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Heitor Dhalia

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Heitor Dhalia
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Heitor Dhalia (Recife, 18 de janeiro de 1970) é um diretor de cinema, roteirista e produtor cinematográfico brasileiro, conhecido por sua versatilidade em transitar por diferentes gêneros e formatos, tanto no cinema quanto na televisão e no streaming. Entre seus trabalhos de maior destaque estão os longas-metragens Nina (2004), O Cheiro do Ralo (2006), À Deriva (2009) e Serra Pelada (2013), além das séries de sucesso Arcanjo Renegado (2020) e DNA do Crime (2023). Dhalia iniciou sua carreira na publicidade antes de migrar para o cinema e é co-fundador da produtora Paranoïd Filmes.

Factos rápidos Festival de Cannes, Outros prêmios ...
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Biografia

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Primeiros Anos e Formação

Nascido no Recife, capital de Pernambuco, em 18 de janeiro de 1970,[1] Heitor Dhalia passou sua infância e adolescência na cidade, onde desenvolveu interesse precoce por teatro e cinema.[2] Cursou Jornalismo na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).[1] Durante sua formação, vivenciou a efervescência cultural do Recife, que revelaria uma nova geração de cineastas nos anos seguintes, embora sua trajetória inicial o tenha levado para outros caminhos antes de se consolidar no cinema.[3]

Carreira na Publicidade

Aos 21 anos, Dhalia começou a trabalhar em agências de publicidade no Recife como redator.[1][2] Em 1993, aos 23 anos, mudou-se para São Paulo, onde construiu uma sólida carreira no mercado publicitário.[1] Trabalhou em renomadas agências como DPZT, Talent, DM9 e Young & Rubicam (Y&R),[2] criando e produzindo mais de uma centena de filmes publicitários e conquistando diversos prêmios no setor.[4][2] Dhalia descreve sua passagem pela publicidade como um período de aprendizado focado no "acabamento, no refinamento estético e visual", habilidades que posteriormente influenciaram sua linguagem cinematográfica.[2]

Transição para o Cinema e Primeiros Trabalhos

Apesar do sucesso na publicidade, Dhalia almejava trabalhar com cinema. Sua estreia na área ocorreu em 1999, como assistente de direção de Aluízio Abranches no longa-metragem Um Copo de Cólera.[1][4] No mesmo ano, co-dirigiu com Renato Ciasca e roteirizou o curta-metragem Conceição.[1][5] O curta, filmado em Pernambuco, narra a história de duas prostitutas que se apaixonam por vestidos de noiva em uma vitrine e pedem a dois bandidos para roubá-los.[5] Conceição foi premiado em festivais, incluindo o Miami Brazilian Film Festival (Melhor Diretor de Curta-Metragem) e o Festival de Cinema de Gramado (Melhor Trilha Sonora).[6][5] Em 2002, Dhalia foi co-roteirista, novamente com Aluízio Abranches, do filme As Três Marias.[1]

Consolidação como Diretor e Roteirista

A estreia de Heitor Dhalia na direção de longas-metragens aconteceu em 2004 com Nina. O filme, estrelado por Guta Stresser e Myrian Muniz, é livremente inspirado no romance Crime e Castigo de Fiódor Dostoiévski, transportando o drama para um universo visualmente impactante, com o uso de animações do quadrinista Lourenço Mutarelli.[7] Dhalia buscou uma atmosfera universal e atemporal, explorando a psique de uma jovem oprimida que classifica os homens entre "ordinários" e "extraordinários".[7] Nina recebeu reconhecimento internacional, incluindo o prêmio de Melhor Diretor no New York LaCinemaFe[6] e Menção Especial da Crítica no Festival Internacional de Cinema de Moscou.[4]

Seu segundo longa, O Cheiro do Ralo, lançado em 2006, consolidou Dhalia como um nome proeminente no cinema brasileiro contemporâneo. Baseado no romance homônimo de Lourenço Mutarelli, o filme é estrelado por Selton Mello no papel de Lourenço, o dono de uma loja de penhores que compra objetos usados de pessoas em dificuldades financeiras e desenvolve uma obsessão pelo "cheiro do ralo" e pela nádega de uma garçonete. A obra foi aclamada pela crítica por sua originalidade, humor ácido e pela atuação de Mello.[8] A adaptação cinematográfica buscou traduzir a linguagem híbrida do romance, incorporando elementos da sociologia, filosofia, história e psicologia na construção do personagem e em suas relações sociais e históricas.[9] O Cheiro do Ralo conquistou importantes prêmios, como o Prêmio Especial do Júri no Festival do Rio, Melhor Filme pela Crítica e pelo Júri Internacional na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo,[8][6] e foi selecionado para a competição World Cinema Dramatic do Sundance Film Festival em 2007,[6] onde foi indicado ao Grande Prêmio do Júri.[6]

Em 2009, Dhalia lançou À Deriva, um drama intimista sobre o fim de um casamento e o despertar sexual de uma adolescente durante férias em Búzios nos anos 1980. O filme, estrelado por Vincent Cassel, Débora Bloch e a estreante Laura Neiva, foi selecionado para a mostra "Un Certain Regard" do Festival de Cannes de 2009,[1][10] um marco em sua carreira. A crítica destacou a maturidade do diretor, a sensibilidade na abordagem dos temas e as atuações do elenco.[10]

Experiência Internacional

Em 2012, Dhalia dirigiu seu primeiro longa-metragem em Hollywood, o thriller Gone (distribuído no Brasil como 12 Horas), estrelado por Amanda Seyfried. A experiência, no entanto, foi publicamente descrita por Dhalia como frustrante devido à falta de controle criativo e às imposições do sistema de estúdio.[11] Ele afirmou que o filme "não era seu" e que os produtores estavam mais focados em pré-vendas do que na qualidade artística.[11] Gone teve uma recepção crítica majoritariamente negativa[12] e um desempenho modesto nas bilheterias, arrecadando cerca de US$ 18,1 milhões mundialmente, com um orçamento estimado em US$ 19 milhões.[13]

Retorno ao Brasil e Projetos de Destaque

De volta ao Brasil, Dhalia dirigiu Serra Pelada (2013), um drama épico sobre a corrida do ouro no famoso garimpo paraense nos anos 1980. O filme, estrelado por Juliano Cazarré, Júlio Andrade, Wagner Moura e Sophie Charlotte, abordou temas como ambição, violência e a amizade em um ambiente hostil.[14][15] A produção enfrentou desafios, incluindo a recriação do garimpo em São Paulo.[15] O filme foi bem recebido no Brasil e posteriormente adaptado para uma minissérie de quatro capítulos, Serra Pelada, a Saga do Ouro, exibida pela Rede Globo em 2014, com direção geral de Dhalia e roteiro co-escrito com Vera Egito.[16]

Em 2017, lançou seu primeiro documentário, On Yoga: The Architecture of Peace. Baseado no livro homônimo do fotógrafo Michael O'Neill, o filme acompanha O'Neill em sua jornada entrevistando mestres de ioga ao redor do mundo. Produzido por Paranoïd Filmes, O'Neill e Urso Filmes, o documentário contou com a participação de figuras como Deepak Chopra e Moojibaba.[17][18] O filme foi reconhecido por sua qualidade técnica, recebendo prêmios de Melhor Fotografia da Associação Brasileira de Cinematografia (ABC) e no Imago International Awards.[6]

Dando continuidade à sua exploração de diferentes linguagens, Dhalia adaptou a graphic novel Tungstênio de Marcelo D'Salete para o cinema em 2018. O filme, com roteiro de Marçal Aquino, Fernando Bonassi e Marcelo Quintanilha, entrelaça as histórias de quatro personagens em Salvador, Bahia, a partir de um crime ambiental.[19] A crítica destacou a estética visual do filme, com uso de enquadramentos e cores que remetem aos quadrinhos, embora alguns apontassem um desequilíbrio entre a força visual e o desenvolvimento dos personagens.[19]

Em 2019 (lançado comercialmente em 2021), Dhalia dirigiu Anna, um drama psicológico que explora temas de assédio moral e sexual em um ambiente de criação artística teatral. O filme mergulha na psique de uma atriz que, ao se preparar para o papel de Ofélia, vê as fronteiras entre realidade e imaginação se esvaírem.[20]

Sucesso em Séries de Streaming

A partir de 2020, Heitor Dhalia expandiu significativamente sua atuação para o formato de séries, especialmente para plataformas de streaming, alcançando grande sucesso de público e crítica.

Em 2020, dirigiu episódios e atuou como produtor executivo da série Todxs Nós, uma produção da HBO que aborda questões de gênero e sexualidade.[carece de fontes?]

No mesmo ano, iniciou sua parceria com o Globoplay e o AfroReggae Audiovisual com a série Arcanjo Renegado (2020-presente). Criada por José Júnior, a série, da qual Dhalia dirigiu a primeira e segunda temporadas,[21] acompanha um sargento do BOPE no Rio de Janeiro. A produção foi elogiada pela qualidade da ação, atuações e por integrar o chamado "Afroverso", um universo compartilhado de produções do AfroReggae.[21] Uma quarta temporada já foi confirmada.[21]

Em 2023, Dhalia alcançou projeção internacional como criador e diretor geral da série DNA do Crime, uma produção da Netflix e Paranoïd Filmes.[22] Inspirada em crimes reais na fronteira BrasilParaguai, a série policial tornou-se um fenômeno global,[23] sendo a primeira série de ação brasileira a alcançar o primeiro lugar no Top 10 Global de séries de língua não inglesa da Netflix.[24] A segunda temporada foi confirmada para lançamento em 4 de junho de 2025.[22]

Em 2024, dirigiu a série O Jogo que Mudou a História para o Globoplay. Também criada por José Júnior, a produção explora a gênese das facções criminosas no Rio de Janeiro durante os anos 1970. A série foi elogiada pela crítica por sua produção meticulosa, roteiro bem elaborado e a representação visceral da violência e das dinâmicas de poder.[25]

Outros Trabalhos Relevantes

Ao longo de sua carreira, Dhalia também dirigiu a minissérie O Caçador (2014) para a Rede Globo, estrelada por Cauã Reymond, que recebeu críticas positivas e boa audiência.[carece de fontes?] Em 2019, lançou o documentário Em Busca da Cerveja Perfeita, onde explora o universo da cerveja artesanal.[26] Seu filme mais recente, Invisíveis (The Ballad of a Hustler) (2023), uma co-produção Brasil/EUA filmada em Nova Iorque, foi selecionado para a mostra Panorama Mundial do Festival do Rio de 2023.[27]

Paranoïd Filmes

Heitor Dhalia é co-fundador, junto com Egisto Betti, da produtora Paranoïd Filmes (originalmente Paranoid BR), estabelecida em 2009.[28][2] A empresa tem uma atuação diversificada, produzindo conteúdo para publicidade, cinema, televisão e plataformas de streaming,[28] sendo responsável por muitos dos projetos de Dhalia, bem como de outros diretores. Dhalia descreve sua abordagem como a de um "artista empreendedor",[29] tendo investido recursos próprios no início de sua carreira cinematográfica e buscando um modelo de produção independente e dinâmico.[2][1] Essa postura reflete a menção de que ele "montou uma cooperativa de cinema e adotou modelo raro de produção independente",[30] interpretada mais como uma filosofia de trabalho colaborativo e de risco compartilhado dentro de sua produtora do que uma cooperativa formal.

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Estilo de Direção, Temática e Influências

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O trabalho de Heitor Dhalia é marcado por um forte apuro estético, possivelmente herdado de sua extensa carreira na publicidade, onde o "acabamento visual" é primordial.[2][3] Ele se define como um "esteta"[2] e seus filmes frequentemente exibem uma direção de arte e fotografia cuidadosas, como observado em Nina[7] e Tungstênio.[19]

Tematicamente, Dhalia demonstra um interesse recorrente pela natureza humana, pelas complexidades psicológicas de seus personagens e por dramas que exploram relações interpessoais em crise, como em O Cheiro do Ralo, À Deriva e Anna.[9][10][20] Ele transita com fluidez por diferentes gêneros, desde o drama psicológico e o thriller até o épico de ação e o documentário.

Uma característica notada por críticos e acadêmicos é a forma como Dhalia se posiciona em relação à identidade regional nordestina. Enquanto seu curta Conceição é profundamente enraizado em Recife, com locações, atores e narrativa locais (embora já com uma estética influenciada pela publicidade),[3] seus longas-metragens, em geral, tendem a buscar uma universalidade temática e estética, afastando-se dos marcadores culturais fortes que caracterizam parte da produção de outros cineastas pernambucanos de sua geração, como os ligados ao movimento "Árido Movie".[3] Sua obra dialoga mais com um modelo de produção industrial, o "cinemão", que visa um alcance de público mais amplo, sem abdicar de uma assinatura autoral.[31]

Entre suas influências, Dhalia cita nomes canônicos do cinema e da literatura mundial como Stanley Kubrick, Akira Kurosawa e William Shakespeare.[2] Ele também acompanha e valoriza a diversidade da produção audiovisual brasileira contemporânea, incluindo a vanguarda da produção pernambucana e a influência de linguagens periféricas como o funk.[2]

Dhalia frequentemente colabora com os mesmos profissionais, como os roteiristas Marçal Aquino e Vera Egito, e atores como Selton Mello e Wagner Moura.

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Filmografia

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Diretor

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Roteirista

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Produtor

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Nota: A filmografia lista os trabalhos mais proeminentes e pode não ser exaustiva, especialmente em relação a projetos de publicidade ou participações menores. As funções de produtor podem variar entre produtor, co-produtor e produtor executivo conforme as fontes.

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Prêmios e Indicações

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Heitor Dhalia recebeu diversos prêmios e indicações ao longo de sua carreira. Abaixo uma lista selecionada:[6]

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Referências

Ligações externas

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