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Nicolau Nasoni

arquiteto italiano (1691-1773) Da Wikipédia, a enciclopédia livre

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Nicolau Nasoni (em italiano: Niccolò Nasoni) (San Giovanni Valdarno, Toscana, 2 de junho de 1691Santo Ildefonso, Porto, 30 de agosto de 1773) foi um artista, decorador e arquitecto italiano que desenvolveu grande parte da sua obra em Portugal, considerado um dos mais significativos arquitectos da cidade do Porto.[1][2]

Factos rápidos Assinatura ...

A sua obra inclui uma parte importante da arte barroca e rococó (rocaille) nesta cidade, chegando a envolver alguns dos melhores e mais significativos edifícios do século XVIII do Porto e arredores. Sobre Nicolau Nasoni subsiste ainda discussão relativamente a que obras efectivamente projectou, havendo várias aqui mencionadas cuja autoria suscita dúvidas a vários historiadores de arte.[1][2]

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Biografia

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Devido ao trabalho do seu avô, que era empregado na casa Davanzati, talvez como administrador de bens, presume-se que Nasoni tivesse relações com fidalgos do Porto, vários dos quais eram padrinhos de seus numerosos irmãos — sendo Nicolau o mais velho de nove.[1][2]

Antes de se mudar para a cidade do Porto, Nasoni viveu em Siena, onde aprendeu pintura e artes decorativas, e provavelmente arquitectura. Teve como mestres o pintor Giuseppe Nicola Nasini, o arquitecto Franchim e Vicenzo Ferrati. Aos 21 anos, Nasoni era o responsável pelo cadafalso para a Catedral de Siena, por ocasião das cerimónias fúnebres de Fernando III de Médici. O trabalho deve ter sido bastante apreciado, ou não teria chegado até à actualidade a notícia da sua execução. Nasoni, para melhor se inserir no meio artístico, ingressou numa academia de artes — a Accademia dei Rozzi (Academia dos Rudes). Os colegas da academia deram-lhe a alcunha de Piangollegio (chorão, lamuriento).[1][2]

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Igreja dos Clérigos

Em 1715 foi nomeado um novo arcebispo para Siena, uma figura importante, sobrinho do Papa Alexandre VII. Os preparativos para a sua recepção foram grandes e a Accademia dei Rozzi escolheu Nasoni para a execução dos trabalhos artísticos. Alguns anos mais tarde, por ocasião da eleição do novo grão-mestre da Ordem de Malta, Nasoni trabalhou no "Carro de Marte" que desfilou no cortejo das comemorações. E sempre que participou nestas celebrações, as suas obras causaram sucesso, quer pela riqueza das decorações, quer pela técnica da construção. Apesar de ser uma arte breve, não passou despercebida a muitos — entre eles, encontrava-se o Conde Francisco Picolomini que certamente o teria relatado a António Manuel de Vilhena, o homem que, passados dois anos, seria grão-mestre da Ordem de Malta.[1][2]

Nasoni mudou-se de Siena para Roma e, mais tarde, para Malta, onde deu os primeiros passos em arquitectura. Foi nesta ilha que assinou e pintou um tecto no palácio de Valeta, em 1724, obra dirigida ao português D. António Manuel de Vilhena, grão-mestre da Ordem de Malta. O trabalho terá sido muito apreciado, e o tempo que o artista permaneceu em Malta serviu também para contactar com diversos fidalgos e importantes personagens ligadas à Igreja Católica, entre eles Roque Távora e Noronha, irmão do então deão da Sé do Porto D. Jerónimo Távora e Noronha. Foi certamente pela recomendação do seu irmão que o deão da Sé terá convidado Nicolau Nasoni a deixar a ilha de Malta e partir rumo a uma cidade que, então, se encontrava em plena revolução artística.[1][2]

Não é conhecida a data exacta em que Nicolau Nasoni chegou à cidade do Porto. Sabe-se apenas que em novembro de 1725 iniciou um trabalho de pinturas na Sé do Porto. Na época, a Sé — um edifício de matriz românica — encontrava-se em profundas remodelações e foi um dos primeiros edifícios da cidade a sofrer diversas adaptações do estilo barroco. Segundo um documento redigido entre 1717 e 1741 do Cabido da Sé, em que alude às grandes obras que mandou executar, encontra-se a seguinte nota:

«Para se fazerem logo com perfeição e acerto todas as obras, e se evitar o perigo de se desmancharem e fazerem 2ª vez por falta de preverem os erros, vieram não só de Lisboa, mas de outros reynos, arquitectos e mestres peritos nas artes a que erão respectivas as obras. Veyo Niculau Nazoni arquitecto, e pintor florentino exercitado em Roma, donde foi chamado a Malta para pintar o pallacio do Grão M(estre)…»

Os seus trabalhos na Sé duraram vários anos e não sendo o único artista contratado para as obras de remodelação, tem o privilégio de trabalhar com artistas portugueses famosos na época, entre os quais se encontram os arquitectos António Pereira e Miguel Francisco da Silva. Além dos trabalhos decorativos, Nasoni terá ficado encarregue de projectar uma nova fachada norte para a Sé, a galilé, em estilo barroco no ano de 1736 — a primeira obra de arquitectura conhecida do artista — e uma pequena fonte adossada à Casa do Despacho da Sé, o Chafariz de São Miguel.[1][2]

A 31 de Julho de 1729 casou-se nesta cidade com uma fidalga napolitana, D. Isabel Castriotto Riccardi, que viria a falecer um ano mais tarde (1730), muito provavelmente na sequência de complicações no parto do seu único filho, de nome José, nascido alguns dias antes, a 8 de Junho. O padrinho de José, um fidalgo portuense, empregou Nasoni na obra da casa e jardim da Quinta da Prelada. Sob influência deste mesmo fidalgo, em 1731 foi-lhe pedido um projecto para a Igreja dos Clérigos, que o ocupou durante mais de 30 anos, embora o tenha feito gratuitamente, e o imortalizou.[1][2]

Também em 1731 Nicolau Nasoni voltou a casar-se, desta vez com uma portuguesa, Antónia Mascarenhas Malafaia, da qual teve cinco filhos, e de quem também enviuvou mais tarde.[3]

Seguindo o espírito e tradição da Renascença italiana, Nasoni dedicou-se a inúmeros trabalhos artísticos, desde a pintura à ourivesaria, com singulares tradições no Porto. Contando com o apoio de ricos mecenas, tornou-se uma espécie de Miguel Ângelo da cidade que, em pouco tempo, lhe soube reconhecer o devido valor. A partir daí, realizou inúmeros trabalhos no Porto e um pouco por todo o Norte de Portugal, dos quais se destacam a fachada principal da Igreja do Senhor Bom Jesus (em Matosinhos), o corpo central do Palácio de Mateus (em Vila Real), a fachada da Igreja da Misericórdia, o Palácio do Freixo e a Igreja e Torre dos Clérigos (todos situados na cidade do Porto).[1][2]

Morreu aos 82 anos, na pobreza, a 30 de agosto de 1773, na Rua do Paraíso, paróquia de Santo Ildefonso do Porto. Foi sepultado na nave da Igreja dos Clérigos.[4]

Retratos

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Retrato de António da Cunha Barbosa, erroneamente atribuído como retrato de Nicolau Nasoni.

Não existem retratos conhecidos de Nasoni. Um retrato a óleo que começou a ser divulgado na Internet como representando Nicolau Nasoni representa, na realidade, o burguês portuense António da Cunha Barbosa, que viveu muitas décadas depois de Nasoni e foi benfeitor de várias irmandades do Porto.[4]

Outro retrato identificado como sendo de Nasoni e divulgado na Internet representa o artista Nasini, seu mestre.

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Homenagens

Em 2023 a Irmandade dos Clérigos assinalou os 250 anos da morte de Nasoni com uma série de eventos.[5] Foi confecionada uma pizza com 7 metros de diâmetro, para a qual foram necessários 90kgs de tomate, 30kgs de manjericão e 130kgs de mozarela, ingredientes que representam as cores da bandeira italiana.[6]

Obras

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Lista de obras confirmadamente projectadas e atribuídas:

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Descendência

Filhos de Isabella Castriotto Ricciardi:

  • José Nasoni Barberino de Mascarenhas Malafaia, ou Frei José Nasoni (8 de Junho de 1730), que foi bacharel em Cânones pela Universidade de Coimbra e seguiu a vida religiosa.[3]

Filhos de Antónia de Mascarenhas Malafaia:

  • Margarida Nasoni de Mascarenhas (27 de Julho de 1731 – 23 de Abril de 1821), casada com Manuel de Matos Pereira, Cavaleiro Professo da Ordem de Cristo, sem descendência;[3]
  • António Nasoni Barberino de Mascarenhas Malafaia (20 de Dezembro de 1732), escrivão da almotaçaria da cidade do Porto, degredado para o Estado da Índia, onde residiu, em Pangim;[3]
  • Jerónimo (7 de Setembro de 1734), sem mais notícia;[3]
  • Francisco (14 de Janeiro de 1736), sem mais notícia;[3]
  • Ana de Mascarenhas Nasoni (26 de Maio de 1737 – 26 de Janeiro de 1800), casada com António Félix de Campos e Mesquita Pirralho, com geração.[3]
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Galeria de fotos

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Referências

Bibliografia

Ligações externas

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