon-4[6] e israelenses Shavit;[7] além disso, existem outros planos para lançar o foguete russo Proton.[8] No início de 2018, o governo brasileiro ofereceu a possibilidade de uso do espaçoporto para várias empresas estadunidenses.[9] A empresa Virgin Orbit, foi selecionada para voar seu foguete LauncherOne de Alcântara no primeiro semestre de 2022.[10][11]
Remove ads
Histórico
Resumir
Perspectiva
Criação
O dia 1° de março de 1983 é considerada a data oficial de inauguração do CLA – quando foi ativado o Núcleo do Centro de Lançamento de Alcântara (NUCLA), com a finalidade de proporcionar apoio logístico e de infraestrutura local, assim como garantir segurança à realização dos trabalhos a serem desenvolvidos na área do futuro centro espacial no Brasil. Apenas em novembro de 1989 o CLA se tornou efetivamente operacional, quando, na "Operação Pioneira", os primeiros foguetes do tipo SBAT foram lançados.
O CLA foi criado como alternativa ao Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), localizado no estado do Rio Grande do Norte, pois o crescimento urbano em seus arredores não permitia ampliações da base.
Acidente de 2003

Em 22 de agosto de 2003, o VLS-1 V03 (Veículo Lançador de Satélites) brasileiro explodiu por volta das 13h30 min (hora local) na base de Alcântara, três dias antes do lançamento, matando 21 técnicos, engenheiros e cientistas. Decorrido cerca de um ano, investigações apontaram uma descarga elétrica, de origem indeterminada, como causa da explosão. O objetivo da missão era colocar o microssatélite meteorológico SATEC do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e o nanosatélite Unosat da Universidade do Norte do Paraná em órbita circular equatorial a 750 km de altitude.[12][13]
Boicote estadunidense ao foguete brasileiro em 2009
Em 2011, o WikiLeaks revelou que o governo dos Estados Unidos quer impedir a criação de um programa de produção de foguetes espaciais brasileiros. Por isso as autoridades estadunidenses pressionam parceiros dos brasileiros nessa área (como a Ucrânia) para não transferir tecnologia do setor ao país. A restrição dos Estados Unidos está registrada em telegrama que o Departamento de Estado enviou à sua embaixada em Brasília, em janeiro de 2009, onde escreve: "Não apoiamos o programa nativo dos veículos de lançamento espacial do Brasil. ... Queremos lembrar às autoridades ucranianas que os EUA não se opõem ao estabelecimento de uma plataforma de lançamentos em Alcântara, contanto que tal atividade não resulte na transferência de tecnologias de foguetes ao Brasil" Os Estados Unidos também não permitem o lançamento de satélites norte-americanos (ou fabricados por outros países mas que contenham componentes estadunidenses) a partir do Centro de Lançamento de Alcântara, "devido à nossa política, de longa data, de não encorajar o programa de foguetes espaciais do Brasil", conforme outro documento confidencial divulgado.[14]
Acordo com os Estados Unidos em 2019
Em outubro de 2019,[15] a Câmara dos deputados aprovou[16] o acordo no qual os Estados Unidos utilizam a área para pesquisa científica e lançamento de foguetes, espaçonaves e satélites que utilizam tecnologias norte-americanas[17] a partir da base brasileira. Em novembro de 2019 o Senado Federal publicou o decreto aprovando o texto sobre salvaguardas tecnológicas relacionadas a participação dos Estados Unidos da América em lançamentos a partir da Base de Alcântara.[18][19]
Remove ads
Características
Resumir
Perspectiva



O CLA está situado na latitude 2°18’ sul, e tinha originalmente uma área de 620 km², no município de Alcântara, a 32 km de São Luís, capital do estado brasileiro do Maranhão.
Devido à proximidade com a linha do equador, o consumo de combustível para o lançamento de satélites é menor em comparação com bases em latitudes maiores. No âmbito do mercado das missões espaciais internacionais, o CLA se tornará provavelmente o único concorrente do Centro Espacial de Kourou, na Guiana Francesa. Ao contrário deste, entretanto, o centro brasileiro não opera lançamentos constantes (ainda não lançou nenhum satélite) em razão de atrasos logísticos e tecnológicos.
- A proximidade da base com a linha do equador (2 graus e 18 minutos de latitude sul): a velocidade de rotação da Terra na altura do Equador, auxilia o impulso dos lançadores e assim favorece a economia do propelente utilizado nos foguetes sendo estimada uma economia em até 30 % de combustível.
- A disposição da península de Alcântara: permite lançamentos em todos os tipos de órbita, desde as equatoriais (em faixas horizontais) às polares (em faixas verticais), e a segurança das áreas de impacto do mar que foguetes de vários estágios necessitam ter.
- A área do Centro: a baixa densidade demográfica possibilita a existência de diversos sítios para foguetes diferentes.
- As condições climáticas: o clima estável, o regime de chuvas bem definido e os ventos em limites aceitáveis tornam possível o lançamento de foguetes em praticamente todos os meses do ano.
- A base é considerada uma das melhores do mundo pela sua localização geográfica, por estar a dois graus da linha do Equador.
Instalações
- Prédio de preparação de propulsores (motores)
- Prédio de preparação da carga útil (experimentos científicos/tecnológicos ou satélites)
- Prédio de carregamento de propelente líquido
- Prédios de apoio (onde o foguete pode ser guardado)
- Plataformas de Lançamento (onde o foguete é lançado)
- Centro de Controle Avançado (casamata).
- Base aérea com pista de pouso pavimentada e sinalizada, e pátio de aeronaves.
Plataformas de lançamento
As plataformas de Alcântara incluem:
- VLS Pad (com Torre móvel de integração – TMI)
- MRL Pad (plataforma de sonoridade geral de foguetes)
- Pad "Universal" (plataforma para foguetes de até 10 toneladas)
- ACS Pad (plataforma para o Cyclone-4, em construção)
Remove ads
Lista de lançamentos
Resumir
Perspectiva
Presença de quilombolas
Na época da criação do centro espacial, a região era habitada por várias comunidades quilombolas, cerca de 2 mil pessoas; durante a ditadura militar, foram compulsoriamente retiradas e transferidas a vilas de baixa qualidade localizadas a 14 km de Alcântara.[37][38] o que causou décadas de críticas e controvérsias.[39][38][40] Em setembro de 2024, no entanto, o governo federal, por meio da Advocacia-Geral da União, assinou um termo de conciliação com as comunidades quilombolas do município de Alcântara (MA), pondo fim a uma disputa de 40 anos pela área no entorno do centro espacial permitindo a titulação integral do território quilombola de Alcântara e a consolidação da área atual do CLA.[41]
Remove ads
Ver também
Referências
- «Empresas dos EUA e do Canadá vão atuar no Centro Espacial de Alcântara», EBC, 28 de abril de 2021, consultado em 30 de abril de 2021
- Lívia Zanolini (30 de agosto de 2021). Jovem Pan, ed. «Sabia que o centro de lançamento espacial mais bem localizado do mundo é brasileiro?». Consultado em 28 de janeiro de 2022. Cópia arquivada em 31 de agosto de 2021
- «SONDA II». AEB. Consultado em 20 de novembro de 2019
- «Maior acidente do Programa Espacial Brasileiro completa 13 anos». G1. Consultado em 20 de novembro de 2019
- "Launchers" by Tim Furniss, 26 de agosto de 2003, Flight International
- Interfax: Russia & CIS Defense Industry Weekly, 21 de maio de 2010
- Anthony Boadle (8 de março de 2018). Reuters, ed. «Reuters: U.S. space companies aim to help Brazil rocket base lift off». Consultado em 28 de janeiro de 2022. Cópia arquivada em 8 de março de 2018
- «Virgin Orbit Selected to Bring Orbital Launch Capabilities to Brazil». Virgin Orbit (Nota de imprensa). 28 de abril de 2021. Consultado em 29 de abril de 2021
- «Business Interest Grows in Brazil's Alcântara Spaceport as Virgin Orbit Deal Announced». AEB (Nota de imprensa). 28 de abril de 2021. Consultado em 29 de abril de 2021 – via Parabolic Arc
- Zimmermann, Patrícia (22 de agosto de 2003). «Ignição de motor provocou explosão de foguete, diz ministro». Folha. Cópia arquivada em 24 de agosto de 2003 – via UOL
- «Acidente em Alcântara começou com incêndio, diz comandante». Folha. 23 de agosto de 2003. Cópia arquivada em 5 de outubro de 2003 – via UOL
- O Globo, ed. (25 de janeiro de 2011). «EUA tentaram impedir programa brasileiro de foguetes, revela WikiLeaks». Consultado em 4 de fevereiro de 2015. Cópia arquivada em 1 de janeiro de 2013
- «Brasil assina acordo que vai liberar uso da Base de Alcântara por EUA». O Globo. Globo. 18 de março de 2019. Cópia arquivada em 19 de março de 2019
- «CLA dá início à Operação FogTrein I». Tribuna do Maranhão. Consultado em 26 de abril de 2014. Cópia arquivada em 27 de abril de 2014
- «Operação Iguaíba». Brazilian space. Consultado em 15 de maio de 2021. Cópia arquivada em 10 de abril de 2021 – via Blogspot
- «Operação Falcão II. Mais um foguete lançado em Alcântara». Poder Aéreo. 9 de agosto de 2013. Consultado em 15 de maio de 2021. Cópia arquivada em 13 de agosto de 2013
- «Centro de Lançamento de Alcântara lançará foguete de sondagem VS-30». G1. MA: Globo. 29 de agosto de 2014. Consultado em 15 de maio de 2021. Cópia arquivada em 3 de outubro de 2014
- «Centro de Lançamento de Alcântara lançará foguete de sondagem VS-30». G1. MA. 29 de agosto de 2014. Consultado em 15 de maio de 2021. Cópia arquivada em 3 de outubro de 2014
- «Operação Raposa é iniciada no CLA». FAB. Consultado em 15 de maio de 2021. Cópia arquivada em 11 de abril de 2021
- «CLA realiza o primeiro lançamento previsto para a Operação Mutiti». Aeroflap. 1 de dezembro de 2018. Consultado em 15 de maio de 2021. Cópia arquivada em 11 de abril de 2021
- «Operação Águia é realizada no CLA». FAB. Consultado em 15 de maio de 2021. Cópia arquivada em 24 de outubro de 2019
- «Foguete é lançado da Base de Alcântara como parte de treinamento operacional». Canaltech. 26 de junho de 2020. Consultado em 15 de maio de 2021. Cópia arquivada em 27 de junho de 2020
- «Operação Águia – CLA realiza lançamento de foguete de treinamento». Tecnologia & Defesa. 24 de novembro de 2021. Consultado em 24 de novembro de 2021. Cópia arquivada em 24 de novembro de 2021
- «FAB realiza primeiro teste de voo do motor aeronáutico hipersônico 14-X - Força Aérea Brasileira». www.fab.mil.br. Consultado em 11 de junho de 2022. Cópia arquivada em 16 de dezembro de 2021
- «Centro de Lançamento de Alcântara lança foguete em operação de treinamento». br.noticias.yahoo.com. Consultado em 11 de junho de 2022. Cópia arquivada em 10 de agosto de 2022
- «Foguete VSB-30 é lançado com sucesso da Centro Espacial de Alcântara». Agência Brasil. 25 de outubro de 2022. Consultado em 25 de outubro de 2022. Cópia arquivada em 25 de outubro de 2022
- «Foguete sul-coreano é lançado a partir da Base de Alcântara». Agência Brasil. 20 de março de 2023. Consultado em 18 de agosto de 2023. Cópia arquivada em 20 de março de 2023
- "Alcantara Chronology and Launch Log". Astronautix.Arquivado em 2003-09-01 no Wayback Machine
- Faiola, Anthony (6 de outubro de 2001). «Brazil's Spaceport Displaces Villagers». Washington Post (em inglês). ISSN 0190-8286. Consultado em 3 de janeiro de 2024
- Barros, Ingrid. «A story of slavery — and space». Washington Post (em inglês). Consultado em 2 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 10 de abril de 2021
- «Como é a vida em quilombo ameaçado por possível expansão da base de Alcântara (MA)». Folha de S.Paulo. 1 de janeiro de 2024. Consultado em 2 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 1 de janeiro de 2024
- «Governo prevê expulsar quilombolas de terra onde vivem há 200 anos no MA». www.uol.com.br. Consultado em 2 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 6 de abril de 2020
- «Lula assina acordo e encerra disputa de 40 anos em Alcântara». Agência Brasil. 19 de setembro de 2024. Consultado em 20 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 19 de setembro de 2024
Remove ads
Ligações externas
Wikiwand - on
Seamless Wikipedia browsing. On steroids.
Remove ads